A Paciência
“O Evangelho Segundo o Espiritismo – Capítulo IX, item 7”
Estudo Espírita
Promovido pelo IRC-Espiritismo
http://www.irc-espiritismo.org.br
Centro Espírita Léon Denis
http://www.celd.org.br
Expositor: Pedro Vieira
Rio de Janeiro
13/03/2002
Dirigente do Estudo:
Marcio Duarte
Mensagem Introdutória:
EM MOMENTOS DIFÍCEIS
Quando você se observe à beira da impaciência, capaz de arrojar-lhe o coração ao espinheiro da angústia, conte as vantagens de que dispõe, de modo a imunizar-se contra o assalto das trevas.
Desentendimento em família…
Recorde aqueles que desejariam encontrar alguém, até mesmo para simples discussão, na soledade crônica em que se identificam.
Amigos que se afastam…
Reflita na provação daqueles que nunca os tiveram.
Agressões…
Pense no cérebro equilibrado de que você está munido para agir em apoio aos companheiros doentes da alma.
Criaturas queridas em problemas graves do sentimento…
Medite na sua tranqüilidade e segurança, pelas quais, por enquanto, consegue permanecer livre de obsessões.
Tarefas em sobrecarga, compelindo você a desânimo e cansaço…
Gaste alguns momentos, examinando a luta dos irmãos sem qualquer possibilidade de emprego na garantia da própria sustentação.
Aborrecimentos…
Avalie a importância de algumas frases de reconforto que você pode levar a companheiros enfermos ou compreensivelmente abatidos pelo sofrimento que os subjuga.
Lar em desajuste…
Um olhar para os irmãos que caminham sem teto.
Some as bênçãos de sua vida e vacine-se contra o desespero, porque o desespero é um vulcão de fogo e sombra, cuja extensão nos domínios do desequilíbrio e da morte ninguém pode calcular.
André Luiz
Do Livro: Aulas da Vida
Psicografia: Francisco Cândido Xavier
Editora: IDEAL
Oração Inicial:
<Márcio> Meus caros amigos, embalados por estas palavras de André Luiz, Elevemos nossos pensamentos ao alto, e peçamos paz ao Senhor, para nossa reunião.
Senhor Jesus, Mestre querido, que vossa luz possa cair sobre nós, nesse momento ,que nossos corações possam se encher da vossa tranqüilidade, nesse início de estudos da noite. Pedimos, Senhor, que ilumine nosso amigo Pedro, que ele nos traga a certeza do vosso Amor por todos nós, e que possamos tirar todo o proveito possível, para nossas vidas. Traga, Senhor, os bons espíritos que orientam este trabalho. Que eles possam nos iluminar e nos ajudar a compreender sua palavra, nos dando boa inspiração e paz. Que assim, senhor, seja em seu nome, Em nome de Cairbar Schutel e em nome de Deus que possamos dar por iniciada a reunião da noite. Que assim Seja!
Exposição:
<BRAB> Muito boa noite a todos.
Vamos hoje conversar sobre o tema: “A Paciência”. Vamos inicialmente nos reportar a algumas citações que servirão de base aos nossos estudos.
“Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã; porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal.” (Jesus)
O que quis Jesus dizer com essas palavras? Que não nos preocupemos com o nosso futuro?
Vejamos bem que o Cristo utilizou-se da palavra INQUIETAÇÃO, que remete ao desespero, à obsessão, à preocupação descabida. A Inquietação é a inimiga da Paciência. Pela inquietação vivemos o passado e o futuro, não o presente; pela inquietação construímos os meios de evolução durante a vida toda sem nunca chegar ao fim pelo medo; pela inquietação nos distraímos na vida pelo secundário que parece urgir mais, deixando de lado o primário, o primordial.
A inquietação é o sentimento que nasce da ignorância, mas encontra terreno fértil na falta de fé.
Quando o homem conhece quem é, tem certeza de Deus como Ser Supremo Justo e Bom, quando reconhece sua vida como mecanismo de evolução de si mesmo, quando reconhece as dificuldades como provações necessárias, então possui a fé robusta que automaticamente afasta a inquietação. É a fé que nos dá a “garantia” do dia de amanhã, não do ponto de vista meramente material, mas do PROVIMENTO DO NECESSÁRIO pela Providência Divina.
É a fé que nos leva ao estado da CERTEZA que combate a incredulidade, o desespero, a desesperança, a inquietação.
