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Conflitos Familiares

Conflitos Familiares

Palestra Virtual
Promovida pelo IRC-Espiritismo
http://www.irc-espiritismo.org.br

Palestrante: Carlos Roberto
Rio de Janeiro
30/11/2001

Organizadores da Palestra:

Moderador: “Luno” (nick: [Moderador])
“Médium digitador”: “Carlos Roberto” (nick: Carlos_Roberto)

Oração Inicial:

<Luno> Deus, Pai querido, agradecemos pela oportunidade de estarmos estudando mais um pouco de Tuas leis, as leis que regem o funcionamento do Universo. Que cada conceito aqui tratado possa entrar em nossos corações, não constituindo apenas palavras que aparecem na tela de nosso computador, mas fornecendo material para a necessária reforma íntima. Que os amigos espirituais possam auxiliar nosso palestrante Carlos Roberto, tornando, assim, a noite em uma agradável e proveitosa noite de estudo e esclarecimento. Permanece conosco. Que assim seja. (t)

Considerações Iniciais do Palestrante:

<Carlos_Roberto> Queridos, é com muito carinho que pedimos aos amigos espirituais que nos inspirem a humildade, a simplicidade, para que este tema, tão importante, sobressaia, sobre a minha vaidade e o meu orgulho. O importante é a mensagem, e desejo ser um instrumento simples, mas útil! Desejo que a vida dê muitos motivos de sorrisos para todos vocês, para quem vocês amam e para que ama vocês também! A questão dos conflitos familiares está presente em quase todos os lares terrenos. É tão básica, é tão fundamental, é tão importante a transformação dos lares, no sentido de caminharmos para uma convivência sadia, que André Luiz, através do Chico Xavier, apresentou a solução para transformar o mundo “imediatamente para melhor!” E lembremo-nos que espíritos deste quilate, não exageram. Puxa! Modificar o mundo imediatamente para melhor? Como? André Luiz nos diz: Se tratássemos as pessoas dentro de casa como tratamos as pessoas fora de casa, o mundo se transformaria imediatamente para melhor! É com esta mensagem de renovação, que agradeço a Deus mais este início de trabalho do Cristo, na função, todos nós, de veiculadores da mensagem do bem! (t)

Perguntas/Respostas:

<[moderador]> [1] – <LuFrancis> Como resolver os conflitos advindos da escolha pelos filhos de religião diversa das dos pais?

<Carlos_Roberto> Precisamos aqui escolher uma resposta comum aos dois lados, mesmo sabendo que normalmente em questões como esta, normalmente existe mais compreensão de um lado do que do outro, não se negando aqui que existam casos de extremismo em termos de intolerância em ambos os lados. Precisamos apelar para a razão aliada ao sentimento. Não vejo outro caminho. No livro “Filosofia rosa-cruz do Cosmos”, Max Heindel, nos dá uma imagem muito feliz. Ele pede que imaginemos as diferenças religiosas tendo como base de apoio para nosso raciocínio, um cone, onde no vértice está Deus, e em torno do cone – abaixo do vértice -, em vários pontos do mesmo, estão os religiosos de diversas religiões. Ele nos fala que alguns destes religiosos, olhando para o cume do cone, vendo a Deus, entendem que estão no caminho único que leva a Ele. Olham então para o lado, e vêem seus irmãos, que naturalmente estão em outros pontos do cone – outras visões, outras religiões -, e entendem que eles, de onde estão, não podem ver a Deus. Então dizem: “Venham para a minha religião, pois só aqui você será salvo”.Trazendo para o nosso dia, eu proporia a seguinte questão neste meio familiar. “Peço que cada um de vocês agora pense em uma pessoa que mora nesta casa. Peço que não mencionem o nome dela, e que não dêem qualquer indicação de quem ela seja. Agora, ressaltando que se trata apenas de um exercício de imaginação com vistas a obter uma conclusão positiva, peço a vocês que pensem: Se esta pessoa, andando na rua, passasse mal subitamente, e caindo, tivesse seus objetos projetados sobre o solo, e suas pernas tombassem na direção da rua mesma, por ter caído próximo ao meio-fio. Se rapidamente três pessoas se aproximassem. Um católico recolhesse todos os pertences dela, os limpasse e armazenasse nos devidos lugares. Se um espírita puxasse as pernas dela para a calçada para que ela não corresse o risco de ser atropelada, e em seguida, se colocasse um apoio qualquer sob a cabeça dela para que ela ficasse mais confortável. Finalmente, se um evangélico chamasse um táxi e conduzisse esta pessoa para o hospital. E se, finalmente, em lá chegando, o médico, após dar os cuidados”. Necessários, viesse a ter com os três e dissesse: Ainda bem que vocês o trouxeram logo. Mais um pouco e ele teria desencarnado. Perguntamos: Quem fez o melhor dos bens? Quem agradou mais a Deus? Ora, Deus acolhe todas as manifestações do bem, independente da fonte donde elas promanem. O bem é o bem. E, para encerrar, fica aqui uma curiosidade. Quando Jesus esteve na Terra, não existia a abençoada Igreja Católica Apostólica Romana, ainda não havia surgido o abençoado movimento de renovação trazido pelas Igrejas Evangélicas, e é claro, ainda não havia surgido o bom-senso que a Doutrina Espírita traz sobre todas as questões. Jesus não é propriedade de nenhuma religião. Jesus veio para todos. Deus é Pai de todos. Assim eu argumentaria com eles. Isto seria a parte da semente. Esta é à parte que me caberia. A colheita cabe a cada, que receberá como pode, verá como pode, ouvirá como pode, compreenderá como pode! Mas, todos sem exceção, estão em crescimento espiritual, e renovarão para melhor seus pontos de vista, vendo sem dúvidas, irmãos, em quaisquer agrupamentos religiosos que se encontrem! (t)

