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Ação dos Espíritos sobre os Fenômenos da Natureza / Os Espíritos Durante o Combate / Dos Pactos

Ação dos Espíritos sobre os Fenômenos da Natureza / Os Espíritos Durante o Combate / Dos Pactos

“O Livro dos Espíritos” – Questões 536 a 550

Estudo Espírita
Promovido pelo IRC-Espiritismo
http://www.irc-espiritismo.org.br
Centro Espírita Léon Denis
http://www.celd.org.br

Expositor: Mauro Bueno – MBueno
São Paulo
28/07/2001

Dirigente do Estudo da Noite:

MBueno

Oração Inicial:

Mbueno:

Senhor, ensina-nos:
a orar sem esquecer o trabalho;
a dar sem olhar a quem;
a servir sem perguntar até quando;
a sofrer sem magoar seja a quem for;
a progredir sem perder a simplicidade;
a semear o bem sem pensar nos resultados; a desculpar sem condições;
a marchar para frente sem contar os obstáculos; a ver sem malícia;
a escutar sem corromper os assuntos;
a falar sem ferir;
a compreender o próximo sem exigir entendimento; a respeitar os semelhantes, sem reclamar consideração; a dar o melhor de nós, além da execução do próprio dever, sem cobrar taxa de reconhecimento. Senhor, fortalece em nós a paciência para com as dificuldades dos outros, assim como precisamos da paciência dos outros para com as nossas dificuldades. Ajuda-nos, sobretudo, a reconhecer que a nossa felicidade mais alta será invariavelmente, aquela de cumprir-te os desígnios onde e como queiras, hoje agora e sempre.

Emmanuel

Mensagem Introdutória:

A PÁTRIA DO EVANGELHO

No dia 7 de março de 1500, preparada a grande expedição de Cabral ao novo roteiro das Índias, todos os elementos da expedição, encabeçados pelo capitão-mor, visitaram o Paço de Alcáçova, e na véspera do dia 9, dia este em que se fizeram ao mar, imploraram os navegadores a bênção de Deus, na ermida do Restelo, pouso de meditação que a fé sincera de D. Henrique havia edificado.

O Tejo estava coberto de embarcações engalanadas e, entre manifestações de alegria e de esperança, exaltava-se o pendão glorioso das quinas.

No oceano largo, o capitão-mor considera a possibilidade de levar a sua bandeira à terra desconhecida do hemisfério sul. O seu desejo cria a necessária ambientação ao grande plano do mundo invisível. Henrique de Sagres aproveita esta maravilhosa possibilidade. Suas falanges de navegadores do Infinito se desdobram nas caravelas embandeiradas e alegres. Aproveitam-se todos os ascendentes mediúnicos.

As noites de Cabral são povoadas de sonhos sobrenaturais e, insensivelmente, as caravelas inquietas cedem ao impulso de uma orientação imperceptível. Os caminhos das Índias são abandonados. Em todos os corações há uma angustiosa expectativa. O pavor do desconhecido empolga a alma daqueles homens rudes, que se viam perdidos entre o céu e o mar, nas imensidades do Infinito.

Mas, a assistência espiritual do mensageiro invisível, que, de fato, era ali o divino expedicionário, derrama um claror de esperança em todos os ânimos. As primeiras mensagens da terra próxima recebem-nas com alegria indizível. As ondas se mostram agora, amiúde, qual colcha caprichosa de folhas, de flores e de perfumes. Avistam-se os píncaros elegantes da plaga do Cruzeiro e, em breves horas, Cabral e sua gente se reconfortam na praia extensa e acolhedora.

Os naturais os recebem como irmãos muito amados. A palavra religiosa de Henrique Soares, de Coimbra, eles a ouvem com veneração e humildade. Colocam suas habitações rústicas e primitivas à disposição do estrangeiro e reza a crônica de Caminha que Diogo Dias dançou com eles nas areias do Porto Seguro, celebrando na praia o primeiro banquete de fraternidade na Terra de Vera Cruz.