Quando Jesus disse “a cada dia basta seu mal” nos recomendou que nos concentrássemos nos problemas reais de cada instante, tendo a certeza de que o futuro será sempre traçado por Deus.
Foi, portanto, do próprio Cristo, por diversas vezes feito o convite à fé e, no caso, à PACIÊNCIA, que combate a inquietação.
Por que sofremos?
E quando a paciência vai até o limite de nossa fé vacilante?
“Mas, se somos atribulados, é para vossa consolação e salvação; ou, se somos consolados, para vossa consolação é a qual se opera suportando com paciência as mesmas aflições que nós também padecemos” (II Co, 1:6)
“As provas têm por fim exercitar a inteligência, tanto quanto a paciência e a resignação” (O Evangelho segundo o Espiritismo)
SUPORTAR com paciência – RESIGNAÇÃO
Palavras difíceis, mas que adquirem, com o Espiritismo, seu significado mais amplo: SÃO GRANDE FINALIDADE DE MUITAS PROVAS O EXERCÍCIO DA PACIÊNCIA.
A partir desse momento a paciência passou a ser um OBJETIVO do Espírito que busca a própria consciência, o próprio progresso. Se Jesus nos ensinou a paciência como forma de atingir os objetivos e se Paulo nos disse que é a chave para a “consolação” , foi a Doutrina Espírita que, descortinando o Espírito como ser imortal, nos trouxe a chave do entendimento: a paciência é uma característica do ESPÍRITO, que precisa ser exercitada e desenvolvida para que, com ela, saibamos APRENDER, ENTENDER o que nos traz a vida e aumentarmos a nossa fé e nossa empatia com o Criador.
Se Jesus e Paulo nos trouxeram o alerta e o chamado e a Doutrina Espírita nos trouxe a explicação, resta-nos saber, portanto, COMO esse desenvolvimento se processa e COMO devemos agir e pensar sobre os problemas da vida para que nossa paciência seja desenvolvida.
Voltamos a O Evangelho Segundo o Espiritismo: “Dando-lhe a ver do alto as coisas, a importância das vicissitudes terrenas some-se no vasto e esplêndido horizonte que ele o faz descortinar, e a perspectiva da felicidade que o espera lhe dá a paciência, a resignação e a coragem de ir até ao termo do caminho.”
O objetivo, portanto, do Espiritismo, é trazer ao homem o CONHECIMENTO DE SI MESMO de uma maneira clara e objetiva, de maneira a fazer-se DESLIGAR da finalidade terrena e colocar-se na FINALIDADE DO ESPÍRITO, vivendo na Terra.
É uma proposta audaciosa, uma profunda mudança de paradigma, que faz com que se VIVA no mundo, mas que não se SEJA do mundo. Então a visão se amplia e tudo passa a ser visto dos olhos do Espírito as coisas que se nos afiguravam infinitas e impossíveis agora são naturais – mesmo que machuquem o nosso coração – e não estão fora do controle de Deus.
O homem então começa a ver seus problemas tão grandes como pontos pequeninos com uma finalidade divina de progresso, de evolução, de aprendizado.
Vê a perda de pessoas queridas como um convite à paciência, que, se bem exercitada, poderá vir a representar encontros melhores e mais profundos no futuro com essas pessoas. Vê que os desesperos da vida física, embora dolorosos, se apagam na eternidade do Espírito.
Nos transportamos para frente, para o infinito. Vamos.
E agora olhamos para trás. Vamos nos afastando da Terra, de nós mesmos, do nosso tempo.
E vamos olhar para trás. Como somos pequeninos! E como Deus nos ama para nos dar tanta atenção – somos pequenos, mas importantes. E como no espaço somos quase zero. No tempo somos uma gota de 50, 70, 100 anos, enquanto encarnados.
E se nós somos tão pequenos o que são nossos problemas?
O que restou deles? Só a lembrança, o aprendizado, a paz que conseguimos, a força que adquirimos em passá-los.
Vamos retornar. Agora que já vimos o futuro que Jesus, seus apóstolos e o Espiritismo nos mostraram. Da nossa perfeição espiritual. Agora que as coisas de nossa vida deixaram de ser gigantes e tomaram a devida proporção.
Vamos olhar de novo aos nossos problemas.
Verificaremos, portanto, que a paciência para nós é mera obrigação.
