Justiça Divina
“O Livro dos Espíritos” – Questões 971 a 976
Estudo Espírita
Promovida pelo IRC-Espiritismo
http://www.irc-espiritismo.org.br
Centro Espírita Léon Denis
http://www.celd.org.br
Expositora: Deise Bianchini
Mato Grosso do Sul
20/11/1999
Dirigente do Estudo:
Mauro Bueno (nick: MBueno)
Oração Inicial:
<Ju_36> Amado Jesus, amigo, mestre, irmão maior. Pedimos, Senhor, que em teu nome, em nome de Maria, mãe de Jesus e dos bons espíritos de luz e paz aqui presentes, que possamos dar por iniciada mas uma reunião de estudos da doutrina espírita, com muita paz, amor, fé, luz e esperança em nossos corações. Senhor Jesus, te pedimos que abençoe os lares desabrigados, aqueles que se encontram em favelas, hospitais, abrigos, orfanatos e creches, em todos os lugares onde a tristeza e a angústia estiverem, permite Senhor que possamos ser seareiros de tua obra, permite que possamos ser mais pacientes, e que possamos ser cada vez feliz, com tuas bênçãos e de Maria. Possamos dar por iniciado nosso estudo e hoje com muita paz luz e amor ao próximo muita alegria. Assim seja!
Exposição:
<Naema> Boa noite queridos amigos. Os espíritos, após a morte do corpo, conservam a sua individualidade. Portanto, devemos sempre lembrar que a morte não nos livra das tentações. Embora as paixões não existam materialmente, para o espírito, elas ainda existem no pensamento.
Os maus dão vazão a esses pensamentos, e não podendo atuar, conduzirão suas vítimas aos lugares onde encontram as paixões que querem sentir. Sendo que a influência que os espíritos exercem uns sobre os outros dependerá do seu grau de evolução. Será boa por parte dos bons espíritos, mas os perversos procurarão desviar do caminho do bem e do arrependimento àqueles sobre os quais conseguirem exercer influência, através de sintonia.
Os sofrimentos que os espíritos maus passam são difíceis de descrever, mesmo através de seus relatos. Esses sofrimentos não são uniformes e variam ao infinito, segundo a natureza e o grau das faltas cometidas e são, quase sempre, essas faltas que servem como castigo. É assim que certos homicidas são constrangidos a permanecer no lugar do seu crime e a rever, sem cessar, suas vítimas sob seus olhos; que o homem de gostos sensuais e materiais conserva esses mesmos gostos, mas a impossibilidade de os satisfazer materialmente é para eles uma tortura; não há uma falta, uma imperfeição moral, uma ação má que não tenha, no mundo dos Espíritos sua contrapartida e suas conseqüências naturais e, por isso, não há necessidade de um lugar determinado e circunscrito: por toda parte em que se encontre, o espírito perverso carrega o seu inferno consigo. Os espíritos inferiores percebem a felicidade dos justos, e isso lhes é um suplício, porque compreendem que estão dela privados por sua própria culpa. O espírito liberto da matéria deseja uma nova vida corporal, pois cada existência, se for bem empregada, abrevia a duração desse suplício.
É então que o Espírito procede à escolha das provas, por meio das quais passa voluntariamente, por todo bem que poderia ter feito e não fez, assim como por todo o mal decorrente de não haver feito o bem. Os sofrimentos e as tristezas da Terra são percebidos pelos espíritos, mas eles consideram de outro ponto de vista esses sofrimentos, porque sabem que são úteis ao nosso progresso se os suportarmos com resignação. O que os entristece é a nossa falta de ânimo para os suportar. A crença no Espiritismo ajuda o homem a se melhorar, firmando-lhe as idéias sobre certos pontos do futuro, mas só o bem pode assegurar nosso sucesso.
Para finalizar , gostaria de colocar o relato de um espírito, que nos traz sua experiência para nosso aprendizado: vivia essa mulher, na época da escravidão, no campo. Era branca e casada com um negro liberto; apesar da vida saudável, ansiava pela cidade e suas novidades. Dele teve dois filhos negros e uma menina branca. Com a morte do companheiro finalmente mudou-se para a cidade. Como ainda era bonita, logo encontrou novo parceiro. Esse homem branco não aceitava os dois meninos negros e acabou convencendo-a a deixá-los para que eles corressem o mundo, sendo que, a menina poderia acompanhá-los. Ele os vendeu como escravos, sendo levados, acorrentados, a trabalhar em uma estrada de ferro.
O tempo passou, ela e a filha tornaram-se cortesãs, encaminhadas por esse mesmo homem. A filha morreu jovem, e ela, após levar a vida em “diversão”, também acabou por morrer, sem nunca se preocupar com o destino dos meninos.
