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Felicidade

Felicidade

 

Todos estão a procura da felicidade. Ninguém diria em sã consciência que não
deseja ser feliz.

Todos querem a tal felicidade. Daí porque todos a procuram, nos mais variados
lugares e das mais diferentes formas.

Como já disse nosso querido amigo, Divaldo Pereira Franco: “O grande desafio
da criatura humana é a própria criatura humana”, ou seja, o nosso grande desfio
somos nós mesmos, nosso autoconhecimento.

Nós, seres humanos, já viajamos pelo espaço, fomos à lua, descobrimos outros
planetas fora do sistema solar. Ainda assim, este homem, guiado pela tecnologia
ainda não conseguiu encontrar a plenitude, a felicidade, porque não teve coragem
de realizar a grande viagem interior, tentativa mais eficaz para o
autodescobrimento. Não logrou realizar alguns questionamentos, tais como: quem
é? de onde veio? para onde vai? e porque está aqui?

Cabe ao ser inteligente descobrir na Terra a razão fundamental da própria
existência, a fim de estabelecer os parâmetros propiciados da felicidade, de
forma a desenvolver a capacidade de crescimento interior, razão primordial da
sua auto-realização. Enquanto não se resolva por detectar e aplicar os métodos
mais compatíveis para o enriquecimento moral e espiritual, tudo se lhe
apresentará sem sentido ou maior significado transformador, tornando-se o
trânsito carnal um desafio recheado de desencanto e aflição.

Podemos alcançar a felicidade hoje, agora, a despeito dos problemas que
estamos enfrentando. Basta olhar a vida com outros olhos, mudando as lentes
pelas quais enxergamos os fatos.

Sabemos que não somos somente aparência material, física. O ser humano é
pré-existente ao corpo e a ele sobrevivente. Através desse conceito é que
conseguimos entender nosso enigmas, as problemáticas do inter-relacionamento, da
dor, do desamor.

A felicidade tem uma conotação diferente para cada criatura, de acordo com o
nível intelectual de cada um. Se perguntarmos o conceito de felicidade, teríamos
respostas variadas, de acordo com as necessidades de cada um.

Lamentavelmente, não sabe-se o que é felicidade por estarmos, nós seres
humanos, vinculados ao material. Não conseguiu-se, ainda, um conceito claro
sobre felicidade. Várias escolas filosóficas, vários pensadores, filósofos
tentam defini-la.

Por estarmos a maioria, ligados ao material, muitos condicionam a conquista
da felicidade à aquisição de bens materiais, outros ancoram o sonho da
felicidade na busca da fama, do sucesso, do poder, para outros a felicidade está
associada à inexistência de problemas, outros tantos condicionam a felicidade à
ocorrência de um fator externo, e a lista prossegue sem fim.

E nós? Será que estamos condicionando nossa felicidade a algum acontecimento?
a algum bem material, a alguma pessoa? Será esse o caminho da felicidade?
Certamente, não. A felicidade não está fora de nós. Ela é, antes de tudo, um
estado de espírito, uma maneira de ver a vida e não a um determinado
acontecimento. Ser feliz é uma atitude comportamental frente a execução da
tarefa que viemos desempenhar na Terra.

A verdadeira felicidade consiste em fazer o bem, “não é ter ou não ter”.

Um dos grandes filósofos da nossa história, afirmou serem três os
pré-requisitos para alcançarmos a felicidade: “consciência reta”, “vida correta”
e “Coração de Paz”.

Temos que lembrar que a vida não é um problema, é um desafio. Ela nos
apresenta oportunidades de crescimento, notadamente nos setores que mais
necessitamos. Por detrás dos problemas existem lições, desafios, tarefas. E
grande ventura tomará conta de nós quando vencermos os obstáculos que a vida nos
apresenta. O sermão da Montanha é a pura prova de que somente serão bem
aventurados aqueles que souberem superar as dificuldades da vida. Se não
acreditarmos, basta olharmos as pessoas felizes e verificar que todas elas
passaram ou passam por grandes provas e expiações. Lembremo-nos dos primeiros
cristãos, que seguiam cantando até a arena onde seriam devorados pelas feras.

