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O Lar – A Escola das Almas

O Lar – A Escola das Almas

 

O ideal seria dizermos: “Lá em Casa, na nossa Família
temos um Lar”.

Ao tratarmos desse importante assunto, pretendemos estabelecer
paralelos, que venham a esclarecer a realidade exata de cada termo, devido a
algumas vezes nos confundirmos, trocando uns pelos outros.

O que é casa? A casa é a habitação, o cimento, madeira, tijolos,
móveis.

O que é a família? São Pessoas aparentadas que vivem em geral, na
mesma casa, pai, a mãe, os filhos, genro, nora, avós, etc. A família é um grupo
de Espíritos necessitados, em compromisso inadiável, para reparação e
crescimento. Existem vários tipos de família conforme a afinidade entre os
espíritos que as integram. As afeições reais sobrevivem, permanecendo
indissolúveis e eternas. Independente do tipo de família que temos, vamos
observar a importância desta instituição e como convivermos melhor dentro dela.

O que é lar? O lar é o sentimento de união que envolve a família em
prol da harmonia doméstica. Temos então dedicação, renúncia, silêncio, zelo, e
tantos outros sentimentos que devotamos àqueles que se unem pela eleição afetiva
ou através do impositivo consangüíneo.

Sob esta ótica, podemos então ter uma casa, uma família, mas não
termos um lar, se ali não há entendimento.

FUNÇÕES DA FAMÍLIA – (Numa visão sociológica).

BIOLÓGICA: Procriação de filhos para manutenção da espécie.

SOCIALIZAÇÃO: Fornecer condições aos novos seres, de relacionarem-se
com a sociedade, preparando-os para a vida.

ECONÔMICA: Transmite noção de valores, comércio, propriedade, herança.
Conhecimentos necessários ao crescimento e sustentação econômica das sociedades.

CULTURAL: A transmissão de educação e saber na perpetuação cultural e
acompanhamento do progresso, embora não seja exclusividade da família, hoje
temos rádio, tv, jornais, revistas, internet, e as ruas.

PSICOLÓGICA: A família é a base na qual se cria a nossa natureza como
pessoa nos dando segurança, firmeza e confiança.

ESPIRITUAL: Educação do Espírito (através da orientação); Formação de
valores regenerativos (corrigindo tendências equivocadas); Oportunidade
evolutiva (adquirindo novos conhecimentos); Desenvolvimento da afetividade e do
amor para atingir a dimensão da família universal (desarmando animosidades).

Mas as dificuldades de relacionamento familiar não são de hoje.

O Evangelho de João (C7: V6) afirma que “nem os próprios irmãos de
Jesus acreditavam nele”. Mateus (C12: V46), nos relata uma passagem do Cristo:

“Enquanto Jesus ainda falava às multidões, estavam do lado de fora sua mãe e
seus irmãos, procurando falar-lhe.

–  Disse-lhe alguém: Mestre, eis que estão ali fora tua mãe e teus
irmãos, e procuram falar contigo.

–  Jesus, fitando o seu interlocutor com aquele olhar doce e sereno
respondeu: Quem é minha mãe? E quem são meus irmãos?

–  E, estendendo a mão para os seus discípulos disse: Eis aqui minha mãe
e meus irmãos, pois todo aquele que fizer a vontade de meu Pai que está nos
céus, esse é meu irmão, irmã e mãe…”

Jesus não estava renegando os laços familiares, mas aproveitando a
oportunidade para nos trazer mais um de seus ensinamentos, dizendo-nos que
existem as famílias espirituais e as famílias consangüíneas. O Mestre considerou
seus apóstolos como sendo seus irmãos espirituais, diferentes dos seus irmãos
carnais, aos quais estava meramente ligado por laços consangüíneos. Esta
passagem busca incentivar a todos nós, a realizarmos um esforço de progresso no
bem comum.

Ao demonstrar que o homem é na realidade um Espírito em aprendizado na
Terra, a Doutrina Espírita ampliou o conceito de família. Situando-a em bases
espirituais o Espiritismo nos apresenta a família como instrumento de progresso,
e oferece ao homem um programa de desenvolvimento que pretende enfocá-lo em suas
dimensões biológicas, psicológicas, sociais e espirituais. E dentro desse
programa são definidos como objetivos gerais: A integração do ser consigo
mesmo; A integração com o próximo; A integração com Deus.

