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As Experiências de Quase Morte

As Experiências de Quase Morte

Palestra Virtual
Promovida pelo IRC-Espiritismo
http://www.irc-espiritismo.org.br
Centro Espírita Léon Denis
http://www.celd.org.br
em conjunto com o Centro Espírita Maria Angélica

Palestrante: Hetie Tibau
Rio de Janeiro
12/05/2000

Organizadores da palestra:

Moderador: “Wania” (nick: |Moderadora|) “Médium digitador”: “jaja” (nick: Hetie_Tibau)

Oração Inicial:

<lflavio> Vamos elevar nossos pensamentos a Deus, Nosso Pai Celestial, o supremo doador da vida, agradecendo, em primeiro lugar, a benção de estarmos aqui para aprender e estudar. Que o Pai possa nos iluminar o entendimento de um assunto que a muitos assusta, que muitos evitam falar, mas que estudos e pesquisas relacionadas ao tema mostra a realidade dos ensinos da doutrina dos espíritos. Abençoa, Pai Celestial, a nossa irmã Hetie, encarregada do estudo da noite, e que possamos ter uma noite iluminada e repleta de conhecimentos novos. Que a Tua luz esteja em nossos corações. Que assim seja!

Apresentação do Palestrante:

<Hetie_Tibau> Boa noite aos companheiros. Que a paz do senhor Jesus esteja conosco. Sou trabalhadora do Centro Espírita Maria Angélica, no Rio de Janeiro. Faço palestras dentro e fora do Rio de Janeiro e trabalho em programas espíritas da Rádio Rio de Janeiro. (t)

Considerações Iniciais do Palestrante:

<Hetie_Tibau> Desde os primórdios da civilização, o homem sempre se preocupou com a questão da morte. Até hoje, uma grande parte da Humanidade indaga: “O que acontece quando as pessoas morrem?”, “A morte será simplesmente deixar de viver?”

O plano espiritual, sempre esteve atento, trazendo, desde as mais remotas eras, processos para “acordar” o homem, demonstrando a imortalidade da alma, a continuidade da vida do espírito: são as aparições, a voz direta, a escrita direta, fenômenos de efeitos físicos, as manifestações dos Espíritos, etc.

Costuma-se dizer que começamos a morrer quando nascemos mas, apesar dessa verdade biológica, muitos ainda não se acostumaram com a idéia da morte, acreditando que morrer significa extinguir-se Os estudos científicos mostram que todas as formas vivas estão sujeitas a morrer, mas não a se extinguirem, já que a extinção absoluta não existe. Nada se acaba, nem se perde. Tudo se transforma na Natureza.

A Doutrina Espírita, na questão 540 de “O Livro dos Espíritos”, diz que “tudo se encadeia no Universo.” Será que a vida humana seria diferente? A partir da década de 60, vêm sendo desenvolvidas pesquisas no campo da sobrevivência da alma. Em 1975, o Dr. Raymond Moody Jr. publicou o livro intitulado “Vida depois da vida”, com relato e estudos de alguns dos 150 casos colhidos, entre eles os de pessoas que haviam sofrido, em um dado momento, “morte” clínica ou haviam estado na eminência da morte e tinha voltado para contar.

E é o próprio Dr. Moody que nos diz no livro “A Luz do Além”: “Não estamos, hoje, mais próximos de responder à questão fundamental da vida após a morte do que a milhares de anos, quando ela foi, pela primeira vez, cogitada pelos homens da Antigüidade. Mas existem várias pessoas comuns que estiveram à beira da morte e que relataram vislumbres miraculosos de um mundo além, um mundo fulgurante de amor e compreensão, que somente pode ser alcançado por meio de uma excitante viagem através de um túnel ou passagem. Esse mundo é habitado por pessoas já falecidas, parentes e amigos, todas envoltas em uma gloriosa aura de luz e governado por um Ser Supremo, que orienta o recém-chegado numa recapitulação de sua vida, antes de enviá-lo de volta para a Terra.

Após o retorno, as pessoas que “morreram” nunca mais foram as mesmas. Elas retomam a vida em toda a sua totalidade e exprimem a crença de que o amor e o conhecimento são as coisas mais importantes dentre todas, pois são as únicas que podemos levar conosco. “Na falta de uma expressão mais adequada para descrever esses incidentes, pode-se dizer que essas pessoas tiveram uma Experiência de Quase Morte (EQM)”. (t)

Perguntas/Respostas:

<|Moderadora|> [01] <Aparecida> Experiência de quase morte, não é uma expiação, ou seja para que ela possa refletir sobre a sua vida neste mundo?

