O Inferno
Palestra Virtual
Promovida pelo IRC-Espiritismo
http://www.irc-espiritismo.org.br
Centro Espírita Léon Denis
http://www.celd.org.br
Palestrantes: Pedro Vieira/Carlos Alberto
Salvador/BA
21/04/2000
Organizadores da palestra:
Moderador: “Quinto” (nick: Quinto_Moderador) “Médium digitador”: “cacs” (nick: Carlos_Alberto) / “Brab” (nick: Pedro_Vieira)
Oração Inicial:
<Quinto> Jesus, Mestre Divino e Amigo, estamos mais uma vez reunidos para estudarmos um tema de vida. Pedimos ao Senhor que, neste momento que nos unimos em espirito de fraternidade, tenhamos a ajuda de nossos amigos espirituais para que possamos usufruir deste momento de ensinamento e reflexão. Pedimos que a Luz Divina nos alcance, toque os nossos corações e mentes, para que possamos perceber o alcance da Obra de nosso Pai Celestial.
Jesus, pedimos também que, em especial, os nossos irmãos Carlos Alberto e Pedro Vieira tenham a proteção e a inspiração para o tema hoje abordado. Assim Seja!
Apresentação dos Palestrantes:
<Carlos_Alberto> Saudações a todos. Sou o cacs, também conhecido (pelos meus pais) por Carlos Alberto. É sempre uma enorme alegria estar neste meio virtual. Oremos a Deus que saibamos conduzir da melhor maneira os nossos pensamentos de forma a aproveitarmos deste abençoado tempo. Sou trabalhador do Núcleo de Caridade Espírita Irmão Joé, em Piedade no Rio de Janeiro. (t)
<Pedro_Vieira> Meu nome é Pedro Vieira, sou trabalhador do Centro Espírita Cristófilos, no Rio de Janeiro, e colaborador do Centro Espírita Léon Denis no trabalho do IRC-Espiritismo, na Internet, com o nick “Brab”. (t)
Considerações Iniciais:
<Pedro_Vieira> “É a realidade que nos aparece, pois que são os próprios seres de além-túmulo que nos vêm escrever a situação em que se acham, relatar o que fazem, facultando-nos assistir, por assim dizer, a todas as peripécias da nova vida que lá vivem e mostrando-nos, por esse meio, a sorte inevitável que nos está reservada, de acordo com os nossos méritos e deméritos.” (Allan Kardec em “O Livro dos Espíritos”)
O homem, ao longo dos tempos, tem impresso em suas visões, considerações e sistemas aquilo que compreende. Se no início julgávamo-nos seres materiais, com o desenvolvimento da razão passamos a nos enxergar seres espírito-materiais (espirituais, mas dependentes da matéria) até que, com o Espiritismo, pudemos nos conceber inteiramente como espíritos, independentes da matéria, individuais e imortais.
No entanto, o advento das idéias que nos povoam a cultura atual da humanidade é, por assim dizer, resultado de um somatório de crenças, dogmatismos, visões pessoais, sistemas e hipóteses que permearam todas essas etapas do conhecimento humano. O conceito de “inferno” não fugiu a essa regra. Desde a mais remota antigüidade, o homem começa a ter a capacidade de pensar em Deus. Tal é o atributo que o indica como um espírito. A partir desse momento, observando a Natureza ao seu redor, inicia a atribuição a Deus de qualidades e defeitos que conhece. Deuses mitológicos antropomórficos foram criados dessa forma, cada um deles retratando um conjunto de sentimentos puramente humanos (amor, ódio, vingança, guerra, etc.)
Com a noção de justiça não foi diferente. Era necessário que o Ser Superior fosse capaz de “julgar” os bons e maus atos da criatura. Criou-se, então, a noção das regiões “superiores” (ou “céus”), que guardariam as “recompensas” dos deuses, e das regiões da geena, ou “infernais”, que guardariam aos maus as penas e castigos impostos pelos deuses.
A hierarquia infernal pagã, por assim dizer, foi constituída impondo-se, como era de se esperar, castigos materiais – segundo a compreensão que tinham – às atitudes que julgavam “reprováveis pelos deuses”. Durante vários e vários séculos ouvimos relatos de um “inferno cristão” muito parecido – e muitas vezes até mais cruel – que o inferno pagão, embora Jesus, ele mesmo, nunca tivesse se referido a tais penas materiais.
