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O Discurso e a Comunicação

O Discurso e a Comunicação

Centro Espírita Ismael

(org. por Sérgio Biagi Gregório)

DEPARTAMENTO DE ENSINO DOUTRINÁRIO

AV. HENRI JANOR, 141, JAÇANÃ, S. P. FONE: 201-6747

Í N D I C E

  • Introdução
  • Ensino e Aprendizagem
  • Educação: Discurso Humano e Discurso Filosófico
  • Linguagem e Discurso
  • Memória e Pronunciação
  • Etimologia e Semântica
  • O Símbolo e a Comunicação
  • O Diálogo
  • A Argumentação
  • A Argumentação Científica
  • A Escuta
  • A Arte da Audição
  • A Sintonia entre o Orador e o Auditório
  • O Discurso
  • O Discurso Político
  • O Orador e o Tédio
  • O Orador e a Palestra Frustrada
  • Bibliografia Consultada

INTRODUÇÃO

O objetivo destes escritos é refletir sobre o nosso discurso, escrito e falado.

ENSINO E APRENDIZAGEM

Ensino – do lat. “in + signare” = marcar com um sinal – significa transmissão de conhecimentos, de informações ou de conhecimentos úteis ou indispensáveis à educação ou a um fim determinado.Aprendizagem – do lat. apreender -, aquisição de conhecimentos ou habilidades. Para que possamos maximizar a relação ensino-aprendizagem, convém adotarmos uma atitude desarmada e sem preconceitos.

Emissor, mensagem e receptor são os elementos básicos no processo de ensino. O emissor deve revestir-se de técnicas de oratória, recursos audio-visuais e métodos de ensino, a fim de tornar a mensagem persuasiva. O receptor, por sua vez, deve desenvolver a capacidade de atenção e concentração, para absorver adequadamente as informações recebidas.

Produção do saber é a finalidade do ensino. Professores e oradores revestem-se de técnicas de oratória, educando a voz, postura e gestos para melhor atrair o público. Algumas escolas criaram a “metodomania”, isto é, tudo tem que ser ensinado segundo um dado método: Piaget, Montessori, Pestalozzi e outros. Os métodos de ensino auxiliam, mas somente o que carregamos dentro de nós conseguimos transmitir aos demais.

O discurso didático deve ser a tônica do ensino. O professor quando descreve, interroga e avalia tem um objetivo: produzir conhecimento. Evita, assim, o discurso ordinário, que é a conversação causal e espontânea. Importa marcar o aluno com um sinal positivo, ou seja, obrigar o aluno a pensar profundamente no que lhe foi transmitido.

A vocação do estudante deve ser sempre ponderada pelo instrutor. Segundo a psicologia, não há dois indivíduos iguais, nem tampouco dois grupos idênticos. A peculiaridade de cada situação exige soluções criativas. Prestando atenção a esses pormenores, consegue-se educar com êxito.

Ensinando, burilemos nossas palavras; aprendendo, eduquemos nossos olhos e ouvidos. Tornando-nos conscientes desta conduta, aumentaremos o rendimento no processo de ensino. Aprendendo mais em menos tempo, liberaremos nossas energias mentais para outros campos de interesse do espírito. (01), (02) e (03)

EDUCAÇÃO: DISCURSO HUMANO E DISCURSO FILOSÓFICO

O discurso humano não se restringe somente à fala e à escrita. Ele representa o próprio existir. O verbo existir (de ex + sistere) tem, entre outros, o significado de ir do que é para o que pode ser. O colocar-se para fora de si envolve infinitas fases de expressão: indivíduo, cultura e sociedade. Dessa forma, o trajar-se transforma-se numa fala expressiva da realidade sócio-cultural (moda) e da realidade pessoal (singularidade de caráter que escapa aos condicionamentos).

O discurso educacional difere substancialmente do discurso humano? Se, num conceito amplo, dissermos que o discurso humano é toda expressividade do homem; se avançando mais dissermos que o discurso do homem é fugidio, isto é, ao mesmo tempo que revela, esconde; ao mesmo tempo que diz a verdade, mente, haveria o discurso educacional de ser simples e de fácil decodificação? Também ele revela e esconde, afirma e nega. De tal modo que toda leitura reducionista e simples do texto educacional é enganosa.

O discurso filosófico difere do discurso humano e do discurso educacional? A resposta a essa questão requer a reflexão que se segue: a educação desenvolve-se em quatro níveis de hierarquia crescente: o da técnica, o da ação, o da ciência, o da sabedoria. A técnica relaciona-se ao “homem fabricante”; a ação, ao “homem ético”; a ciência, ao “homem profundo”; a sabedoria, ao “homem integral”. O discurso filosófico refere-se à sabedoria que, transcendendo a técnica, a ação e a ciência, transforma-os em impulsos-amor.

