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Palestra “Reconciliação com os Inimigos”

Palestra “Reconciliação com os Inimigos”

 

Anotações de Leitura:

  • O sacrifício mais agradável a Deus.
  • Antes de falar com Deus, olhar o próprio coração.
  • Antes de pedir perdão, devemos perdoar.
  • No templo do Senhor, devemos deixar de fora todos os sentimentos de
    animosidade que tenhamos.
  • Sede indulgentes.
  • Não julgar com severidade a ninguém.
  • Sustentar os fortes.
  • Fortalecer os fracos, mostrando a bondade de Deus.
  • Compreender a misericórdia infinita do Pai.
  • Dizer pelos atos “Perdoa nossas ofensas assim como perdoamos os que nos
    hão ofendido”.
  • O que pedimos quando imploramos ao Pai o nosso perdão ?
  • Perdão por nada é nada. Ficamos com o perdão mas sem recompensa, pois não
    se recebe recompensa por nada.
  • Devemos pedir sim é forças para não cometer os mesmos erros.
  • Quando perdoar, não ficar apenas nisso, mas agir, levar a eles o nosso
    amor, como Jesus nos fez.
  • Onde isso nos leva ? Ao refúgio, no repouso após a luta.
  • Com ele, carregamos nossas cruzes, para no final, encontrar a glória
    Divina.
  • A indulgência é uma prática da caridade.
  • Todo nós temos o nosso próprio fardo.
  • Porque então saber tanto do outro e esquecer de nós mesmos ?
  • Quando deixaremos de olhar o pequeno cisco no olho do vizinho e
    observaremos o terrível pedregulho que temos no nosso ?
  • O verdadeiro caráter da caridade é a modéstia e a humildade.
  • Devemos olhar apenas de leve para os defeitos dos outros, e destacar suas
    qualidades.
  • Sempre haverá, nos mais bruto dos homens, uma centelha de bondade e amor.
  • Caridade para com todos e amor a Deus acima de todas as coisas.

Comentários sobre a Palestra:

Deve-se notar que dado o ambiente em que as pessoas assistentes vivem, fica
difícil falar em perdão a ABSOLUTAMENTE TODOS os inimigos. Eles convivem com
assaltos, roubos, mortes e muitas outras coisas mais, e não saberiam aceitar
estas palavras de modo absoluto como devem ser na realidade.

Assim, deve-se dar ênfase maior aos inimigos indiretos, como colegas de
trabalho, vizinhos difíceis, maridos violentos, pais incompreensivos, parentes
desonestos.

Também seria interessante fazer notar que todos nós, sem exceção, temos o
dever de nos proteger a à nossa família, sendo que, no entanto, isso não nos
impede, de forma alguma, a perdoar. Assim, podemos até chamar a polícia por
causa de um sujeito, mas não devemos em hipótese alguma odiá-lo, muito pelo
contrário, devemos rezar por ele.

Palestra

Meus amigos, hoje eu estou aqui para falar sobre um assunto muito
interessante, mas que em geral não nos preocupamos muito com ele, é sobre a
Reconciliação com os Inimigos.

O que significa isso ? o que é reconciliação ?

É algo muito difícil, que bem poucos conseguem realmente fazer de coração,
mas aqueles que conseguem nada mais temem da vida.

Significa não apenas ir lá, e perdoar aqueles que cometem alguma falta para
conosco, mas ajuda-los, compreende-los, e até ama-los.

Significa que não apenas devemos esquecer aquilo que fizeram conosco, mas
também manter a amizade que tínhamos antes.

Mas porque isso ? Porque fazer algo assim ? Afinal fulano não nos enganou no
trabalho ? e o outro, o vizinho, que vive com o rádio alto ? e o meu marido, que
bebe e me bate ? e o meu cunhado, que me pede emprestado e nunca devolve ?

Eu posso até não ir atrás, mas perdoar ? falar com ele de novo ? nunca.

<pausa>

Sim, é assim que pensamos. É assim que eu penso. É assim que quase todo mundo
pensa.

Mas vamos pensar um pouquinho mais.

O que nos disse Jesus ? muitas coisas, dentre elas ele disse: “Ama a Deus
acima de todas as coisas, e ao próximo com a ti mesmo”.

Quem era esse próximo que ele estava falando ?

Seus pais ? Sua esposa, ou marido ? Seus filhos ?

