Entre a Terra e o Céu
Iremos apresentar hoje, mais uma obra de André Luiz. Este livro é o oitavo de
uma série de dezesseis livros ditados a Chico Xavier.
Destacam-se aqui, os impositivos do respeito que devemos ter com nosso corpo
físico, e nossa dedicação à prática do bem, para que possamos retirar os
melhores proveitos desta nossa passagem pelo plano encarnado.
Nossa história se inicia no plano espiritual, onde André Luiz tem por
companheiro o espírito Hilário e como orientador o espírito Clarêncio,
que fala a respeito da importância da prece. Em dado momento chega uma irmã
aflita, a pedir a atenção de Clarêncio para uma prece refratada, emitida
por Evelina.
O grupo dispõe-se imediatamente ao trabalho, dirigindo-se à casa de Evelina,
enquanto Clarêncio fornece maiores detalhes: Evelina é uma jovem de 14 anos,
filha de Amaro, viúvo de Odila, e que contraiu segundas núpcias
com Zulmira. O ambiente familiar está bastante complicado após a morte de
seu pequeno irmão Júlio. Evelina, que está ligada à família já há muitos
séculos, por laços de profundo amor, ora à sua mãe Odila, solicitando amparo e
equilíbrio para seu lar, sem no entanto saber que Odila não se encontra em
condições de ouvir e muito menos atender aos rogos da filha; mas nem por isso
sua prece se perde: dada a profundidade de sua rogativa, ela alcança nosso grupo
de amigos espirituais por outros caminhos, e desencadeia o auxílio justo e
necessário.
O quadro observado na casa de Amaro é bastante triste: Zulmira, acamada e
abatida, sofre a perseguição de Odila. Ambas encontram-se ligadas por profundos
sentimentos de egoísmo. Logo após as segundas núpcias de Amaro, Odila passou a
ter ciúmes de sua nova esposa, enquanto Zulmira começou a sentir profundo ciúme
da atenção que Amaro dispensava a seus dois filhos, mais notadamente ao pequeno
Júlio. Por várias vezes havia desejado inconscientemente a morte do garoto, até
que surgiu a oportunidade: Num fim de semana na praia, Júlio estava sob a guarda
de Zulmira, que deliberadamente descuidou do garoto. Atraído pela curiosidade do
mar, avançou perigosamente e acabou morrendo afogado. Zulmira poderia tê-lo
salvo, mas não o fez, passando então a alimentar profundo sentimento de culpa.
Assim, ela que se encontrava a salvo da perseguição de Odila, por ter uma mente
tranqüila, abriu as portas para a influência de sua obsessora.
Clarêncio esclarece que Zulmira não era culpada, pois Júlio já trazia de
compromissos anteriores, o planejamento de uma existência curta na Terra. O
estado de Zulmira se deve, portanto, às deliberações mentais que criou,
ao desejar a morte da criança. Não existe culpa ou punição, mas colhemos os
frutos que plantamos. O sentimento de Zulmira, não foi pela morte de Júlio,
mas pelos pensamentos que ela sempre alimentou, ao passo que Odila, por estar
desequilibrada, não consegue checar a realidade dos fatos.
O mentor de André Luiz determina, então, uma visita do grupo ao pequeno
Júlio, aproveitando a oportunidade para acompanhar duas mães que no dia seguinte
também irão visitar seus filhos no plano espiritual. Sob sua orientação, A. Luiz
e Hilário são deixados na casa de uma delas, Antonina, aguardando o
momento adequado, enquanto acompanham sua leitura do Evangelho no Lar. Enquanto
isso, atendem ao espírito de Leonardo, avô de Antonina, que ali se
encontra, padecendo de profunda demência. Soldado da guerra do Paraguai, havia
envenenado o amigo Esteves, por amor de uma mulher: Lola. Em sua
mente, ele ainda se acha perseguido pelo espírito de Esteves, sem sequer
imaginar que este já se encontra novamente encarnado. Após algum tempo, o
espírito de Antonina surge, pronto para a viagem, sem antes dirigir ao espírito
do avô, algumas palavras tranqüilizantes. E assim partem todos para o Lar da
Bênção.
Durante o trajeto, Clarêncio ensina que “somos devedores uns dos outros;
ainda não há paraíso perfeito para os que desencarnam, e nem purgatório integral
para os que reencarnam”.
Chegando ao Lar da Bênção, as mães reencontram seus filhos, mas Júlio
encontra-se acamado, sob os cuidados de irmã Blandina. Ainda não
restabelecido do desencarne, chama pelo pai constantemente. Apresenta na
garganta, profundo ferimento, resquício de outra encarnação. Clarêncio lembra
que “permanecemos ligados às conseqüências de nossos atos, uma vez que somos
herdeiros das próprias obras”. Ensina ainda, sobre a condição dos espíritos
que desencarnam ainda como crianças, dados esses, que deixamos para a consulta
dos amigos da fluidoterapia.