Lembremo-nos da felicidade de Francisco de Assis, conquistada na humildade,
na pobreza e no serviço ao próximo. O santo da humildade era moço rico, mas
vivia amargurado na riqueza que possuía. só encontrou a paz depois que se
entregou à riqueza do espírito. Não nos esqueçamos de que Paulo de Tarso, que na
condição do poderoso Saulo era infeliz, mas voltou a viver após o célebre
encontro com Jesus na Estrada de Damasco. Paulo perdeu o poder temporal, mas
encontrou a felicidade pessoal. Gandhi encontrou a sua felicidade na luta pela
paz. Madre Tereza e Irmã Dulce, apesar dos inúmeros padecimentos que sofreram,
conseguiram encontrar a felicidade na felicidade que podiam proporcionar ao
desvalidos do caminho. Albert Schweitzer, médico, laureado com o Prêmio Nobel da
Paz em 1952, encontrou a felicidade vivendo 52 anos de sua vida entre os povos
primitivos da África.

Como esquecer a permanente alegria de Chico Xavier? E olhem, que problemas na
vida não lhe faltaram. Várias vezes perguntaram-no se ele estaria disposto a
passar por todas as provas que a vida lhe marcou. E a resposta, já conhecida de
todos, é que faria tudo de novo e que pretende no mundo espiritual, continuar a
sua tarefa de médium.

Então, amigos, a alegria de viver deve ser uma norma de conduta natural em
todos os seres pensantes, mesmo quando não se exteriorizam conforme
desejaríamos. Isto porque, as ocorrências do dia-a-dia alteram-se a cada
instante, transformando tristezas em júbilos como felicidades em infortúnio.

Vicente de Carvalho considerou que a felicidade existe, mas é difícil de ser
alcançada, porque está sempre onde a pomos e nunca a pomos onde estamos.

As estradas que levam à felicidade fazem parte de um método gradual de
crescimento íntimo, cuja prática só pode ser exercitada pausadamente, pois a
verdadeira fórmula da felicidade é a realização de um constante trabalho
interior.

Nosso principal objetivo é progredir espiritualmente e, ao mesmo tempo, tomar
consciência de que as circunstâncias felizes ou infelizes de nossa vida são o
resultado direto de atitudes distorcidas ou não, vivenciadas ao longo do nosso
caminho.

Construímos castelos no ar, sonhamos irrealidades, convertemos em mito a
verdade, e por entre ilusões românticas, investimos toda a felicidade em
relacionamentos cheios de expectativas coloridas, condenando-nos sempre a
decepções crônicas.

Ninguém pode nos fazer felizes ou infelizes, somente nós mesmos é que regemos
o nosso destino, somos herdeiros de nossos atos. Assim sendo, fracassos ou
sucessos são subprodutos de nossas atitudes construtivas ou destrutivas.

A destinação do ser humano é ser feliz. o ser psicológico esta fadado a uma
realização de plena alegria, mas, por enquanto, a completa satisfação é de
poucos, ou seja, somente daqueles que já descobriram que não é necessário
compreender como os outros percebem a vida, mas sim como nós mesmos a
percebemos, conscientizando-nos de que cada um de nós tem uma maneira única de
ser feliz. Para sentir as primeiras ondas do gosto de viver, basta aceitar que
cada ser humano tem um ponto de vista que é válido, conforme sua idade
espiritual.

É sempre fácil demais culparmos um cônjuge, um amigo ou uma situação pela
insatisfação de nossa alma, porque pensamos que, se os outros se comportassem de
acordo com os nossos planos e objetivos, tudo seria invariavelmente perfeito.
Esquecemos, porém, que o controle absoluto sobre as criaturas não nos é
vantajoso e nem mesmo possível. A felicidade dispensa rótulos e nosso mundo
seria mais repleto de momentos agradáveis se olhássemos as pessoas sem
limitações preconceituosas, se a nossa forma de pensar ocorresse de modo
independente e se avaliássemos cada indivíduo como uma pessoa singular e
distinta.