Não, a esses nós já amamos sem que nos digam nada, ele disse daquele próximo
que vai passando ali na rua, desse que está ao seu lado no ônibus, enfim, de
qualquer um, pois somos todos filhos de Deus, e portanto todos irmãos Nele.

Aí então dizemos: “Olha, eu posso até gostar de algum estranho que cruze o
meu caminho, mas não vou falar com esse vizinho chato”

Mas devemos. Devemos mesmo porque é aí que reside o grande mérito. Devemos
porque a vida não teria significado se não a vivêssemos para as outras pessoas.
Porque é vivendo para elas é que conseguimos encontrar o nosso caminho.

E agora vamos pensar. Deus é absoluto, está a nossa volta o tempo todo, sabe
tudo o que fazemos, vê tudo, ouve tudo, não só o que falamos mas também o que
pensamos.

E devemos nos lembrar que também não somos perfeitos, que cometemos nossas
faltas, e que elas nos pesam no coração. E quando estamos de consciência pesada
que fazemos ?

Pedimos perdão ao Pai.

Mas com que direito podemos ir pedir perdão, se não estamos com o coração
livre de qualquer rancor ou sentimento impuro?

Vocês perdoariam alguém que lhe pedisse perdão rindo e fazendo gracinhas ?

Não, nem eu. E se nós, que somos imperfeitos não fazemos isso, que diria
Deus, que tudo sabe ?

Olha, mas eu não rio quando estou rezando.

Não mesmo ? e o seu coração, onde está ? e os seus pensamentos ? e os seus
sentimentos ?

Tudo isso conta, pois Ele tudo vê, assim, se não formos humildes de verdade,
de coração puro, ele não nos ouvirá.

Que disse Jesus quando estava na cruz ?

“Pai, perdoa-os”

Jesus nos deu o exemplo maior. Ele mostrou, durante toda a sua vida, como se
deveria fazer. E quando ele nos ensinou a sua oração dominical, ele queria que
entendêssemos o que ele dizia.

Assim, quando falamos “Perdoa nossas dívidas assim como perdoamos os nossos
devedores”, devemos não apenas falar, mas sentir, do fundo do coração.

Sim meus amigos, reconciliação com os inimigos implica em perdoar sem ser
perdoado, amar sem ser amado, fazer o bem àqueles que nos fazem mal.

Devemos lembrar sempre que não podemos exigir dos outros aquilo que não
praticamos, assim se esperamos obter perdão, devemos antes perdoar.

Ora, e se não conseguirmos perdão ?

E se fazemos de tudo pelos outros e nada recebemos em troca?

Então devemos abrir os olhos, pois Deus é justo, e jamais permitiria tal
coisa, entretanto nós somos como crianças, que pedem as coisas sem saberem
exatamente o que querem, por isso devemos olhar bem, para saber entender e
aproveitar as bênçãos recebidas.

Mas que formas de bênçãos existem ?

Como posso eu receber uma bênção e não compreende-la ?

Elas não vem para nós por meio de anjos e trombetas, nem como um raio divino,
seria até que bom, facilitaria nossas vidas, mas as trombetas nos ensurdeceriam,
e os raios nos queimariam, assim Deus nos dá de modo que possamos assimilar.

Onde elas estão ?

Olhemos à nossa volta. Todos estamos rodeados de bênçãos dos céus, olhe para
o Sol, sem o qual não teríamos calor, olhe para as flores, que alegram o dia de
qualquer um, olhe para o ar, que nem nos lembramos que existe, mas sem o qual
sufocaríamos, olhe para tudo isso, e verá que Deus nos cobre de bênçãos o tempo
todo.

Assim, devemos tomar cuidado ao pedir ao Pai, pois ele nos dá bastante. Então
vejamos, digamos que vamos ser humildes, e vamos simplesmente pedir perdão por
nossos erros, como ficamos ? Merecemos ser perdoados ? Estamos arrependidos ?

O que é o perdão por nada ? que adianta perdoar aquele que nada fez para
compensar os males que cometeu ? Perdão por nada é nada, ficamos com o perdão,
mas não temos recompensa, pois não se recebe recompensa por nada.

O que devemos pedir então ?

Forças, para não errar mais.

Compreensão, para saber distinguir nossos erros.

Paciência, para poder perdoar sem ressentimentos.

Com isso, continuamos carregando nossas cruzes, mas no final de nossa trilha,
encontraremos a Glória Divina.

