Dai a César o que é de César
“O Evangelho Segundo o Espiritismo – Capítulo XI, itens 5 a 7″
Estudo Espírita
Promovido pelo IRC-Espiritismo
http://www.irc-espiritismo.org.br
Centro Espírita Léon Denis
http://www.celd.org.br
Expositor: Dulce Mara
Brasília
07/08/2002
Dirigente do Estudo:
Márcio Duarte
Mensagem Introdutória:
CRISTO E CÉSAR
A doutrina dos espíritos veio ensinar um novo caminho para que a vida terrestre ofereça mais ampla criação de valores espirituais para a vida maior.
Se antes, desconhecendo-a, os homens conseguiam avançar razoavelmente, lidando, afanosos, em todo o período da existência, em prol da evolução de si mesmos, através de esforço físico contínuo em determinado setor dos interesses de César, hoje, conscientes dos princípios espíritas, é possível produzirem muito mais para as vossas almas e para a humanidade, através do esforço contínuo em determinado setor dos interesses do Cristo, sem detrimento dos deveres comuns.
A renascença moral dentro da própria alma é o movimento mais importante para a criatura.
Sem fantasias ou superstições tendentes ao fanatismo cego, não mais vale para o espírita deixar-se absorver inteiramente por um emprego humano, por uma profissão digna, por uma posição social ou por uma liderança de vantagens terra-a-terra, conquanto respeitáveis.
Acima de quaisquer circunstâncias transitórias entre os homens, prevalece para ele a inadiável necessidade de melhorar-se, intimamente, atento à vida real que o espera no futuro.
O espírita não menosprezará a execução de suas obrigações na sociedade, perante o reduto doméstico e à frente das lides profissionais, que aceitará naturalmente como graves pontos de honra, tanto quanto não esbanjará talentos e responsabilidades que lhe foram situados nas mãos; entretanto, não se desgastará consumindo saúde, inteligência, tempo, oportunidades e recursos outros exclusivamente nisso; alcançará a visão para o mais alto, buscará elevados objetivos mais além, demandará, com todas as suas forças, a edificação da fraternidade legítima, onde estiver.
Relembremos que Jesus nos recomendou: – “Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”, sem qualquer indicação de que devamos dar a César mais do que o lícito e necessário.
Portanto, espíritas irmãos, doemos a César, personificado nas exigências passageiras do mundo, o respeito e a colaboração digna a que estamos debitados pela própria natureza, mas sob qualquer roupagem exterior com que nos caracterize, saibamos viver para o Cristo, a fim de que estejamos efetivamente na construção do reino de Deus.
Cairbar Schutel
Do Livro: Seareiros de Volta
Psicografia: Waldo Vieira
Editora: FEB
Oração inicial:
<Moderador_> Mestre Jesus, querido amigo e irmão maior, pedimos que nos abençoe neste momento de estudo de Teu Evangelho. Que possamos absorver Teus ensinamentos, que nos serão trazidos por nossa amiga Dulce Mara. Abençoe-a, Senhor, para que ela possa nos guiar o pensamento em Tuas palavras, proferidas a dois mil anos. Ajuda-nos, Senhor, a ter o coração limpo, e que este momento seja um momento de paz, a paz necessária para que nossos corações se enterneçam em Tua alegria. Pedimos, Mestre, que nos acompanhe e que permita que os bons espíritos, orientadores desse trabalho, possam nos acompanhar e iluminar esse estudo. Obrigado, Senhor! Que Assim Seja!
Exposição:
<DulceMara> Boa noite, amigos! depois dessa mensagem do Cairbar, acho que podemos desligar o micro :)))mas, como paciência é algo que podemos sempre exercitar, peço aos amigos que aguardem o final do comentário.
Para iniciarmos esse momento de estudo e reflexão, vamos primeiro relembrar a passagem evangélica, pinçada por Kardec de O Novo Testamento (S. Mateus, Cap. XXII, vv. 15 a 22 – S. Marcos, Cap. XII, vv. 13 a 17):
“Os fariseus, tendo-se retirado, entenderam-se entre si para enredá-lo com as suas próprias palavras. Mandaram então seus discípulos, em companhia dos herodianos, dizer-lhe: – Mestre, sabemos que és veraz e que ensinas o caminho de Deus pela verdade, sem levares em conta a quem quer que seja, porque, nos homens, não consideras as pessoas.
– Dize-nos, pois, qual a tua opinião sobre isto: É-nos permitido pagar ou deixar de pagar a César o tributo?”. Jesus, porém, que lhes conhecia a malícia, respondeu: – Hipócritas, por que me tentais? Apresentai-me uma das moedas que se dão em pagamento do tributo. E, tendo-lhe eles apresentado um denário, perguntou Jesus:
– De quem são esta imagem e esta inscrição?
