Os Falsos Profetas
Palestra Virtual
Promovida pelo Canal #Espiritismo
http://www.irc-espiritismo.org.br
e pelo Grupo Rita de Cássia de Estudos Espíritas
Palestrante: Oswaldo Cruz
Rio de Janeiro
05/03/1999
Organizadores da palestra:
Moderador: “jaja” (nick: ||Moderador||) “Médium digitador”: “André” (nick: Oswaldo_Cruz)
Oração Inicial:
<||Moderador||> Senhor Jesus, agradecemos a ti pela oportunidade renovada de estudo de teus ensinos à luz da Doutrina Espírita. Que possamos na noite de hoje aprender um pouco mais, renovar nossos conhecimentos acerca de assunto tão importante para todos nós que lidamos com os assuntos ligados à espiritualidade, que os bons espíritos estejam conosco, nos orientando, nos auxiliando na tarefa da noite. Que Deus possa abençoar nosso querido amigo palestrante, responsável por trazer até nós tudo aquilo que foi programado pela espiritualidade amiga, que dirige nosso trabalho. Que em Teu nome, Senhor, em nome de Deus e dos espíritos amigos possamos dar início a mais uma Palestra Virtual na noite de hoje. Que assim seja!
Apresentação do palestrante:
<Oswaldo_Cruz> Boa Noite a todos. Freqüento o Centro Espirita Maria Angélica no Recreio dos Bandeirantes e participo do programa Estudo Dinâmico do Espiritismo na Rádio Rio de Janeiro.
Considerações iniciais do palestrante:
<Oswaldo_Cruz> Hoje falaremos sobre os falsos profetas. Em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, Allan Kardec afirma que “no sentido evangélico, o vocábulo ‘profeta’ tem mais extensa significação. Diz-se de todo enviado de Deus com a missão de instruir os homens e de lhes revelar as coisas ocultas e os mistérios da vida espiritual. Pode, pois, um homem ser profeta sem fazer predições.” Estamos passando atualmente por um período bastante conturbado para a Humanidade, em que os anseios do ser humano abrem espaço para o surgimento de “reveladores” que possam minimizar o seu sofrimento. Naturalmente surgem os mais diversos “profetas” que encontram eco no homem às suas revelações. O Espiritismo possibilita separarmos o joio do trigo.(t)
Perguntas/Respostas:
<||Moderador||> [1] <homeover> Estimado irmão, muita paz! Como reconhecer, num primeiro momento, se a mensagem religiosa (até mesmo em comunicações espíritas) provêm de um falso profeta (encarnado ou desencarnado)?
<Oswaldo_Cruz> Em primeiro lugar, usando o bom senso. Verificando o conteúdo da mensagem, o linguajar e também o ambiente em que está ocorrendo a manifestação. A sua pergunta dá, inclusive, a oportunidade de mencionarmos a importância de avaliarmos o conteúdo do que é dito, inclusive por espíritos desencarnados, quaisquer que sejam as assinaturas que venham na mensagem.(t)
<||Moderador||> [2] <jaja> Poderíamos dizer que existem também “Falsos Profetas” encarnados?
<Oswaldo_Cruz> Sim. No conceito de profeta como revelador, não há necessidade de que seja um espírito desencarnado o comunicante. (t)
<||Moderador||> [3] <Vadico> Como conseguir equilibrar o que é trazido de novo não escrito ou relatado por Allan Kardec com o entendimento de que a doutrina deve ser aberta e acompanhar as mudanças?
<Oswaldo_Cruz> Novamente o bom senso. A Doutrina Espírita é aberta, isto é, acompanhará as novas descobertas da Humanidade na medida em que forem constatadas como verdadeiras. Em “A Gênese”, no primeiro capítulo, Kardec apresenta o caráter da revelação espírita. Nesse capítulo, é enfatizada a necessidade da universalidade do ensinamento, além do compromisso com a verdade. “A característica essencial de qualquer revelação tem que ser a verdade.”Dessa forma deveremos primar sempre por estarmos observando fatos e não o que é tido como interessante. Conforme “O Livro dos Médiuns “, é preferível rejeitar noventa e nove verdades do que aceitar uma mentira. (t)
<||Moderador||> [4] <Wania> Por que os Falsos Profetas conseguem atingir a um grande número de pessoas?
<Oswaldo_Cruz> Como dito inicialmente, passamos por um período muito conturbado em que as pessoas encontram-se carentes, em busca de uma tábua de salvação. É um campo fértil ao surgimento de seitas, “missionários” e profetas. Tudo em busca de conforto ao coração. Entretanto, Jesus e sua mensagem continuam esquecidos e o convite “Vinde a mim todos vós que estais cansados” permanece.(t)
<||Moderador||> [5] <jaja> Não corremos o risco de, por duvidarmos ou questionarmos por demais uma comunicação, perdermos uma informação valiosa vinda do plano espiritual? Onde o equilíbrio?