O educador, não o podemos negar, é aquele que intervém em vidas. Para tanto, necessita de muito equilíbrio consciente, o que só alcançará interpelando a sabedoria filosófica e, ouvindo-a, chegar à consciência de sua ciência. Assim, procurará intervir sem invadir, propor sem impor, tentar esclarecimentos sem dar soluções dogmáticas. O importante é que o educador tenha mente aberta e esteja perceptivo ao crescimento de todas as pessoas envolvidas no processo de aprendizagem.

A filosofia não pode ser um discurso que se fecha sobre si mesma. Ela deve abrir-se aos discursos da ciência. Não há sabedoria no isolamento. Igualmente, a ciência deve abrir-se ao discurso filosófico, pois, negando-o, pode incorrer na formação de especialistas ignorantes de tudo o mais. Dessa forma, o filósofo e o cientista devem estar constantemente se comunicando, a fim de não tornar os seus conhecimentos totalmente esotéricos.

Construamos o nosso discurso educacional dentro do mais amplo entendimento. Só assim conseguiremos transmitir o conhecimento impregnado da mais alta dose de verdade. (04)

LINGUAGEM E DISCURSO

O cérebro é o órgão mais volumoso do encéfalo, ocupando quase toda a caixa craniana. Pesa aproximadamente 1.100 gramas. Desempenha, entre outras funções, a do raciocínio e da linguagem. Nosso propósito é relacioná-lo com o discurso.

O cérebro é um ordenador de palavras. Suponha que haja várias palavras anotadas numa folha de papel. O cérebro registra-as, procurando ordená-las logicamente. Por isso, quando cometemos um erro de linguagem, nosso cérebro põe-se logo a corrigir para dar sentido ao pensamento. Por exemplo, a indagação filosófica sobre o tempo deve ser feita através da questão: “Que é tempo?”. Invertendo a ordem das palavras, ou seja, perguntando: “É que tempo?” ou “Que tempo é?”, não atendemos ao objetivo proposto, embora, também, sejam questões filosóficas.

Expressamo-nos pela linguagem. O uso da palavra, articulada ou escrita deve ser ponderado, a fim de nos comunicarmos eficazmente com os nossos semelhantes. Para que a mensagem não se dilua, emissor e receptor devem estar em perfeita sintonia. Fazendo uso de nossa maquinaria cerebral, esforcemo-nos por bem exprimir o que pensamos. Somente assim criaremos o hábito de processar logicamente as idéias em nosso cérebro.

O discurso de um ser mede a estatura espiritual de sua alma. Podemos usar palavras de efeito, mas comunicamos somente o que somos. Quando expressamos unicamente o conteúdo dos livros, tornamo-nos cópias dos autores. Porém, se refletirmos criteriosamente sobre os escritos, construiremos um sólido conhecimento. A partir daí, o nosso discurso adquire característica própria, que nos distingue dos demais.

A fala e a escrita são criativas. Começamos a falar e subitamente notamos que se desenvolvem novos pensamentos enquanto falamos; começamos a escrever o que sabemos, porém, muitas vezes, surgem novos conhecimentos enquanto se escreve. Para que a criatividade torne-se um fato concreto, precisamos de segurança pessoal, comunicação e atividade. Eis o fundamento básico para a criação de novos conteúdos da consciência.

O discurso, falado ou escrito, é mola propulsora de nosso desenvolvimento moral e intelectual. Saibamos exercitá-lo com confiança e determinação, a fim de melhor aproveitar as oportunidades que a vida nos oferece. (05)

MEMÓRIA E PRONUNCIAÇÃO

Memória – simplesmente definida é a capacidade de fixar, reter, evocar e reconhecer impressões ou acontecimentos passados. Funciona à semelhança de uma máquina fotográfica: capta as “imagens” e as registra no cérebro. Neste sentido os estímulos da visão são os mais importantes. A falta de memória é decorrente não só da reduzida capacidade intelectual e desenvolvimento mental como também do pouco interesse manifestado.

A educação, na Antigüidade, influenciada pela Retórica exalta a memória. Em relação ao orador estabelece algumas regras: 1.º) escrever todo o discurso; 2.º) depois de escrito, decorá-lo, de modo a ser reproduzido no momento oportuno; 3.º) Jamais lê-lo em público. A “escola nova”, já em nosso século, postula a luta contra o ensino decorativo. Ao compararmos as duas correntes de pensamento surge a dúvida: o discurso deve ser decorado ou improvisado? A resposta é o meio termo: o rigor da preparação atenua-se com certa improvisação e esta apoia-se numa razoável preparação.

O discurso antes de pronunciado existe em potência , depois de exposto, quando escrito, torna-se documento histórico. Sua essência está na execução. A concretização do ato requer um emissor, amensagem e o receptor. Bom orador é aquele que se expressa indistintamente a todos os membros do auditório. Sendo a ação, o principal momento de atualizar as idéias em gestação, deve, pois, empenhar-se ao máximo para comover e persuadir.

