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Escândalos, se vossa mão é motivo de escândalo, Cortai-a

Escândalos, se vossa mão é motivo de escândalo, Cortai-a

“O Evangelho Segundo o Espiritismo” – Capítulo VIII, itens 11 a 17

Estudo Espírita
Promovido pelo IRC-Espiritismo
http://www.irc-espiritismo.org.br
Centro Espírita Léon Denis
http://www.celd.org.br

Expositor: Adriana Barreiros
Rio de Janeiro
23/01/2002

Dirigente do Estudo:

Leirston Paulo

Mensagem Introdutória:

SEMEADURA

“Mas , tendo sido semeado, cresce.”- Jesus
(Marcos, 4:32.)

É razoável que todos os homens procurem compreender a substância dos atos que praticam nas atividades diárias. Ainda que estejam obedecendo a certos regulamentos do mundo, que os compelem a determinadas atitudes, é imprescindível examinar a qualidade de sua contribuição pessoal no mecanismo das circunstâncias, porquanto é da Lei de Deus que toda semeadura se desenvolva.

O bem semeia a vida, o mal semeia a morte. O primeiro é o movimento evolutivo na escala ascensional para a Divindade, o segundo é a estagnação.

Muitos Espíritos, de corpo em corpo, permanecem na Terra com as mesmas recapitulações durante milênios. A semeadura prejudicial condicionou-os à chamada “morte no pecado”. Atravessam os dias, resgatando débitos escabrosos e caindo de novo pela renovação da sementeira indesejável. A existência deles constitui largo círculo vicioso, porque o mal os enraíza ao solo ardente e árido das paixões ingratas.

Somente o bem pode conferir o galardão da liberdade suprema, representando a chave única suscetível de abrir as portas sagradas do infinito à alma ansiosa.

Haja, pois , suficiente cuidado em nós, cada dia, porquanto o bem ou o mal, tendo sido semeados, crescerão junto de nós, de conformidade com as leis que regem a vida.

Emmanuel

Livro: Caminho, Verdade e Vida

Psicografia: Francisco Cândido Xavier

Editora: FEB

Oração Inicial:

[HELENA] : Bom amigos!

Então por momento… vamos mais uma vez elevar nossos pensamentos e esquecer nossa tribulação diária, para nos harmonizarmos.

Nos lembremos da imagem serena do nosso amado Mestre Jesus de sua bondade infinita e agradeçamos a oportunidade de mais uma vez aqui estarmos para aprender um pouco mais da mensagem e ensinamentos de amor deixados pelo nosso querido Rabi de Nazaré.

Que possamos nessa noite Pai Amado haurir um pouco mais da fonte de amor que nos deixaste. Que os nossos amigos espirituais aqui estejam envolvendo nossa amiga Adriana na noite de hoje e conduzindo nossos estudos.

Fica conosco Jesus, agora e sempre”

Que assim seja, Graças a Deus!

Exposição:

<Adriana Barreiros> Boa noite, a todos os presentes neste canal. Que as mãos preciosas do Senhor Jesus toquem nossas cabeças e nossos corações a fim de que possamos assimilar seus ensinamentos de amor e paz!

Interessante observarmos que Kardec selecionou este ensinamento de Jesus para compor o capítulo: Os Que tem puro o coração. Realmente, o coração puro caminha conforme as leis Divinas, e não semeia o sofrimento e a dor alheia. Não escandaliza.

Muitos de nós guarda este ensinamento sobre os escândalos numa gaveta, junto com outros tantos ensinamentos de Jesus que parecem indecifráveis, incompreensíveis. A doutrina espírita encarregou-se de clarear o caminho da compreensão, trazendo chaves perdidas, abrindo portas para que o conhecimento pudesse adentrar o homem através do raciocínio, e fincar terreno no coração do mesmo.

Iniciamos este estudo buscando compreender o que é o escândalo. Em nota de rodapé do Evangelho Segundo o Espiritismo, edição da FEB, encontramos a seguinte observação:

Nas traduções mais recentes e mais fiéis da Bíblia, a palavra escândalo está expressa por tropeço (na tradução em Esperanto falilo), querendo significar que Jesus se referia a tudo o que leva o homem à queda: o mau exemplo, princípios falsos, abuso do poder, etc. – A Editora.

No sentido moderno, escândalo apenas representa a exposição pública de ato indecoroso, fazendo com que a imagem de quem cometeu tal ato seja manchada e sua reputação ante a sociedade caia em declínio. Todavia, se apreciarmos o sentido evangélico da palavra, ou seja, o sentido que Jesus quis lhe dar, vemos que a repercussão pública, a exposição do “erro” não é necessária. Escândalo, então, assume a conotação de tudo que é conseqüência efetiva do mal praticado. Mesmo abafado, escondido, camuflado, ele não deixa de ter uma repercussão ante as Leis Divinas, disparando o mecanismo de causa e efeito.

