A alma
“O Livro dos Espíritos” – questões 134 a 148
Estudo Espírita
Promovido pelo IRC-Espiritismo
http://www.irc-espiritismo.org.br
Centro Espírita Léon Denis
http://www.celd.org.br
Expositor: Dulce Mara
10/06/2000
Dirigente do Estudo da Noite:
Mauro [MBueno]
Oração Inicial:
<claralice_estudos> Boa noite amigos!!!!! Que a paz de Nosso Amigo e Mestre nos envolva a todos neste instante vamos serenando nosso coração das nossas preocupações cotidianas
e vamos agora nos envolvendo numa atmosfera de paz, de profundo recolhimento em nós mesmos
buscando aos nossos amigos superiores
encarregados da disseminação do discernimento, da luz, do esclarecimento do conhecimento e do amor sobre a Terra que possamos sentir-lhes a presença aqui junto de nós
a nós incentivarem ao aprendizado disciplinado, elevado e compromissado com a nossa Educação Espiritual Pedimos também para este nosso momento as bênçãos de Deus e de Jesus
para que nos permitam estarmos atentos e prontos para as lições da noite Rogamos a Eles que essas bênçãos possam ser também pelos expositores da noite e pelos companheiros coordenadores desta tarefa. Que estejamos em paz!!
Mensagem Introdutória:
Materialismo
Para dissipar a sombra do materialismo a espessar-se no espírito humano, é forçoso evitemos a atitude daquelas autoridades da antiga Bizâncio, que discutiam bagatelas, enquanto os inimigos lhes cercavam as portas. Reconhecendo a impossibilidade de vincular essa anomalia às raízes da ignorância, de vez que o epicurista é, invariavelmente, alguém que se prevalece da cultura intelectual para extrair da existência o máximo de prazer com esquecimento da responsabilidade, interpretemos o materialismo como sendo enfermidade obscura, espécie de neoplasma da mente, a degenerar-lhe os mecanismos. Da tumoração invisível surge a violência e a crueldade, a desumanidade e o orgulho por metástases perigosas, suscetíveis de criar as piores deformidades no mundo íntimo. E tanto quanto a ciência médica ainda encontra dificuldades para definir a etiologia do câncer, surpreendemos, de nossa parte, os maiores entraves para explicar a causa de semelhante calamidade, porquanto, sendo a idéia de Deus imanente em todas as leis do Universo, não é compreensível se isole, voluntariamente, a razão da sua origem divina. Convençamo-nos, porém, de que todo desequilíbrio do espírito pede, por remédio justo, a educação do espírito. Estendamos a mensagem edificante.
Veiculemos, assim, o livro nobre.
Acendamos a luz dos nossos princípios nas colunas da imprensa. Amparemos a infância e a juventude para que não desfaleçam à míngua de assistência espiritual. Relatemos as nossas experiências pessoais, no caminho da fé, com o desassombro de quem se coloca acima dos preconceitos. Utilizemos a onda radiofônica, auxiliando o povo a pensar em termos de vida eterna. Instruamos a mediunidade.
Instituamos cursos de estudo do Evangelho de Jesus e da obra de Allan Kardec, em nossas organizações, preparando o futuro. Aperfeiçoemos nossos próprios conhecimentos, através da leitura construtiva e meditada Ofereçamos pão ao estômago faminto e alfabeto ao raciocínio embotado. E, sobretudo, considerando o materialismo como chaga oculta, não nos afastemos da terapia do exemplo, porque, em todos os climas da Humanidade, se a palavra esclarece, o exemplo arrasta sempre. Plantemos no culto da caridade o culto da escola. Emmanuel
Editora: FEB
Psicografia: Francisco Cândido Xavier
Do Livro: Religião dos Espíritos
Exposição:
Boa noite, amigos.
