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Auto-Encontro

A ansiosa busca de afirmação da personalidade leva
o indivíduo, não raro, a encetar esforços em favor das conquistas externas,
que o deixam frustrado, normalmente insatisfeito.
Transfere-se, então, de uma para outra necessidade que se lhe torna meta
prioritária, e, ao ser conseguida, novo desinteresse o domina, deixando-o aturdido.

A sucessão de transferências termina por exauri-lo, ferindo-lhe os interesses
reais que ficam á margem.
Realmente, a existência física é uma proposta oportuna para a aquisição de
valores que contribuem para a paz e a realização do ser inteligente. Isto, porém,
somente será possível quando o centro de interesse não se desviar do tema central,
que é a evolução.
Para ser conseguida, faz-se imprescindível uma avaliação de conteúdos, a
fim de saber-se o que realmente é transitório e o que é de largo curso e duração.

Essa demorada reflexão selecionará os objetivos reais dos aparentes, ensejando
a escolha daqueles que possuem as respostas e os recursos plenificadores.

Hoje, mais do que antes essa decisão se faz urgente, por motivos óbvios,
pois que, enquanto escasseiam o equilíbrio individual e coletivo, a saúde e
a felicidade, multiplicam-se os desaires e as angústias ceifando os ideais de
enobrecimento humano.
*
Se de fato andas pela conquista da felicidade, tenta o auto-encontro.
Utilizando-te da meditação prolongada, penetrar-te-ás, descobrindo o teu
ser real, imortal, que aguarda ensejo de desdobramento e realização.
Certamente, os primeiros tentames não te concederão resultados apreciáveis.

Perceberás que a fixação da mente na interiorização será interrompida, inúmeras
vezes, pelas distrações habituais do intelecto e da falta de harmonia.
Desacostumado a uma imersão, a tua tentativa se fará prejudicada pela irrupção
das idéias arquivadas no inconsciente, determinantes de tua conduta inquieta,
irregular, conflitiva.
*
Concordamos que a criatura é conduzida, na maior parte das vezes, pelo inconsciente,
que lhe dita o pensamento e as ações, como resultado normal das próprias construções
mentais anteriores.
A mudança de hábito necessita de novo condicionamento, a fim de mergulhares
nesse oceano tumultuado, atingindo-lhe o limite que concede acesso às praias
da harmonia, do autodescobrimento, da realização interior.
Nessa façanha verás o desmoronar de muitas e vazias ambições, que cultivas
por ignorância ou má educação; o soçobrar de inúmeros engodos; o desaparecer
de incontáveis conflitos que te aturdem e devastam.
Amadurecerás lentamente e te acalmarás, não te deixando mais abater pelo
desânino, nem exaltar pelo entusiasmo dos outros.
Ficarás imune à tentação do orgulho e à pedrada da inveja, à incompreensão
gratuita e à inimizade perseguidora, porque somente darás atenção à necessidade
de valorização do ser profundo e indestrutível que és.
Terminarás por te venceres, e essa será a tua mais admirável vitória.
Não cesses, portanto, logo comeces a busca interior, de dar-lhe prosseguimento
se as dificuldades e distrações do ego se te apresentarem perturbadoras.