Com o advento do Espiritismo e a compreensão do homem pelo avanço da Ciência, demonstrando a infinidade do Universo, as penas materiais podem ser colocadas de lado por uma postura mais racional e uma compreensão mais ampla de nós mesmos, da realidade espiritual. Receberemos à medida que fizermos. A Lei de Amor nos governa o espírito. Matando a morte, nos trazendo relatos de pessoas que, sofrendo privações morais fortíssimas, nos falam dos sofrimentos do Além túmulo, desenvolvendo nossa lógica e compreensão, o Espiritismo traz uma acepção de inferno tal qual nos ensinou Jesus, nosso Mestre, como uma postura moral de fuga de si próprio, quando “teve fome” e não o demos de comer.
Nesse espírito de compreensão, vamos iniciar nossa noite, rogando a Jesus que nos abençoe os propósitos de conhecer melhor nossa vida, para trabalharmos no bem por um futuro melhor a todos. (t)
Perguntas/Respostas:
<Quinto_Moderador> [01] <Dourado-sp> Qual o objetivo do catolicismo em incutir na idéia de seus seguidores, o fogo eterno?
<Pedro_Vieira> Caro amigo, não podemos nós responder por quaisquer orientações religiosas ou filosóficas estranhas à Doutrina Espírita. Podemos discorrer sobre motivos históricos e conseqüências psicossociais, sem entrar, no entanto, no mérito institucional da questão, o que faremos a seguir.
Sabemos que a Igreja Romana foi institucionalizada por Constantino, em Roma, nos primeiros séculos da Era Cristã. A institucionalização do Cristianismo, pela Igreja Católica, obedeceu a imperativos romanos, mais especificamente em relação à mescla de crenças pagãs romanas – estas, por sua vez, incorporadas de vários povos dominados ao longo de séculos – às crenças trazidas por Jesus, que nada tinham em si da complexidade eclesiástica que lhes impuseram posteriormente. Tanto assim que a imagem do inferno que nos foi trazida é recheada de detalhes mínimos do inferno pagão romano, seus deuses, punições e penas materiais. Este é o motivo histórico.
Quanto às conseqüências, lemos em “O Livro dos Espíritos”, o quão danosas são para a humanidade.
Nesta mesma obra, na mensagem do Espírito Paulo, apóstolo, em resposta à questão 1009 nos diz:
“(…) A idéia do inferno, com as suas fornalhas ardentes, com as suas caldeiras a ferver, pôde ser tolerada, isto é, perdoável num século de ferro; porém, no século dezenove, não passa de vão fantasma, próprio, quando muito, para amedrontar criancinhas e em que estas, crescendo um pouco, logo deixam de crer. Se persistirdes nessa mitologia aterradora, engendrareis a incredulidade, mãe de toda a desorganização social.”
“O Livro dos Espíritos”, resposta à questão 941: “Se procuram persuadi-las, quando crianças, de que há um inferno e um paraíso e que mais certo é irem para o inferno, visto que também lhes disseram que o que está na Natureza constitui pecado mortal para a alma! (…) Sucede então que, tornadas adultas, essas pessoas, se algum juízo têm, não podem admitir tal coisa e se fazem atéias, ou materialistas. São assim levadas a crer que, além da vida presente, nada mais há. Quanto aos que persistiram nas suas crenças da infância, esses temem aquele fogo eterno que os queimará sem os consumir.”
Como podemos ver, com o advento da lógica e da razão, a noção de inferno como nos foi passada tem sobre a humanidade o efeito da descrença e do afastamento do pensamento moral, que certamente a ajudaria numa melhor postura perante Deus e seus semelhantes. (t)
<Quinto_Moderador> [02] <Cesnik> O inferno é a mesma coisa que o umbral?
<Pedro_Vieira> Não, caro amigo Cesnik. Por “Umbrais” devemos entender as “Regiões Espirituais de sintonia mental próximas à vibração de um planeta”. Mais especificamente, no caso da Terra, todas as regiões espirituais em que os espíritos vivem em profunda ligação com o mundo terreno são regiões “Umbralinas”.