A gestualidade que engloba gestos (movimentos) e atitudes e posturas (parados) deve ser uma preocupação constante do orador. “Sermo corporis“, o corpo fala através das mãos, dos movimentos da cabeça, do sorriso e do choro. Temos de exercitar a respiração, a dicção, a impostação da voz e a colocação correta da palavra, a fim de nos tornarmos receptivos ao público no qual dirigimos a palavra.

A proxêmica, que estuda a significação da gestualidade em relação com o espaço é uma nova área de investigação que se destaca. O orador levanta-se e senta-se; situa-se num plano mais alto ou mais baixo; distancia-se ou aproxima-se com segundas intenções. Seu objetivo é atrair a atenção do público para melhor persuadir. Deve, porém, fazê-lo de modo natural, a fim de que o exterior corresponda aos sentimentos do interior.

Exercitemos a memória, porém deixemos espaços para a improvisação. Conscientizando-nos deste preceito, daremos vazão à criatividade e teremos condições de melhor nos expressar com graça e harmonia.(06)

ETIMOLOGIA E SEMÂNTICA

Etimologia – ciência que investiga as origens próximas e remotas das palavras e sua evolução histórica. Do grego étymon (étimo) vocábulo que é origem de outro. Semântica – estudo das mudanças que no espaço e no tempo, experimenta a significação das palavras consideradas como sinais das idéias: semasiologia; sematologia; semiologia. Do grego sëma-tos “sinal, marca, significação”.

As contradições nos debates são muitas vezes fruto das diferentes interpretações que a mesma palavra oferece. Nesse sentido, Sócrates, filósofo grego da Antigüidade, orientava-nos para bem definir o termo antes de começarmos a discutir. Adquirindo o hábito de enunciar a terminologia correta, pouparemos o tempo que o grupo gasta na compreensão do seu significado.

A percepção do conceito pressupõe a superação do preconceito. Este caracteriza-se pela cristalização de certas idéias, sem fundamento racional e científico. Se permanecermos “fechados” no passado, perderemos as oportunidades de evolução que o curso da vida nos oferece. Assim, uma postura aberta ao novo cria em nós uma mentalidade livre do espírito de sistema.

Etimologia e semântica vêm a calhar. Para bem exprimirmos o conteúdo do nosso pensamento, temos de consultar muitas obras literárias. Desta forma, a lembrança de que devemos ler com lápis, papel e dicionário à mão é muito oportuna. Isto porque , à medida que a dúvida surge, temos condições de dirimi-la e melhorar a compreensão daquilo que estivermos estudando.

Aprender o “sinal” correto da idéia é uma obrigação, desde que queiramos bem expressar o nosso pensamento. Contudo, não devemos nos fiar inteiramente neste objetivo, porque transmitimos muito mais pelo que somos do que pelo que dizemos. Reconheçamos que a linguagem do pensamento é universal e veiculada através das ondas mentais. Voz, gestos e dicção auxiliam, mas a essência é a nossa conduta moral.

Aliemos ao estudo a meditação e a inspiração, a fim de melhor penetrar no âmago do conhecimento superior. (07) e (08)

SÍMBOLO E A COMUNICAÇÃO

Símbolo – Do gr. symbolon = neutro – vem de symbolé‚ que significa aproximação, ajustamento, encaixamento, cuja origem etimológica é indicada pelo prefixo syn, com e bolé, donde vem o nosso termo bola, roda, círculo. Referia-se, deste modo, à moeda usada como sinal. O símbolo é, pois, tudo quanto está em lugar de outro. Comunicação – do lat. communicatio, de communis = comum -, ação de tornar algo comum a muitos. É o estabelecimento de uma corrente de pensamento, dirigida de um indivíduo a outro, com o fim de informar, persuadir ou divertir.

A comunicação de uma idéia deve estar inserida dentro do contexto simbólico do ouvinte. Observe, por exemplo, o anúncio de uma nova descoberta científica a um grupo de indígenas. É preciso muito tato e muita sabedoria para fazê-los entender, visto pertencerem a um universo de valores diametralmente oposto ao discurso científico. Às vezes, essa distância é tão grande, que torna inviável qualquer comunicação.

O homem é um animal simbólico. Fabrica mitos, ídolos, salvadores da pátria, e vive de acordo com essas concepções. Há, na Filosofia, a simbólica, ou seja, uma matéria voltada para o estudo da gênese, do desenvolvimento, da vida, da morte e da ressurreição dos símbolos. A simbólica tem por objetivo descobrir o que está escondido atrás dos ritos e dos dogmas sob emblemas tão diversos. Por isso, utiliza-se do método dialético-simbólico, no sentido de, através da analogia, tornar compreensível o processo mágico, as fantasias e os mistérios.

O símbolo é a espécie e o sinal o gênero. Quer dizer, todo símbolo é sinal, mas nem todo sinal é símbolo. Para que o sinal seja símbolo ele tem que estar no lugar de outro. O sinal pode ser apenas convencional, arbitrário. O símbolo, não. Este deve repetir, analogicamente, algo do simbolizado. Além disso, o símbolo é meio de acesso às realidades pessoais, misteriosas e inacessíveis a uma observação direta e imediata. Por exemplo: o signo bandeira simboliza os vários graus de heroísmo.

