A Fé Divina e a Fé Humana
Palestra Virtual
Promovida pelo IRC-Espiritismo
http://www.irc-espiritismo.org.br
Centro Espírita Léon Denis
http://www.celd.org.br
Palestrante: Iara Cordeiro
Rio de Janeiro/RJ
02/06/2000
Organizadores da palestra:
Moderador: “Luno” (nick: [Moderador])
“Médium digitador”: Maria Helena (nick: Iara_Cordeiro)
Oração Inicial:
<Selma_Palestra> Deus, Pai de infinito amor e bondade, gratos a Ti somos, Pai amado, por mais esta oportunidade que nos é concedida de estarmos aqui reunidos, encarnados e desencarnados, sob as Tuas divinas bênçãos, sob as bênçãos do Nosso Divino e amado Mestre Jesus e dos benfeitores espirituais, que tanto nos auxiliam na realização desta maravilhosa tarefa, com o intuito de aumentar a nossa bagagem intelectual. Não nos esquecendo, Pai, de reconhecer que tudo o que possuímos nos foi dado por Ti, pela Tua Infinita Misericórdia!
Firma-nos no propósito de buscarmos, a cada dia mais, a nossa transformação interior, cultivando em nós a fé viva. Fé essa tão poderosa que, se a tivermos na semelhança de um grão de mostarda, removeremos montanhas. Fortalece em nós, Pai amado, o amor, mas o amor incondicional, aquele que só nos é possível a partir do momento em que nos despimos do nosso egoísmo, para nos doarmos ao nosso próximo.
Ilumina a todos nós que aqui nos encontramos, sobretudo a nossa irmã Iara Cordeiro, que conduzirá o nosso estudo de hoje, para que, juntos, nesse clima de harmonia e paz que já se faz sentir em nossos corações, possamos contribuir para a disseminação das Tuas leis. Não somente através da palavra, mas através do exemplo das ações edificantes! Pai, guarda-nos na Tua paz! Que assim seja!
Considerações Iniciais do Palestrante:
<Iara_Cordeiro> Buscando compreender a fé, essa firmeza na execução de uma promessa ou de um compromisso, como define o dicionário Aurélio Buarque de Holanda, essa confiança que se faz presente no coração dos homens, quanto às suas possibilidades de realizações, deparamos muitas vezes com atitudes bastante diferentes, partidas de uma mesma criatura.
Há momentos em que aquela confiança que, supúnhamos, impulsionaria o homem para condições superiores na vida, desaparece, por força do surgimento de sentimentos que dizemos, são até contraditórios.
E por que isto? Porque as criaturas são espíritos em evolução e estagiam em faixas de crescimento diferenciados. Assim verificamos que, em questão de fé, podemos falar que existe uma fé humana e uma fé divina.
No homem ainda muito voltado para as influenciações do mundo material, àquele que definiríamos como materialista, para quem a vida está centrada nas conquistas imediatas, a fé se encontra sustentada pelos seus valores pessoais, valores que, dirá ele, “foram conseguidos à minha custa…” Para esse homem o futuro será cheio de incertezas, já que confia só em si mesmo; se lhe faltarem as forças, a coragem, o ânimo, só o NADA (para ele) será o seu destino.
Naquele, no entanto, que já admite em si a existência de algo que continua além da morte, que tem a convicção de que nem tudo se lhe acaba com a vida, a visão do futuro, de uma vida futura lhe enche de esperanças, pois sente que suas potencialidades poderão se desenvolver a partir da ação da sua vontade. Para este, muito mais que um simples dogma religioso, a fé será a “firmeza na execução da promessa” para qual ele irá contribuir decisivamente, pois sabe que a vida imortal lhe possibilitará um crescimento sem fim.
Por força disso, as ações desses dois homens trarão as marcas da diferença que os caracteriza.
O primeiro deixará transparecer sua preocupação consigo mesmo, suas necessidades deverão ser satisfeitas em primeiro lugar, o egoísmo, a inveja, a vaidade falarão mais fortemente porque o amanhã para ele será uma incógnita e talvez não venha a desfrutar do que lhe é tão importante: Ser feliz aqui, agora, já.