O Livro dos Espíritos é uma obra que nos permite uma viagem fantástica tanto ao mundo exterior quanto ao nosso mundo interior. Percorrendo as suas páginas luminosas, deparamo-nos com questões as quais muitas vezes nos fizemos ou fazemos e com respostas de cunho lógico que se afinam profundamente com a razão e o bom senso, além de serem respaldadas a cada dia pela Ciência comum. Após caminharmos no Livro Primeiro aprendendo acerca do Universo e da Vida, no que eles tem de mais essencial, os Espíritos nos encaminham, no Livro Segundo, a uma verdadeira viagem ao Mundo Espiritual, o mundo causal, conscientizando-nos acerca do sublime objetivo de nossas Vidas e de todas as consequências que esta Realidade nos traz. As questões de O Livro dos Espíritos sobre as quais vamos tratar hoje aqui – 134 a 148 – falam da existência da alma em contraposição ao Materialismo que, nas palavras de Kardec, é uma aberração da inteligência. E muitas vezes confundimos Ciência com Materialismo, uma vez que muitos que seguiram o caminho da Ciência, pelo orgulho a que se aferraram, ficaram cegos para uma observação imparcial, distorcendo-a segundo os seus preconceitos, e o pior, fazendo-o em nome da Ciência. Certa ocasião, Jesus, questionado por um fariseu acerca do que dizia a Lei sobre determinado assunto, responde magnificamente, com duas outras perguntas: “O que é que está escrito na Lei? O que é que lês nela?” Realmente, há grande diferença entre o que está escrito na Lei e a leitura que fazemos dela, ou entre o fato que observamos e a interpretação que damos a esse fato. Muitas vezes, arraigados a preconceitos, distorcemos os fatos que observamos. E isso acontece também no campo da Ciência. Na minha época de faculdade, havia uma piada que circulava sempre e que compartilho com vocês agora, porque ela demonstra que podemos, inclusive os homens de Ciência, distorcer quaisquer fatos observados: Um cientista, muito compenetrado em seus experimentos, tem diante de si uma aranha dentro de um vidro. Abre o vidro, solta a aranha sobre uma mesa, ao mesmo tempo em que ordena: Aranha, anda! E a aranha, naturalmente, caminha sobre a mesa em que está colocada. O cientista então, arranca-lhe uma das pernas e retorna-a ao vidro. Faz algumas observações em sua prancheta e logo após, livra novamente a aranha de seu cativeiro, ordenando-lhe ainda uma vez: Aranha, anda! A aranha anda ainda com desenvoltura. O experimentador pega-a novamente, arranca-lhe uma segunda perna e coloca-a novamente no vidro para poder fazer as suas anotações. E assim, repete o mesmo procedimento com cada uma das oito pernas do pobre inseto, soltando-o na mesa ao mesmo tempo em que ordena-lhe que ande. E a aranha, coitada, mesmo com sua locomoção prejudicada, tenta por todas as formas se movimentar, até a última perninha, arrastando-se como pode. Quando o experimentador, após colocá-la na mesa sem nenhuma perna e ordenando à pobre que andasse, não observa nenhum movimento, não se faz de rogado e insiste: Aranha, anda!! Mas, claro, não obtém nenhuma resposta. Então, após alguns instantes de profunda reflexão, o experimentador anota em sua prancheta a conclusão de suas observações: “ARANHA SEM PERNA NÃO ESCUTA”. ;)))
Nem todos os que se denominam cientistas foram ou são científicos nas suas posturas, ou seja, nem todos conseguiram a imparcialidade necessária para a observação e a conclusão sobre os fatos observados. E isso é facilmente constatado ao longo da História, quando tantas vezes a Ciência se viu na situação de ter que rever seus postulados em função de teorias que foram comprovadas, após serem ridicularizadas pelos “sábios” de então. Que o digam Galileu, Copérnico e tantos outros que sofreram o ridículo e a humilhação, quando não pagaram com a própria vida o preço de falar da Verdade. A Doutrina Espírita demonstra cabalmente a existência do Espírito, tanto pela razão (as manifestações inteligentes – as respostas trazidas pelos Espíritos) quanto pela experimentação (as manifestações físicas ou os fenômenos mediúnicos).