Ao chegar ao plano Espiritual teve o filho mais velho como terrível obsessor, que através de induções a manteve acorrentada à mesma estrada de ferro onde ele havia morrido por maus tratos dos feitores. Após pensar em suas atitudes e tudo que tinha feito, achou que merecia o castigo e dentro de um remorso destrutivo, passou muitos anos a vagar, do começo ao fim, nessa estrada de ferro, achando que ficaria ali por toda eternidade, sendo por algum tempo observada por seu inimigo.
Após muito tempo conseguiu perceber a presença do filho mais novo. A princípio teve medo de novos castigos, mas aos poucos conseguiu ouví-lo. Foi quando percebeu que ele não iria ferí-la. Esse filho falava-lhe de amor, de perdão, da bondade de Deus, da necessidade de arrepender-se e pedir perdão e que ele a havia perdoado. Mas ainda ficou muito tempo nesse local, sentindo revoltada contra tudo, até que não tolerando mais o sofrimento, começou a mudar.
Nesse momento o socorro foi possível, e agora, já recuperada, após vagar 87 anos, tem esperanças de poder reparar seus erros e poder fazer o bem àqueles Espíritos que tanto prejudicou.(t)
Perguntas/Respostas:
[01] <Confrade> No plano espiritual temos formas pensamento. Os espíritos não conseguem modelar o seu pensamento e se satisfazer como quando encarnados? (t)
<Naema> Não, porque lhes falta o corpo físico. A satisfação que lhes poderia advir é só moral. (t)
[02] <}FFeItIcEiRa{> Quanto a questão do auxílio, devemos lembrar que, temos auxílio superior sempre que desejamos, não é? Por isso acho que no caso supra, o irmão menor soube perdoar sua mãe e auxiliá-la a tempo. Isso não significa que o outro irmão foi auxiliado, não é? (t)
<Naema> O irmão mais novo foi auxiliado mais cedo, pois utilizou-se do perdão. O que ela não percebeu foi que seu obsessor já não se encontrava lá. Ele havia sido socorrido, mas ela estava tão envolta em sentimentos destrutivos que demorou até a perceber o socorro que estava ao seu alcance e ela poderia também ter se afastado do local mas, para ela as correntes eram físicas e tinham o poder de prendê-la (t)
<MBueno> Temos aqui de observar que a Justiça Divina se processa através da própria consciência do espírito sofredor.
Este aspecto é tremendamente importante, pois o remorso do sofredor abaixa seu padrão vibratório e o faz sofrer conforme sua descrição. (t)
[03] <|Curiosa|> Como pode o remorso ser construtivo?
<Naema> Ele pode ser construtivo a partir do momento que te serve de lição, que te mostra os erros cometidos e causa a vontade de mudar. A partir do momento que você percebe que errou, e isto te causa um sentimento de querer acertar, o remorso foi construtivo.
Por outro lado, se você sente o remorso e fica achando que merece tudo de mau que daí resulta, sem procurar os caminhos da reforma, aí ele será destrutivo. Use esse sentimento como um impulso para subir como num salto, quando você se agacha é o momento do remorso, do arrependimento, quando você salta é o resultado de sua vontade de mudar, de sair do lugar, para o alto, para o perdão. (t)
[04] <Guest9068> Parece-me que só temos conhecimento sobre a Justiça Divina “a posteriori”, ou seja, depois do caso passado. Não lhe parece uma falta a não concepção de com o que haveremos de nos deparar, pela não observância das leis de Deus? (t)
<Naema> Isso nos remete à questão feita antes da palestra:
873 – “O sentimento de justiça está na natureza ou vem de idéias adquiridas?”
“Está na natureza. O progresso moral desenvolve, sem dúvida, esse sentimento, mas não o dá. Deus o colocou no coração do homem. Daí vem que, freqüentemente, em homens simples e incultos se vos deparam noções mais exatas da justiça do que nos que possuem grande cabedal de saber.” Se erramos, isso vem de nosso livre arbítrio. (t)
[05] <Sergio_PR> Quando uma pessoa que cometeu atos maus desencarna, ela sofre com a visão dos quais ela cometeu esse mal. Os espíritos obsessores, que estão praticando o mal, não tem essa mesma consciência, que deveria afastá-los do mal? (t)
<Naema> Eles não tem essa consciência, pois conservam as falhas morais, mas com o tempo cairão em si, com certeza. (t)
[06] <}FFeItIcEiRa{> Mas o remorso rebaixa o padrão vibratório em todos os casos? Por exemplo: se o remorso é um arrependimento do ato cometido e aí sim, facilitaria o seu auxilio? Não aumentaria nesse caso o padrão vibratório? (t)
<Naema> Como você está colocando sim. No exemplo citado esse espírito sentia um remorso sem arrependimento. Só admitia sua culpa e se achava merecedora de tudo que estava recebendo. Sua própria consciência pesada é que a prendia. Quando o remorso resultou em arrependimento, ficou em posição de receber auxílio. Aí é que pode elevar seu padrão vibratório e ser socorrida. (t)
[07] <}FFeItIcEiRa{> Devemos lembrar que nós, encarnados, também ficamos remoendo falhas praticadas, não é? E acabamos piorando a situação pois não conseguimos evoluir nunca! Assim, não adianta simplesmente errar e se arrepender, temos que modificar nossos atos e começar a modificar-nos interiormente primeiro, não é?
