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Perdão das Ofensas – Parte II

Perdão das Ofensas – Parte II

“O Evangelho Segundo o Espiritismo – Capítulo X, item 15”

Estudo Espírita
Promovido pelo IRC-Espiritismo
http://www.irc-espiritismo.org.br
Centro Espírita Léon Denis
http://www.celd.org.br

Expositora: Lúcia Oliveira
Rio de Janeiro
26/06/2002

Dirigente do Estudo:

Márcio Duarte

Mensagem Introdutória:

COMO RESPONDEU?

“Perdoar aos inimigos é pedir perdão para si próprio; perdoar aos amigos é dar-lhes uma prova de amizade; perdoar as ofensas é mostrar-se melhor do que era.”

À hora de cólera, você exclamou: “Vingar-me-ei!” E perdeu uma feliz oportunidade de exercitar o perdão.

Escarnecido pela ignorância, você retrucou: “Infeliz perseguidor!” E malbaratou o ensejo de iluminar em silêncio

Esbofeteado pela agressividade da intolerância, você reagiu: “Nunca mais terás outra ocasião de ferir-me!” E desperdiçou a lição do sofrimento.

Dominado pela preguiça, você justificou: “Amanhã farei a assistência programada.” E esqueceu que agora é a hora da ação edificante.

Acuado pela perseguição geral, você indagou: “Por que Deus me abandonou?” E não enxergou a divina presença na linguagem do testemunho que lhe era solicitado.

Aturdido pela maledicência, você desabafou: “Ninguém presta!” E feriu, sem motivo, muitas almas boas, generalizando a invigilância e a crueldade.

Esmagado pela pobreza, você inquiriu: “Onde o socorro celeste?” E atestou o apego às coisas terrenas.

Ante a felicidade aparente dos levianos, você disse: “Só os maus vencem!” E desrespeitou a fé cristã que você vive, inspirada na cruz de ignomínia onde ele pereceu.

Ao impacto de acusações injustas, você baqueou: “Estou perdido!” E não se recordou daquele que é o nosso caminho.

Entretanto, poderia dizer sempre: “Em ti confio, Senhor, e a ti me entrego.” 5E ele, que nunca abandona os que nele confiam, saberia ajudá-lo incessantemente.

Marco Prisco

Do Livro: Glossário Espírita-Cristão

Psicografia: Divaldo Pereira Franco

Editora: LEAL

Oração Inicial:

<Moderador> Senhor Jesus, felizes estamos por estarmos aqui para mais uma noite de estudos em torno do Teu Evangelho de Luz. Te pedimos o amparo necessário, por parte da espiritualidade, para que possamos aproveitar ao máximo estes momentos em que aqui estaremos juntos, para tratarmos de um assunto tão importante para nossas vidas. Que os bons espíritos abençoem nossa companheira Lúcia, responsável pela condução do estudo da noite, fazendo com que aquilo que foi programado pelo alto possa ser trazido até nós, nesta noite. Que em Teu nome, e em nome de Deus, possamos dar início a mais um estudo promovido pelo IRC-Espiritismo na noite de hoje!

Que assim seja!

Exposição:

<Lucia_Oliveira> Boa Noite! Que Deus nos abençoe para que através do estudos das Leis Divinas, possamos nos libertar para alçarmos vôo para a plenitude. Pois, como nos falou o Senhor Jesus: “Conheça a verdade e a verdade vos libertará”.

A nossa maior dificuldade, em relação ao perdão às ofensas é a falta do
entendimento de que nós somos os primeiros a sermos beneficiados por esse ato de
misericórdia, pois aquele que não perdoa consequentemente guarda mágoa, partindo
para as distonias orgânicas.

Joanna de Ângelis nos fala: “Muitas distonias são resultado do veneno da
Mágoa, que gerando altas cargas tóxicas sobre a maquinaria mental produz
desequilíbrio no mecanismo psíquico com lametáveis conseqüências nos aparelhos
circulatório, digestivo e nervoso.”

Outro aspecto é estarmos caminhando dentro da Lei Divina, pois o perdão faz
parte da Lei de Justiça, Amor e Caridade, motivo, este, de felicidade, pois o
homem só é infeliz quando dela (Lei Divina) se afasta. Como nos fala a questão
614, de O Livro dos Espíritos: “Ainda podemos ver, no ato de perdoar, um
despertamento para a realidade, ou seja, eliminação da ilusão.”

Joanna de Ângelis diz que “A ilusão é anestésico da alma.”

A primeira ilusão que nos apresenta é que somos melhores do que aquele que
nos ofendeu, e que, de uma certa forma, somos perfeitos, pois não admitimos que
isso tenha acontecido conosco ou que não temos nenhuma necessidade de que Deus
nos perdoe, pois, como sabemos, seremos perdoados à medida que perdoarmos os
nossos ofensores.

Um outro aspecto do fato de não perdoar é a falsa idéia de controlar as
situações, ou seja, de estarmos sempre na defensiva, na maioria dos casos, para
que ninguém mais nos venha a atingir.

