A Infância
“O Livro dos Espíritos” – Questões 379 a 385
Estudo Espírita
Promovido pelo IRC-Espiritismo
http://www.irc-espiritismo.org.br
Centro Espírita Léon Denis
http://www.celd.org.br
Expositor: Mauro Bueno
São Paulo
24/03/2001
Dirigente do Estudo da Noite:
Andreia Azevedo – Safiri
Oração Inicial:
<Ioio> Senhor Jesus, bom e amado Mestre Nesta noite, Senhor, em que iremos estudar a infância e a importância de nosso papel como espírita na educação, te pedimos o amparo e o apoio necessário para que este estudo se desenvolva da melhor forma possível, ampare nossos corações e mentes para que possamos refletir sobre as palavras de nosso Palestrante, e acima de tudo, Mestre, ampare-o para que ela possa nos ensinar o máximo possível sobre o assunto Por isso, querido Mestre Jesus, em teu nome, em nome de Alan Kardec, de Cairbar Schutel , mas acima de tudo em nome de Deus, nosso Pai de infinita bondade,que possamos dar por iniciado o estudo da noite de hoje Paz a todos (t)
Mensagem Introdutória:
CRIANÇAS
“Vede não desprezeis alguns destes pequeninos.” (Jesus – Mateus, 18.10).
Quando Jesus recomendou não desprezar os pequeninos, esperava de nós não somente medidas providenciais alusivas ao pão e à vestimenta. Não basta alimentar minúsculas bocas famintas ou agasalhar corpinhos enregelados. É imprescindível o abrigo moral que assegure ao espírito renascente o clima de trabalho necessário à própria sublimação. Muitos pais garantem o conforto material dos filhinhos, mas lhes relegam a alma a lamentável abandono. A vadiagem na rua fabrica delinqüentes que acabam situados no cárcere ou no hospício, mas o relaxamento espiritual no reduto doméstico gera demônios sociais de perversidade e loucura que em muitas ocasiões, amparados pelo dinheiro ou pelos postos de evidência, atravessam largas faixas do século espalhando miséria e sofrimento, sombra e ruína, com deplorável impunidade, à frente da justiça terrestre. Não desprezes, pois a criança, entregando-a aos impulsos da natureza animalizada. Recorda que todos nos achamos em processo de educação e reeducação, diante do Divino Mestre. O prato da refeição é importante no desenvolvimento da criatura, todavia, não podemos esquecer “que nem só de pão vive o homem”. Lembremo-nos da nutrição espiritual dos meninos, através de nossas atitudes e exemplos, avisos e correções, em tempo oportuno, de vez que desamparar moralmente a criança, nas tarefas de hoje, era condená-la ao menosprezo de si mesma, nos serviços de que se responsabilizará amanhã.
Emmanuel
Do Livro: Mãe Antologia Mediúnica
Psicografia: Francisco Cândido Xavier
Editora: O Clarim
Exposição:
<MBueno> Colarei as questões do “O Livro dos Espíritos” que tratam das crianças e do espírito neste estado. Que a Paz do Mestre Jesus esteja em vossos corações. 379. É tão desenvolvido, quanto o de um adulto, o Espírito que anima o corpo de uma criança? “Pode até ser mais, se mais progrediu. Apenas a imperfeição dos órgãos infantis o impede de se manifestar. Obra de conformidade com o instrumento de que dispõe.” 380. Abstraindo do obstáculo que a imperfeição dos órgãos opõe à sua livre manifestação, o Espírito, numa criancinha, pensa como criança ou como adulto? “Desde que se trate de uma criança, é claro que, não estando ainda nela desenvolvidos, não podem os órgãos da inteligência dar toda a intuição própria de um adulto ao Espírito que a anima. Este, pois, tem, efetivamente, limitada a inteligência, enquanto a idade lhe não amadurece a razão. A perturbação que o ato da encarnação produz no Espírito não cessa de súbito, por ocasião do nascimento. Só gradualmente se dissipa, com o desenvolvimento dos órgãos.” Há um fato de observação, que apóia esta resposta. Os sonhos, numa criança, não apresentam o caráter dos de um adulto. Quase sempre pueril é o objeto dos sonhos infantis, o que indica de que natureza são as preocupações do respectivo Espírito. 381. Por morte da criança, readquire o Espírito, imediatamente, o seu precedente vigor? “Assim tem que ser, pois que se vê desembaraçado de seu invólucro corporal. Entretanto, não readquire a anterior lucidez, senão quando se tenha completamente separado daquele envoltório, isto é, quando mais nenhum laço exista entre ele e o corpo.” 382. Durante a infância sofre o Espírito encarnado, em conseqüência do constrangimento que a imperfeição dos órgãos lhe impõe? “Não. Esse estado corresponde a uma necessidade, está na ordem da natureza e de acordo com as vistas da Providência. É um período de repouso do Espírito.” 