O homem, praticamente, não dispõe de um símbolo mais privilegiado para a comunicação do que a palavra. Imagine um indivíduo feito uma estátua. Nessa circunstância, é difícil sondar-lhe o pensamento e o sentimento. Porém, ao se expressar, torna-se logo conhecido. Além da transmissão de conteúdo, a palavra é muito mais um instrumento de comunicação espiritual: faculta ao ouvinte a elaboração de novas idéias sobre o discurso proferido.

A palavra é um dom divino. Revistamo-la da simbologia necessária, mas não nos esqueçamos de que ela deve ser usada para instruir, educar e elucidar as almas que nos rodeiam. (09) e (10)

O DIÁLOGO

Diálogo – do lat. dialogus – para grande parte do pensamento antigo, não é somente uma das formas pelas quais se pode exprimir o discurso filosófico, mas a sua forma própria e privilegiada, porque este discurso não é feito pelo filósofo a si mesmo e não encerra em si mesmo, mas é um conversar, um discutir, um perguntar e responder entre pessoas associadas pelo interesse comum da pesquisa.

A ilha de Robinson Crusoe é o mito da auto-suficiência do homem. Dá-se a impressão que o homem é anterior à sociedade, esquecendo-se de que quando vem ao mundo já a encontra. Nesse sentido, há um diálogo permanente entre as pessoas, pois no isolamento e na solidão todos fenecemos.

Toda a vida do homem é um diálogo ininterrupto. Organicamente, somos frutos do diálogo biológico dos nossos pais terrestres. O Deus cristão não é um ser isolado na sua transcendência, mas manifesta-se aos homens através das “alianças”, antiga e nova. Ninguém consegue aprender sem o diálogo com o mestre. E, mesmo calados, estamos dialogando conosco mesmos.

O verdadeiro diálogo inclui crítica e oposição. São os elementos diversos e contraditórios que deverão convergir para uma síntese. Note-se o diálogo numa reunião, em que as pessoas pensam de forma diferente. A função do coordenador é ouvir atentamente cada uma delas, para depois tomar a sua decisão. Esta decisão engloba uma síntese do discutido e do não discutido, ou seja, daquilo que ficou dito nas entrelinhas dos discursos.

A comunicação aberta e dialogal é muitas vezes ambígua, tornando-se freqüentemente um pseudo-diálogo. Isto ocorre nas relações internacionais, em que os países ricos impõem-se pelo poder e não pela razão; nas relações sociais, em que as pessoas mais pobres estão impedidas de se fazerem ouvir, tendo de aceitar o diálogo opressor de quem os dirige; nas relações entre casais, em que o homem dita as normas e a mulher tem que obedecer.

O diálogo é necessário. Saibamos encaminhar as nossas discussões para o verdadeiro diálogo, a fim de que as críticas e as oposições tragam novas fontes de aprendizado e compreensão. (09)

A ARGUMENTAÇÃO

Argumentação – do lat. argumentatione = contrastar, provar, representar – assume vários significados, entre os quais, citamos: a argumentação científica, que se fundamenta na formulação e na comprovação das hipóteses, através da “experimentação”; a argumentação pedagógica, em que o instrutor faz com que o aluno vá do quia est (problema) para o quid est (solução); a argumentação discursiva, em que o orador tenta obter a adesão do público.

Em oratória, como foi dito, a argumentação visa obter a adesão do ouvinte. O orador, para ter bom êxito nessa tarefa, deve renunciar ao desejo de dar ordens que exprimam uma simples relação de força, mas sim procurar ganhar a adesão intelectual dos auditores. A história da retórica mostra-nos que a demagogia, que é persuadir pela emoção, tem sido eficaz em muitos discursos, principalmente os políticos. O bom orador deve evitar essa figura de linguagem, não permitindo que o seu ajustamento ao público ultrapasse os limites do verdadeiro homem de bem.

O orador deve saber distinguir entre a argumentação e a simples demonstração. Enquanto a demonstração é independente de qualquer sujeito, até mesmo do orador, uma vez que um cálculo pode ser efetuado por uma máquina, a argumentação por sua vez necessita que se estabeleça um contato entre o orador que deseja convencer e o auditório disposto a escutar. Assim, a argumentação é essencialmente comunicação, diálogo, discussão, controvérsia.

A organização de um discurso deve ser guiado por duas noções específicas da argumentação, a saber: a pertinência e a força dos argumentos. Isso decorre do fato de um tema suscitar uma gama infinita de assuntos. Para ser compreendido, o orador deve escolher os tópicos que dão realce à tese que quer defender. A escolha deve, também, levar em conta o grau de sustentação que o público tem com relação ao assunto. Ainda: um preconceito favorável do público para com o orador é de vital importância para a sua persuasão.

