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O Aprendiz Desapontado

O Aprendiz Desapontado

Um menino que desejava ardentemente residir no Céu,
numa bonita manhã, quando se encontrava no campo, em companhia de um burro,
recebeu a visita de um anjo.
Reconheceu, depressa, o emissário de Cima, pelo sorriso bondoso e pela veste
resplandecente.
Alucinado de júbilo, o rapazelho gritou:
-Mensageiro de Jesus, quero o paraíso! Que fazer para chegar até lá?!
O anjo respondeu com gentileza:
-O primeiro caminho para o Céu é a obediência e, o segundo é o trabalho.

O pequeno, que não parecia muito diligente, ficou pensativo.
O enviado de Deus então disse:
-Venho a este campo, a fim de auxiliar a Natureza que tanto nos dá.
Fixou o olhar mais docemente na criança e rogou:
-Queres ajudar-me a limpar o chão, carregando estas pedras para o fosso vizinho?

O menino respondeu:
-Não posso.
Todavia, quando o emissário celeste se dirigiu ao burro, o animal prontificou-se
a transportar os calhaus, pacientemente, deixando a terra livre e agradável.

Em seguida, o anjo passou a dar ordens de serviço em voz alta, mas o menino
recusava-se a contribuir, enquanto o burro ia obedecendo.
No instante de mover o arado, o rapazinho desfez-se em palavras feias, fugindo
à colaboração. O muar disciplinado, contudo, ajudou, quanto pôde, em silêncio.

No momento de preparar a sementeira, verificou-se o mesmo quadro: o pequeno
repousava e o burro trabalhava.
Em todas as medidas iniciais da lavoura, o pesado animal agia cuidadoso,
colaborando eficientemente com o lavrador celeste; entretanto, o jovem, cheio
de saúde e leveza, permaneceu amuado, a um canto, choramingando sem saber por
que e acusando não se sabe a quem.
No fim do dia, o campo estava lindo.
Canteiros bem desenhados surgiam ao centro, ladeados por fios de água benfeitora.

As árvores, em derredor, pareciam orgulhosas em protegê-los. O vento deslizava
tão manso que mais se assemelhava a um sopro divino cantando nas campânulas
do matagal.
A Lua apareceu espalhando intensa claridade.
O anjo abraçou o obediente animal, agradecendo-lhe a contribuição. Vendo
o menino que o mensageiro se punha de volta, gritou, ansioso:
-Anjo querido, quero seguir contigo, quero ir para o Céu!…
O Emissário divino respondeu, porém:
-O paraíso não foi feito para gente preguiçosa. Se desejas encontrá-lo, aprende
primeiramente a obedecer como o burro que soube receber a bênção da disciplina
e o valor da educação.
E assim esclarecendo subiu para as estrelas, deixando o rapazinho desapontado,
mas disposto a mudar de vida.