Quando regressam à Terra, procuram prestar assistência a Leonardo. Clarêncio
lhe faz uma regressão mental, até a época da guerra do Paraguai. Leonardo chama
então, pelo espírito de sua amada Lola, que vem ao seu encontro: é Antonina,
porém com o perispírito bastante mudado, com as feições que possuía como Lola.
Ela pede desculpas por tê-lo desprezado por Esteves, e fala dos sofrimentos por
que passou depois de abandoná-lo. Leonardo chama a seguir pelo espírito de
Esteves, que pode comparecer pois seu corpo físico se encontra dormindo. Os
ânimos de acirram: Leonardo é recolhido a posto assistencial por benfeitores
espirituais, Antonina retorna a seu corpo físico, e quando Clarêncio se propõe a
dialogar com Esteves, este foge espavorido para sua casa, acordando assustado.
Agora, na pessoa de Mário Silva, enfermeiro, acorda e conta para sua
mãe a experiência que teve, como se fosse um sonho. Ela associa os personagens
do “sonho” com Zulmira (que fora noiva de Mário) e Amaro, pessoas a quem Mário
nutre profundo ódio. Assim como Esteves fez com que Lola se separasse de
Leonardo, hoje ele era o preterido de Zulmira por Amaro!
Mário passa assim, pelo mesmo tipo de perturbação que tem Leonardo em relação
a Esteves. Esta fixação, embora dispersa quando se dedica ao seu trabalho, volta
com toda força durante seu sono.
Acompanhado pelos amigos espirituais, o espírito de Mário sai às ruas durante
o sono, e clama por Amaro, que atende prontamente. Segue-se uma discussão, onde
Amaro se desculpa e insiste em afirmar que nada sabia sobre o noivado de Zulmira.
Quando está prestes a ser agredido por Mário, entra em profunda prece, que
requer a intervenção imediata de Clarêncio. Ele se faz visível aos dois
espíritos, e através de passes faz com que Mário relembre sua existência na
guerra do Paraguai.
Esteves relata então, que seu apego a Lola foi por pura desilusão amorosa.
Ele gostava de Lina, a quem desposara; no entanto, dois amigos que lhe
freqüentavam o lar – Júlio e Armando – destruíram seu casamento:
inicialmente Júlio, que se envolveu com Lina. Descoberto o relacionamento,
Esteves recebeu total desprezo por parte de Lina, entregando-se ao álcool e ao
jogo, até conhecer Lola e Leonardo. Três meses depois, Júlio passa pelo mesmo
problema, e perde Lina para Armando. Não resistindo, toma forte dose de veneno,
mas é socorrido a tempo pelos amigos. Padecendo de profundas dores devido ao
envenenamento, embriaga-se alguns dias depois, atirando-se às águas do rio
Paraguai. A narração de Esteves para por aí, pois após pouco tempo, ele foi
envenenado por Leonardo.
Amaro, tendo então seu perispírito profundamente alterado, busca aproximar-se
de Mário, que o reconhece como sendo Armando! Assim, ele começa também a contar
sua história:
Ele reitera as informações, dizendo que embora procurasse se afastar de Lina,
ela o procurava insistentemente, até que Júlio os encontrou juntos. Após sua
morte, Armando volta ao Rio, onde se casa. Certo dia, a carruagem em que estava
atropelou uma mendiga; ao socorrê-la, descobriu ser Lina, que narrou as
dificuldades por que passou desde a separação. Ela morreu revoltada e sofredora.
O próximo reencontro foi no plano espiritual, onde ela se encontrava fortemente
ligada a Júlio. Compreendendo a extensão de seu débito, Armando se compromete a
auxiliá-los em seu próximo retorno à vida encarnada.
Mário, desesperado, invoca a presença de Júlio, mas quem surge é a irmã
Blandina, dizendo que Júlio não pode atender no momento, pelas dificuldades que
passa e diz que toda essa movimentação de pensamentos e fluidos o tem perturbado
bastante: o Júlio-soldado e o Júlio-criança são o mesmo espírito.
Ainda insatisfeito, Mário invoca, então, a presença de Lina para ouvir seu
depoimento, e Clarêncio leva a todos ao encontro dela: Lina passa por grandes
dificuldades reparativas e se prepara para a missão da maternidade: Lina é,
hoje, Zulmira.