<Oswaldo_Cruz> As informações valiosas que, eventualmente, o plano espiritual deseje enviar à Humanidade não estarão sujeitas a uma condição circunstancial. Retomamos “A Gênese”, quando aprendemos que quando uma verdade precisa ser trazida à Humanidade, os Espíritos utilizarão diversos médiuns em locais distintos, de tal forma que a revelação não fique comprometida. Devemos asserenar nossos corações confiantes em Deus, porque, apesar das dificuldades que eventualmente surjam junto com o trabalho mediúnico, o Espiritismo não perderá sua feição de revelação.(t)
<||Moderador||> [6] <Vadico> Complementando a pergunta da Wania, essa facilidade também não estaria relacionada com o fato de ser mais fácil deixar a responsabilidade com os outros? É difícil a reforma íntima, é difícil aceitar que nossas mazelas são a colheita do que plantamos?
<Oswaldo_Cruz> Sem dúvida, o processo de transformação do Espírito, pressupõe o amadurecimento e o entendimento das leis universais. Isso significa a percepção de que “não estamos no mundo a passeio” e que compromissos que desconhecemos nos vinculam não somente aos nossos próximos mais próximos, bem como a toda a Humanidade. É imperiosa uma ação nossa, consciente, no sentido de educarmos o nosso “eu”, estendendo essa ação até onde nos for possível. Como sabemos, em sua sabedoria infinita, Deus nos possibilita o ajuste de contas com os nossos semelhantes e conosco mesmos. Assim, todos contribuiremos para o progresso próprio e da Humanidade. (t)
<||Moderador||> [7] <Quinto> Embora os falsos profetas tenham um intelecto e conhecimento apurado daquilo que pregam, como também da psicologia humana, muitas vezes se vestem de ovelhas. Você não entende que eles se deixam denunciar pela vaidade e pela arrogância? Além de um sectarismo e fanatismo – por conveniência – bastante contundente?
<Oswaldo_Cruz> Erasto, no capítulo XXI de “O Evangelho Segundo o Espiritismo, afirma que “os verdadeiros profetas se revelam por seus atos, são advinhados, ao passo que os falsos profetas se dão, eles próprios, como enviados de Deus. O primeiro é humilde e modesto; o segundo, orgulhoso e cheio de si, fala com altivez e parece sempre temeroso de que não lhe dêem crédito.” Precisamos apenas tomar algum cuidado com nosso julgamento acerca dos companheiros, lembrando que Jesus também sofreu o escárnio de seus contemporâneos. Infelizmente é bastante difícil a prática da tolerância quando encontramos idéias divergentes. Nós, espíritas, precisamos zelar para que a nossa certeza de termos o conhecimento da verdade não nos torne orgulhosos e intolerantes. Lembrando Emmanuel: “todas as religiões são uma parcela da verdade”.(t)
<||Moderador||> [8] <Inquisitore> Se uma mensagem de um espírito deve, para ser digna de crédito, passar pelo controle universal dos espíritos, tudo aquilo que não tiver sido submetido a este critério, tem grande risco de não ser “verdade”? Como usar o crivo da razão? A princípio tudo é errado até que se prove o contrário?
<Oswaldo_Cruz> Não. Existem comunicações que encontram-se em concordância com o que já conhecemos da Doutrina Espírita. Precisamos zelar pelas “novidades” que aparecem e tentam desvirtuar o corpo doutrinário. Kardec afirma em “A Gênese” que “Caminhando de par com o progresso, o Espiritismo jamais será ultrapassado, porque se novas descobertas lhe demonstrassem estar em erro acerca de um ponto qualquer, ele se modificaria nesse ponto. Se uma verdade nova se revelar, ele a aceitará”. Foi confiada, dessa forma, ao homem o julgamento das revelações que surgem. Devemos ser muito cautelosos para não permitirmos o desvirtuamento da Doutrina Espírita, sem, entretanto, não negarmos a realidade que os novos tempos vem apresentando à Humanidade. (t)
<||Moderador||> [9] <jaja> E quando vemos, dentro do Espiritismo, duas opiniões divergentes sobre um mesmo assunto, ambas vindas de mensagens da espiritualidade, qual deve ser nossa postura?
<Oswaldo_Cruz> Nossa postura deve ser a da análise rigorosa das duas opiniões, mantendo um diálogo aberto, sem receios acerca dos temas, deixando-os, inclusive, para uma avaliação posterior, caso não seja possível chegar a alguma conclusão. Alguns outros recursos podem ser utilizados, tais como o envolvimento de outros companheiros mais experientes na discussão, ou até mesmo de orientadores espirituais de outras instituições espíritas. Em nenhuma hipótese, caso a dúvida persista, as mensagens que contém as opiniões divergentes devem ser divulgadas ao público, até que tenham sido esgotados todos os recursos para analisá-las e entendê-las.(t)
<jaja> [10] <Wania> A fala dos falsos profetas não estaria de acordo com o nível de conhecimento das pessoas atingidas?