Humberto de Campos
Do Livro: Brasil Coração do Mundo Pátria do Evangelho Psicografia: Francisco Cândido Xavier
Editora: FEB

Exposição:

Mbueno:

Muito boa noite a todos os queridos amigos Possa a Paz do Mestre Jesus encontrar abrigo em vossos corações

O assunto da noite é bastante diverso do texto introdutório, a despeito de nele encontrarmos diversos sinais da influência dos espíritos sobre a matéria.

A licença poética de nosso bom Humberto de Campos entretanto, não pode ser tomada ao pé da letra. A chegada dos portugueses ao Brasil pode ter sido pacífica do indígena para com eles, mas não foi o que se deu em relação aos colonizadores para com os índios, que de início, tentou transformá-los em mão de obra escrava.

Temos ainda a obra de um célebre pensador brasileiro, que em uma arrepiante frase, conta-nos que os índios morriam como moscas, em função das doenças que os Portugueses traziam do continente e para as quais o sistema imunológico dos índios não estava preparado.

Suas tribos foram devastadas por tal colonização. Devastamos um sistema social sem prostitutas, sem ladrões, sem meninos de rua, sem miséria, sem exclusão social. E chamamos a isto que implantamos aqui de civilização.

Basta pousar os olhos sobre quaisquer dos livros de Darci Ribeiro, em especial este sobre o Brasil e verão do que se trata esta história menos poética e gritantemente mais selvagem que nosso amigo Humberto de Campos quis fazer parecer. De qualquer forma, o assunto da noite é diverso e vamos a ele.

Podem os espíritos ter sido responsáveis pela calmaria que atingiu as naus portuguesas a fim de que o Brasil fosse descoberto? Sim, eles poderiam ter feito isto, mas, de fato, as terras brasileiras já haviam sido descobertas por Colombo, bem antes, e já haviam sido visitadas, antes dos portugueses, pelos holandeses. Há uma severa controvérsia quanto a quem e quando se deu realmente a descoberta do Brasil. O espírita deve sobretudo procurar apoiar-se sobre o que é certo. Sobre o que não deixa dúvidas. Sobre a Codificação e a Ciência.

Hoje sabemos que o Brasil provavelmente foi “descoberto” pela “civilização” européia bem antes do que os livros de história quiseram fazer parecer. Digamos entretanto, que de fato os espíritos fossem os responsáveis pela propalada calmaria que culminasse em trazer os portugueses ao Brasil.

Admitida esta hipótese, surge a pergunta: todos aqueles índios mortos por terem entrado em contato com os vírus e bactérias dos portugueses são também responsabilidade dos espíritos? Ou eles sabiam alterar o vento, mas não tinham consciência do choque ao sistema imunológico dos nativos?

E o fato do colonizador vir trazer a escravidão, tanto para os índios, quanto para os negros africanos? E o fato do colonizador estar destruindo uma sociedade sem grande parte dos defeitos desta vigente?

O próprio Emmanuel, extremamente preconceituoso, sob a encarnação de Padre Manuel da Nóbrega, classifica os silvícolas de selvagens, julgando vir salvar suas pobres almas perdidas de Deus…

Imaginemos, que o Emmanuel de hoje, que tantas grandiosas mensagens hoje nos traz, era, na época, bastante primitivo em seus conceitos e no respeito a vida, a outras formas de pensamento, não se importando muito em trazer a morte de forma indireta aqueles também filhos de Deus, aos quais, aliás, ele na época assim não considerava.

Ao pararmos para uma análise mais fria de desapaixonada, vemos que esta influência no vento poderia custar um rol de responsabilidades gigantescas a seus perpetradores… Algum de vocês presentes assumiria tal responsabilidade? Pensem um pouco sobre isto e falaremos depois.

O tema da noite ainda discorre sobre os espíritos nos campos de batalha, durante combates, bem como os ditos pactos. Um elemento permeia todo o conjunto de assuntos: de quem é a responsabilidade? Os espíritos podem influenciar a natureza? Podem, dentro das leis da natureza.

Podem provocar um terremoto?
Não exatamente

Mas podem encaminhar, sugerir a alguém que more em um local onde ocorrerá um terremoto a fim de se fazer cumprir uma programação reencarnatória? Podem!

Mas quem daqui o faria?
Alguém se habilita a encaminhar alguém para a morte ou ainda ao sofrimento? Não parece ser um contra-senso que espíritos se dediquem a isto? E é!