Definindo o homem como composto por três partes essenciais (corpo, perispírito e Espírito), o Espiritismo nos convida à conscientização da aliança necessária e inevitável entre a matéria e o Espírito, findando com a antiga briga entre os materialistas e os ascetas, mostrando que não somos, enquanto encarnados, nem somente matéria, nem só Espírito. Trazendo-nos ainda uma vez o sublime objetivo de nosso estágio na matéria (purificar-nos e esclarecer-nos), a Doutrina Espírita nos conscientiza dessa relação entre corpo e Espírito, dando-nos a conhecer o perispírito, laço que os intermedia e que permite, a um só tempo, que o Espírito atue na matéria e seja por ela afetado. O corpo é o instrumento de crescimento do Espírito; há que se atentar para os dois, há que se cuidar dos dois, sob pena de não atingirmos os objetivos traçados para o nosso aprendizado na Terra. Muitas outras coisas aprendemos sobre nós e a nossa Realidade nestas breves perguntas e que valem ser ressaltadas: – que, antes de encarnarmos e após desencarnarmos, seremos sempre Espíritos e que durante a encarnação, somos Espíritos num corpo, ou seja, somos alma; – que estamos sim estagiando na matéria, mas, que não estamos aprisionados em nosso corpo como um pássaro numa gaiola: irradiamos e nos manifestamos ao redor do corpo (como a luz numa lâmpada); – que a alma não tem uma sede determinada no corpo, mas que ela está mais particularmente na cabeça e no coração; – que as crianças são Espíritos como nós outros, apenas dependendo, para sua manifestação completa, o desenvolvimento de seus órgãos; – que os Espíritos são de ordens e evoluções diferentes e que, por isso, há a necessidade de analisarmos com o bom senso e a lógica tudo o que eles nos trazem; – que muitas definições trazidas pelos Espíritos são apenas aparentemente contraditórias ou falsas, tudo dependendo da interpretação que fazemos das suas idéias; – que muitos filósofos, antigos e modernos, foram precursores da “doutrina espírita eterna” e, portanto, vale a pena estudá-los, apesar dos erros que as suas doutrinas possam conter, uma vez que os próprios erros servem para deduzir a verdade mostrando o pró e o contra; – Que não estamos sozinhos, já que ao nosso redor uma plêiade de Espíritos devotados, a “alma do mundo”, os prepostos de Deus, nos inspiram o bom caminho; – Que a missão do Espiritismo é precisamente a de nos esclarecer sobre o nosso futuro, permitindo-nos, de certa forma, atingir, com o dedo e com o olhar, esse mundo que se abre diante de nós pelas informações trazidas pelos seus próprios habitantes. E Kardec encerra este capítulo com uma afirmativa emocionante que aqui transcrevemos, agradecida desde já pelo muito que recebemos dessa Doutrina maravilhosa: “O Espiritismo é, pois, o mais poderoso auxiliar da religião. Uma vez que é assim, é porque Deus o permite, e ele o permite para reanimar as nossas esperanças vacilantes e nos reconduzir ao caminho do bem, pela perspectiva do futuro.” Obrigada Pai! Graças a Deus! (t)
Perguntas/Respostas:
01 <Estrela_da_Manha> Que há de semelhante ou parecido, entre a doutrina do equilíbrio de Buda – caminho do meio – e o equilíbrio pregado pelo Espiritismo como forma de evolução?