383. Qual, para este, a utilidade de passar pelo estado de infância? “Encarnando, com o objetivo de se aperfeiçoar, o Espírito, durante esse período, é mais acessível às impressões que recebe, capazes de lhe auxiliarem o adiantamento, para o que devem contribuir os incumbidos de educá-lo.” 384. Por que é o choro a primeira manifestação da criança ao nascer? “Para estimular o interesse da genitora e provocar os cuidados de que há mister. Não é evidente que se suas manifestações fossem todas de alegria, quando ainda não sabe falar, pouco se inquietariam os que o cercam com os cuidados que lhe são indispensáveis? Admirai, pois, em tudo a sabedoria da Providência.” 385. Que é o que motiva a mudança que se opera no caráter do indivíduo em certa idade, especialmente ao sair da adolescência? É que o Espírito se modifica? “É que o Espírito retoma a natureza que lhe é própria e se mostra qual era. “Não conheceis o que a inocência das crianças oculta. Não sabeis o que elas são, nem o que o foram, nem o que serão. Contudo, afeição lhes tendes, as acariciais, como se fossem parcelas de vós mesmos, a tal ponto que se considera o amor que uma mãe consagra a seus filhos como o maior amor que um ser possa votar a outro. Donde nasce o meigo afeto, a terna benevolência que mesmo os estranhos sentem por uma criança? Sabeis? Não. Pois bem! Vou explicá-lo. “As crianças são os seres que Deus manda a novas existências. Para que não lhe possam imputar excessiva severidade, dá-lhes ele todos os aspectos da inocência. Ainda quando se trata de uma criança de maus pendores, cobrem-se-lhe as más ações com a capa da inconsciência. Essa inocência não constitui superioridade real com relação ao que eram antes, não. É a imagem do, que deveriam ser e, se não o são, o conseqüente castigo exclusivamente sobre elas recai. “Não foi, todavia, por elas somente que Deus lhes deu esse aspecto de inocência; foi também e sobretudo por seus pais, de cujo amor necessita a fraqueza que as caracteriza. Ora, esse amor se enfraqueceria grandemente à vista de um caráter áspero e intratável, ao passo que, julgando seus filhos bons e dóceis, os pais lhes dedicam toda a afeição e os cercam dos mais minuciosos cuidados. Desde que, porém, os filhos não mais precisam da proteção e assistência que lhes foram dispensadas durante quinze ou vinte anos, surge-lhes o caráter real e individual em toda a nudez. Conservam-se bons, se eram fundamentalmente bons; mas, sempre irisados de matizes que a primeira infância manteve ocultos. “Como vedes, os processos de Deus são sempre os melhores e, quando se tem o coração puro, facilmente se lhes apreende a explicação. “Com efeito, ponderai que nos vossos lares possivelmente nascem crianças cujos Espíritos vêm de mundos onde contraíram hábitos diferentes dos vossos e dizei-me como poderiam estar no vosso meio esses seres, trazendo paixões diversas das que nutris, inclinações, gostos, inteiramente opostos aos vossos; como poderiam enfileirar-se entre vós, senão como Deus o determinou, isto é, passando pelo tamis da infância? Nesta se vêm confundir todas as idéias, todos os caracteres, todas as variedades de seres gerados pela infinidade dos mundos em que medram as criaturas. E vós mesmos, ao morrerdes, vos achareis num estado que é uma espécie de infância, entre novos irmãos. Ao volverdes à existência extraterrena, ignorareis os hábitos, os costumes, as relações que se observam nesse mundo, para vós, novo. Manejareis com dificuldade uma linguagem que não estais acostumado a falar, linguagem mais vivaz do que o é agora o vosso pensamento. (319) “A infância ainda tem outra utilidade. Os Espíritos só entram na vida corporal para se aperfeiçoarem, para se melhorarem. A delicadeza da idade infantil os torna brandos, acessíveis aos conselhos da experiência e dos que devam fazê-los progredir. Nessa fase é que se lhes pode reformar os caracteres e reprimir os maus pendores. Tal o dever que Deus impôs aos pais, missão sagrada de que terão de dar contas. “Assim, portanto, a infância é não só útil, necessária, indispensável, mas também conseqüência natural das leis que Deus estabeleceu e que regem o Universo.” E a questão 319 nos diz: 319. Já tendo o Espírito vivido a vida espírita antes da sua encarnação, como se explica o seu espanto ao reingressar no mundo dos Espíritos? “Isso só se dá no primeiro momento e é efeito da