Bons espíritos não interferem nas vidas das pessoas, senão para causar-lhes bem! Então, qual o nível de elevação destes espíritos que fazem tais interferências? Baixo!
E agora?

A calmaria, se foi provocada por baixos espíritos, como poderiam resultar em coisa boa? Então o projetado descobrimento do Brasil foi ação de espíritos malévolos?

Bem, se eu fosse um índio daquela época, responderia que sim a esta pergunta com total conhecimento de causa. Os espíritos que auxiliam no campo de batalha, para se ganhar um combate, são bons? Parece que não
E não são.
Bons espíritos não interferem :c)

E os espíritos dos pactos para se ganhar dinheiro, emprego, amores, etc.? São bons?
Também não!
Meu Deus, acabamos de “condenar”os cultos afro-brasileiros!!!!!

Jogamos todos eles em uma vala comum
Acabamos de dizer que eles, se fossem bons, não interfeririam na vida das pessoas, a não ser para causar bem.

Mas, haverão alguns de me dizer, alguns assim o fazem! E eu responderei: é verdade. O que portanto, elimina parte desta condenação, mas pede que mantenhamos os olhos abertos ao que se pede e a quem se pede.

Talvez o maior castigo seja mesmo ser atendido :c))) E com isto se envolver com um espírito que não nos causará bem a longo prazo.

Que a Paz do Mestre Jesus esteja em vossos corações

Perguntas/Respostas:

01. <Preto-veio> MBueno,se estamos encarnados não sabemos nada nem mesmo o que pedir como então seremos punidos se pedirmos algo?

<MBueno> É um trocadilho, e também um ditado árabe: Que Deus encontra a melhor maneira de punir os homens realizando seus desejos. Muitas vezes não sabemos o que pedimos, as consequências de nossos pedidos sobre o restante do conjunto holístico de nossa vida.

Não raro vemos pessoas desesperadas, tentando se retirar de um tal “trabalho de amarração”, atrelada ao convívio com outra pessoa por forças de um obsessor inteligente, que aceita o trabalho para punir o pedinte e a vítima. Também vemos pessoas infelizes em seus trabalhos, obtidos por pactos feitos com esta ou aquela entidade. Na verdade, tanto o Evangelho segundo o Espiritismo, quanto o Livro dos Espíritos nos dizem singularmente: Felicidade real neste mundo aqui é a PAZ de espírito.

Peçamos então algo sólido, real, que de fato fará bem: a PAZ em nossos corações. O LE ainda nos adverte que o pior dos defeitos, aquele que é a raiz de todos os males é o egoísmo. Muitas vezes nosso pedido contempla simplesmente a satisfação de um ato de egoísmo. Peça orientação, boa inspiração, peça paz de espírito, peça saúde. Mas deixemos os comezinhos da vida material fora destes pedidos

Quem atende estes comezinhos pode não ser o bom espírito que imaginamos (t)

02. <dindafoz> sabemos que, entre tantas coisas que nos é colocada por nosso Pai, temos nosso livre-arbítrio assim sendo, daqueles nossos irmãos que foram cruelmente escravizados para o que hoje, como conhecemos, tornarmo-nos uma nação rica em culturas, etnias, crenças e folclore, como estariam estes se, ao invés de entender na época, o que seria mesmo que trágica necessidade errônea de evolução, viessem a reencarnar com o intuito de vingança?

<MBueno> Existem um número fabulosamente grande de possíveis respostas a esta sua pergunta minha querida amiga dinda Não vou pretender cobrir todo este universo, mas vou enveredar por algumas opções que eu faria se tivesse que “descascar este abacaxi”lá do Plano Espiritual.

Dois caminhos são sempre possíveis a evolução: o do sofrimento e o do amor. Muitas vezes, o espírito ainda primitivo, opta em seu plano de reencarnação por algumas dores que o levem a aprender com o intelecto e com o coração, alguma lição da qual necessite para galgar mais um estágio evolutivo. Podemos poeticamente dizer que amar é admirar com o coração e que admirar é amar com o intelecto. O ponto é que ainda não sabemos admirar com o coração adequadamente, pois este ainda está empedrado pelo egoísmo. Ocorre também que levar uma vida de escravo pode e tantas vezes o fez, gerar obsessores aos capatazes, feitores, donos de escravos, capitães de navios negreiros, caçadores de escravos e assim por diante.