<[moderador]> [2] – <Luno> Todos os conflitos familiares tem sua origem em existências anteriores?

<Carlos_Roberto> Certamente que não! Existem pessoas que estamos convivendo pela primeira vez! Faz parte do vivenciarmos o conceito muito feliz de família, estendido para a família universal! Permita-me citar um exemplo. Se um espírito encarnado insiste em ser uma “sanguessuga”, ou seja, viver às expensas ou na dependência de outrem, se nada o demove desta atitude, tudo indicando aos “olhos” dos amigos espirituais que estão ajudando-o a preparar-se para uma nova reencarnação – nesta altura ele já desencarnou -, eles, os amigos espirituais, podem fazer ver ao “sanguessuga”, que para o bem dele, é necessário que ele se veja em uma condição tal, que ele seja obrigado a modificar-se. Como motivá-lo? Uma das maneiras é mais comum a todos nós. Quando ele, e nós vemos espíritos que amamos e respeitamos em uma condição espiritual de muita felicidade, nós também desejamos aquela felicidade e acolhemos o conselho de voltar a reencarnar e trabalhar no bem, que eles nos dão. E como a reencarnação dele pode gerar conflitos familiares? Ele pode ser direcionado para reencarnar em uma família com a qual ele não tem nenhum vínculo familiar anterior. Imaginemos. Um estranho chega em nossa casa e tenta se “encostar”, tentando conseguir tudo de mão beijada. Como reagiríamos? Ficaríamos confortáveis com esta situação? (t)

<[moderador]> [3] – <LuFrancis> Como solucionar os conflitos entre pais e filhos acerca da disciplina com horário, com locais a ser freqüentados pelos filhos?

<Carlos_Roberto> Existem algumas variáveis a serem consideradas, sem pretendermos esgota a questão. Considero que excepcional linha mestra a ser tentada é a da vivência dos papeis, que não precisa ser necessariamente promovida pelos pais – “ninguém é profeta em sua terra” disse Jesus -, mas que precisa ser apresentada com carinho, com brandura, com sentimento, de preferência por alguém que tenha um acesso natural ao coração daqueles jovens, ou seja, por alguém que eles ouçam com respeito, com atenção, com carinho. Algumas vezes já perguntei a alguns jovens. Mãe, é chata, não é mesmo? (atitude de solidariedade, de aproximação, embora alguns possam compreender que seja incitação à rebeldia). Pai, às vezes “pega no saco”, não é? (atitude de compreensão do ponto de vista dele, da realidade como ele, o jovem, vê a vida, compreendendo que algumas pessoas torçam o nariz para este método). Mas, eu gostaria de perguntar algo a você com muito carinho. Respeito a sua resposta, qualquer que ela seja, mas peço a você que receba minha pergunta com carinho: Imagine, e isto é muito possível, até mesmo provável, que daqui a algum tempo, daqui a alguns anos, você esteja com uma filha, com um filho. E que você esteja criando este filho, esta filha com muito carinho, e que os anos se passem, com uma grande dedicação de sua parte a sua filha. Vamos usar o exemplo de uma filha. Um dia ela diz para você que vai a um baile funk. Só que você sabe que o baile que ela vai é em uma região de bangue-bangue (isto dito com uma intonação que o jovem perceba que não estamos sendo formais). E que você saiba também que para ir e vir do baile, que ela também vai atravessar uma região de bangue-bangue. Você ficaria tranqüilo em casa? Quando começasse o bangue-bangue, porque próximo de sua casa, também tem, você pensaria: “Ah! Ela foi porque ela quis. Problema é dela! Ela sabe se virar!” Você iria dormir tranqüilamente? Você não se preocuparia com o que poderia acontecer no trajeto de ida e volta, ou enquanto ela estivesse lá no baile? Por isso, eu pergunto: Considerando que muitas vezes a mãe é chata mesmo, ela sempre é chata? Se você criou um filho com todo carinho, você ficaria despreocupado cada vez que ele demorasse a voltar para casa? Precisamos ainda levar em conta outras duas coisas. Uma. Existe um momento em que não temos mais este tipo de controle sobre os jovens. Neste momento, não devemos desistir de aconselhar, mas, devemos evitar a postura de quem só cobra, de quem só se sente vítima, de quem está se sentindo abandonado, traído, injustiçado pelos filhos. Rezemos por eles e entreguemos a vida deles nas “mãos” do Pai Maior. Até uma certa idade, dentro de certas situações, podemos, tendo falhado os nossos apelos ao bom-senso, usar de nossa autoridade paterna (não estamos falando de agressões de qualquer espécie) e cercear a ida de nossos filhos a este ou aquele lugar. Saber dizer o não significa muitas vezes uma prova de amor maior do que dizer sim. Daí recomendarmos muito que se leia Hammed, principalmente o livro “Renovando Atitudes”. (t)

<[moderador]> [4] – <Luno> Qual seria a razão pela quais muitas pessoas apresentam maior afinidade com um amigo que com o próprio irmão de sangue?