A petição de princípio é um erro que o orador deve evitar. Trata-se, com efeito, de um erro de argumentação o fato de supor admitida uma tese que se deseja fazer admitir pelo auditório. O orador deve ter do seu auditório uma idéia tanto quanto possível próximo da realidade, uma vez que um erro sobre esse ponto pode ser fatal para o efeito que ele quer produzir. Por isso muitos oradores famosos, entre os quais Bossuet e Demóstenes, insistiram no fato de que são os auditores que formam os oradores.

Exercitemos a argumentação. Não permitamos que o nosso cérebro acomode-se ao lugar-comum das frases feitas. (11)

A ARGUMENTAÇÃO CIENTÍFICA

O imaginário e o real fazem parte do nosso universo de valores. Dizemos que a Ciência é positiva, isto é, que ela se baseia exclusivamente nos “fatos” ou nos “experimentos”. A Física, por exemplo, é separada da Metafísica e da Teologia, a fim de ser pensada logicamente. Mas, como separar o físico de suas concepções de vida?

A argumentação científica fundamenta-se na formulação e na comprovação das hipóteses, através da “experimentação”. Procede-se indutivamente, fazendo-se um corte na realidade, no intuito de aprofundar a compreensão do seu objeto de estudo. Alguns biólogos poderão interessar-se pela explicação da origem da vida; alguns físicos, pela propagação da luz; alguns economistas pela distribuição de renda. As informações coletadas e testadas estatisticamente adquirem caráter de teoria transformando-se em paradigmas das respectivas ciências.

Para elaborarmos corretamente a ciência, devemos agir à semelhança do cientista anárquico. Para ele, tudo vale; além disso, está sempre fortalecendo o argumento fraco. Utiliza-se da contra-indução, que é o processo de rejeitar aquilo que já foi provado. Nesse sentido, destaca aqueles pontos em que não houve adequação exata entre a realidade e a teoria. Estuda-os com o devido cuidado, a fim de chegar ao verdadeiro conhecimento que os fatos revelam.

A defesa das causas perdidas é uma postura que auxilia o nosso poder de argumentação. Empenhando-nos denodadamente na perquirição dos fatos adversos, penetraremos no âmago da pureza científica. Desta forma, seremos advertidos contra os falsos profetas. O verniz do sensacionalismo passa, mas a essência da verdade fica, no fundo, como um farol para a eternidade.

Falar não significa argumentar. Às vezes, desejosos de aparecer em público, tecemos comentários e mais comentários. Contudo, não chegamos a pensar; simplesmente expressamos pensamentos. Uma reação consciente ao que está acontecendo no “aqui e agora” tem mais valor do que toda a tagarelice mental. Assim, vigiemo-nos constantemente, para não sermos vítimas dos desmandos intelectuais.

Argumentar não é tarefa fácil. Geralmente expressamo-nos tais quais os “mortos-vivos” e, depois, queremos ser aureolados como se fôssemos os grandes formadores de opiniões. Cuidemos, pois, de entrar pela porta estreita porque larga é a porta da perdição. (12)

A ESCUTA

Ouvir é um fenômeno fisiológico; escutar é um ato psicológico. Os mecanismos da audição podem ser explicados recorrendo-se à acústica e à fisiologia do ouvido. Mas a escuta depende de um objetivo, que se fundamenta no interesse e no conhecimento prévio do assunto a ser averiguado.

A escuta é avaliada na dimensão espacial-temporal. Embora subestimada pela maioria de nós, a apropriação do espaço é em parte também sonora. Coloque-se dentro de um quarto. Depois, procure perceber os ruídos ao redor. Imediatamente vem à mente o lugar de onde se emitiu determinado som. Observe, também, que quando o fundo auditivo for demasiadamente forte, não conseguimos escutar com nitidez. É o que ocorre com a poluição sonora que prejudica completamente a nossa percepção auditiva.

Escutar é o verbo evangélico por excelência. É ouvindo a palavra divina que o homem chega à Fé e pode se ligar a Deus. A Reforma (com Lutero) utilizou-se amplamente da escuta dos seus adeptos. A Contra-Reforma, não fez por menos, e colocou o púlpito no centro da Igreja, transformando os seus fiéis em “escutantes forçados”. A Escuta evangélica traduz-se em desvendar o futuro que pertence aos deuses, e amenizar a culpa, que nasce do confronto com Deus. Por isso, a pregação pública (desvendar o futuro) e a confissão auricular (remir os pecados).

A escuta psicanalítica, por outro lado, deve processar-se essencialmente no inconsciente, tanto do paciente como do próprio psicanalista. Freud, na sua teoria psicanalista, dizia que o psicanalista deveria ouvir atentamente o seu paciente, sem, contudo, interferir racionalmente na trajetória das observações. dessa forma, a função do psicanalista seria a de intermediar os dois inconscientes (o seu e o do paciente), a fim de detectar os verdadeiros problemas que estariam afligindo o estado emocional do paciente.