Inconformado, Mário se revolta, dizendo ter sido traído duas vezes. Clarêncio
observa no entanto, que se antes, Armando havia se ligado a Lina por impulsos
inferiores, hoje Amaro se ligou a Zulmira para auxiliar em sua recuperação.
Mário, transtornado, retorna a seu corpo físico, onde acorda bastante
desequilibrado, pensando seriamente em procurar um tratamento psiquiátrico no
dia seguinte…
Os espíritos seguem para o Lar da Bênção para auxiliar a Júlio. André Luiz
questiona o porquê de efeitos tão diferentes em Júlio e Esteves, se ambos
morreram por envenenamento. Clarêncio esclarece que enquanto um foi envenenado,
o outro se suicidou. Observam-se novamente os efeitos prejudiciais do sentimento
de culpa. Clarêncio fala sobre os centros de força, e ficamos também sabendo
sobre os preparativos para o breve reencarne de Júlio.
Por estar além de suas capacidades, Clarêncio solicita a ajuda de irmã Clara,
para tentar convencer Odila a se desligar de Amaro e Zulmira. Irmã Clara vai ao
encontro de Odila, e após emocionante e enternecida conversa, convence-a a
acompanhá-la para o devido tratamento em planos superiores. Após uma recuperação
bastante rápida, Odila recebe a visita de Amaro, e o exorta ao trabalho de
recuperação a ser feito com Zulmira. Motiva o ex-esposo a se apresentar a
Zulmira com novas esperanças e também estimula a filha Evelina, durante o sono,
a se desvelar pela madrasta. Finalmente a harmonia começa a voltar ao lar de
Amaro, e Odila sente-se feliz e recompensada com a lembrança e gratidão da
família. Ela pode, finalmente, reencontrar-se com Júlio, depois de tantos anos.
O reencontro é emocionante, e Clarêncio ensina que seu próprio desejo de
recuperar o filho, irá conduzi-lo ao auxílio da reencarnação. Quando ela percebe
a necessidade da reencarnação, amparada por Clarêncio, vai humildemente pedir a
cooperação de Zulmira. Ambas se encontram com o pequeno Júlio, e o pedido de
Odila é prontamente aceito por Zulmira. O que ambas não têm ainda condições de
saber, é que uma vez mais por imposições de sua encarnação anterior, mais esta
existência de Júlio deverá também ser bastante abreviada.
Algum tempo depois, a equipe espiritual orientada por irmã Clara vem
finalmente trazer o espírito de Júlio a seu “novo-velho lar”, onde é recebido
com carinho pelo espírito de Zulmira. Em seus braços, o espírito do pequeno
Júlio vai gradativamente se amoldando ao espírito da futura mãe. Dentro do
estilo característico de André Luiz, temos então, uma esclarecedora leitura
sobre os apontamentos de Clarêncio sobre a reencarnação.
Após uma gestação bastante difícil, onde muitas das sensações de Júlio são
passadas para sua futura mãe, o pequeno finalmente renasce, e a família resolve
chamá-lo novamente de Júlio.
Um ano após, Odila procura desesperada por Clarêncio, solicitando ajuda para
Júlio que sofre de grave enfermidade na garganta. Quando chegam ao lar de Amaro,
um médico está coletando amostras para um exame mais detalhado. André Luiz e
Hilário acompanham-no ao hospital. Ao ser detectado o crupe, o médico
providencia o encaminhamento urgente e necessário para o paciente: recomenda a
um enfermeiro que compareça à casa de Amaro às 22 h para ministrar o medicamento
a Júlio. O enfermeiro é Mário, que no momento atende à nossa já conhecida
Antonina e sua caçula, adoentada. Voltam rápido a falar com Clarêncio que
determina providências urgentes a serem tomadas. Já em casa de Antonina, nossa
amiga convida Mário a participar da leitura do Evangelho. Com bastante
disposição, Mário aceita e é convidado a abrir o Evangelho. Abre-o “ao acaso”,
no capítulo que nos incentiva a reconciliar com os inimigos. Inspirada por
Clarêncio, Antonina fala sobre o assunto que muito toca Mário, sem que ele deixe
de pensar em Amaro e Zulmira. Após o Evangelho, e próximo das 22 h, Mário
despede-se do grupo para se dirigir ao endereço indicado pelo médico.