perturbação que se segue ao despertar do Espírito. Mais tarde, ele se vai inteirando da sua condição, à medida que lhe volta a lembrança do passado e que a impressão da vida terrena se lhe apaga.” Bem amigos, a questão que por hora está proposta leva a um grande número de reflexões. Talvez, a meu ver, a mais importante delas está na RESPONSABILIDADE dos pais! Habitamos em um mundo onde crianças crescem por si sós, abrigadas nas ruas, vivenciando exemplos torpes e perigosos, privadas de toda a espécie de auxílio e proteção… Curiosamente os silvícolas não tem e não tinham este problema. Em sua estrutura social os filhos erma responsabilidade de toda a tribo. Ou seja, não haviam “menores abandonados” Este aspecto nos projeta a uma reflexão dolorosa. O grau de responsabilidade social que deixamos de cumprir neste novo modelo sob o qual vivemos! Nem todas aquelas crianças são fruto de abandono. Algumas são fruto de orfandade normais diversos níveis! Existe a orfandade causada pela ausência de recursos materiais para sustentar estes filhos…. Penosa é a condição dos pais neste momento. É nesta hora, em que as responsabilidades do sexo são mais duramente cobradas. Ao invés de encontrar um espírito a fim de um resgate, de um auxílio mútuo, de um progresso espiritual, o que se forma? Um novo inimigo? Uma nova dívida? E nós outros? Onde erramos neste momento? Na falta de caridade? Na insensibilidade? Qual deve ser a postura do espírita em face a esta chaga social ? De alguma forma, por ainda estarmos aqui, somos todos co-responsáveis por nossos irmãos e irmãs que se encontram em tal situação. Nossa inação neste sentido nos convoca a permanecer mais tempo em um mundo de expiações e provas… Como podemos ajudar?
Bem, começando por nossos próprios filhos, incultando-lhes a responsabilidade sobre a sua sexualidade Bem, começando por nossos próprios filhos, incultando-lhes a responsabilidade sobre a sua sexualidade Incultando-lhes o senso de dever dos pais (nosso) sobre eles. Demonstrando com exemplos claros a grande responsabilidade que temos ao educá-los, ao prepará-los para a vida que se abre diante de seus olhos Um exemplo arrasta!
Não é só ficar falando. É exemplificar, demonstrar, comparar. Elucidar as preocupações com clareza e sinceridade! Não devemos dizer ao filho que ele não fará isto ou aquilo por que não queremos! Isto não é motivo bastante. O que deve ser feito é demonstrar-lhe todas as possíveis conseqüências de seus gestos, de seus atos. E deixá-lo decidir-se! Como os espíritos nos avisam: em quinze ou vinte anos eles serão eles mesmos. Se durante a infância tivemos êxito de imputar-lhes lições de valor moral e elas foram apreendidas, tivemos sucesso. Caso contrário, os pais falharam e os filhos sofrerão por seus próprios defeitos! Este mecanismo de fragilização, sob os qual estamos ao nascer e ao desencarnar, faz do nós muito, muito dependentes uns dos outros. Este é o motivo pelo qual a responsabilidade social ser tão importante quanto a responsabilidade com a família! Quem são meus pais? Quem são meus irmãos? disse Jesus. Que melhor momento para relembrar que somos uma família global? A lição de hoje consiste nisto: auxiliar na formação, na elevação de todos nós! Se ajudamos a evoluir nossos filhos, eles ajudarão a evoluir nossos netos, e muito provavelmente estaremos em algum momento reencarnando neste meio em que edificamos! E ai de nós se o tivermos destruído ou ainda malgradado em gestos, ações e palavras… A Causa e Efeito pode muito provavelmente tornar-nos a ele, a este mesmo meio, par a que colhamos os frutos de nossa insensibilidade e irresponsabilidade. Aos pais no canal: ensinem os filhos pelo exemplo! Que assim Seja!
Perguntas/Respostas:å
01<superego> “sendo pois um compromisso da sociedade em geral a formação e o destino dos espíritos que aqui estão como crianças em inicio de aprendizado, e sendo também os pais os maiores responsáveis porque estão sob sua tutela, não seria licito aos governos, representantes da sociedade, e com voz suficiente para falar por ela, utilizar os meios da censura para garantir que as crianças terão acesso dificultado às drogas, por exemplo, ao proibirem um grupo musical que faz apologia à maconha, de gravarem CDS e fazerem shows? Não seria um dever da sociedade garantir essa proibição, a fim de uns aos outros permitirem que todos os filhos, simultaneamente, seja ao menos dificultado acesso àquilo que lhes poderá corromper?