As regiões umbralinas, logicamente, abrangem espíritos materialmente muito arraigados ao planeta, cheios de vícios e paixões que os prendem mentalmente à matéria e à vida material. Mas também comporta, nas colônias espirituais, Espíritos de bem, que, ainda vinculados à Terra na incapacidade de atingirem compreensão mais ampla, permanecem com hábitos terrenos, preparando-se para o retorno à vida corporal, sendo para eles um local de estudo e aprendizado. O conceito de “inferno” seria tão somente uma situação espiritual íntima, que alguns espíritos enfrentam por culpas, medos, frustrações anteriores que correm seu coração e fazem pesar sua consciência. Espíritos desencarnados vivendo situações assim estão certamente nos umbrais da Terra, mas nem todos os Espíritos dos umbrais da Terra vivem situações assim.
Cabe uma ressalva vocabular. Podemos designar “Umbral” também pelas regiões de sofrimento dos Umbrais da Terra. Por falta de vocábulos adequados, por vezes muitos de nós se referirão a Umbrais de maneira geral, outras vezes como somente os locais onde se sofre pela ligação e atração mental que se estabeleceu. Convém tenhamos em mente a acepção da ocasião para evitar confusões. (t)
<Quinto_Moderador> [03] <^Aninha^^> Todos passamos pelo umbral?
<Carlos_Alberto> Não. O umbral, conforme colocou nosso amigo Pedro na questão anterior, está relacionado aos espíritos que estão ligados a matéria, que normalmente não tem tempo de pensar na vida espiritual.
Um amigo que é responsável pelo Curso da Obra “O Céu e o Inferno” de Allan Kardec no Léon Denis, sempre brincava com a turma, garantindo que ninguém ali iria para o Umbral exatamente porque muitos de nós, espíritas, substituímos o inferno, que não existe, pelo Umbral.
Mesmo que algum de nós passe pelo Umbral, é fundamental lembrarmos que o Umbral não é um local de punição. Serve como um local para deixarmos os fluidos mais densos adquiridos com as nossas imprevidências aqui na Terra. (t)
<Quinto_Moderador> [04] <Selma_Palestra> O inferno pode ser considerado um “estado de espírito”?
<Pedro_Vieira> Cara Selma, no Livro “O Céu e o Inferno”, de Allan Kardec, Parte II, Capítulo IV, quando foi evocado o Espírito de François Riquier, eis o que o Espírito nos disse sobre seu sofrimento:
Kardec perguntou ao Espírito: “Sofreis?”, ao que ele respondeu: “Oh! sim. Sofro piores torturas que as da mais cruel enfermidade, pois é minha alma quem as padece. Tendo sempre em mente a iniqüidade de uma vida que foi para muitos motivo de escândalos, tenho a consciência de ser um miserável indigno de piedade, mas o meu sofrimento é tão grande que mister se faz me auxiliem a sair desta situação deplorável.”
Podemos ver que o sofrimento não é pertencente à matéria. Logo é um estado do espírito, como nos confirma o Espírito citado e várias e várias colocações semelhantes que obtemos em nossas Casas Espíritas, todos os dias, em reuniões de atendimento espiritual. (t)
<Quinto_Moderador> [05] <ORIONNN> Mesmo que você não tenha sido um exemplo de pessoa, mas tentou pautar-se por boas condutas, necessariamente passará pelo UMBRAL?
<Carlos_Alberto> Vamos ressaltar que NÃO temos que passar pelo Umbral. Se nos pautamos pela boa conduta, se seguimos os ensinamentos do Mestre, INDEPENDENTE da religião que professemos, estamos seguindo o nosso roteiro de evolução.
Allan Kardec pergunta aos Espíritos: Qual a melhor religião?
Os Espíritos respondem: “A que faz mais homens de bem”.
Ou seja, qual nosso objetivo na Terra? Aprendermos a máxima: “Amar ao próximo como a nós mesmos.” Se estamos neste caminho, nos tranqüilizemos que seremos bem recebidos do outro lado da vida.
Deixemos as idéias milenares de inferno de lado, umbral nos tempos mais modernos de lado, e nos concentremos na nossa reforma íntima. Lembremos o Mestre: “Primeiro o reino de Deus e sua justiça. Depois tudo mais virá por acréscimo”. Façamos a nossa parte. (t)
<Quinto_Moderador> [06] <Patalojika> Esta expressão “Céu e Inferno”, não seria uma necessidade da humanidade em diferenciar valores, um aprendizado? Percebemos em contos infantis sempre este dilema.