Vamos exemplificar este escândalo. Um homem distinto, considerado de boa reputação comete um crime, um assassinato, por exemplo. Entretanto, este crime nunca é resolvido, ele nunca se faz exposto. Deixou de ter existido o crime? Não! O escândalo se fez! O mal efetivou-se! A ocultação do crime não torna este homem menos responsável pelo acontecido. Da mesma forma dá-se com qualquer ato que resulte no sofrimento alheio.

Jesus disse: é necessário que haja o escândalo! Vimos que o escândalo nada mais é do que o tropeço, o erro, uma ação má. Se pensarmos que fomos criados simples e ignorantes e que o mal nada mais é que o fruto desta ignorância, ou seja, o mal é resultado direto de nossa imperfeição, compreenderemos que, com propriedade, Jesus colocou-nos apenas em nossa condição de seres em evolução, onde agir de forma desarmônica com as leis Divinas expressa, na verdade o livre arbítrio que nos foi dado para traçar o próprio caminho, sendo que, o ponto final, o destino, é o mesmo para todos: alcançar a perfeição.

Naturalmente, se somos livres para escolher, nossas escolhas vão variar de acordo com a realidade evolutiva de cada um. Quando optamos pelo mal é porque aquele caminho nos parece o mais correto naquele momento. A visão curta da imperfeição nos leva a escolher a porta larga, pois, aparentemente é a certa. É a que nos oferece menos sacrifício à primeira instância. Criamos mecanismos de justificativa para aquela tomada de decisão, obviamente baseados naquilo que nos é conveniente, sempre nos dando razão.

Pensamos assim: eu não tenho dinheiro… ele tem de sobra… vou roubar, ora! Quem não tem uma justificativa para seus erros? E elas fazem parte do quanto conseguimos enxergar do mundo, das relações humanas, de nós mesmos, etc. Quem disse que errar é humano foi muito feliz! Realmente. Errar é humano, faz parte de nossas escolhas, do uso do livre arbítrio. Permanecer no erro é burrice, diz o complemento da frase, dado por alguns. Permanecer no erro é estagnar no caminho, é mostrar-se ainda cego à verdade. É afirmar a própria ignorância.

Jesus também deu um complemento à sua frase: Mas, ai daquele por quem venha o escândalo! Jesus, nosso querido amigo, nos veio ensinar e mostrar a possibilidade da prática. Tem em seu coração uma enorme compaixão por todos nós, fruto de seu imenso amor. Quando penso em Jesus proferindo estas palavras, não o vejo usando-se de um tom ameaçador, como muitos de nossos pais faziam ou fazem conosco. Quem de nós não treme quando ouve mentalmente um: mas aí de você!!!! Imediatamente nos vem a idéia de uma punição, de um sofrimento em retorno ao que se fez! Não vejo este tom em Jesus. Creio que este “ai” venha como um lamento, um entristecimento de sua parte por saber que ainda tropeçamos e não entendemos. Minha visão poética do tom, se me permitem! (sorriso)

Jesus nos diz, ai daquele por quem venha o escândalo! Ai daquele que tropeça ainda em sua própria ignorância. Ele sabe da inevitável necessidade de erguermo-nos após a queda. Sabe que serão necessários alguns meios para despertarmos. Sabe que, muitas vezes, para compreendermos que aquilo que fizemos ao nosso próximo gera sofrimento e dor, precisamos vivenciar esta dor, senti-la em nosso peito, na tentativa de nos fazer acordar e continuar a caminhada. Não há neste sentido uma punição ao erro e sim uma tentativa de despertar, derrubar as justificativas que construímos em torno de nós mesmos, mostrar-nos que, o que antes parecia o mais certo a fazer não passava de pura ilusão.

Ainda em seqüência, Jesus nos mostra como nos livrarmos deste mal, do escândalo, das más tendências que Kardec afirma precisarmos eliminar a fim de sermos bons. Se vossa mão é causa de escândalo, cortai-a . Esta figura de linguagem forte, enérgica traz uma proposta de reforma. Cada um de nós deve, ao longo da vida, procurar eliminar de si próprio toda e qualquer causa de escândalo. Arrancar as raízes dos vícios que nos cegam e estagnam na ignorância.

A reforma íntima exige de nós esta atitude enérgica, esta luta contra nossa ignorância, mãe de todos os males. Exige que tenhamos uma visão clara de nós mesmos, pelo uso do auto-conhecimento, e que nos libertemos de tudo que nos pesa na bagagem: o egoísmo, o orgulho, a intolerância. Somos a expressão do que vai dentro de nós. Dessas expressões nasce o escândalo. Cortar a mão significa fechar o canal de expressão que acaba por ferir o próximo. Eliminar o que, em nossas vidas, nos leva a cair.