Perguntas/Repostas:
[01]<|Karina|> Precisamos realmente ser freqüentemente testados?
<Brab> Karina: vamos retirar de nossas mentes a idéia do TESTE. Coloquemos então no lugar a palavra EDUCAÇÃO que o sentido se aproximará mais do real. A finalidade de nossa vida física é a EDUCAÇÃO DO ESPÍRITO, que é feita por meio de EXPERIÊNCIAS. Por quê? Porque o LIVRE ARBÍTRIO requer experiências para ser desenvolvido e exercitado. Não há meio impositivo senão o livre arbítrio para o aprendizado real. Por isso aquele que aprende acredita estar sendo testado como se estivesse em uma sala de aula. Na realidade está num AMBIENTE que o EXERCITA em termos de EDUCAÇÃO.
[02]<|Karina|> Isso desenvolve a nossa paciência e resignação?
<Brab> Quanto à paciência e à resignação sim. Como qualidades do ESPÍRITO, elas são passíveis de desenvolvimento pela “musculação” do livre-arbítrio direcionado na direção do bem. Só o exercício fará com que haja introspecção suficiente no Espírito para que se torne para ele algo natural; para que ele possa SENTIR verdadeiramente os EFEITOS desse exercício e que possa, então, se colocar com toda a sua LIBERDADE a favor do bem. No instante em que o Espírito toma uma atitude por VONTADE DE FAZER O BEM, porque CONHECE O BEM, ele evoluiu moralmente. E um Espírito Puro deve ter o conhecimento da Paciência Divina, que implica liberdade, respeito, amor e dedicação.
[03]<Groxo> eu queria fazer uma pergunta, como ter paciência com o inimigo, não tem jeito! Tem gente que espalha a corrupção e as vezes nos dão um tombo. Não vejo como ter paciência com o inimigo! eu fico fulo!
<Brab> Só há um jeito: o conhecimento. Lembra-se do que falamos sobre colocar os problemas na dimensão que eles realmente têm – pequenos? O inimigo não é mais inimigo, é um Espírito como você que necessita aprender. Paciência para com ele não é abster-se de tentar fazê-lo melhorar, mas entender sua condição e não se INQUIETAR com ela. Tomar ATITUDES para coibir o mal é a nossa obrigação, mas que essas atitudes sejam RECHEADAS da vontade do ESPÍRITO de melhorar aquele outro Espírito, e não de raiva de fazê-lo “pagar”. Eis a diferença fundamental: não o movimento da mão, mas o movimento da mente.
[04] <Lalu_RJ> Só os espíritos evoluídos têm paciência?
<Brab> Os Espíritos evoluídos têm mais paciência, porque têm mais fé e conhecimento de Deus. Seu ponto de vista é mais adiantado e dirime as dúvidas que nos fazem duvidar e nos inquietarmos. Mas TODOS os filhos de Deus são CONVIDADOS a terem paciência, na medida de sua CAPACIDADE, Portanto, não vamos pensar que “só os Espíritos superiores têm paciência”. Não. Todos nós temos possibilidade de termos a paciência – limitada pelo nosso grau evolutivo. Não nos deixemos de FORA dessa obrigação.
[05]<Lalu_RJ> Eu me deixo, pois não tenho a mínima paciência. Tanto não tenho que vou ver um filme na televisão.
<Brab> Reconhecer-se impaciente é um sinal de inteligência, mas de nada adianta se nada fizer para alterar-se, mudando seu ponto de vista das coisas, estudando o Espiritismo para lhe dar a visão espiritual da vida. Inteligência sem moral é carro sem volante.
[06]<MARIFOZ> Paciência é exercício?
<Brab> Como toda aptidão espiritual, é desenvolvida pela EDUCAÇÃO, pelo EXERCÍCIO do Espírito sempre se dispondo a melhorar as próprias atitudes.
Oração Final:
<Setty> Amado Pai, querido Mestre Jesus! queremos agradecer por mais essa oportunidade de estarmos reunidos todos e cada qual em Seu nome. Agradecemos a oportunidade que nos é dada do entendimento e pelo querido irmão encarnado que nos auxilia nesse caminhar. Agradecemos a todos que nos ajudam colocando mais um elemento em nossos conhecimentos. Agradecemos Senhor por essa oportunidade .Sigamos em paz e que Jesus nos ilumine agora e sempre. Assim seja!