<Carlos_Roberto> A afinidade depende da vibração que a alma gera. Ora, cada um de nós tem movimentos naturais, tanto da inteligência como do sentimento. O nosso interior naturalmente se afiniza mais com uns do que com outros. Estes com os quais nós afinizamos mais, podem estar dentro e/ou fora dos nossos lares. Às vezes, os nossos grandes amigos, tendo a necessidade deles de evoluir, reencarnam em outros lares, e abençoadamente, Deus nos permite reencontrá-los ainda assim. (t)

Considerações finais do palestrante:

<Carlos_Roberto> Podemos analisar a questão dos conflitos familiares de um modo prática, sob dois aspectos:

  1. A interpretação ou o ponto de vista.
  2. A dificuldade de sabermos ouvir corretamente o outro.

Quantas vezes nós temos dificuldade em ouvir o outro quando ele diz que o que ele está falando não é o que nós estamos compreendendo. Insistimos que o que ele está falando é aquilo mesmo que nós compreendemos. Ele insiste que está sendo mal-interpretado. Nós insistimos que não adianta ele negar, porque a gente sabe exatamente o que ele quis dizer. O caminho para resolver os conflitos familiares, para conduzirmo-nos mais equilibradamente diante das questões da vida, é o caminho da compreensão. Assim entenderemos o ponto de vista do outro – entender não significa concordar -, e também, ao ouvirmos o que o outro está falando, não apenas as palavras, mas o que está por trás das palavras, compreenderemos, que ele, assim como nós, temos a sua verdade, e que ele está expressando a verdade dele, independentemente dela, a verdade, ser ou não do nosso agrado. Vou exemplificar. O bêbado diz: “Eu bebo para poder esquecer!”. E dizemos para ele: “Que nada! Tu bebe é porque tu não tem vergonha na cara mesmo!” E aí nós temos duas verdades! A verdade do bêbado: ele bebe para esquecer! A nossa verdade: Ele bebe porque não tem vergonha na cara! Quem tem razão? Eu não queria ser juiz para decidir entre verdades de cada um, pela verdade mais justa, ainda que composta de partes das verdades individuais! Mas, aqui fica uma pergunta. Por que o bêbado não pode estar bebendo para esquecer? Que sabemos nós da vida dele? Quem sabe de quantos remorsos ele é acometido por coisas que fez ou deixou de fazer? E se a única saída que ele encontra é fugir da consciência, amortecendo-a temporariamente através do efeito do álcool? Ah! Ele deveria enfrentar a situação! Não deveria beber! Não sabemos das forças interiores dele! Nada sabemos do quanto ele lutou ou quanta incapacidade momentânea ele tinha para enfrentar aquela situação. Será que nós nos portaríamos melhor? Mas, ainda assim. Ele precisa ser respeitado no momento que está vivenciando! Fica aqui como imagem final à maravilhosa imagem de Jesus diante da mulher adúltera. Primeiro ele nada fala, dando a todos a oportunidade de reconsiderarem ou fundamentarem melhor o que iam dizer. Depois ele leva todos a refletirem sobre suas próprias vidas. Depois ele estimula a mulher adúltera a crescer como ser humano, fazendo-a perceber que os acusadores se reconheceram incapazes de se manter na posição que haviam assumido ao traze-la para a execração pública. É de uma beleza intensa, infinita. Jesus está sempre nos fortalecendo. Sempre apontando os infinitos recursos de que somos dotados, e que todos, cada um a seu tempo, aprenderemos a buscar dentro de nós mesmos! Muitos motivos de alegria na vida de todos vocês, de quem vocês amam e de quem ama vocês! (t)

Oração Final:

co<titrigo> Senhor Jesus, Mestre e Amigo de todas as horas agradecemos, Senhor, em primeiro lugar, pela vida, pela família, pelos amigos, por tudo Senhor e em especial, pela oportunidade que tivemos de aprender um pouco mais da Doutrina, e de assuntos tão importantes para todos nós. Agradecemos, Senhor, ao irmão Carlos, pelo auxílio, e esclarecimento. Pedimos Mestre amado, que possamos estar presentes na próxima palestra, com o mesmo objetivo do aprendizado e crescimento, para que possamos transmitir ao nosso próximo e principalmente praticarmos Senhor, pois bem sabemos que a prática é a maior divulgação que podemos dar da Doutrina. Muito obrigado Senhor. Abençoe a todos, presentes e ausentes. E fique conosco, Mestre, hoje, agora e sempre, que assim seja! (t)