<Naema> Exatamente! Você tocou no ponto certo. O arrependimento vazio não nos dignifica. Ele deve nos auxiliar em nossa reforma íntima. (t)
[08] <Sergio_PR> A Justiça Divina trata igualmente duas pessoas que erraram, sendo que uma delas tenha 17 anos de vida, e a outra, tenha, por exemplo, 30?
<Naema> Depende, acho que a idade não indica o grau de erro, mas sim o conhecimento. (t)
[09] <|Curiosa|> Perdoar a nós mesmos! Esse não é um dos primeiros passos para a nossa reforma íntima?
<Naema> Sim, desde que esse perdão venha seguido da vontade de mudar. (t)
[10] <Confrade> Acredito que o arrependimento das faltas é o primeiro passo para o auxílio, mas buscar uma elevação para não recair no erro, este sim é o objetivo da vida. (t)
<Naema> Sim, por isso coloquei a vontade de mudar. Se ficarmos perdoando nosso erros, vamos repetindo-os sempre e então, será em vão.(t)
[11] <_angelo_> Amiga Naema, apenas para reforçar respostas anteriores, Kardec nos informa no livro “O Céu e o Inferno”: Arrependimento, expiação e reparação são as três condições necessárias para apagar os traços de uma falta e as suas conseqüências, certo?
<Naema> Sim, bem colocado. (t)
[12] <Dourado-sp> A Questão 977-a de “O Livro dos Espíritos” nos informa do sofrimento das almas errantes aqui na Terra, que, ao desencarnarem, enfrentam suas vítimas e/ou seus opositores. Sabemos que o espirito prejudicado, tem ascensão sobre o seu oponente no mundo espiritual. Poderíeis explicar até onde é possível e permitido estas obsessões? O que se pode fazer fora da matéria para conciliarmos com nossos oponentes? Quando o oponente não quer e nos persegue, existem formas? (t)
<Naema> Lembre-se que apesar de termos nossos inimigos, temos também nossos amigos. Por isso colocamos que nem todos os casos são iguais. Podemos ter grandes obsessores que ainda sentem necessidade de nos julgar e exigir reparações, mas dependerá de nós o auxílio que receberemos e se formos merecedores. Quando esse espírito estiver pronto, poderemos reparar os erros que fizemos em relação a ele. (t)
[13] <}FFeItIcEiRa{> Uma questão interessante também: esses dias lendo um livro de André Luiz, observei que, estamos em contínuo resgate, não é? E, estes resgates não se tratam somente de faltas passadas, mas sim das praticadas nessa mesma encarnação. Por isso a necessidade de nos policiarmos sempre, não é? Pois resgatando falhas praticadas aqui, subiremos sempre um degrau a mais, não havendo necessidade de um novo reencarne, não é?
<Naema> Sim, podemos resgatar desde agora nossas falhas, mas quanto a um novo reencarne, tenho minhas dúvidas se conseguiríamos resgatar tudo dessa vez. (t)
[14] <Carlos^Gessinger> Os espíritas, por serem conhecedores das conseqüências de nossos atos durante a vida, caso não façam o mal mas, também não pratiquem o bem, sofreriam mais do que alguém, nas mesmas condições, que não é espírita e não conhece esse outro lado?
<Naema> Sim, quanto maior o seu conhecimento mais lhe será cobrado. Um exemplo bem simples: duas pessoas que abortem, uma espírita e a outra não. Quem tinha mais condições de saber de todas as conseqüências e mesmo assim praticou o ato? Somos responsáveis também pelo bem que deixamos de fazer.(t)
Oração Final:
<Claralice> Boa noite a todos! Vamos nos envolvendo na atmosfera de paz que sentimos durante estes momentos de estudo, e vamos agradecer a todos os bons amigos espirituais que muito colaboram conosco, permitindo-nos aqui estarmos em sintonia com o estudo e com o objetivo de progredirmos de evoluirmos na direção do Bem que nos cabe realizar. Agradecemos aos mentores espirituais que assistem e assistiram aos amigos encarnados que aqui trabalham para trazerem assuntos palpitantes e necessários ao nosso entendimento. Abençoe, Jesus, nossos amigos Naema e MBueno, abençoe também todos aqueles irmãos que neste momento aqui estão trazendo o coração em chagas de arrependimento e culpa conforme as explicações recebidas. Permita-lhes Mestre, a oportunidade bendita do remorso construtivo e da reparação abnegada e perseverante. E assim, estendendo nossos pensamentos e nossos sentimentos de amor e fraternidade a todos nosso irmãos em humanidade, pedimos ainda, Jesus, que a sua paz seja por nós hoje e sempre! Assim Seja! (t)