O segundo, ciente de que há um futuro para si, haurirá forças no bem que praticar, para vencer as dificuldades que a caminhada terrena lhe apresentar, embargando seus passos. Sua existência será marcada por atos de nobreza, de caridade, de abnegação, pois só por eles os valores latentes em si encontrarão condições de desenvolvimento. Assim sua confiança será marcada pelos aspectos de espiritualização que só o Divino pode nos apresentar. (t)
Perguntas/Respostas:
<[Moderador]> [01] <giordano__bruno> Qual é o papel da Fé na cura do desequilíbrio físico/espiritual?
<Iara_Cordeiro> A fé, quando se apresenta com as características da fé divina, leva o homem a ter forças para superar as dificuldades e, com a certeza da imortalidade da alma, estabelecerá em si mesmo a tranqüilidade que lhe possibilitará desenvolver recursos interiores que lhe garantirão até mesmo a cura do corpo físico, bem como garantirá a paz de espírito. Não agredirá de maneira tão forte sua estrutura físico-espiritual e, assim, o equilíbrio se fará com toda certeza. (t)
<[Moderador]> [02] <Stone_> Iara, você fala da diferença de fé humana e fé divina. Pois bem, muitos imaginariam que Chico Xavier tem a fé divina. Pois bem, e quando Chico sentiu que o avião em que estava poderia cair e se desesperou igualmente aos outros tripulantes, ele tinha que tipo de fé? Podemos, com isso, dizer que NENHUM homem, excluindo Jesus, que encarnou na Terra teve (ou tem), verdadeiramente, esta fé divina?
<Iara_Cordeiro> Vamos por partes. Não se pode negar que o Chico tenha a certeza da continuidade da vida, ele tem a fé divina realmente. Mas lembremo-nos que ele ainda está no corpo físico e o instinto de conservação fala alto, não só no Chico como em nós também.
A fé Divina nos foi fortalecida pelos ensinamentos pela Doutrina Espírita, mas não significa dizer que, na condição de espíritos encarnados, não lutemos pela preservação da casa que nos foi concedida para o exercício da vida terrena. (t)
<[Moderador]> [03] <Selma_Palestra> Quando podemos reconhecer que estamos agindo imbuídos pela fé humana ou pela fé divina?
<Iara_Cordeiro> Vamos ver o que ficou explicitado no início da nossa conversa: a fé humana está muito evidenciada nas atitudes das criaturas que não conseguem conceber a possibilidade de alcançar vitórias que não sejam o resultado exclusivo das suas ações. Como dissemos: falam mais alto as necessidades do indivíduo como tal. Ele precisa usufruir de tudo aquilo que a sua determinação estabelece como de real valor para si mesmo. Não consegue ter paciência para esperar o momento certo de usufruir aquilo que mais almeja. O que lhe é o desejo mais íntimo se lhe chega as mãos em situação inesperada não será percebido como sendo ação da bondade Divina.
Todos os valores serão creditados a si mesmo. É quando percebemos na linguagem das pessoas: “Se não fosse pela minha determinação, jamais teria conseguido… Tenho fé de que com os meus recursos, alcançarei o que almejo.” Aquele que é movido pela fé divina dirá “Sei que Deus deseja o meu bem, aguardarei quando me for concedido aquilo que espero alcançar. Só o Pai sabe o que me é realmente mais adequado e melhor.
Para exemplificar: Irmão X na obra “Contos Desta e Doutra Vida” nos diz que determinada criatura destacava-se dos demais por grandes determinações de fraternidade e fé, bem como grande compreensão. Atribuído sempre a Deus a propriedade de todos os bens da vida, para testar esta confiança, sucessivamente lhe foram enviados examinadores que o testaram na sua fé.
Então, por exemplo, se fosse vítima da maledicência e da calúnia, dizia: “Meu nome pertence a Deus, Que Deus seja louvado!” E prosseguia com firmeza nas suas demonstrações de fé. Em outro momento, perseguido por ódio injustificável à obra que realizava, disse apenas: “O bem é obra do Senhor, Louvado seja o Senhor.”
