Fatalidade II
“O Livro dos Espíritos” Questões 860 a 867
Estudo Espírita
Promovido pelo IRC-Espiritismo
http://www.irc-espiritismo.org.br
Centro Espírita Léon Denis
http://www.celd.org.br
Expositora: Deise Bianchini
Amambai – MS
17/08/2002
Dirigente do Estudo da Noite:
Adrianabcm
Oração Inicial:
<Adrianabcm> Deus de infinito amor e bondade, nós te agradecemos a oportunidade que temos de estudar por este meio virtual agradecemos a presença da espiritualidade maior a nos amparar a fim de que os estudos venham de encontro às nossas necessidades de aprendizado pedimos aos bons espíritos que inspirem nossa querida Deise em sua explanação e que, ao longo desta reunião, possamos estar unidos em pensamento e vibração positivos absorvendo desta forma o máximo deste estudo. Que assim seja!
Mensagem Introdutória:
BURILAMENTO
Diante da vida universal, pontilhada de constelações, cuja grandeza nos escapa, por agora, à compreensão, imaginemos o homem primitivo a contemplar da insipiência de sua taba uma cidade superculta, povoada de escolas e santuários, oficinas e monumentos. Decerto que semelhante visão lhe encorajaria o estímulo ao progresso, mas não o exoneraria do dever de aprimorar-se na própria educação, antes de qualquer arrancada às eminências entrevistas. Indispensável, estejamos alertas no aperfeiçoamento que nos é necessário, antes de tentar a ascensão à espiritualidade -superior. A Terra, em seus múltiplos círculos de ação, simboliza para nós, desencarnados e encarnados, a universidade preciosa, congregando variados cursos de evolução. A dor e a dificuldade, o trabalho e a provação, em suas esferas de serviço, representam matérias abençoadas em cuja assimilação, ser-nos-á possível, efetuar o próprio burilamento, à feição do diamante que, aprisionado ao cascalho, reclama o esmeril que o dilacera, convertendo-se, por fim, na pedra formosa e rara, suscetível de refletir as magnificências da luz. Nosso problema essencial, por enquanto, é o de nossa própria adaptação às leis divinas, de que Jesus Cristo, ainda e sempre, é o nosso exemplo maior. Semelhante adaptação se constitui de humildade e de amor, para que a sabedoria celeste encontre em nós a justa ressonância. Contemplando as estrelas e indagando acerca dos mundos sublimes, não nos esqueçamos da própria sublimação, a fim de que, transformados, um dia, em estrelas conscientes no campo da vida, possamos em qualquer parte retratar o eterno bem, realizando com a nossa simples presença a exaltação do Senhor.
Emmanuel
Do Livro: Nascer e Renascer
Psicografia: Francisco Cândido Xavier
Editora: GEEM
Exposição:
Boa noite amigos, bom estarmos reunidos para mais uma noite de estudos. Vamos dar continuidade ao assunto Fatalidade. Só para relembramos fatalidade significa acontecimento inevitável, destino. Nós espíritas sabemos que de fatal apenas a morte, que é nosso destino inquestionável, todas as outras situações de nossa vida podem ser alteradas, pelo uso de nosso livre arbítrio, que será maior ou menor de acordo com nossa evolução espiritual. Não quer dizer que haverá dia ou hora marcada para isso, afinal podemos contar com a prorrogação do prazo, isso é, se estivermos conduzindo bem nossa existência, fazendo uso correto de nossos atos e principalmente utilizando-a para o bem de nosso semelhante, poderemos ter alterado por merecimento até mesmo o nosso tempo aqui na Terra, como o contrário também poderá ocorrer pelos usos e abusos desregrados que façamos das coisas do mundo físico, são os chamados suicídios inconscientes.
Então, o homem por sua vontade e por seus atos pode fazer que se não dêem acontecimentos que deveriam verificar-se, se essa aparente mudança na ordem dos fatos for compatível com a seqüência da vida que ele escolheu. Principalmente se essas alterações vierem para fazer o bem, pois que isso constitui o objetivo único da vida.