<_Dulce_> Estrela, eu não conheço muito sobre a doutrina de Buda, mas, até onde sei, há muita semelhança. O caminho do meio é o do equilíbrio, da não dualidade. E a não dualidade possível para os Espíritos encarnados, que são a um só tempo Espírito E Matéria, e a da aceitação e acolhimento dessas nossas duas facetas. Penso que, não só com a Doutrina de Buda, mas, com muitas outras religiões, existem muitos pontos do Espiritismo em comum. As verdades que o Espiritismo traz não são novas. Ele apenas as traz sem alegorias e com um aprofundamento maior.
02<Estrela_da_Manha> poder-se-ia dizer que , enquanto encarnados somos nossos espíritos e nossos corpos ao mesmo tempo, e que quando desencarnados somos apenas nosso espírito revestido pelo perispírito?
<_Dulce_> exatamente, Estrela. Por isso, enquanto encarnados, não há como privilegiar um em detrimento do outro. Cuidemos dos dois. Mais uma vez o caminho do meio é o ideal 🙂
03<ffragoso> não existe separação entre espírito e matéria.. tudo é energia… mais ou menos condensada… não existe matéria da forma que concebíamos a uns 50 60 anos atrás…
<_Dulce_> Sim, ffragoso, a porta estreita é o caminho verdadeiro e que está longe das ilusões em que normalmente nos enveredamos…com o equilíbrio em nossas vidas, com certeza, atenderemos ao convite de Jesus, bem lembrado por você. 🙂
04<Estrela_da_Manha> Por quê meio se pode observar a veracidade da existência do espírito, do ponto de vista estritamente científico?
<_Dulce_> Estrela, não sei exatamente o que você quer dizer com estritamente científico, mas, a existência do Espírito já está mais do que confirmada, por inúmeros experimentos feitos desde a época de Kardec, por eminentes cientistas, como William Crookes. Até onde entendo Ciência, a existência do Espírito já está mais que comprovada. Agora, para a Ciência comum, a Ciência “oficial” ainda há muito que caminhar. Mas, existem já grandes pesquisadores que estão trabalhando nessa linha, como Hernani Guimarães e Banerjee, Helen Wambach e Edith Fiore, e muitos outros.
Até onde entendo Ciência, a existência do Espírito já está mais que comprovada.
05<Estrela_da_Manha> Há matéria no mundo Espiritual? (t)
<_Dulce_>há sim, Estrela. não como a conhecemos aqui, mas mais sutilizada. André Luiz nos trouxe muitas informações acerca do mundo espiritual. vale a pena ler os seus livros. Eles nos mostram como os Espíritos se organizam no mundo espiritual. E não difere muito daqui não.
06<Estrela_da_Manha> Se ao desencarnarmos passamos de um mundo material para outro mundo material, ainda que ligeiramente diferente, poderíamos dizer que o mundo Espiritual é apenas uma outra dimensão?
<_Dulce_> sim. Uma dimensão que se interpenetra com a nossa. Por isso, estamos sempre em contato com esse mundo. Ele é o mundo que dá causa ao mundo material. E nós, estagiários na matéria, somos oriundos desse mundo, dessa dimensão, e a ela retornaremos.
Oração Final:
Senhor, ensina-nos:
a orar sem esquecer o trabalho;
a dar sem olhar a quem;
a servir sem perguntar até quando;
a sofrer sem magoar seja a quem for;
a progredir sem perder a simplicidade;
a semear o bem sem pensar nos resultados; a desculpar sem condições;
a marchar para frente sem contar os obstáculos; a ver sem malícia;
a escutar sem corromper os assuntos;
a falar sem ferir;
a compreender o próximo sem exigir entendimento; a respeitar os semelhantes, sem reclamar consideração; a dar o melhor de nós, além da execução do próprio dever, sem cobrar taxa de reconhecimento. Senhor, fortalece em nós a paciência para com as dificuldades dos outros, assim como precisamos da paciência dos outros para com as nossas dificuldades. Ajuda-nos, sobretudo, a reconhecer que a nossa felicidade mais alta será invariavelmente, aquela de cumprir-te os desígnios onde e como queiras, hoje agora e sempre. Emmanuel