Nós falamos do Sol que brilha para nós. Mas me diga uma coisa, e aquele
sujeito ruim ? o Sol não brilha para ele também ? Ou será que toda pessoa ruim
tem uma nuvenzinha negra seguindo ele, o tempo todo ?

Não, o Sol brilha para todos, bons e maus. E o que significa isso ? Que Deus
dá mesmo para que os que não merecem ? Não, pois isso novamente seria o mesmo
que dizer que Deus é injusto, e ele é perfeito, portanto sua justiça é perfeita.
Ele na verdade é acima de tudo Pai, e como tal ama a todos os seus filhos, sem
diferença nenhuma, pois sabe que mesmo os mais ruins, os mais malvados, mesmo
esses tem dentro do seu coração a sementinha da bondade, porque foi ele próprio
que a plantou ali, e sabe que mais dia menos dia essa semente vingará, por isso
ele espera, e dá.

Que lição tiramos daqui ?

Que devemos ser indulgentes. O que é isso ? Significa que devemos estar
sempre prontos a perdoar. Que quando falamos de outra pessoa, não ficamos
destacando o que ela tem de ruim, mas o que tem de bom. Significa que quando
alguém faz algo que nos desagrada, nós procuramos ver com bons olhos, e
aceitamos naturalmente. Nós devemos olhar apenas de leve para os problemas dos
outros, devemos guardar a nossa severidade para nós mesmos, e acima de tudo, não
devemos julgar.

Porque ? Ora, se Deus, que é todo perfeição não julga a ninguém, só espera,
quem somos nós para julgar alguém ? Que direito nós temos em dizer que fulano ou
sicrano merecem ou deixam de merecer o nosso amor e a nossa ajuda ?

Sim, nossa ajuda, porque perdoar sem fazer mais nada tem pouco significado.
Não que não tenha seu valor, claro que tem, mas acima de tudo devemos seguir o
exemplo de Jesus, e ele o que fez ? Veio até nós, se rebaixou, para nos ajudar,
assim devemos estender a todos a nossa mão, e dar sempre o nosso amor.

Onde isso nos leva ?

Ao refúgio, ao pouso após a luta, e novamente, à Glória Divina.

Mas muitos dirão que é perda de tempo ajudar alguém que só quer se aproveitar
! E estão certos, pois o próprio Jesus nos disse: “Não jogueis pérolas aos
porcos”.

O que quer dizer isso, que as pérolas só podem ser usadas nos colares ? Não,
Jesus se importava tanto com colares de pérolas como qualquer um de nós se
importa com um brinquedo de criança. As pérolas a que ele se refere são
justamente os atos bons, e os porcos são aqueles que não os compreendem. Não
devemos negar apoio a quem quer que seja que nos peça ajuda, mas devemos, por
obrigação, diferenciar aqueles que estão dispostos a se aproveitar, mas sempre
sem julgar.

Mas porque insiste tanto em não julgar ? Como assim ? Você não disse que a
gente deveria saber escolher as pessoas certas para ajudar ? Se fazemos isso não
estamos julgando ?

Bem, isso depende de como se entende a palavra julgar.

Ela deve ser entendida como uma avaliação, seguida de um veredicto, ou seja,
eu digo que fulano é um mau caráter, que ele não merece uma única migalha de pão
e que eu acho que ele deveria queimar no fogo do inferno.

Isso é julgar.

É isso o que devemos aprender a evitar. Devemos simplesmente olhar, avaliar
se fulano receberia melhor o que temos para dar do que sicrano, afastar de
nossos corações nossos preconceitos, medos e rancores e dividir da melhor forma,
sem dizer que faço isso porque um é bom e outro mau, sem condenar.

E o que fazer com aquele a quem achamos que não receberia tão bem a nossa
ajuda, e que por isso deixamos de ajudar ?

Devemos esquecer dele ?

Fazer de conta que não existe ?

Não, de modo algum, devemos sim é pedir ao Pai por ele, lembrarmos sempre
dele em nossas orações, esperar pacientemente, pois um dia ele compreenderá que
está errado, como um dia nós compreendemos, e então, nesse dia feliz, devemos
abrir os braços para ele, pois ele é o filho pródigo que retorna, é o amigo que
volta de viagem, é aquele a quem chamávamos de inimigo, mas que recebemos como
irmão, exatamente como gostaríamos que fizessem conosco.