<Hetie_Tibau> Expiação não é. Achamos que seja uma oportunidade para nós redirecionarmos a nossa vida aqui na Terra com a certeza que somos espíritos imortais, que conservamos o nosso acervo e que iremos para o plano espiritual com tudo aquilo que conseguimos aprender de bom durante a nossa reencarnação. Portanto, essa oportunidade de irmos até o plano espiritual e de termos a certeza da imortalidade, certamente nos levará a ter uma posição aqui na Terra moralizada segundo o ensinamento de Jesus: “a cada um segundo as suas obras”. (t)

<|Moderadora|> [02] <Mironga_Away> O que se convencionou determinar – por parte dos espíritas – como experiência de projeção para fora do corpo nos casos de E.Q.M. não seria melhor explicado como uma resposta psicológica a uma situação de perigo eminente, induzida pela auto-sugestão?

<Hetie_Tibau> Léon Denis, em 1908, no livro “O Problema do Ser, do Destino e da Dor”, relata um caso que foi publicado no Jornal de Medicina de Paris, em que um comandante de navio, em noite de tempestade, cai do mastro dentro d’água. E nesse espaço de tempo ele vê passar como um filme sua vida, nos mínimos detalhes. A Doutrina Espírita relata diversos casos semelhantes, mostrando que, em casos de perigo eminente, as pessoas têm o que se chama a visão retrospectiva. Então, achamos que não é um caso de auto-sugestão, já que a pessoa sequer pensava em fatos de sua vida. (t)

<|Moderadora|> [03] <Mironga_Away> Poder-se-ia considerar como E.Q.M. o momento que, de fato, antecede a morte, e que normalmente chamamos de “agonia” pré-morte?

<Hetie_Tibau> As experiências do Dr. Moody foram feitas em pacientes que tiveram morte clínica. Ele não cita casos de agonia pré-morte. (t)

<|Moderadora|> [04] <Mironga_Away> Afinal de contas, até mesmo em desenhos animados e filmes para crianças podemos ver cenas de “túneis de luz” levando a “um outro lado” quando a personagem quase morre. Como ter certeza de que o que ocorre não é simplesmente uma auto-sugestão?

<Hetie_Tibau> Nem todos os que tiveram essa experiência de quase morte viram as mesmas coisas. O Dr. Raymond Moody nos relata alguns elementos que ocorreram nas EQM:

  1. Sensação de estar morto;
  2. Paz e ausência de dor;
  3. Experiência fora do corpo;
  4. Experiência do túnel (entrada na escuridão);
  5. Seres de luz (encontro de familiares e amigos);
  6. Ser de luz;
  7. Recapitulação da vida;
  8. Relutância em voltar;
  9. Transformação da personalidade.

Esses elementos são os mais freqüentes, mas não quer dizer que todos tenham que passar pelas mesmas etapas. Cada um vai passar por situações ou ver fatos de acordo com o seu acervo intelectual e moral. (t)

<|Moderadora|> [05] <Mironga_Away> É correto orar-se pelo desencarne de um agonizante que demore a desencarnar? Isso é muito comum até nos nossos dias. Não seria a missão do Espírita, antes, orar pela permanência do espírito na Terra o máximo de tempo possível para que possa aproveitar bem a oportunidade que o seu corpo físico está a lhe oferecer?

<Hetie_Tibau> O espírita não deveria orar nem pela permanência nem pela aceleração do desencarne porque sabemos que cada um de nós, ao reencarnar, traz um planejamento reencarnatório, do qual faz parte o tempo provável de permanência na Terra. E nós não podemos modificar as Leis Divinas. O que devemos fazer é orar para que o desencarnante tenha forças e aceitação da vontade de Deus. (t)

<|Moderadora|> [06] <Mironga_Away> Os espíritos, ao desencarnarem, passam todos pela mesma sensação de alguém que tenha passado por uma E.Q.M.? Vêem um túnel, luzes, etc., até chegarem do “lado de lá”?

<Hetie_Tibau> Provavelmente, porque essas experiências de quase morte são permitidas pelo plano espiritual para nos mostrar que continuamos vivos do outro lado. (t)

<|Moderadora|> [07] <Mironga_Away> As visões que se tem à beira da morte, não serão uma forma de catalepsia comum a esse tipo de experiência, erroneamente interpretada como vidência?

<Hetie_Tibau> Acreditamos que não. (t)

<|Moderadora|> [08] <Mironga_Away> O que você recomendaria, em termos de comportamento, para todos nós, caso venhamos a passar por uma E.Q.M.? Como devemos agir nesse caso?

<Hetie_Tibau> A Dra. Kübler-Ross (psiquiatra suíça que entrevistou milhares de pessoas que tiveram morte clínica) chama a atenção sobre a necessidade de se ensinar às criaturas a morrer, apontando para a perenidade da vida espiritual e a necessidade de vivência do amor ao próximo. Ela diz: “A variável importante não é o “quê” se acredita, mas sim o “quanto” se acredita, essencial e genuinamente. As pessoas que acreditavam na reencarnação, ou que descendiam de culturas e religiões orientais, geralmente aceitavam a morte com uma paz e serenidade incríveis, mesmo na juventude, ao passo que muitos dos nossos pacientes cristãos sentiam dificuldade de aceitar a morte.”