O desenvolvimento dessas faculdades pelo contato social tem início no
ambiente doméstico aonde o Espírito dá continuidade ao seu aprendizado
intelecto-moral. O Espírito reencarnado no seio familiar não é considerado
inexperiente, é uma individualidade que traz consigo seus vícios e virtudes de
passado. Por isso o processo de desenvolvimento não é começado, mas continuado a
cada nova experiência de renascimento.

A perspectiva de integração global do ser consigo mesmo, com o próximo
e com Deus, traz para a família uma responsabilidade maior. Traz o conceito de
Família Universal, que supõe convívio fraterno entre todos os Espíritos,
encarnados e desencarnados, numa cooperação mutua objetivando o progresso
conjunto dos seres e das coisas.

Ao Espiritismo coube a tarefa de ampliar o sentido da sociedade humana
e fazê-la entrar nessa nova era de progresso moral, aonde os erros de passado se
resolvam não mais contra o indivíduo, mas a seu favor e por ele mesmo.

Com a percepção de que “Há no homem alguma coisa a mais, além das
necessidades físicas” vem o Espiritismo convidar o indivíduo à vivência do amor
verdadeiro cujo exercício começa no ambiente familiar. Exercita-se amizade,
carinho, compreensão, cooperação, liberdade, perdão, respeito, solução de
conflitos, diálogo franco e aberto, como instrumentos de burilamento.

Surge-nos então a pergunta: Mas de que maneira podemos colocar tais
idéias em nossa prática diária, se na família, convivemos com seres tão
diferentes e antagônicos?…

Dando o primeiro passo para que a família seja mais feliz. Comece com
pequenos gestos, sorria, comprimente os familiares, ore por eles, faça pequenas
gentilezas no lar, elogie (com sinceridade), ofereça ajuda. O ideal seria
tratarmos os nossos familiares como tratamos às visitas.

No final de um dia de trabalho, o marido chega em casa.

Marido: Hum! Que cheirinho gostoso tem bolo? E como quem conhece o seu
lugar na casa pergunta – Quem vem nos visitar?

Mulher: A comadre vem nos visitar, e vai já tirando o olho deste bolo!
Você não viu que a casa está limpa? Vá tirar este calçado imundo, ralha a mulher
como é de costume.

Chega a comadre e diz: Que casa limpinha, vou tirar o calçado para
entrar.

Mulher: Não comadre, não precisa, a casa está suja mesmo, e dá um
olhar feroz ao seu marido.

Vão todos para a sala, onde é servido o delicioso bolo.

Comadre: Me deu uma cede repentina, podes me trazer um pouco de água?

Mulher: Temos um suco delicioso, espera que eu já lhe trago.

Marido: Traz para mim também.

Mulher: Deixa de ser preguiçoso homem, levanta daí e vá buscar, diz a
mulher com aspereza…

E, assim é que tratamos a maioria de nossos familiares, infelizmente,
como se estivéssemos cansados de sua presença…

Além da eliminação das “arestas”, fruto de nossa inferioridade, a vida
em família é, também, um ponto de referência que nos ajuda a manter contato com
a realidade. As pessoas de nosso convívio apontam nossas falhas, ajudando-nos a
corrigirmos os desvios de conduta.

Procuremos meditar sobre essas reclamações, será que eles não tem
razão?

Jamais construiremos uma comunidade segura e tranqüila sem que o lar
se aperfeiçoe. A paz do mundo começa exatamente sob as telhas a que nos
acolhemos. Se não aprendermos a viver em paz entre quatro paredes, como aguardar
a harmonia das nações.

O melhor remédio para curar o egoísmo é viver em família. Porque no
lar nós vamos compartilhar a vida com pessoas diferentes de nós. Podemos dar
como exemplo, um filho que gosta de estudar, outro que não suporta um livro. A
esposa prefere férias no litoral, o marido gosta do campo. E todos estão
reunidos para um “lar, doce lar”.

A família sadia é a que lida com várias verdades possíveis e não com
um comportamento em bloco. E necessário haver interesse sobre como cada um se
sente nesse convívio e quais as suas necessidades. Respeitar a individualidade
característica de cada ser faz parte de uma convivência saudável e harmoniosa. O
lar é o lugar sagrado que Deus concedeu às criaturas para que elas pudessem
construir os elos do amor que representam o verdadeiro sentido e significado do
Evangelho de Jesus.