<Carlos_Alberto> Vivemos realmente uma dualidade. Pela nossa falta de “sentido” para compreensão de Deus e suas Leis, o bem e o mal… o certo e o errado… o justo e o injusto… o amor e o ódio… e por aí vai.
Mas entre os extremos, há um grande caminho a percorrer. O mesmo se dá com relação ao Céu e ao Inferno. Com relação ao Inferno, é importante frisar que na eternidade dos tempos, é um estágio passageiro. Na infinita BONDADE e JUSTIÇA de Deus, não caberia a ETERNIDADE das penas.
Logo o dilema se dá realmente, mas pela falta de compreensão de Deus. Com o tempo vamos saindo desta dualidade e penetrando no imenso AMOR de Deus. Aí nossos conceitos se alargam. E, como crianças que retornam ao regaço materno, vemos que tudo foi questão de “birras” e “pirraças” do nosso estado infantil ainda como espíritos imperfeitos. Vamos dar tempo ao tempo, estudando e praticando uma das máximas espíritas: “Fora da caridade não há salvação”. (t)
<Quinto_Moderador> [07] <Patalojika> O sentimento de culpa levaria uma pessoa a “Viver um inferno”, encarnada ou desencarnada?
<Carlos_Alberto> O sentimento de culpa é uma das maiores doenças de nosso século. Os Espíritos tem escrito farto material a este respeito nos últimos tempos. Sugerimos “Dores da alma” do Espírito Hammed, “Plenitude” de Joanna de Ângelis, etc.
A culpa não serve para nada. Não remedia, não cura, não resolve nenhum problema. Achamos em determinado momento que a culpa serve para reconhecer os nossos erros. É um grande engano. A culpa é uma doença, que precisa ser combatida com uma boa dose de otimismo.
É preciso que saibamos conviver com os nossos erros, com as nossas imperfeições. É preciso que aprendamos a ser indulgentes conosco. Quem não se perdoa, não consegue perdoar o próximo. A doutrina espírita é uma doutrina de libertação e não de escravização…
As leis de Deus são educativas e não punitivas. A culpa nos coloca em depressão, permitindo o assédio de inimigos do outro lado da vida. A culpa nos deixa em uma situação muito vulnerável. Deus nos criou imperfeitos. Por isto o PAI nos compreende, sabe das nossas dificuldades.
Não nos acomodemos por causa disso, mas afastemos este estado mórbido causado pela culpa. Por isso, realmente, quando nos entregamos a culpa, vivemos realmente em um inferno enquanto encarnados e, muitas vezes, depois de desencarnados.
Lembramos do livro “Libertação”, de André Luiz, onde um quadro semelhante ao “inferno” é descrito nesta obra. Muitos dos casos, por causa da culpa. Estudemos, então, a Doutrina Espírita que nos dá subsídios para que não nos culpemos, sem nos acomodarmos e sigamos em frente na estrada rumo a nossa felicidade. (t)
<Quinto_Moderador> [08] <Selma_Palestra> Os conceitos de céu e inferno podem ser considerados como um estado de espírito? Ou seja, quando em sofrimento, o homem pode estar vivendo o seu próprio inferno e, quando feliz, pode estar vivendo o seu próprio céu?
<Carlos_Alberto> Exatamente isso. Resumindo: Com a culpa, um estado de inferno. Com a conscientização da infinita misericórdia de Deus, o céu, pois combatemos as imperfeições e avançamos. (t)
<Quinto_Moderador> [09] <Dourado-sp> Como podemos interpretar as colocações de André Luiz referente ao Umbral? Estariam corretas? Qual o melhor material de apoio as obras de Kardec que podemos estudar? Sabemos haver controvérsias com relação a pontos de vista dos espíritos. O que o principiante espírita deve ler como material de complementação as obras básicas?
<Carlos_Alberto> Estão corretíssimas. As colocações de André Luiz vem confirmar aquilo que os Espíritos já tinham nos dito no livro “O Céu e o Inferno”.
Para sabermos se um material (um livro) é bom, é o próprio Allan Kardec quem nos ensina: Uma verdade tem que passar pelo crivo da lógica, da razão e do bom senso. As informações dos Espíritos devem ter um caráter universal, ou seja, não podem ser localizadas ou estarem sujeitas a um só médium. As controvérsias existem realmente. Sigamos os conselhos de Kardec, pois as controvérsias não são novas, já existiam no tempo dele.
