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Retrato de Jesus

Retrato de Jesus

Um jovem e talentoso pintor de nossa época, logo assim que concluiu o seu
Curso de Belas Artes, engendrou um projeto que, certamente, o tornaria famoso se
pudesse ser concluído com sucesso.

Determinou-se a pintar um retrato de Jesus. Não apenas mais um retrato do
Mestre, mas o mais perfeito, o mais belo, aquele que retrataria com maior
fidelidade toda a beleza, toda a serenidade e toda a perfeição do Rabi da
Galiléia. Para tanto, buscaria as informações disponíveis, pesquisaria em todas
as fontes históricas e utilizaria todo o potencial da ciência moderna.

Não vacilaria em usar os mais avançados programas de computação para definir
a real imagem do Cristo. Arqueologia, cibernética, química, história, matemática
etc. Não mediria esforços para alcançar seu objetivo.

Como era óbvio, começou pelos livros, que são os documentos vivos da
história. Comparou e pesquisou. Estudou a geografia da Galiléia e da Judéia.
Pesquisou a evolução das raças, chegou às raízes hebraicas. Conheceu hábitos da
antigüidade e desvendou mistérios de suas religiões. Durante anos a fio juntou
informações para formar o esboço de sua realização.

Mas, ainda faltava algo que ele não sabia definir. Algo que pudesse dar-lhe
definição, segurança, certeza. Resolveu, então, viajar para Jerusalém. Lá
chegando, contratou um guia, um bondoso homem de mãos calejadas e de barbas
quase brancas, que o levou a visitar os locais por onde Jesus passara. Levou-o
também à Galiléia, a Cafarnaum, ;mostrou-lhe a beleza do Lago de Genezaré, as
águas sagradas do Rio Jordão e a Cidade Santa de Belém.

Depois de vários dias de convivência, o bondoso guia, que já se afeiçoara ao
rapaz, percebeu que ele buscava algo e questionou-o:

– “Em que mais posso servir-te, filho? O que buscas?”

Foi então que o jovem entusiasta narrou-lhe a sua lida, descreveu todo o seu
projeto, mostrou quanto já havia conseguido reunir e confessou que, apesar de
todo o avanço e toda ajuda, o trabalho estancara na busca do que ele não sabia o
que era d nem como conseguir. Por isso estava ali, na busca de um caminho a
seguir.

Com largo sorriso, com um brilho profundo no olhar, o generoso servidor lhe
asseverou:

– “Não precisas de nada disso. Deixe as pesquisas, as narrativas, os
cálculos, o computador e tudo o mais. Preocupe-se apenas em pintar em cores
vivas o que de melhor já existiu na face da Terra. Como era o rosto de Jesus? Eu
lhe digo: O Seu rosto era a paz; Seu semblante era a ternura; em Seus olhos
brilhavam as mais belas luzes do Universo; Seus lábios eram firmes na doçura e
na justiça do Pai; Seus cabelos eram a moldura da perfeição. Singeleza e
suavidade eram seus traços mais marcantes.

E já despedindo-se, disse:

– “Queres pintar o retrato de Jesus? Então pinta o Amor”.

Assim deve ser. Devemos pintar o retrato de Jesus com as cores vivas do nosso
coração, fazer Dele o Amor-vivo habitando em nós.

(Sei – 25/10/97 – nº 1543).

(Jornal Mundo Espírita de Dezembro de 1997)