Kardec nos orientou rumo ao amor e a instrução. Sua célebre frase faz uma releitura dos maiores ensinamentos de Jesus: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo com a ti mesmo, este o maior. E outro fundamental ao meu ver: conhece a verdade e ela te libertará! Precisamos estar alertas de que a limpeza de nossos corações está diretamente relacionada ao remexer do solo, a remoção das ervas daninhas. O preparo deste solo, areando-o com amor e sabedoria, deixando o sol, que é o amor do Pai, penetrar-lhe o íntimo, espantando a escuridão. E então, seremos terreno fértil, onde as sementes Divinas brotarão e darão frutos.

Muito obrigada, amigos!

Perguntas/Respostas:

[01] <Milia> Achei muito importante o papel dos “comentários” que se faz em função de eventos. Devemos nos lembrar: “o escândalo está na ação em si mesma, e não na repercussão que possa ter”.

<Adriana Barreiros> seja esta repercussão pública ou não. A visão que temos de escândalo é de que algo errado tornou-se público, mas, na realidade, Jesus deu-lhe uma conotação de o mal que se faz a outrem, exposto ou não. Sempre que ferimos o próximo, o escândalo se faz.

<Milia> Outro detalhe importante que você destacou, é o entendimento do alerta de Jesus, como um “lamento”. Ainda não havia entendido dessa forma.

<Adriana Barreiros> bem, Milia, para mim é muito difícil enxergar qualquer tom ameaçador em Jesus…

[02] <dindafoz> amigos, como foi relatado acima, um dos maiores ensinamentos de Jesus foi de “amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo, no entanto, pessoalmente sempre que me deparo com este ensinamento, logo me vem o fato de que muitos de nós passamos anos e anos buscando Deus, seja em igrejas, em templos, em religiões… e essa é sempre uma busca constante que raramente esquecemos em buscar a Deus dentro de nós, em nosso íntimo.

Sendo assim, partindo disso, acho mais fácil entender a violência, os problemas de todas as ordens que encontramos no mundo, não apenas pela ausência de amor ao próximo, mas por amor a Deus, por falta de fé, de esperança, de força íntima. Os maiores escândalos, ao meu ver, não são os causados ao próximo, mas muitas das vezes, os nossos abismos internos, dos quais raros são nossos esforços de aceitar a mão alheia estendida, de deixarmos o orgulho, a vaidade e o egoísmo em troca da humildade necessária para aceitarmos a caridade que sobra nos outros e que falta em nós mesmos.

<Adriana Barreiros> dindafoz, amiga, buscar a Deus dentro de nós exige uma faxina interna, que poucos de nós já se dispõe a tal. Procuramos Deus fora de nós, para termos uma justificativa de nunca encontrá-Lo. Concordo com você quando você coloca que a violência e todos os outros problemas vêm da falta de fé, de esperança e as raízes mais profundas, pertencem à ignorância. Não somos mal por natureza. Somos ignorantes, e esta ignorância nos leva à pratica do mal. Logo, o mal é um sintoma da imperfeição.

[03] <Milia> Fico preocupada com essa “ignorância” .Não se trata aqui de ignorância intelectual mas moral. como tratá-la? A ignorância se combate com estudo, mas alguns são refratário a uma simples leitura.

<Adriana Barreiros> É verdade, e estão agindo dentro dos limites de livre arbítrio que Deus os concedeu. Acontece que negar a verdade não a muda. Ela estará lá, acompanhando-o, e uma hora aquele companheiro há de despertar, pelo amor, ou pela dor. Na doutrina espírita temos uma bandeira de divulgação, semeadura, como fez o Mestre Jesus, jamais de imposição. O que podemos fazer é ser tolerantes com o próximo, como o Pai o é conosco e não fechar as portas, dizendo que aquele ser é irrecuperável. Deus o colocará sempre em contato com a oportunidade de regeneração e crescimento. Sejamos os instrumentos, semeando. E, Milia, lembre-se que viver nada mais é que um grande aprendizado!

[04]<Milia> Sim, concordo. Enquanto isso trabalhemos a nós mesmos, certo? Temos muito a fazer.

<Adriana Barreiros> muito bem lembrado, Milia. trabalhemos em nós mesmos!

Oração Final:

<dindafoz> Queridos amigos, Elevemos nosso
coração aos céus, em agradecimento a todas as dádivas que recebemos, seja o ar
que respiramos, seja o alimento para o nosso corpo físico que não nos falta, o
lar, o agasalho, mas em especial, agradecemos a Deus, Pai de infinita bondade,
por estarmos encontrando nos muitos caminhos da nossa vida, o alimento que nos
sacia a alma e nos acalenta, a Luz da Doutrina Espírita.

Abençoe Senhor, a todos que aqui estamos, estendendo a
Tua benção a todos os que aqui não puderam estar,

Assim seja!