Jesus Para o Espiritismo
O mês é dezembro, e a reflexão é o nascimento de Jesus de Nazaré. Sendo o
Espiritismo uma Doutrina Cristã, embora alguns líderes católicos e evangélicos
neguem isso, somos levados à profundas cogitações sobre o nascimento e a missão
de Jesus, aqui na Terra.
Jesus de Nazaré, homem nascido de homem, está profundamente enraizado no
Espiritismo. A sua doutrina cristã, mas não a dos púlpitos das igrejas, norteia
o Espiritismo. O seu Evangelho é um roteiro de paz e de amor.
Contudo, o Espiritismo demonstra a impossibilidade de Jesus ser o próprio
Deus, afirmando que ele é criatura como todos nós. No entanto, a sua evolução
infinitamente maior do que dos homens mais evoluídos da Terra, não é dádiva ou
privilégio, e sim conquista. Criado por Deus num tempo infinitamente distante
para nós, conquistou a evolução que todos estamos fadados a conquistar um dia.
A Doutrina Espírita difere das Doutrinas Cristãs, no tocante à salvação.
Enquanto elas pregam uma salvação exterior, por graça da fé, do sangue, do
batismo ou da confissão e arrependimento dos pecados, o Espiritismo ensina que
temos que acertar as nossas contas, quitar os nossos erros. Transformar o ódio
em amor, perdoar de verdade setenta vezes sete, fazer as pazes com o nosso
adversário enquanto estamos no mesmo caminho.
O Espiritismo baniu os castigos eternos e a eterna e inútil beatitude. Por
tanto, o nosso Jesus não é o mesmo Cristo dos altares, ou das pregações dos
pastores. Mas não é inimigo destes. Cada um enxerga o Mestre pelo prisma
próprio.
O nosso Jesus não nasceu de uma virgem numa estrebaria em Belém de Judá. Não
é unigênito, nem recebeu a visita dos Reis Magos, não foi tentado por
inexistentes demônios, nem permanece pregado na cruz.
Jesus nasceu e tem nascido em diferentes épocas e lugares nos corações dos
homens que descobrem o seu amor. Quase sempre ele aparece em nossa vida num
momento de crise, quando sufocamos de dor e desespero. Ele é como o Sol do Meio
Dia, ou a luz da alvorada após noite escura e tempestuosa. Sua presença em nossa
vida é como o orvalho da madrugada. Ele é o asserenador das tempestades,
ordenando aos ventos que se calem, e às ondas que se acalmem. Da mesma forma ele
acalma as nossas tempestades interiores, e nos estende a mão quando estamos
afundando no mar revolto da vida.
O nosso Jesus está sim, de braços abertos, esperando-nos para o amplexo de
amor, o ósculo da paz. Aproximamo-nos e ajoelhamo-nos para beijar-lhe os pés.
Porém, ele impede o nosso gesto de submissão e aperta-nos contra o seu próprio
peito. Depois… Depois abre novamente os braços e seus olhos nos fala
claramente: você é livre para ficar ou ir embora… Neste momento, parafraseamos
Pedro, e respondemos: Para quem iremos nós, Mestre, se tu tens as palavras de
vida eterna?