Fica surpreso ao chegar e descobrir que se trata da casa de Amaro. Embora
seja acolhido com carinho, fica dividido entre sua instintiva repulsa pela
criança e a família, e as lições do Evangelho ouvidas há pouco em casa de
Antonina. Seu desejo de envenenar a criança é muito forte, mas felizmente ele
não se entrega a esse impulso. No entanto, enquanto ministra o medicamento
correto, de suas mãos emanam fluidos escuros, que são rapidamente neutralizados
por Clarêncio, antes que possam prejudicar Júlio. A saúde da criança é bastante
precária, e Odila é finalmente informada do desencarne de Júlio dali a poucas
horas. Mário e Amaro se desvelam pelo cuidado do pequeno, quando em dado
momento, Amaro bastante abatido, colhe o filho nos braços e faz profunda e
sentida prece em favor do pequeno, mas sempre se curvando ante as decisões
soberanas de Deus. Após a prece, Júlio desencarna. Sentindo-se culpado pelo
ocorrido, Mário sai como um louco pelas ruas. Júlio é recolhido novamente ao Lar
da Bênção, e Clarêncio tem ensejo de ministrar novas lições.
Passado algum tempo, Odila volta a procurar por Clarêncio, solicitando
auxílio a Zulmira que se encontra extremamente abatida, revivenciando seus
antigos sentimentos de culpa. Durante a assistência prestada pelos amigos
espirituais em casa de Amaro, o espírito de Mário, bastante atormentado, passa
por ali por duas vezes, sendo em seguida, acompanhado por André Luiz e Hilário a
conselho de Clarêncio.
Em casa de Mário, os amigos observam o espírito de uma freira, que vela por
ele. Ao encontrar auxílio nos espíritos amigos, ela se tranqüiliza e segue para
o hospital onde Mário trabalha e onde ela presta auxílio aos diversos doentes,
juntamente com um grupo de outros espíritos de religiosas, coordenadas pelo
espírito de uma madre superiora. Sob sua ótica, elas realizam esse trabalho de
auxílio, enquanto aguardam pela manifestação de Jesus, que as levará ao Reino de
Deus… Sobre esse assunto, acorre novamente Clarêncio com seus ensinamentos
elevados a respeito dos espíritos bondosos e cooperativos, mas que ainda não têm
olhos para as realidades completas do plano espiritual.
Para auxiliá-lo, Mário é envolvido com fluidos salutares, e é motivado a
procurar pelo diálogo amigo de Antonina. Rapidamente toma o carro e se dirige
até a humilde residência, acompanhado pelos espíritos. Conta sua história à
amiga, até os acontecimentos mais recentes que o atormentam. Sabiamente ela o
esclarece sobre a reencarnação e laços do passado. Fala também sobre a
possibilidade de auxílio que é colocada à sua frente, visitando o casal Amaro e
Zulmira, oferecendo-lhes amparo. Como ainda não se sente encorajado a ir
sozinho, bondosamente Antonina concorda em acompanhá-lo.
No dia seguinte, chegam ao lar de Amaro, com quem têm amistosa conversa. A
situação de Zulmira é bastante crítica, e o médico que a atendia recomenda uma
imediata transfusão de sangue. Com apoio de Antonina, Mário se oferece como
doador, e após a transfusão, já com novas energias, Zulmira começa a esboçar
sinais de melhora. Assim que ela pega no sono, pode ser levada pelos amigos
espirituais para o Lar da Bênção. Lá se reencontra com Odila, que esclarece
serem os “dois Júlios” a mesma pessoa. Finalmente Zulmira consegue se acalmar e
todos se harmonizam. Após algumas horas, ela é reconduzida a seu corpo físico.
A partir de então, ela começa a se recuperar de forma bastante rápida, e os
laços de amizade entre todos se fortalecem.
Algum tempo depois, Clarêncio em visita à casa de Amaro, comenta sobre os
planos que Antonina tem de acolher como filho, Leonardo. Amaro “capta”
rapidamente as emissões de Clarêncio, e dialoga com Mário, sugerindo-o a
desposar Antonina, que no momento encontra-se viúva. A princípio tímido, esse
relacionamento aumenta, terminando com a união de ambos. Um mês após o
casamento, os espíritos de Antonina e Zulmira são levados ao Lar da Bênção para
se inteirar de seus novos compromissos: receberão como filhos, respectivamente,
Leonardo e Júlio.
Um ano depois, as crianças reencarnam com plena saúde, e Odila recebe a
permissão do alto para auxiliar na condução dos caminhos de seu lar terreno.
Em dado ponto, André Luiz pergunta reverencioso, a Clarêncio, se a história
terminará assim, “como um casamento risonho, à moda de um filme bem acabado”, ao
que o orientador sorri e fala:
– “Não, André. A história não acabou”.
E para saber os motivos dessa afirmação de Clarêncio, estimulamos os amigos
da fluidoterapia a ler mais este livro de André Luiz. Não apenas essa, como
também muitas outras interrogações serão esclarecidas em mais esse trabalho que
André Luiz nos preparou com tanto carinho e dedicação…