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Comportamento Agressivo na Infância

Comportamento Agressivo na Infância

Palestra Virtual
Promovida pelo IRC-Espiritismo
http://www.irc-espiritismo.org.br
Centro Espírita Léon Denis
http://www.celd.org.br
Em conjunto com o Centro Espírita Maria Angélica

Palestrante: Sandra Salles
Rio de Janeiro
04/08/2000

Organizadores da palestra:

Moderador: “Brab” (nick: [[Moderador]]) “Médium digitador”: “jaja” (nick: Sandra_Salles)

Oração Inicial:

<lflavio> Amigo Jesus, em um de seus ensinos do Evangelho, que muito nos emociona, temos a passagem em que dizes: “Deixai vir a mim as criancinhas, não as empeçais”. Esta passagem, Mestre, nos alerta o quanto, às vezes, impedimos estas crianças de conhecerem seus ensinos, à luz do Consolador Prometido, por incompreensão nossa. Que esta noite de estudo, possa nos ajudar a compreender melhor todas as crianças e que a palestrante da noite seja envolvida na sua luz e na sua paz. Fique conosco, Mestre Querido. Que assim seja!

Apresentação do Palestrante:

<Sandra_Salles> Queridos irmãos, boa noite! É um prazer participar novamente deste trabalho. Faço parte do Centro Espírita Maria Angélica, no Recreio dos Bandeirantes, Rio de Janeiro – RJ, onde atuo como evangelizadora da juventude e como divulgadora da doutrina espírita. (t)

Considerações Iniciais do Palestrante:

<Sandra_Salles> Como nos orienta a doutrina espírita, somos espíritos em evolução, trazendo conosco as conquistas e dificuldades acumuladas em vidas passadas. Na infância, o espírito se mostra com uma inocência aparente. (ver perguntas 379 e seguintes de “O Livro dos Espíritos”). Entretanto, suas tendências, inclusive agressivas, vão se acentuando com o passar da idade. Nosso papel enquanto pais e educadores é tentar auxiliar a criança no seu processo de auto-educação, usando os impulsos agressivos no sentido construtivo, isto é, da luta, da coragem e não da destruição, visando assim um progresso moral. (t)

Perguntas/Respostas:

<[[Moderador]]> [01] <lflavio> Normalmente uma criança com comportamento agressivo é colocada como indesejável por muitos evangelizadores. Qual a postura ideal do evangelizador neste caso?

<Sandra_Salles> Tal comportamento é um pedido de socorro. A pesquisar as motivações da criança, deve o evangelizador se propor neste momento que lembramos de Jesus: não são os sãos, mas sim os doentes que precisam de remédio. O ideal é não rotular a criança de forma alguma e percebê-la como alguém com maior necessidade de atenção, aceitação e empatia.

Além disso, sabemos que os modelos positivos têm muito mais persuasão do que qualquer medida de recriminação ou punição. (t)

<[[Moderador]]> [02] <lflavio> Como ajudar aos pais, que pensam que só a freqüência a um Centro Espirita vai modificar o comportamento de seus filhos?

<Sandra_Salles> Envolvendo-os e orientando-os nas reuniões de pais, que têm apresentado excelentes resultados, pois possibilita troca de experiências e, muitas vezes, mudanças radicais. (t)

<[[Moderador]]> [03] <Brab> A agressividade pode esconder uma carência emocional da criança? Por exemplo, necessidade de atenção ou, no caso de agressividade física, necessidade do toque e do calor humano? Como dar esse carinho que a criança necessita se ela mesma, buscando, o dificulta, com a agressividade?

<Sandra_Salles> Dentro do possível, devemos tentar mostrar certa indiferença ao comportamento agressivo em si e transmitir o que temos de melhor: doçura, aceitação, compreensão, até ganharmos a confiança da criança e, conseqüentemente, a permissão dela para uma aproximação mais efetiva, tanto física como emocional.

Conhecemos uma criança que chegou à escola de Evangelho cumprimentando a todos com pontapés. Tal conduta desapareceu quando foi mostrado a ela que poderia ser aceita com carinho, independente de sua atitude que, na verdade, era reprodução do tratamento recebido em casa.