E assim respondeu a outros momentos de ataque à sua moralidade e ao seu valores de espírito. Porém, para um último teste promovido pelos enviados Celestes foi determinado lhe entregasse grande quantidade de ouro como suprema prova de obediência e, para grande surpresa, recebida a dádiva, acomodou-se ao conforto da nova situação ébrio de alegria em todos os movimentos. Ao orar parecia anestesiado.
Trazem-lhe os amigos espirituais num supremo teste um companheiro em dificuldade, humilhado e triste: ajuda, pois que solicita ajuda, para solucionar seus problemas e diz em pranto: “Socorra-me, por amor ao nosso Pai de Bondade!”
E diz Irmão X: Com indisfarçável espanto os examinadores divinos ouviram-no dizer, impassível: “Não posso, não posso!… Meu dinheiro é um patrimônio que custei muito a ganhar.” (t)
<[Moderador]> [04] <volia> Iara, qual o caminho para a conquista da fé divina? Estudo ou ação? Ou ambos?
<Iara_Cordeiro> De maneira sintética: A fé sem obras é morta. Estudar sim, mas aplicar meditando sobre o que realizamos. (t)
<[Moderador]> [05] <ocinacem> Porque pessoas, mesmo à luz da Doutrina, se desesperam quando com problemas? O que fazer?
<Iara_Cordeiro> Se o desespero nos bate a porta e nos deixamos dominar por ele, é sinal de que ainda não temos a fé divina bem alicerçada em nós.
É necessário entender que, se na vida presente não conseguimos alcançar o que almejamos (daí o desespero), possivelmente faz parte do nosso exercício de viver, de desenvolver paciência, tolerância, calma, enfim, sabermos aguardar o momento propício, pois nem sempre o que estamos buscando pode nos trazer felicidade naquele momento.
É realmente confiar naquilo que o Pai envia para nós, pois só ele sabe o que nos será menos prejudicial. (t)
<[Moderador]> [06] <Stone_> Como podemos, depois de anos mergulhados numa fé cega, basear nossa fé, que é subjetiva, em dados científicos, que são objetivos?
<Iara_Cordeiro> Vamos nos lembrar que a ciência ainda não deu a palavra final sobre todos os acontecimentos da vida. Veja bem que a ciência humana pára na beira do túmulo. Por mais objetiva que ela seja, ela ainda está presa às condições que a matéria apresenta na nossa dimensão. Daí o porque de não nos clarear o entendimento dos fatos que se dão no além-túmulo.
A Doutrina Espírita, nos convocando à Fé raciocinada e nos abrindo a porta para o conhecimento da vida no mundo invisível, dá ao homem as condições de superar os dógmas e, pelo exercício da inteligência, visualizar horizontes de mais compreensão. (t)
<[Moderador]> [07] <volia> Mas, Iara, na sua resposta à Selma, não seria importante frisar que, por causa da fé divina, o homem não tem de se acomodar na busca das suas conquistas, pois o próprio Cristo nos advertiu : “Buscai e achareis”, “Batei e abrir-se-vos-á”. O que não devemos, no entanto, é desesperar quando os nossos projetos não são realizados , é ter paciência e acreditar que Deus sabe o que é melhor para nós? O que você acha?
<Iara_Cordeiro> Concordo plenamente, pois a fé divina não nos dá imobilidade. A fé Divina é dinâmica e devemos buscar o nosso progresso. Daí como bem dissestes: “Buscais e achareis!” (t)
<[Moderador]> [08] <Stone_> No dia em que entendermos todas as coisas acaba a necessidade da fé?
<Iara_Cordeiro> A fé sempre existirá pois que, como nos disse um espírito amigo: A fé é a certeza que temos de ser filhos de Deus e em seu nome estarmos no Universo para contribuir para a sua construção. Filhos de Deus, em seu nome trabalhamos e por ele nos relacionamos com os nossos irmãos em humanidade para o progresso geral. (t)
<[Moderador]> [09] <ocinacem> Como podemos melhorar nossa visão de Deus, consequentemente aumentando nossa fé?