De acordo com a pergunta 861 do Livro dos Espíritos (1): Ao escolher a sua existência, o Espírito daquele que comete um assassínio sabia que viria a ser assassino? Os espíritos respondem de forma bem elucidativa a questão quando dizem: “Não. Escolhendo uma vida de lutas, sabe o homem que terá ensejo de matar um de seus semelhantes, mas não sabe se o fará, visto que o crime precederá quase sempre, de sua parte, a deliberação de praticá-lo. Ora aquele que delibera sobre uma coisa é sempre livre de fazê-la, ou não. Se soubesse previamente que, como homem, teria que cometer um crime, o espírito estaria a isso predestinado. Ficai, porém, sabendo que ninguém há predestinado ao crime e que todo crime, como qualquer outro ato, resulta sempre da vontade e do livre-arbítrio”. Como dizem os próprios espíritos não creias que tudo o que sucede esteja escrito, como costumam dizer. Um acontecimento qualquer pode ser a conseqüência de um ato que praticaste por tua livre vontade.
Podemos dizer que em nossa programação não há programação para o mau.
Quando algumas pessoas colocam que nunca conseguem bom êxito em coisa alguma isso decorre do gênero da existência escolhida. Essas pessoas quiseram ser provadas por uma vida de decepções, a fim de exercitarem a paciência e a resignação.
O homem obteria sucesso se só tentasse o que estivesse em relação com as suas faculdades. Mas quando deixa que seu amor-próprio e a sua ambição tracem os caminhos de sua vida, que o desviam da caminhada que lhe é própria e o fazem considerar vocação o que não passa de desejo de satisfazer a certas paixões, vai fracassar por sua culpa. Mas, em vez de culpar-se a si mesmo, prefere queixar-se da sua estrela, do destino, do que for.Menos reconhecer sua própria ambição. Devemos nos aprimorar naquilo que temos maior capacidade. Não podemos, por exemplo, escolher nossa profissão apenas pelo seu valor financeiro. Se fosse assim, se não tivéssemos amor ou habilidade naquilo que fazemos, seríamos maus profissionais, amargurados dizendo que essa ou aquela profissão, ou função, não traz felicidade, quando na verdade a escolhemos apenas para crescimento social ou monetário.
Na questão 863 os espíritos nos dizem: “São os homens e não Deus quem faz os costumes sociais. Se eles a estes se submetem, é porque lhes convêm. Tal submissão, portanto, representa um ato de livre-arbítrio, pois que, se o quisessem, poderiam libertar-se de semelhante jugo. Por que, então, se queixam? Falece-lhes razão para acusarem os costumes sociais. A culpa de tudo devem lançá-la ao tolo amor-próprio de que vivem cheios e que os faz preferirem morrer de fome a infringi-los. ”
Quando, ao contrário, a “sorte” parece favorecer alguém, e tudo em sua vida dá certo, é “que essas pessoas sabem conduzir-se melhor nas suas empresas. Mas, também pode ser um gênero de prova. O bom êxito as embriaga; fiam-se no seu destino e muitas vezes pagam mais tarde esse bom êxito, mediante revezes cruéis, que a prudência as teria feito evitar.” (LE 864) Não se pode falar em fatalidade sem falar em livre-arbítrio, vemos na questão LE 872: “O homem não é fatalmente levado ao mal; os atos que pratica não foram previamente determinados; os crimes que comete não resultam de uma sentença do destino. Ele pode, por prova e por expiação, escolher uma existência em que seja arrastado ao crime, quer pelo meio onde se ache colocado, quer pelas circunstâncias que sobrevenham, mas será sempre livre de agir ou não agir. ” Lemos em André Luiz, no livro “Ação e Reação” (2), no capítulo 7, que “o carma, expressão vulgarizada entre os hindus, que em sânscrito quer dizer ‘ação’, a rigor, designa ‘causa e efeito’; de vez que toda ação ou movimento deriva de causa ou impulsos anteriores. Para nós expressará a conta de cada um, englobando os créditos e débitos que, em particular, nos digam respeito.” Em “Depois da morte” (3), capítulo XXXII, Léon Denis nos diz que “não há acaso nem fatalidade, mas sim forças e leis. Utilizar, governar uma, observar outras, eis o segredo de toda a grandeza e elevação”. As próprias almas preparam no presente as alegrias ou as dores do futuro, sendo nossa vida atual herança de vidas anteriores e a condição das que virão.
O nosso destino está ligado a três circunstâncias fundamentais: escolha feita pelo Espírito, antes da reencarnação, na qual o homem tem a faculdade de ceder ou resistir aos arrastamentos; de um acontecimento que é quase sempre a conseqüência de um ato de livre vontade, de tal maneira que, se não tivesse praticado aquele ato, o acontecimento não se verificaria; de constrangimentos impostos pela força das circunstâncias, ou ditado pelos desígnios de Deus, tais como: determinismo da influencia material sobre a espiritual nas primeiras encarnações, ação dos flagelos destruidores, períodos cíclicos da evolução, etc. (4)
Para encerrarmos nossa fala, vou colar alguma algumas questões do capítulo “O carma”, do livro “A força das idéias” de Richard Simonetti. (5)
O CARMA
1- Qual a diferença entre Lei de Causa e Efeito, Lei de Ação e Reação e Lei do Carma?