Entretanto, aprendendo com outras crianças manifestações mais “simpáticas”, como abraçar, dizer “oi”, seu comportamento modificou-se. E ao mesmo tempo, foi solicitado a ela que não machucasse ninguém da mesma forma que ela jamais seria machucada. (t)

<[[Moderador]]> [04] <lflavio> O comportamento agressivo está sempre relacionado com as vidas passadas?

<Sandra_Salles> Sim, tendo em vista que somos espíritos e nada do nosso passado é descartado. Entretanto, não como uma relação determinista, pois o meio pode exercer uma influência muito importante na manifestação ou não da agressividade. Contudo, é o espírito, em seu livre-arbítrio, que fará suas escolhas, ainda que na infância elas sejam ainda volúveis em função da fase. É neste sentido que não devemos descuidar da evangelização infantil. (t)

<[[Moderador]]> [05] <Brab> Às vezes vemos nas Casas Espíritas crianças agressivas com o próprio Espiritismo, não sendo, entretanto, agressivas com gente no seu trato pessoal. Como lidar com esses casos na Evangelização Infantil?

<Sandra_Salles> Algumas crianças vão obrigadas para a evangelização e, por isso, mostram-se resistentes. Acreditamos que seja importante insistir com elas para que participem, mas devemos escutá-las para entender melhor tal negativa, pois, normalmente, as atividades de evangelização são muito agradáveis e bem aceitas. Às vezes, isto reflete um desejo de contrariar aos pais. Daí a importância de tentarmos cativar a criança de tal maneira que ela goste do trabalho e esqueça dos seus “conflitos particulares”. (t)

<[[Moderador]]> [06] <Billykid> Na educação de uma criança, principalmente com comportamento agressivo, é importante que ela freqüente um Centro Espírita para tentá-la conduzir de forma correta sob as leis morais de Cristo. Mas se essa impõe resistência devemos insistir ou desistir?

<Sandra_Salles> Devemos insistir, assim como insistimos para outras atividades também importantes, tal como a escola. Porém, tal insistência deve revestir-se de estímulos agradáveis e conversas que visem esclarecer a criança do quanto tal participação será importante para ela, ainda que hoje ela não consiga avaliar. Diz-nos Bezerra que este é o cuidado que não deve faltar, reforçando a orientação da doutrina de que a paternidade é uma missão e que devemos fazer tudo o que julgamos benéfico para os nossos filhos. (t)

<[[Moderador]]> [07] <Dilma> Como um evangelizador deve proceder quando uma criança é violenta, agride os demais, inclusive os maiores que tentam acalmá-lo dentro de grupo infantil?

<Sandra_Salles> O evangelizador deve procurar ser bastante tolerante, porém deixar claro os limites, o que é educativo para tal criança.

Nestes casos, é interessante contar com o apoio de outro evangelizador e com muita paciência, já que o trabalho no bem conta com o apoio e a nossa perseverança haverá de ser recompensada. (t)

<[[Moderador]]> [08] <Billykid> Como identificar se a agressividade da criança está associada a um processo mediúnico?

<Sandra_Salles> Acreditamos que devemos cuidar da criança e protegê-la usando os recursos da prece, do passe, da evangelização, do culto no lar, da reunião com os pais, de tal maneira que ela seja beneficiada e suas possíveis companhias também, sem necessitarmos caracterizar tais influências negativas, o que às vezes só serve para “rotular” as crianças e/ou assustá-las. O que ela precisa é de carinho e cuidado. (t)

<[[Moderador]]> [09] <marcos_cunha> O comportamento agressivo de muitas crianças tem sua origem em seu espírito ou na educação recebida pelo meio que a cerca?

<Sandra_Salles> Pelos dois, já que enquanto espíritos encarnados não podemos descartar nenhuma influência. (t)

<[[Moderador]]> [10] <Jane> Uma criança (5 anos, menino, com um irmão gêmeo, também menino), que tem todo o carinho, um lar estável, boa escola, gravidez desejada, tem um temperamento extremamente agressivo, já foi a neuropediatra, vai a psicólogo, mas, sempre que contrariado, tem verdadeiras explosões coléricas e também tem uma predileção por brincadeiras violentas de armas, lutas… Como explicar isso através da Doutrina Espírita? Como os pais podem ajudar além do que já fazem? Será que este comportamento irá perdurar até a adolescência? Esta criança já participa da Evangelização.