<Iara_Cordeiro> Dizendo, como disse Jesus, o Mestre amigo: “Deus é o nosso Pai”, o Pai nosso! (t)
<[Moderador]> [10] <JamJC> “A fé sem obras é morta.” Gostaria que comentasse essa máxima, pois muitos religiosos crêem que a fé é uma graça, e por mais que se obre, nenhuma salvação será alcançada sem a fé.
<Iara_Cordeiro> A fé é um sentimento inato de seus destinos futuros, é a consciência que o homem tem das faculdades imensas depositadas em gérmem no seu íntimo. A princípio em estado latente e que se cumpre fazer que cresçam pela ação da sua vontade.
Nos diz “O Evangelho Segundo o Espiritismo” no seu capítulo XIX, item 12: Ora não cresceremos sem o esforço necessário para tal. Por isso, o nosso trabalho continuado sustentado por essa certeza de um futuro promissor, mesmo no mundo invisível, faz com que obremos e verifiquemos que ao lado do amparo divino, o nosso esforço tem que ser levado em consideração. De cada um de nós, individualmente, depende o nosso futuro.
A salvação como tal, é obra de fé, é obra de cada um de nós por nós mesmos. (t)
<[Moderador]> [11] <Stone_> Iara, qual a sua opinião: Se Jesus reencarnasse hoje, nós acreditaríamos nas suas palavras ou precisaríamos de fenômenos espetaculares para lhe dar crédito? Quais são os parâmetros da nossa fé, em geral?
<Iara_Cordeiro> A Doutrina Espírita já nos faz ver com toda a propriedade que fenômenos não são mais necessários nos dias de hoje. A obra da Codificação nos deixa perfeitamente em condições de dizer que bastaria voltar a exemplificar como o fez, na sua passagem sobre a Terra para que a nossa crença em Jesus fosse inabalável.
O veríamos com todo o conhecimento que já possuímos como verdadeiro representante do Pai junto a nós. Pelo conhecimento da Doutrina; confiança e fé no futuro é que podem ser estabelecidos como os parâmetros da nossa fé espírita. (t)
Considerações Finais do Palestrante:
<Iara_Cordeiro> O que nós podemos depreender dessa nossa conversa é que, como disse Paulo na sua carta aos Hebreus, cap. X, versículo 35: “Não rejeiteis, pois, a vossa confiança que tem grande e avultado galardão.” E Emmanuel nos diz assim, complementando esta palavra de Paulo: “Luta e eprimora-te, trabalha e realiza com o Cristo, e aguarda, confiante, o futuro, na certeza de que a vida de hoje te espera, sempre justiceira amanhã.
“Sejamos fortalecidos no Senhor.” Paulo, Efésios, 6:10. (t)
Oração Final:
<Selma_AM> Ainda envolvidos por essas vibrações harmoniosas de paz e harmonia, agradeçamos a Deus, a Jesus e aos Benfeitores Espirituais, por todos os esclarecimentos que aqui recebemos, tão importantes para a conquista da verdadeira fé.
Que possamos cultivar em nós a humildade, que nos faz reconhecer que tudo o que adquirimos, embora com o concurso de nossos próprios esforços, são oriundos da Misericórdia Infinita do Pai, pois sabemos que nem uma folha de árvore cai, se não for pela Sua vontade.
Que busquemos servir a Deus, com a mesma fidelidade com que Ele nos ama, seguindo o exemplo de nosso Mestre Maior, Jesus, crentes de que tudo aquilo que quisermos, se tivermos fé, podemos conseguir. E com essa fé, roguemos ao Pai, que envolva em vibrações de amor, esperança e paz, a todos aqueles que se encontram em sofrimento, seja no plano físico ou espiritual. Que a fé possa também brotar nesses corações, trazendo-lhes conforto para suas almas cansadas, fazendo-lhes ver que o Pai não abandona a nenhum de seus filhos amados.
Deus, preserva-nos na Tua luz e guarda os nossos corações na Tua infinita paz! Obrigada, Pai! Graças a Deus!