Quanto a um bom material de apoio, existem centenas de bons autores: Joanna de Ângelis, Manoel Philomeno de Miranda, Hermínio Miranda, André Luiz, Irmão X. Até as palestras virtuais existentes na nosso site. Não devemos subestimar as informações vindas dos encarnados que estão estudando, pois embora encarnados, são espíritos imortais. Lembramos que o próprio Cairbar Schutel, nos informou que o material dessas palestras virtuais é um bom material. Usemos então o nosso bom senso. (t)
<Quinto_Moderador> [10] <mobsued> Gostaria de saber se quando morremos nossa consciência espiritual e cobrança continua a mesma, ou diminui ou aumenta normalmente?
<Pedro_Vieira> Por muito tempo, o medo da morte fez com que acreditássemos em várias coisas, dentre elas que tornarmos-ía-mos “santos” ou “anjos” e, por custo muito reduzido de dedicação, aprendizado e amor, estaríamos gozando da perfeição eterna junto ao seio de Deus.
O conhecimento espírita vem desmistificar a morte, mostrando-nos que os Espíritos que nos acompanham são homens que viveram na Terra, com seus desejos, suas dúvidas, suas dores, suas angústias e imperfeições. Seus amores, méritos e amizades igualmente. Por conta de tudo isso, a primeira coisa que devemos ter em mente é: ninguém torna-se melhor ou pior por conta da desencarnação. Seremos desencarnados o que somos encarnados, nada mais, nada menos. No entanto, a evolução não é dependente do corpo, ela não cessa com a desencarnação.
Dessa forma, o espírito, disposto ao aprendizado, contará com menos barreiras materiais que o impeçam de aprender, podendo alcançar um desenvolvimento mais rápido do que quando encarnado, desde que suas disposições para o bem permitam isso. De forma sucinta: fora do corpo físico nossa possibilidades de aprendizado aumentam, pela ausência do impeditivo da matéria, mas só lançaremos mão dessas possibilidades caso nossa disposição mental esteja vinculada ao desejo de trabalho pelo bem e pela paz. A morte não nos altera a condição moral, que são essas disposições. (t)
<Quinto_Moderador> [11] <Patalojika> Estando no umbral o espírito pode evoluir?
<Carlos_Alberto> No umbral se encontram espíritos em sofrimento. É um “estágio” para chegarmos ao arrependimento, para lembrarmos da necessidade da prece.
Se saímos da condição de revolta para a condição de arrependimento, podemos considerar isto uma evolução. Mas os Espíritos nos informam em “O Livro dos Espíritos” que é encarnando, através das provas que vamos confirmar o aprendizado efetuado. (t)
<Quinto_Moderador> [12] <Quinto_Moderador> O que diria se um espírito que sofre se apresentasse agora e perguntasse: “O que é o inferno que eu vivo, então, não é real?”
<Pedro_Vieira> Vamos primeiro analisar que a realidade que um espírito, ainda imperfeito como nós, enxerga nem sempre corresponde à realidade simplesmente.
“O Livro dos Espíritos”, resposta à questão 1014 a): “Quando são inferiores e ainda não completamente desmaterializados, os Espíritos conservam uma parte de suas idéias terrenas e, para dar suas impressões, se servem dos termos que lhes são familiares. Acham-se num meio que só imperfeitamente lhes permite sondar o futuro. Essa a causa de alguns Espíritos errantes, ou recém-desencarnados, falarem como o fariam se estivessem encarnados. Inferno pode traduzir por uma vida de provações, extremamente dolorosa, com a incerteza de haver outra melhor; purgatório, por uma vida também de provações, mas com a consciência de melhor futuro. Quando experimentas uma grande dor, não costumas dizer que sofres como um danado? Tudo isso são apenas palavras e sempre ditas em sentido figurado.”
Baseado nessa informação que os Espíritos Superiores trouxeram, a abordagem do irmãozinho seria da forma:
“Meu amigo, nós também criamos tantos ídolos, tantos fantasmas em nosso dia a dia. Veja a situação deplorável em que se encontram pessoas em aparente felicidade por todo o mundo. A solidão e a incerteza do futuro, o sentimento de culpa, o sofrimento por quem se ama produz nas pessoas uma reação imensa em seu espírito, que as leva a estados inenarráveis de desespero e angústia. Bem o sei, meu irmão.
