O Talento Esquecido
No mercado da vida, observamos os talentos da
Providência Dïvina fulgurando na experiência humana, dentro das mais
variadas expressões. Talentos da riqueza material, da intelectualidade
brilhante, da beleza física, dos sonhos juvenis, dos louros mundanos, do
brilho social e doméstico, do poder e da popularidade.
Alinham-se, à maneira de jóias grandes e pequenas, agradáveis e
preciosas, estabelecendo concorrência avançada entre aqueles que as
procuram.
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Há, porém, um talento de luz acessível a todos. Brilha entre ricos e
pobres, cultos e incultos. Aparece em toda parte. Salienta-se em todos os
ângulos da luta. Destaca-se em todos os climas e sugere engrandecimento em
todos os lugares.
E o talento da oportunidade, sempre valioso e sempre o mesmo, na corrente
viva e incessante das horas.
É o desejo de doar um pensamento mais nobre ao círculo da maledicência,
de fortalecer com um sorriso o ânimo abatido do companheiro desesperado, de
alinhavar uma frase amiga que enterneça os maus a se sentirem menos duros e
que auxilie aos bons a se revelarem sempre melhores, de prestar um serviço
insignificante ao vizinho, plantando o pomar da gratidão e da amizade, de
cultivar algum trato anônimo de solo, onde o arvoredo de amanhã fale sem
palavras de nossas elevadas intenções.
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Acima de todos os dons, permanece o tesouro do tempo.
Com as horas os santos construíram a santidade e os sábios amealharam a
sabedoria.
É com o talento esquecido das horas que edificaremos o nosso caminho, no
rumo da Espiritualidade Superior, na aplicação silenciosa com o mestre que,
atendendo compassivamente às necessidades de todos os aprendizes, prometeu,
com amor, não somente demorar-se conosco até ao fim dos séculos terrestres,
mas também asseverou, com justiça, que receberemos individualmente na vida,
de acordo com as nossas próprias obras.