Guardamos a mágoa como instrumento de defesa, esquecendo, assim, que estamos
em um mundo de provas e expiações, e que as vicissitudes inerentes a ele,
teremos que enfrentar e superar para atingir o nosso objetivo.

E, por fim, quando não perdoamos, perdemos a oportunidade de apredizado, e/
ou, de nos mostrarmos melhores do que antes, na ilusão de que aquela situação
nos trouxe apenas dor, nos esquecendo de que a dor é um instrumento de
despertamento de valores.

Citando mais uma vez Joanna de Ângelis: “O despertar de valores internos
é, de uma certa forma, dilacerador.”
E nos traz o exemplo da semente, que
para se transformar em uma árvore tem que romper a barreira de sua própria casa
e da terra para ir em busca da luz.

Nesse caso, a dor funciona como recurso para desenvolvimento de uma virtude.
O perdão se torna possível quando não permitimos mais a dor do passado reger a
nossa vida e, nesse aspecto, trazemos uma estória para ilustrar:

Dois soldados foram capturados pelos adversários e sofreram muitos flagelos.
Anos após o fim do combate, encontraram-se e travaram o seguinte diálogo:

– Você conseguiu perdoar os inimigos?

– Não! E você, consegui?

– Depois de muito esforço, consegui.

– Eu não. Penso todos os dias em tudo o que passamos naquele período.

– Então, meu caro amigo, continua prisioneiro. Eu já alcancei e desfruto da
minha liberdade.

Com esse exemplo, podemos observar que perdoar significa libertar-se do
passado, aproveitar as experiências do presente e estruturar o futuro. Assim
analisando poderemos partir para a imagem que fazemos do nosso inimigo, pois o
Evangelho nos fala que perdoá-los é pedir perdão para si mesmo. Isto nos mostra
a responsabilidade que temos em relação àquele que nos ofende, pois o inimigo,
conforme o amigo, é aquele que cativamos. Por isso, perdoar-lhes é perdoarmos a
nós mesmos, pois desculpamo-nos a nossa dificuldade em inspirar-lhe simpatia e/
ou impedir, por uma atitude de fraternidade, as atuais conseqüências.

Como nos fala a questão 642, de O Livro dos Espíritos: “Não basta deixar de
fazer o mal, mas fazer o bem no limite de nossas forças.” Então, mesmo quando em
nossos atos não há motivo para represálias, devemos, ainda aí, perdoar,
mostrando-nos melhores por seguir o ensinamento do Mestre que nos fala que
devemos praticar esse ato dilatando a benevolência para com aqueles que nos
agridem, com ou sem motivo, por encontrar-se agredido em si mesmo e por estar
doente, portador de tormentos destruidores.

Quantas vezes perdoarei as faltas cometidas por aqueles que insistem em nos
ofender? Essa pergunta foi feita por Pedro, ao Senhor Jesus e ele lhe disse:
“Não sete vezes, mas setenta vezes sete vezes”. O que significa infinitamente,
indefinidamente, tantas vezes forem necessárias, pois não há limites para o
perdão. Ele não fixou quantidade, porém ensinou-nos a não contar as ofensas
recebidas nem os perdões concedidos mesmo em uma ofensa grave, porquanto o
mérito do perdão é proporcional à gravidade da ofensa.

Nenhum mérito existe em relevar agravos irrelevantes. Há duas maneiras de
perdoar, nos fala o Evangelho, e a maneira correta é aquela em que agimos com
misericórdia, pois a misericórdia consiste no esquecimento das ofensas e, esse
único, agradável a Deus, pois ele está constantemente a nos perdoar e espera que
façamos o mesmo. Então, que não pronunciemos essa palavras: “Eu nunca perdoarei”
para não anunciarmos a nossa própria condenação.

Como nos relata a parábola dos credores e devedores. Evangelho, Capítulo XI,
item 3, e Mateus 18:23-35, que finaliza o ensinamento dizendo: É assim que o
meu Pai, que está nos céus, vos tratará. Se cada um de vós não perdoar, do fundo
do coração, as faltas que seu irmão houver cometido contra vós”.
Ou seja,
nos tratará com a mesma medida que usarmos com nossos irmãos.

Finalizando nosso estudo com as palavras do nosso Mestre: “Se tu me amas,
segue meus ensinamentos.”

Paz

Oração Final:

<Moderador> Deus, Pai querido, nós Te
agradecemos por tudo o quanto nos tem oferecido para o nosso crescimento
espiritual. Sabemos, Senhor da Vida, que temos muito ainda o que caminhar para
chegar até a perfeição, mas sabemos também que precisamos dar os primeiros
passos. E, com a doutrina espírita, essa caminhada tem se tornado menos
dolorosa. 5Por isso, agradecemos também a todos aqueles que trabalharam e ainda
trabalham pela divulgação dos ensinos dos Espíritos. Que Tu possas abençoar a
cada um deles. Fica conosco e ampara-nos nesta nossa jornada terrena.

Que assim seja!