Lei de Causa e Efeito e Lei de Ação e Reação são expressões sinônimas. É elementar em ciência que toda ação tem um efeito correspondente. O conceito de carma, consagrado pela filosofia hindu, transfere esse princípio para o campo moral. Problemas cármicos são aqueles decorrentes de nossas ações passadas, quando nos comprometemos com o mal.
2- O carma seria um castigo imposto pela Justiça Divina?
Deus não castiga seus filhos. Apenas os disciplina. Essa a função das Leis Divinas. Se abuso de acepipes fatalmente advirão desajustes orgânicos. Exprimem não um castigo, mas mero aviso de que não estou cuidando bem de meu corpo. O mesmo acontece em nossos deslizes morais. Os desajustes conseqüentes avisam que não estamos respeitando nossa condição de filhos de Deus.
3- Existem Espíritos superiores encarregados de fazer funcionar esse mecanismo de Causa e Efeito?
Se assim fosse teríamos uma monumental burocracia celeste que inviabilizaria o exercício da justiça em plenitude. Os mecanismos de causa e efeito funcionam na intimidade de nossa própria consciência. Fomos criados para o bem. Quando praticamos o mal é como se agredíssemos a nós mesmos, candidatando-nos ao sofrimento. …
7- A aplicação da Lei de Causa e Efeito é igual para todos? Reações uniformes para todas as ações?
As sanções da Lei de Causa e Efeito subordinam-se às motivações e ao estágio evolutivo em que nos encontramos. Alguém que cometa um crime sob violenta emoção, em virtude de grave ofensa recebida, será menos culpado do que aquele que pratica o mesmo crime atendendo a objetivos escusos. Por outro lado, o selvagem que aniquila um adversário terá sanção menor do que o homem culto e sensível, dotado de discernimento, que venha a cometer o mesmo crime.
8- E possível amenizar o carma?
Em álgebra um valor negativo é zerado se lhe contrapusermos idêntico valor positivo, O mesmo ocorre com a Lei de Causa e Efeito, O mal que nos atinge é valor negativo nascido do mal que praticamos. Assim, podemos neutraliza-lo com um valor positivo, que lhe é contrário: a prática do bem.
Referência bibliográfica:
(1)Livro dos Espíritos, questões 860 a 867, edição eletrônica – FEB (2)Ação e Reação”, André Luiz, psicografia de Chico Xavier, ed. FEB (3)Depois da morte, exposição da doutrina dos espíritos, Léon Denis, ed. FEB (4)Curso básico de espiritismo, Ed. FEESP – área de ensino (5)A força das idéias, Richard Simonetti, Casa Editora O Clarim
Perguntas/Respostas:
01. <mmarlonn> somos responsabilizados nessa encarnação por erros cometidos em outras vidas?
<Deise Bianchini> Nossa vida é uma continuidade Os erros cometidos no passado, outras encarnações, podem ser revertidos na atual
Pois nossas encarnações servem para aprendizado e para cobrirmos os débitos cometidos. Se foram cometidos por ignorância, serão relevados. Mas a lei de causa e efeito é sempre cumprida. O que nosso livre-arbítrio nos permite é a forma de efetuarmos esse resgate.
02. <mmarlonn> depois que nos regeneramos, revertemos o nosso erro totalmente teremos um novo mundo ou o ciclo de reencarnações continuam ?
<Deise Bianchini> Evoluiremos, como nosso próprio mundo está evoluindo Se não tivermos mais compromissos, ou forma de crescimento em mundos similares à Terra, iremos reencarnar em outros mais evoluídos. Lembre-se que a própria Terra encontra-se em transição, quando mudar de condição outros espíritos, com outras características passarão a viver aqui. Passará de expiação e provas para regeneração
03. <Ilumine_Star> De qual forma podemos definitivamente resgatar Karmas negativos?
<Deise Bianchini> Fazendo o bem , sempre, procedendo nossa reforma íntima. Fazer ao próximo o que gostaríamos que fosse feito a nós. As lições são muito simples, cabe-nos segui-las.