– De César, responderam eles.
Então, observou-lhes Jesus: Dai, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus.
Ouvindo-o falar dessa maneira, admiraram-se eles da sua resposta e, deixando-o, se retiraram.”
Em que pese a passagem tratar de uma questão aparentemente financeira, ela foi sabiamente inserida por Kardec em O Evangelho Segundo o Espiritismo, no capítulo XI , que trata da máxima “Amar o Próximo como a si mesmo.”
Reflitamos por um instante sobre a passagem, analisando primeiramente a postura dos fariseus:
Incomodados com a Verdade que Jesus ensinava e que os incitava à mudança íntima, buscaram comprometê-lo, colocando-o numa situação delicada, pois, se Jesus dissesse para não pagarem o tributo a César, seria preso pelos herodianos presentes, e se dissesse para que pagassem o tributo, aguçaria a ira dos Judeus.
Buscavam, portanto, por um meio escuso, de forma melíflua, com falsa consideração, condenar Jesus, para resolver os seus problemas internos.
Nesse momento, só pensavam em si, não importando o que aconteceria ao outro (Jesus), desde que se vissem livres do seu incômodo interno e que eles projetavam no Mestre.
No dia-a-dia de nossas vidas, muitas pessoas, ou por inveja, ou por orgulho ou por egoísmo, ao se depararem com alguém que os incomoda pela sua superioridade (pelo menos elas assim o vêem), buscam colocar esse alguém em situações embaraçosas para o denegrir, instituindo o chamado “bode expiatório”. E isso pode acontecer nas mais diversas situações de relacionamento.
A reflexão é válida, pois, não raro podemos estar envolvidos nessas situações, ora como vítimas, ora como algozes desse processo infeliz.
Sempre que nos reconheçamos algozes, tenhamos a coragem de refazer a nossa postura, evitando dissabores maiores e buscando superar os sentimentos que nos levaram a uma atitude tão infeliz e buscando transformar o orgulho, o egoísmo, a inveja em verdadeiro amor ao próximo.
Desde que nos reconheçamos “vítimas”, no entanto, reflitamos sobre essa passagem, aprendendo com Jesus.
Vejamos: Ele reconhece a malícia, a astúcia, a hipocrisia daqueles fariseus, quando declara: “Hipócritas, por que me tentais?”
Isso é importante de ressaltar porque, muitas vezes, achamos que para amar o próximo precisamos colocar óculos cor-de-rosa e não enxergarmos o que a pessoa é ou como se apresenta a nós no momento. Porém, se nos negarmos a vê-la e a ouvir a sua mensagem, ainda que desagradável ao nosso Ser, com muito pouco ou nada poderemos contribuir no seu crescimento e na construção de um relacionamento saudável e verdadeiro.
Jesus, no entanto, deixa claro aos fariseus que sabe dos seus sentimentos. Explicita isso a eles. Traz à tona o “jogo”.
Muitas vezes necessitamos ser firmes e claros em nossa interação com o outro, de modo a estabelecermos uma base de honestidade em nossos relacionamentos. Ainda que não o declaremos ao outro, no entanto, é importante estarmos atentos à mensagem real que o outro nos envia quando interage conosco, para que saibamos como agir de modo a não aceitarmos posições de “bode expiatório” no relacionamento e atuarmos de modo a abrirmos um espaço de crescimento saudável dessa relação. Se de tudo não houver esse espaço no momento, pelo menos, como na parábola, os outros nos deixarão e se afastarão ou manterão uma distância respeitosa.
Jesus, no entanto, além de clarificar a intenção dos fariseus, oferece-lhes a necessária lição, na qual nós podemos hoje refletir também: “Dai, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”, ou seja, faça ao outro aquilo que gostaria que o outro te fizesse.
Nesse momento, oferece àqueles Espíritos um convite para a transformação, pela reflexão que poderiam fazer sobre a postura que escolheram adotar naquele momento.
Acolhendo no íntimo a lição, se voltariam em primeiro lugar a si mesmos, buscando encontrar o parâmetro de suas ações para com os outros (inclusive Jesus), responsabilizando-se pelos seus sentimentos íntimos e certamente deixando de persegui-lo e de se aproximarem com intenções ocultas.
Trazendo essa mensagem para os dias atuais, vamos nos remeter ao conceito de cidadania, tão em voga.
O cidadão é aquele que reivindica e vive os seus direitos, tanto quanto vive e cumpre os seus deveres, garantindo igualdade aos outros. E por “outros”, entenda-se tanto as pessoas (parente, amigo, inimigo, etc), quanto as instituições e instâncias da vida social (Governos, Empresas, Casa Espírita, Sociedade, etc).