Isto significa que não basta termos somente uma religião. É preciso que essa religião nos transforme e somente a vivência do amor ao próximo consegue que alcancemos esse estágio superior de consciência. (t)

<|Moderadora|> [09] <Mironga_Away> A transformação que acompanha os indivíduos que passaram por uma E.Q.M., não seria mero reflexo do vislumbre de que a vida é efêmera e se acaba muito facilmente, de forma que elas passam a temer o fim súbito e, por isso passam a tentar “curtir” cada minuto, cada momento?

<Hetie_Tibau> Depende do que você entende por “curtir”. Segundo as pesquisas feitas, os que tiveram a experiência de quase morte tiveram uma transformação na sua atitude perante a vida material. Isso porque perceberam que a vida material é efêmera e que os valores reais são os valores do espírito. O que despertou a curiosidade do Dr. Raymond Moody foi quando ele conheceu o psiquiatra George Ritche, que havia passado pela EQM.

O Dr. Moody se impressionou pelo comportamento moralizado do Dr. Ritche: pessoa humanizada, de uma conduta moral elevada, que antes de iniciar seu trabalho de atender os pacientes, fazia preces pedindo auxílio no atendimento que iria dar a eles. E a partir daí, o Dr. Moody começa a fazer as pesquisas e escreve o livro “Vida Depois da Vida”. (t)

<|Moderadora|> [10] <Blumme> Há quem faça, no Brasil, estudo de experiências de quase morte nos moldes das relatadas pela pesquisadora americana?

<Hetie_Tibau> Eu desconheço. (t)

<|Moderadora|> [11] <Blumme> Há quem tenha mudado inteiramente seu modo de pensar depois de tal experiência?

<Hetie_Tibau> O Dr. George Ritche, que nós já citamos anteriormente. Ele ficou 9 minutos considerado como morto e a partir daí deu novo enfoque à sua vida. Ele conta que esteve em contato com um ser de luz que lhe perguntou: “Que é que você fez da sua vida?” A partir daí, ele começa a aproveitar melhor o seu tempo, a ter maior responsabilidade nos seus atos e a entender a finalidade da vida. (t)

<|Moderadora|> [12] <Blumme> O ator Gunter Grass ficou algo traumatizado com uma experiência de quase morte. Há outros relatos de experiências em que a pessoa tenha tido um choque ao perceber que seu modo de agir o levaria a colher frutos amargos após a morte do corpo?

<Hetie_Tibau> Ainda é o caso do Dr. George Ritche, citado acima. (t)

<|Moderadora|> [13] <Dejavu> A E.Q.M. pode ser reproduzida em transe medianímico comum (não associado a coma, doenças, desastres, etc.)?

<Hetie_Tibau> No transe mediúnico há o desdobramento do espírito e, conforme nos dizem os Espíritos na questão 157 de “O Livro dos Espíritos”: “Já em parte desprendida da matéria, a alma vê o futuro desdobrar-se diante de si e goza, por antecipação, do estado de Espírito”. Sempre que o espírito se desdobra adentra o plano espiritual. (t)

Considerações Finais do Palestrante:

<Hetie_Tibau> Chico Xavier diz que “um dos benefícios que o Espiritismo vem trazendo à Humanidade, é ensiná-la a saber morrer.” O que significa “saber morrer?” Em que consiste a educação para a morte? Acreditamos que a educação para a morte implica na educação para a vida, tendo por base a educação dos sentimentos, que levará o homem à transformação moral.

No livro “Educação para a morte”, Herculano Pires esclarece que “a educação para a morte é a preparação do homem durante a sua existência, para a libertação do seu condicionamento humano. Libertando-se desse condicionamento, o homem se reintegra na sua natureza espiritual, torna-se espírito, na plenitude de sua essência divina.” Jesus ensinou: “Conhecereis a Verdade e a Verdade vos libertará”. Somente através de um processo de educação, ajustado à realidade da vida, conscientizando-se de que é um espírito imortal, reencarnado com a finalidade de evoluir, de substituir valores negativos por valores positivos, o homem poderá chegar à integração de sua consciência divina, que é a verdadeira libertação. Muita paz! (t)

Oração Final:

<Dejavu> Pai celestial, agradecemos a ti pelas lições de cada dia e, em especial, pelo estudo realizado aqui, nesta noite. Que possamos trilhar os caminhos do saber, recebendo daqueles que sabem mais do que nós, e repartindo com aqueles que menos conhecem. Ampara-nos nessa caminhada, agora e sempre! Assim seja!