Quando aventamos a hipótese única de evoluir pelo sofrimento da escravidão, estamos também optando por re-alimentar a roda do ódio entre os espíritos.

Estamos neste caso, fabricando mais obsessores Fabricando mais ódio e mais ação e reação por sobre estes mesmos espíritos, que ainda tem o coração endurecido… Esta escola não é boa escola.

É escola lenta e de pouco aproveitamento. A evolução em planetas de Expiação e Provas é notadamente mais lenta em face a isto mesmo Em um planeta de regeneração, diversos destes sofrimentos já não mais cabem acontecer e por isto, os espíritos não cumprem penas, não estão ali para sofrer. Estão ali para se REGENERAR :c)))

Ou seja, para evoluir mais depressa.
Entende como vejo a questão? Ela é muito complexa e põe em cheque a própria existência de um sistema penal, ainda que comandado pelo automatismo da Ação e Reação, como sistema de retro-alimentação do mal que em tese, se destina a coibir!

03. <DaNieeL> Brilhante exposição amigo MBueno. Quanto a Paz de espírito, o caminho ou um dos caminhos para alcançá-la seria a prática verdadeira da caridade?? Como você analisa isso??

<MBueno> Obrigado por sua generosidade Danieel. Eu é quem agradeço a oportunidade de ser ouvido :c))) Eu vejo na caridade a resposta óbvia ao principal defeito apontado pelos espíritos: O Egoísmo. E pela caridade podemos alcançar um certo grau de paz de espírito.

Sei também, entretanto, que tal paz não se parece sempre presente nos espíritos de seres cujas vidas estão inteiramente devotadas ao bem alheio, fazendo-me notar que há uma algo mais nesta questão, fazendo um pouco mais abrangente que o contínuo gesto caridoso.

A paz de espírito parece estar combinada na verdade de duas coisas igualmente importantes: o dever cumprido, é aqui que entra a caridade, e a FÉ. De todas as pessoas que conheci, que pareciam e se diziam em paz consigo mesmas e com o mundo, notei estas duas características sempre presentes.

Todas tinham um confiança gigantesca na bondade e na justiça de Deus Nunca as via se irritando com quem quer que fosse Pareciam deixar nas mãos de Deus todo o ajuste de contas que fosse necessário, para si mesmo e para com os outros. E curiosamente, não eram de deixar seus direitos para trás :c)))

Eram socialmente responsáveis, mas sem tornar as dificuldades motivos de ira pessoal, de descontrole emocional emocional

Também me pareceram hábeis negociadoras. E que usavam seus ouvidos na proporção dobro do que falavam :c))) Bem, é minha opinião pessoal e muitos lhe dirão coisas diversas. (t)

04. <DaNieeL> Então caro amigo, estaria correto afirmar que a Paz de espírito esta associada as três virtudes, se é que podemos chamar assim, que Paulo descreve: Fé, Esperança e Caridade?

<MBueno> Nossa, eu não conhecia esta definição de Paulo, mas vejo-a perfeita :c))) Vou guardar aqui na mente para uso próximo. Obrigado pela generosa e valiosa dica que me destes agora Danieel ! (t)

Oração Final:

Adrianabcm:

Pai
Senhor de nossas almas
Te agradecemos pela reunião de hoje
pela oportunidade em estudar, aprender e conviver com os que compartilham dos mesmos sentimentos e propósitos Que a paz que vivemos enquanto reunidos se estenda pelos dias à frente
e nos acompanhe durante a semana
Proteja-nos Pai
com Teu amoroso braço
das intempéries da vida
e se caso seja de nossa necessidade, passar pelas provações destinadas ao nosso melhoramento conforta-nos na fé
na certeza de que tudo é passageiro
e que depois da tempestade
sempre vem a bonança
Se conosco Pai, amigos espirituais, companheiros invisíveis Que as bênçãos de Jesus caia sobre nós
Assim Seja!