A nossa conduta fora de casa modifica-se quando temos algum problema
dentro da família. Quando começamos o dia com desavenças no lar, ainda que de
pequena monta, nosso dia parece que não engrena. Parece que está amarrado,
dificultando o nosso deslanche. E aquela desarmonia familiar tende a se
reproduzir fora do lar, seja no trânsito, no trabalho ou na escola. Se tivermos
harmonia em casa, tudo conspira a nosso favor, sentimos que somos amados,
queridos por nossos familiares, e aí o nosso comportamento no meio social tende
a ser muito melhor, pois temos uma grande retaguarda de amor em nossa família.
Sem a família não há evolução espiritual, ao menos em nosso atual estágio
evolutivo.

Na família é que nós encontramos as nossas melhores companhias.
Estamos reencarnados entre aqueles espíritos mais indicados ao nosso progresso
espiritual. Eles nos trazem as lições ainda não aprendidas. Diante daquele
familiar que representa um problema, indague-se qual a lição que a vida esta me
trazendo. Paciência? Aceitação? Perdão? Doação?

Portanto vamos amar nossa família do jeito que ela é (esforçando-nos
para que ela melhore). E se eles não são aquilo que gostaríamos que fossem,
lembremo-nos de que nós podemos também não ser aquilo que eles esperavam.

Além de esclarecer os aspectos morais do Cristianismo sob nova ótica,
o Espiritismo nos mostra a necessidade do diálogo franco; a prudência de não
apontar a poeira no olho do próximo quando no nosso encontra-se um cisco enorme;
a urgência de utilizarmos o perdão como veículo para manutenção do nosso próprio
equilíbrio.

Há pessoas (espíritas!) que se opõem à evangelização infantil,
alegando que é melhor dar liberdade de escolha em matéria de religião. Quem
assim pensa, quão pouco entende da Doutrina, pois está analisando apenas a parte
religiosa de seu tríplice aspecto. O Espiritismo não é um amontoado de dogmas
nos quais acreditamos cegamente a ser impostos às crianças. O espiritismo é uma
filosofia de vida, é uma forma de enxergar a vida. É uma resposta científica,
filosófica e moral às dúvidas existenciais do ser. E justamente por essa ótica
que é possível fazer os filhos participarem dos problemas da família. É através
do exemplo diário, da convivência equilibrada da família com as dificuldades que
todos nós enfrentamos, que as crianças aprendem com maior eficácia o valor da
fé, da paciência e da perseverança.

Através do estudo do Espiritismo, compreendemos os problemas
existenciais, os valores reais da vida, os motivos de nossos sofrimentos e como
podemos nos libertar. Além disso, a Doutrina Espírita nos oferece a prece; o
passe e a reflexão elevada, que aliados à nossa transformação íntima nos
auxiliam na superação de dificuldades.

No princípio, dissemos que poderíamos ter uma casa, uma família, mas
não termos um lar, se ali não houvesse entendimento. “Harmonia no lar” é a
grande tarefa que se nos apresenta, pedindo esforço e dedicação de cada um em
prol do bem comum. É um trabalho de todas as horas.

O instrumento ideal para aproximar os familiares é a oração em
família. A prática do Evangelho no Lar, num dia marcado, é o cultivo do
Evangelho no próprio coração das criaturas. Sintonizemos com essa fonte
inesgotável para vencermos (em grupo) os obstáculos do caminho, e para
conseguirmos forças e orientação para a construção de um futuro melhor para nós
e para a Humanidade.

O ser que não tem uma crença e vive apenas para aproveitar os prazeres
do mundo, é como um barco sem motor e sem velas, à mercê dos ventos e das
correntes marítimas.

À luz da Doutrina Espírita O MELHOR É CRESCER EM FAMÍLIA, tendo
Jesus por companheiro.

Muita Paz.

São José, 02/06/2002.

Tempo: 30 minutos.

Bibliografia:

  • O Melhor é Viver em Família – André Henrique (artigo).
  • Família – Cristiane Bicca (artigo).
  • Bíblia