04. <Adrianabcm> Deise, no início do seu estudo, você comentou que a nossa desencarnação poderia ser prorrogada, dependendo do sucesso da mesma. Não poderia também ser o contrário, ou seja, já que a encarnação foi um sucesso, não mereceria o espírito voltar ao plano espiritual. Às vezes me pergunto isso… dependendo do sucesso da encarnação… Foi o que eu quis dizer…
<Deise Bianchini> Sim, é uma forma de analisar. Lembra a passagem do evangelho que nos diz: Se fosse um homem de bem teria morrido? Isso fica bem dentro de sua análise.
Por outro lado, temos o fator companheirismo, que vai além do crescimento individual. Esse companheirismo pode ser a nível familiar, ou a nível de sociedade. Imaginemos um Chico Xavier, que foi pessoa longeva e indiscutivelmente um espírito de boa índole. Poderíamos falar de outros também, mas vamos ver esse caso. Em termos de resgates, débitos, creio que há muito ele já poderia ter tido sua passagem de volta. Mas, o que sua pessoa proporcionou para o crescimento do espiritismo? O consolo a multidões?
Creio que, utilizando até de seu livre-arbítrio, ele prolongou sua estada entre nós, e obteve essa permissão também.
05. <mmarlonn> o homossexualismo, as drogas, é um carma que como podemos evitar nessa reencarnação?
<Deise Bianchini> Carma, se comparado com fatalidade, seria um acontecimento inevitável. Desses que você citou não são inevitáveis O homossexualismo já é uma longa discussão, mas vamos apenas falar em comportamentos desregrados envolvendo o sexo Qualquer comportamento desregrado, homo ou hetero, é responsabilidade nossa, e depende de nós evitarmos e não nos deixarmos arrastar, pois sabemos que não há arrastamento irresistível Trazemos tendências, pelo uso que fizemos de nosso corpo físico, nessa encarnação devemos aprender a respeitar esse corpo. Isso não quer dizer não amar, não ter relacionamentos físicos,isso quer dizer apenas não sermos abusivos. Quanto às drogas, hoje em dia sabemos todos os malefícios que elas envolvem, físicos, morais e espirituais, devemos cuidar para não sermos alvo de obsessores ferozes.
06. <mmarlonn> mas existem forca sobrenaturais que nos levam a cometer esse atos ou isso é tudo psicológico?
<Deise Bianchini> Bem, não acredito em sobrenatural, pois seria à parte da natureza. Se formos colocar em termos de forças espirituais, é possível. Faz parte de nossa fraqueza, submetermos-nos a drogas, por ex., é até uma predisposição genética. Então, espíritos que se sintonizem conosco, que consigam se afinizar com a gente, que consigam uma comunicação, que por vezes não percebemos, podem nos influenciar, sim. Mas eu já disse acima, não há arrastamentos irresistíveis. Ninguém pode nos obrigar a fazer o que não queremos. Temos também que nos habituar ao Orar e Vigiar
Oração Final:
<Adrianabcm> gostaria de colar aqui em forma de prece uma oração belíssima que recebi de uma amiga e depois complementarei com o encerramento da reunião.
Vamos nos unir em pensamento e ler esta bela prece do Chico:
Pai de Infinita Bondade, sustenta-nos o coração no caminho que nos assinalaste ! Infunde-nos o desejo de ajudar àqueles que nos cercam, dando-lhes das migalhas que possuímos para que a felicidade se multiplique entre nós. Dá-nos a força de lutar pela nossa própria regeneração, nos círculos de trabalho em que fomos situados, por teus sábios desígnios. Auxilia-nos a conter as nossas próprias fraquezas, para que não venhamos a cair nas trevas, vitimados pela violência. Pai, não deixes que a alegria nos enfraqueça e nem permitas que a dor nos sufoque. Ensina-nos a reconhecer tua bondade em todos os acontecimentos e em todas as cousas. Nos dias de aflição, faze-nos contemplar tua luz, através de nossas lágrimas e nas horas de reconforto, auxilia-nos a estender tuas bênçãos com os nossos semelhantes. Dá-nos conformação no sofrimento, paciência no trabalho e socorro nas tarefas difíceis. Concede-nos, sobretudo, a graça de compreender a tua vontade seja como for, onde estivermos, a fim de que saibamos servir em teu nome e para que sejamos filhos dignos de teu infinito amor. Pedimos ao Pai e aos bons amigos espirituais que nos acompanhem ao retornarmos às nossas atividades cotidianas… Assim seja!