Ainda quando o outro não cumpra suas obrigações e o cidadão se veja prejudicado por isso, não deixa este de cumprir os seus deveres, zelando para não causar nenhum prejuízo moral ou material a outrem, já que o seu parâmetro de ação não é mais o comportamento externo do outro, mas os valores internos que ele alimenta.
O dia em que todas as pessoas se pautarem por essa máxima, o amor ao próximo estará sendo vivido plenamente, em todas as instâncias da vida e a Terra será um lugar de crescimento profundo e constante, pela mútua ajuda que todos nos daremos.
Comecemos, portanto, ainda hoje, cada um de nós, esse sublime exercício do respeito ao próximo.
Que Jesus nos abençoe nessa empreitada!
Perguntas/Respostas:
[01]<LUIz_lao> Como os ensinamentos de Jesus são verdadeiros códigos de leis universais, como aplicar nos dias atuais estas máximas ?
<DulceMara> Amigo, todas as máximas de Jesus são aplicáveis aos dias de hoje. Como bem colocou Cairbar, nos lembrando o equilíbrio e o bom senso que deve existir entre os nossos afazeres comuns na vida e a nossa Vida Espiritual. Ou então, trazendo a explicação de Kardec sobre o fazer ao próximo o que gostaríamos que o próximo nos fizesse. As mensagens de Jesus, da maneira que foram estruturadas (em parábolas),nos permitem várias aplicações, a depender do momento. Basta que meditemos nelas, como buscamos fazer em nossos Estudos do Evangelho aqui às quartas, e encontraremos sempre aplicações.
[02]<Moderador_> Você falou em cidadania e recentemente tive uma dúvida sobre isso. Não gosto de política, não me importo quem vai ganhar o quê, e sempre anulei meu voto. Sei que estou ferindo a cidadania, mas será que estou deixando de fazer algo pelo bem do próximo? Afinal, não acredito que a falta de meu voto vá fazer alguma diferença.
<DulceMara> Amigo Moderador, anular o voto é um direito do cidadão. Com a anulação ele está dizendo, não quero nem esse, nem aquele, nem aqueloutro. E isso é sim cidadania. Não votar, votar no menos pior, votar naquele em que acredito são todas opções cidadãs. O que não caracteriza a cidadania é votar em alguém por interesse próprio (egoístico). “Vou votar em fulano, porque ele vai dar aumento à minha classe”, ou “porque ele vai me arrumar emprego na Câmara”, etc… O voto, nulo ou não, deve ser uma manifestação da nossa vontade cidadã, ou seja, pensando na coletividade.
Devemos diferenciar política de politicagem, político de politiqueiro. Bezerra de Menezes foi político. Muitos dos que se candidatam hoje, não estão também pensando na coletividade e, por isso, não podem ser considerados políticos realmente. Particularmente, penso que precisamos pensar em Política sim, buscando descobrir pessoas que possuam ideais maiores e que queiram realizar a busca desse ideal na política. Uma hora esse sistema tem que mudar. Acreditemos! 🙂
Oração Final:
<Wania> Amigos, unamos nossos pensamentos, agradecendo a oportunidade do estudo, do esclarecimento.
Deus, nosso Pai, que sois todo Poder e Bondade, dai a força àqueles que passam pela provação, dai a luz àquele que procura a verdade, ponde no coração do homem a compaixão e a caridade.
Deus ! Dai ao viajor a estrela guia, ao aflito a consolação, ao doente o repouso.
Pai ! Dai ao culpado o arrependimento, ao Espírito a Verdade, à criança o guia, ao órfão o pai.
Senhor ! Que vossa bondade se estenda sobre tudo que criastes. Piedade, Senhor, para aqueles que vos não conhecem, esperança para aqueles que sofrem. Que a vossa bondade permita aos Espíritos consoladores derramarem por toda parte a Paz, a Esperança e a Fé.
Deus ! Um raio, uma faísca do vosso amor pode abrasar a terra; deixai-nos beber nas fontes dessa bondade fecunda e infinita, e todas as lágrimas secarão, todas as dores se acalmarão. Um só coração, um só pensamento subirá até vós, como um grito de reconhecimento e de amor.
Como Moisés sobre a montanha, nós vos esperamos com os braços abertos, oh! Bondade, oh! Beleza, oh! Perfeição,e queremos de alguma sorte merecer a vossa misericórdia.
Deus ! dai-nos a força de ajudar o progresso a fim de subirmos até vós; dai-nos a caridade pura, dai-nos a fé e a razão; dai-nos a simplicidade que fará das nossas almas o espelho onde se refletirá a Vossa Imagem.
( Prece de Cáritas )
Que assim seja !