<Oswaldo_Cruz> Algumas vezes, a linguagem é muito rebuscada e até existe algum conteúdo. Espíritos encarnados ou desencarnados que podem ser caracterizados como pseudo-sábios, utilizam vários recursos para parecerem sábios. Em um outro estágio, valem-se da boa fé de companheiros menos esclarecidos, para ludibriá-los, inclusive tirando proveitos disso. (t)
<||Moderador||> [11] <Cami_Super-Auei> A passagem referente aos falsos profetas encontra-se nos evangelhos bíblicos, assim como muitas outras passagens em que se baseia o Espiritismo. Por outro lado, a Doutrina nega a divindade da Bíblia e rejeita uma série de outras partes da mesma. Como ter certeza de que a Doutrina Espírita não é em si toda uma “falsa profecia” se ela se baseia em passagens bíblicas, mas rejeita outras passagens? Onde a legitimidade para se escolher esta ou aquela parte da revelação do livro sagrado dos Cristãos?
<Oswaldo_Cruz> Como observamos na introdução de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, a Doutrina Espírita serve-se apenas do ensino moral dos Evangelhos, não utilizando as partes que têm sido objeto de controvérsia. “Diante desse código divino, a própria incredulidade se curva. É terreno onde todos os cultos podem reunir-se. Jamais ele constituiu matéria das disputas religiosas, que sempre e por toda parte se originaram das questões dogmáticas, digo, questões dogmáticas” Infelizmente, a Bíblia tem sido objeto de adulterações ao longo dos séculos, atendendo aos mais diversos interesses humanos, sem mencionar graves problemas de tradução. “Mais vale um camelo passar pelo buraco de uma agulha” e outros exemplos diversos. (t)
<||Moderador||> [12] <jaja> Como agir quando, ao falarmos para um companheiro, que determinada informação divulgada por ele não está coerente com as informações doutrinárias, já conhecidas, ele não quiser aceitar nossa observação?
<Oswaldo_Cruz> Em todas as circunstâncias deveremos respeitá-lo e exercer o dever da caridade, aguardando a oportunidade para um melhor entendimento. Em nenhuma hipótese, entretanto, deveremos abrir mão dos conhecimentos doutrinários que representam a verdade. (t)
<||Moderador||> [13] <Cami_Super-Auei> Diante da atualidade do problema da mediunidade do jovem, que vem se destacando na mídia – aquele que “recebe” o Irmão Fritz. Trata-se de “falso profetismo” a ação desse tipo de trabalho no meio espiritualista?
<Oswaldo_Cruz> Não se trata de “falso profetismo”. Vemos ali a mediunidade em ação e gostaríamos de ver, também, sem exercermos qualquer julgamento sobre o médium ou o espírito manifestante, o pronunciamento dos conceitos espíritas e evangélicos, que dariam respaldo ao pleno exercício da atividade mediúnica. Não podemos dizer tratar-se de um falso profeta, porque não traz nenhuma revelação. É tão somente a mediunidade em ação. O resto ficará por conta da consciência do médium e da justiça divina. (t)
Considerações finais do palestrante:
<oswaldo_Cruz> Na questão 624 de “O Livro dos Espíritos”, vemos que “o verdadeiro profeta é um homem de bem, inspirado por Deus. Podeis reconhecê-lo pelas suas palavras e pelos seus atos. Impossível é que Deus se sirva da boca do mentiroso para ensinar a verdade.” O ensinamento é bastante claro e em todo momento somos chamados a aplicar o nosso discernimento para separarmos o joio do trigo. A Doutrina Espírita constitui-se em valioso instrumento, esclarecendo-nos acerca das leis universais, dando-nos condições de avaliarmos “tudo o que convém”, conforme recomendava Paulo de Tarso. Embora estejamos em um período crítico na história da Humanidade, devemos permanecer confiantes na misericórdia divina e nas promessas de Jesus, que prometeu o Consolador que nos ensinaria todas as coisas. Aí está a Doutrina Espírita cumprindo sua promessa! Agora é a nossa parte. Rogamos a Deus que nos fortaleça nesse processo. Muita paz para todos. (t)
Oração Final:
<Wania> Senhor Jesus, Te agradecemos, Senhor, pela oportunidade que nos é concedida, mesmo estando, muitas vezes, longe da casa Espírita, de poder receber o esclarecimento necessário aos nossos espíritos, através deste meio de comunicação. Que possamos ser tocados, em nossos sentimentos, pelo Teu amor irrestrito, pela Tua Serenidade, pela Tua Luz. Fortaleça sempre a nossa vontade. Ensina-nos a perdoar, a compreender e a auxiliar o nosso semelhante. Que possamos, em Teu nome, Senhor da Vida, em nome da espiritualidade amiga, que conduz este trabalho, mas, sobretudo, em nome de Deus, finalizar mas uma palestra virtual. Que a Tua misericórdia alcance a todos nós. Que assim seja!