<MBueno> Este aprendizado social é muito lento! Os governos ainda são eleitos por muitos que não sabem direito o que fazer com seu voto! Os mecanismos de censura são um poder ainda muito perigos nas mãos de pessoas despreparadas… Transferir para os governos esta responsabilidade é também uma forma de se desencarregar da responsabilidade em casa. Veja que muitos apelam pedindo censura na TV, mas permitem que seus filhos a assistam em quaisquer horários! Não sabem o que eles estão lendo, que jogos estão jogando, não conhecem seus amigos, nem os ambientes que freqüentam A responsabilidade social não é atribuição exclusiva dos governantes, se bem que eles serão muito cobrados por seus descasos Mas evoluamos a idéia na direção por você proposta. Notemos que mesmo o sistema de leis humanas sob o qual vivemos, tem mudado e se aprimorado, mesmo que muito lentamente, e trazido à tona diversos aspectos e novas proibições. Entretanto, poderíamos dizer que ele funciona em sua plenitude? Sim como resposta a tua pergunta, a censura serviria de agente dificultador, porém , é somente a educação bem dada e aprendida o que pode de fato afastar as crianças das drogas! [21:40] <MBueno> (t)
[21:40] Para perguntar, estique o dedo, digitando ! . Aguarde sua vez, quando a palavra lhe será dada. Ao terminar sua pergunta, digite (t). O palestrante iniciará a resposta.
02<raio_de_luar> Vocês acham que as palmadas podem, em alguns casos, fazer parte da educação das crianças? (t)
<MBueno> Bem, é difícil dizer isto sem esbarrar na questão do limite. Temos um limite para tudo, até para dar uma palmada na bunda. Longe de fazer apologia a violência infantil, uma leve palmada pode causar a percepção de quem é que manda! Tecnicamente ela não chega realmente a ser necessária Vou exemplificar pelos meus próprios filhos, que praticamente nunca apanharam. Sempre usamos a tática de conversar e exemplificar. Quando muito menores, e começavam a dar um show, deixávamo-las sós, saindo do ambiente onde estavam… Funciona, pois eles detestam ficar sozinhos. O problema no tapinha está na escalada, ou seja, ser necessário que se aplique mais e mais violência a fim de resgatar o controle sobre a criança. Neste momento, quando a criança medir forças físicas com você, a coisa perde o rumo! Melhor chamar a questão moral.
Minha esposa certa vez, fez as malas de um de nossos filhos e o convidou a ir morar fora de casa (de encenação). Neste momento explicou que ele não teria teto, comida, que tudo seria responsabilidade dele… Apesar de parecer grotesco em um primeiro instante, funcionou! Ele repensou muito suas atitudes… Bem, em resumo, eu não abriria mão de dar uma palmada, se naquele momento ela fosse a resposta correta. Mas também avisaria que esta palmada só poderia ser dada se o pai ou a mãe estivessem plenamente calmos. Se não estivessem nervosos de maneira alguma! Este é um ponto importante
Não se deve bater em um filho por um momento onde ele nos tenha tirado a paciência! Em momento algum podemos perder o controle da situação, mais do que o do filho! A palmada em momento inoportuno deseduca mais que ajuda! A palavra, o exemplo moral, a chamada à razão, esta sim pode ser aplicada sempre!
Oração Final:
Bem, estamos então, chegando ao final
de mais um estudo
Que Deus , nosso amado Pai nos permita assimilar todo o conhecimento trazido até nós nesta linda noite.
E que amanhã acordemos com bons pensamentos. Vamos encerrar o estudo da noite com a prece Salmo do Amanhecer: Quero nascer de novo cada dia que nasce. Quero ser outra vez novo, puro, cristalino. Quero lavar-me, cada manhã, do homem velho Da poeira velha, das palavras gastas,
Dos gestos rituais.
Quero reviver a primeira manhã da criação, O primeiro abrir dos olhos para a vida. Quero que cada manhã
A alma desabroche do sono
Como a rosa do botão,
E surja,
Como a aurora do oceano,
Ao sorriso dos teus lábios,
Ao gesto de tua mão.
Quero me engrinaldar para a festa renovada Como que cada dia nos convidasse
E desdobrar as asas como a águia
Em demanda do sol.
Quero crer, a cada nova aurora,
Que esta é a definitiva,
A do encontro com a felicidade,
A da permanência assegurada,
A do teu sim definitivo.
Dionísio Furtes Alvarez
(do livro Preces e Mensagens Espirituais)
Que Assim seja