Ofensas
“O mal então desapareceria, ficai bem certos.”
(Allan Kardec E.S.E. Capítulo XI, Item 12).
Sem que o desejasse, você foi o veículo inconsciente
da animosidade.
*
Impensadamente, você plasmou o petardo da infâmia, atirando-o aos ouvidos
aguçados de companheiros levianos, que o reproduziram adiante.
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Embora infundada, você repetia a referência que lhe deram.
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Você não pretendia ferir; até mesmo buscava ajudar. Mas feriu. Num momento
impensado, atingiu a sensibilidade do amigo que agora lhe volta a face com rancor.
Certamente, você não acha justo. E não o é.
Todavia, o tropeço na estrada atira o corpo ao chão.
O descuido do engenheiro retira a segurança da construção.
Você dirá que não foi intencional e o diz bem. Não pretendia ultrajar. Mesmo
assim, há de convir em que o pequeno talho na pele é porta aberta à infecção.
A minúscula picada do anófele injeta o hematozoário da febre palustre.
*
Existem almas doentes que preferem recolher calhaus a descobrir as flores
da vida.
Sofrem muito e agravam os próprios sofrimentos, demorando-se encasteladas
no “estou com a razão”.
Rogam um mundo de seres perfeitos.
Amarguram a existência, sorvendo o fel que escorre, abundante, em forma de
lágrimas.
Não conseguem desculpar nem compreender.
Constrangem-se e fogem, ficando deslocadas.
Brincam, mas não toleram gracejos.
Zombam, todavia não admitem apontamentos.
Merecem e necessitam de compreensão.
*
Se algum amigo se afastou, agastado, de seu, círculo, sindique a consciência
e, se ela o acusa, busque o companheiro retraído e desculpe-se, enquanto é cedo.
Não procure saber os motivos do constrangimento.
Distenda um coração gentil, ofereça ânimo novo, demonstre, com naturalidade,
que tudo está como anteriormente.
Uma expressão delicada consegue milagres.
Um gesto de escusas representa muito.
Você não tem o direito de roubar a alegria do próximo.
Evite, então, qualquer palavra ríspida e esforce-se para reprimir toda referência
pouco digna.
Exercitando-se nas bagatelas de sacrifício, você atingirá o cume do supremo
esforço pela paz de nossos irmãos na Terra, coroando de bênçãos seu próprio
labor na conjugação do verbo “acertar”, verificando que o “mal então desaparecerá”.