Quem tem olhos de ver, veja; quem tem ouvidos de ouvir, ouça. Observe que a concentração, idolatrada por muitos, não raro mais atrapalha do que ajuda a captação das essências espirituais. É que aplicando forçosamente a nossa mente num dado objeto, dificultamos a penetração dos apelos espirituais. Por isso, a apassivação, ou seja, o estreitamente do nível de consciência, é fator primordial para o desenvolvimento e aperfeiçoamento de nossa escuta espiritual.

Aprendamos a escutar. Todos, indistintamente, podem ensinar-nos algo. Não queiramos ser os monopolizadores da palavra, pois, a palavra é do tempo e o silêncio da eternidade. (11)

A ARTE DA AUDIÇÃO

Passamos a maior parte do nosso tempo ouvindo: rádio, televisão, palestras, aulas etc.; a sós, ouvimos a voz do nosso pensamento; ao falarmos em público, quem primeiro ouve são os nossos ouvidos. Mas, será que sabemos ouvir ativamente? Nossa atenção afasta-se, constantemente, do orador? Temos largos períodos de “sonhos acordados”? Conseguimos nos lembrar de muitas coisas que nos foram ditas?

Algumas experiências americanas sugerem que a velocidade do pensamento é quinhentas vezes maior do que a velocidade da fala (125 palavras por minuto). Como o pensamento é mais rápido do que a fala, surgem os “devaneios”, a “fuga” e os “sonhos”, que são o preenchimento do intervalo de tempo entre a fala e a audição. Para racionalizar esse hiato de tempo, convém reeducar os nossos hábitos de leitura e de audição. Nesse contexto, a fórmula para ouvir (S-I-O-A) é bastante pertinaz.

A fórmula (S-I-O-A) significa: Sintoniza – Informa – Ouve – Avalia. Antes de assistirmos a uma palestra, devemos sintonizar-nos com o título e com o comprimento de onda do orador. Enquanto o orador estiver falando, convém ir anotando questões, para serem respondidas durante a exposição. Não sejamos um “semi-ouvinte”, mas um “ouvinte ativo“, em que o expositor fala conosco e não para nós. Por fim, façamos uma avaliação do que foi dito, analisando os prós e os contras, e formulando publicamente a pergunta que não foi respondida durante o discurso.

Essa técnica não é novidade uma vez que a fazemos inconscientemente. O propósito é torná-la consciente em nossos atos do cotidiano. Como acontece com a maioria de nossos hábitos, eles vão acomodando-se, caem no esquecimento e diminuem a nossa produtividade intelectual. Convém estar sempre lembrando e envidando novos esforços de aprendizagem para que se fixem indelevelmente em nossos Espíritos.

A audição para ser eficaz tem de ser ativa. Depois de entrarmos em contato com o padrão vibratório do orador, devemos concentrar-nos exclusivamente no conteúdo do tema, colocando o nosso pensamento um pouco à frente do que irá dizer. Estar inteiro naquilo que estiver fazendo, é uma verdade fundamental que jamais podemos perder de vista. É que espiritualmente ouvimos por todo o nosso ser e não somente pelos ouvidos materiais. Nesse sentido, muito auxiliam o desprendimento das preocupações e dos problemas de ordem material.

Tomemos consciência de nossa forma de ouvir. Não admitamos que os nossos ouvidos estacionem nas coisas negativas. Vejamos sempre o lado bom do acontecimento. (13)

A SINTONIA ENTRE O ORADOR E O AUDITÓRIO

Sintonia – do grego syntonia – significa acordo mútuo, reciprocidade. Em Psicologia é o estado de quem se encontra em correspondência ou harmonia com o meio. Orador – do lat. oratore -, aquele que ora um discurso em público. Auditório – do lat. auditoriu -, conjunto de ouvintes que assiste a algum discurso.

A indutância, a capacitância a ressonância e a própria sintonia em eletricidade oferecem-nos campo para a analogia. Valendo-nos da ressonância, coloquemos quatro pêndulos (dois de comprimento curto e dois de comprimento longo) e movimentemos um deles. Imediatamente, o pêndulo de mesmo comprimento começará a oscilar querendo entrar na mesma freqüência daquele que foi acionado, enquanto os outros dois permanecem fixos. Como interpretar psicologicamente esse fenômeno mecânico?

O discurso oratório pressupõe o emissor, a mensagem e o receptor. O orador é o indutor, ou seja, o pêndulo emissor. À sua frente os ouvintes. Para que seja ouvido deve entrar em sintonia com o auditório. Mas, o que é entrar em sintonia com o público? é captar o ponto médio dos ouvintes e trabalhar em cima dele. Pois, se estiver muito acima da média não será entendido e, muito abaixo, tornar-se-á desinteressante.

O impacto interpessoal define o ajustamento entre o orador e o público. Para que o orador desperte a atenção consciente dos ouvintes, deve falar somente aquilo que interessa ao auditório. Pressupor público inteligente e falar como se estivesse na condição de ouvinte auxiliam sobremaneira a preparação de nossa peça oratória. conseqüentemente, criaremos um campo mental harmonioso entre nossa pessoa e aqueles que nos ouvem.