Felicidade não é simplesmente a realização de todos os nossos desejos, mas
sim, a noção de que podemos nos satisfazer, com nossas reais possibilidades. A
felicidade nós a encontraremos na harmonização, no amor verdadeiro, na renúncia
e no desprendimento. Nós a encontraremos ainda, dedicando-nos aos que sofrem,
procurando amenizar-lhe as dores.

Na verdade, sintetizado o que foi falado, a felicidade é a certeza da
imortalidade.

Face a todas essas conjunturas que se fizeram objeto de nossas reflexões,
consideramos que o trabalho interior que produz felicidade não é simplesmente
meta de uma curta etapa, mas um longo processo que levará muitas existências,
através da eternidade, nas muitas moradas na Casa do Pai.

Por que?

Neste mundo transitório, tudo passa. Passam a alegria, a tristeza, o júbilo e
a dor. Aqui, a felicidade também é rápida; é como a labareda que se mantém acesa
enquanto tem combustível, depois se apaga.

Disse-nos Jesus: “O meu reino não é deste mundo”, eqüivalendo dizer que a
verdadeira felicidade é um estado de permanência e que a verdadeira plenitude
será um dia alcançada, em alguma das muitas moradas do Pai. A felicidade não
pode ser algo tão transitório.

Allan Kardec, interpretou no Evangelho, que a felicidade não é desse mundo.
Não quis, ele, afirmar que aqui é um vale de lágrimas, um inferno, mas sim, que
este mundo é uma escola. E como toda escola, existe a disciplina e quem não
respeita estas disciplinas precisa ser reeducado, no nosso caso, precisa voltar,
reencarnar.

A felicidade não é deste mundo, nos diz o Evangelho, mas começa aqui, ela se
realiza nos seus alicerces, para quando viajarmos deste mundo sejamos plenos e
felizes.

Por isso o Espiritismo preconiza a crença da imortalidade da alma, comprovada
cientificamente em pesquisas realizadas nos laboratórios. O Espiritismo é uma
ciência de observação, nos dá (mostra) uma filosofia de comportamento; explica
de onde viemos, quem somos, para onde vamos e porque estamos aqui, aquelas
perguntas iniciais, lembram.

A nossa felicidade será naturalmente proporcional em relação à felicidade, ao
bem que fizemos aos outros. Portanto, a caridade essencial é aquela que
transforma o indivíduo, que erradica as causas da miséria e não aquela que
mantém o miserável; mas a que muda a estrutura moral do indivíduo. É a caridade
do perdão, do esquecimento das ofensas. É uma atitude de sublimação, pois nos
diz o Evangelho: “Fora da caridade não há salvação”. Não importa no que cremos,
importa o que somos, é claro que o ideal é caminharmos junto aos ensinamentos do
Mestre.

A religião Espírita ajuda-nos a sermos corretos, porque nos explica e mostra
que somos responsáveis pela nossa vida, nós é quem a escrevemos. Deus não nos
castiga, não nos premia, nós é que construímos através do livre-arbítrio. É aí
que entra a felicidade de servir.

A arte de viver é a arte de servir. Feliz é quem ama, não aquele que se faz
amado. Felicidade é a arte de exalar alegria, a proposta da felicidade é esta
auto-superação, da dominação das nossas más inclinações.

Somos filhos de Deus. É possível e já, não precisamos
transferi-la. Quando buscamos e achamos Deus, não reclamamo-no mais, podemos
dizer a este Pai que amamos a vida, amamos o amor.

Encaremos a vida com os olhos do bem, com a visão do amor e com o concreto
desejo de olharmos à nossa volta e verificarmos que o Pai tudo nos legou para
que a nossa felicidade se efetive já. Abençoemos o trabalho em que a vida nos
situou; santifiquemos a família terrena do jeito que os familiares são;
enfrentemos com dinamismo e alegria os obstáculos da vida e assim, amando e
servindo, haveremos de encontrar que há muito tempo espera por nós.