<Sandra_Salles> A doutrina espírita nos esclarece que, além das tendências do próprio espírito, o ambiente em que ele vive pode contribuir para desencadear diferentes comportamentos.

Parece-me que, no caso em questão, essa criança está com dificuldades em respeitar “limites” diversos. Às vezes, pode ser uma criança insegura que tenta esconder-se ou afirmar-se com um comportamento hostil, visando aparentar “força”. Assim, estaremos contribuindo para que tal comportamento desapareça. (t)

<[[Moderador]]> [11] <Brab> Adultos agressivos (e até mesmo psicopatas) por vezes foram crianças aparentemente calmas e retraídas. Se quisermos evitar adultos violentos, como diagnosticar essa agressividade ‘invisível’ na criança, se ela não exterioriza?

<Sandra_Salles> Segundo “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, cap. XIV, item 9, “desde pequenina a criança manifesta os instintos bons ou maus que traz da sua existência anterior. Ao estudá-los, devem os pais aplicar-se. Todos os males se originam do egoísmo e do orgulho. Espreitem, pois, os pais os menores indícios reveladores do gérmen de tais vícios e cuidem de combatê-los, sem esperar que lancem raízes profundas.”

Portanto, precisamos ser amorosos, mas não iludidos, para que não deixemos de perceber tais instintos. (t)

<[[Moderador]]> [12] <fhs_Rs_22> Conheço uma criança que é extremamente violenta em alguns momentos, em outros muito carinhosa. Por que essa mudança de comportamento?

<Sandra_Salles> Isto revela uma instabilidade emocional típica da criança insegura e que se “protege” com a capa da agressividade. Devemos ajudá-la a adquirir mais auto-confiança e segurança, para que não precise recorrer a tais comportamentos. (t)

<[[Moderador]]> [13] <Brab> Uma criança violenta, por motivos obsessivos já diagnosticados, deve ser afastada da Evangelização Infantil durante o tratamento de passes/desobsessão?

<Sandra_Salles> Não. A evangelização é para todos e não aprovamos nenhuma atitude discriminatória. Porém se sua presença impede que o trabalho seja realizado, ela deverá receber uma assistência de um outro evangelizador, de tal maneira que a atividade não seja interrompida. (t)

<|Moderador|> [14] <marcos_cunha> Aquelas “palmadinhas no bumbum” das crianças, quando ainda bem pequeninas, ajudam ou agravam a agressividade infantil?

<Sandra_Salles> O que conta é o sentimento que a gente exterioriza. Os limites são importantes em qualquer processo educativo, desde que não sejam colocados sob o império da cólera e da violência. (t)

Considerações Finais do Palestrante:

<Sandra_Salles> Sabemos que o comportamento agressivo é extremamente complexo e tentamos aqui apenas iniciar alguma compreensão. Devemos ter o cuidado de não fazermos nenhuma avaliação apressada, pois existem doenças que podem favorecer ou manifestar atitudes hostis.

De qualquer forma, lembramos que a agressividade reflete sempre um pedido de socorro, atenção ou ajuda e nosso papel, enquanto espíritas, é de tentar não estimulá-la e nem permitir que ela nos contagie, pois sabemos que o melhor combate é aquele que usa o amor, capaz de frustar e até neutralizar qualquer atitude hostil.

Que Jesus nos inspire e fortaleça diante de tais desafios para que o nosso carinho prevaleça. Até a próxima! Um abraço para todos. (t)

Oração Final:

<|Moderador|> Senhor Deus, pedimos tua proteção e amparo no lido diário com nossas crianças, com nossos amores, com nossos desafetos, com nossos aprendizados. Que sejam elas, Senhor, como nosso irmão Jesus nos mostrou a representação de que o recomeçar é passo largo em Tua direção. E que, ao mesmo tempo, sejamos nós os automaticamente convidados e dispostos a ajudar nesses passos.

Auxilia-nos, Senhor, na disposição do serviço no bem. Pelo bem de nossos próximos. Que assim seja!