A manutenção do interesse durante a exposição exige diversos cuidados. Primeiramente, o preparo do orador. Este deve ter em mente a sintonia com Deus, consigo próprio e com aqueles que irão ouvi-lo. Em segundo lugar, a preparação do tema. Montar e seguir um roteiro, deixando brechas para a criatividade do momento, em que os Benfeitores Espirituais poderão inspirar-nos o pensamento correto para atender às necessidades do ambiente.

Apliquemos todas as nossas potencialidades para a compreensão do tema a ser exposto. A naturalidade de nossa expressão garantirá a verdadeira sintonia com o público que nos assiste. (14) e (15)

O DISCURSO

Discurso – do latim discursu(m) – significa ação de correr por ou para várias partes. O termo comporta polivalência de sentido. Em oratória, designa a elocução que visa comover e persuadir; na esfera dos estudos lingüísticos, representa a “sucessão coordenada de frases”; em trabalhos de cunho científico, assume a denotação de “tratado”, “dissertação”, como, por exemplo, o Discurso do Método de Descartes; em filosofia, distingue-se o teor “discursivo” do “intuitivo”.

A estrutura do discurso fundamenta-se no exórdio, na argumentação e na peroração. Embora tenhamos muitas técnicas para bem iniciar e terminar uma alocução, não resta dúvida que a argumentação é sua trave mestra. Esta é a parte em que o indivíduo mostra o seu conhecimento, a profundidade de seu pensamento. Para que haja comoção e persuasão, os princípios elaborados devem ser lógicos e coerentes.

Expressamo-nos através da palavra pensada, falada ou escrita. A sonoridade da voz e a dicção perfeita auxiliam a propagação de nosso pensamento, porém o que realmente conta é a essência daquilo que queremos transmitir. Voz adocicada e gestos delicados podem, muitas vezes, encobrir o verdadeiro caráter de um indivíduo. Contudo, se nos habituarmos a olhar criticamente, teremos condições de separar o joio do trigo.

Operações intermediárias encadeadas caracterizam o adjetivo “discursivo” oposto a “intuitivo”. Urge reconhecer que a descoberta nas ciências e nas artes não segue uma seqüência de operações elementares parciais e sucessivas. Ela, muitas vezes, vem abruptamente. A ordenação das idéias surge “a posteriori” como elemento para tornar claro aquilo que se apreendeu de modo vago e obscuro.

O “discurso do homem” é a manifestação da sua personalidade. Melhorando o teor de nossos argumentos, mudaremos o conceito que os outros formam de nós. Leitura metódica, estudo constante e reflexão freqüente auxiliam sobremaneira a aquisição de novos valores da vida. Sem esforço perseverante da vontade, nada de útil conseguiremos amealhar em prol de nosso passivo intelectual.

Escolhamos com critério os alimentos material e espiritual, a fim de que o nosso “discurso” seja repleto de força, determinação e otimismo.

(07), (06), (16), (17) e (18)

O DISCURSO POLÍTICO

O discurso político fundamenta-se numa decisão sobre o futuro, ao contrário do discurso forense, que julga um fato passado. O estadista, objetivando alcançar o bem comum, concebe um estado ideal (futuro) contraposto ao real (presente). Por isso, a política é a ciência do possível, ou seja, daquilo que pode ser feito.

Os políticos, para melhor atrair a atenção dos ouvintes, valem-se da persuasão e da eloquência. Na persuasão ordenam os pensamentos, de tal modo, que os levam a aceitar seus pontos de vista de modo suave, habilidosamente; na eloquência, exaltam o otimismo, o entusiasmo e a vivência no paraíso terrestre, apesar das dificuldades aparentes. Por saberem que a mente humana condiciona-se melhor à afetividade, apelam mais à emoção do que à razão.

Na alegoria do mito da caverna, Platão descortina-nos novos horizontes para entendermos a essência do discurso político. A busca da verdade a que se empenhou o filósofo, fê-lo distinto dos homens que ficaram na caverna. De posse do conhecimento, sente-se na obrigação de anunciá-lo aos que lá ficaram. Temeroso de que não seja compreendido, cria o mito, isto é, atenua a verdade com o objetivo de ser aceito.

A cada nova eleição centenas de candidatos concorrem às diversas vagas disponíveis. Por conseguinte, serão muitos os discursos que teremos de avaliar. De que maneira podemos constatar a veracidade das teses expostas? Observando e fazendo contas. Suponha-se que haja a promessa de construção de casas próprias. Multiplica-se o número oferecido pelo custo de cada uma e compara-se com os recursos disponíveis. Aos defensores da moral, sondar-lhes o passado. E assim por diante.

O instante do voto é o momento propício para a substituição da classe política dirigente. Cada povo tem o governo que merece, diz o anexim. Somos um ente político, portanto com o poder de modificar a nossa sociedade. Reflitamos, pois, ao colocar um x neste ou naquele pretendente. Esta atitude , constante, em todos os eleitores, será suficiente para a mudança radical do quadro vigente.

Desconfiemos daqueles que prometem “mundos e fundos”. A humildade e a simplicidade cabem em qualquer lugar. Procuremos descobrir essas virtudes nas entrelinhas dos discursos. Agindo assim, teremos melhores condições de bem escolher aqueles que irão nos governar. (06)

O ORADOR E O TÉDIO

Tédio – do latim taedium significa aborrecimento, fastio, nojo, desgosto. O tédio surge quando há informação a menos devido ao desinteresse ou à falta de compreensão, e quando esta situação não se pode eliminar. Nessa altura, a atenção vira-se para o decurso do tempo na consciência, enquanto, por outro lado, nem sequer pensamos no tempo quando algo é interessante.

O tempo é uma variável de difícil mensuração. Deve-se levar em conta o tempo cronológico ou o tempo vivencial? Observe que em termos do tempo vivencial, uma pessoa de quarenta anos pode ter vivido mais do que uma de oitenta. O tempo surge quando não sabemos o que fazer dele. É precisamente nesse momento que o tédio penetra em nossos pensamentos. Na vivência alegre e feliz não há tédio, porque não percebemos o tempo passar.

O que tudo isso tem a ver com o discurso oratório? Suponha um orador que não saiba concluir o seu discurso, que queira explicar tudo nos mínimos detalhes, que fale tão rapidamente que não conseguimos acompanhar o seu raciocínio. Por outro lado, imagine um ouvinte sentado na primeira fila querendo ausentar-se da palestra e, por cortesia da educação, permanece fiel até o fim da exposição. O que se lhe acontece? O tédio penetra em sua mente.

O tédio pode ser considerado, também, como a falta de ressonância entre a expectativa do tempo e o que realmente está sucedendo. Nesse sentido, o orador deve perscrutar o fluxo energético do auditório, e utilizar técnicas de persuasão, a fim de despertar o interesse para a questão a ser veiculada. Habituando-se a penetrar na profundidade do seu semelhante, terá mais chances de manter a motivação por aquilo que está desenvolvendo.

O orador deve ser uma pessoa ardente, aquela que sabe comunicar o verbo divino com entusiasmo e determinação. Deve, ao transmitir suas palavras, incendiar as almas com a chama da bondade, da caridade e do amor fraternal. (05)

O ORADOR E A PALESTRA FRUSTRADA

Um orador novato sobe ao tablado para fazer a sua primeira peça oratória diante de um público exigente. Dá-se mal, perde-se no meio do seu discurso e não consegue responder satisfatoriamente às questões formuladas. Como avaliar positivamente uma situação aparentemente negativa? Como transformar o fracasso, a experiência frustrada num êxito triunfal?

Uma peça oratória tem regras bem definidas, embora a maioria de nós não se dá conta. Em primeiro lugar, deve-se preparar um roteiro. O roteiro deve incluir não só a conceituação do tema central como também dos seus correlatos. Há que se preocupar com um histórico, a fim de introduzir o ouvinte naquilo que estamos dispostos a transmitir. Além disso, deve-se ser fiel à idéia central, a fim de que o nosso pensamento não se desvie do assunto.

Em se tratando de uma palestra no Centro Espírita, o orador deve se fundamentar nas Obras Básicas do Espiritismo. Sem um conhecimento profundo de “O Livro dos Espíritos”, do “Evangelho Segundo o Espiritismo”, da “Gênese” etc., fica difícil responder satisfatoriamente às questões formuladas. Faltando-nos essa base, respondemos sem muita convicção e o público, sequioso de conhecimento, embaraça-nos mais ainda, ao tentar obter uma explicação razoável da sua dúvida.

O orador atento a esses detalhes poderá melhorar substancialmente o conteúdo de sua palestra. Lembremo-nos de que os grandes homens, principalmente os cientistas, tiveram muitas experiências frustradas, até conseguirem êxito em suas pesquisas. Observe a vida de um Édison, de um Einstein, de um Lincoln etc. Por isso, afirma-se que o “êxito é um por cento de inspiração e noventa e nove por cento de transpiração”. Assim, qualquer situação constrangedora em nosso caminho deve ser mais um desafio aos nossos brios do que motivo de desânimo.

Convém fazer uma analogia entre o cientista e o orador. Tanto um quanto o outro deve experimentar. Uma nova palestra pode ser considerada um ensaio. Falar, ouvir críticas e corrigir são as tônicas do bom orador. Consultar livros, perguntar para quem sabe mais auxiliam sobremaneira. “Errando, corrige-se o erro”, diz o anexim. Somente pelo erro aprendemos bem. Por isso, o expositor que souber fazer uso de sua limitação terá condições de crescer e tornar-se um divulgador valioso da Doutrina Espírita.

O mérito do ser humano está centrado na sua capacidade de transformar as experiências negativas em realizações produtivas. Para isso, tem que estimular os seus dotes interiores, a fim de angariar forças para a continuidade de sua nobre tarefa.

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