No entanto, queremos propor-lhe algo: analise-se como uma criatura filha de Deus. Proponha-se uma postura de ação. Levante sua mente e sua cabeça acima das circunstâncias. Olhe-nos, estamos aqui para ajudá-lo. Procure lembrar-se da calma da respiração. Pense em todos que te amam. O mundo nunca deixou de te sorrir, e se hoje achas que estás num beco sem saída, meu amigo, é porque fechou teus olhos à luz. Abre-os novamente. Meu amigo, nosso querido Jesus nos disse: ‘Ajuda-te, e o céu te ajudará’, ‘Batei, e abrir-se-vos-á’. A oportunidade de estar conosco aqui é um convite a que bate à sua porta.
Façamos uma prece a Jesus pedindo-lhe que ajude-o numa chance de encarar-se, na tarefa no serviço do bem, na sua orientação, e sua alma será novamente felicidade e esperança, o medo se vai, e o ‘inferno’ que pintou em sua mente, como o conhece, vai deixar de existir, como nunca o viste deixar, e se transformar na lembrança dos momentos felizes e na esperança de um futuro radioso e cheio de esperança. A teu lado está um amigo muito querido. Siga com ele e retorne-nos para nos dizer o quanto teu coração agradece a Deus mais essa oportunidade”. (t)
<Quinto_Moderador> [13] <Quinto_Moderador> Por que Jesus falava do Inferno?
<Pedro_Vieira> Como a explicação de Kardec a essa explicação é primorosa e direta, iremos simplesmente reproduzir o que ele nos diz em “O Céu e o Inferno”, Capítulo IV, Parte I “O Inferno”, onde lemos:
“(…) Jesus não podia de um só golpe destruir inveteradas crenças, faltando aos homens conhecimentos necessários para conceber a infinidade do Espaço e o número infinito dos mundos; a Terra para eles era o centro do Universo; não lhe conheciam a forma nem a estrutura internas; tudo se limitava ao seu ponto de vista: as noções do futuro não podiam ir além dos seus conhecimentos. Jesus encontrava-se, pois, na impossibilidade de os iniciar no verdadeiro estado das coisas; mas não querendo, por outro lado, com sua autoridade, sancionar prejuízos aceitos, absteve-se de os retificar, deixando ao tempo essa missão.
Eis aí como as idéias do inferno pagão se perpetuaram até aos nossos dias. E foi preciso a difusão das modernas luzes, o desenvolvimento geral da inteligência humana para se lhe fazer justiça. Como, porém, nada de positivo houvesse substituído as idéias recebidas, ao longo período de uma crença cega sucedeu, transitoriamente, o período de incredulidade a que vem pôr termo a Nova Revelação. Era preciso demolir para reconstruir, visto como é mais fácil insinuar idéias justas aos que em nada crêem, sentindo que algo lhes falta, do que fazê-lo aos que possuem uma idéia robusta, ainda que absurda.”
A resposta de Kardec não deixa espaço a maiores elucidações, por sua abordagem completa. (t)
<Quinto_Moderador> [14] <ORIONNN> Quando nossos filhos crianças nos perguntarem o que é o inferno, o que devemos responder?
<Pedro_Vieira> As crianças devem receber a orientação correta. No entanto, dentro do seu âmbito de compreensão. Há uma grande diferença em adaptar um ensinamento, simplificando-o, tornando-o compreensível por meio de comparações, à criança e mentir a ela. Como nós vimos, a transmissão da mitologia do “céu” e do “inferno” é perigosa à humanidade porque, uma vez vendo sua impossibilidade, a criança crescida poderá revoltar-se contra a espiritualização e alcançar, generalizando, uma condenação à religião como algo fictício e mitológico. Devemos, então, mais uma vez, sermos sinceros. Uma possível abordagem consistiria em: “Meu filho, o que você sentiria se soubesse que, sem querer, fez alguma coisa ruim para a mamãe ou o papai?”
A criança responderá certamente algo relacionado à culpa. Dessa forma, completaríamos o raciocínio: “E isso seria ruim, não? É igual a eu dar um beliscão em você?” – “Não” – “Mas dói aqui no coração, não dói?” – “Dói” – “Então faça um favor, desenhe para mim essa dor neste papel”, dando-lhe um papel. Deixe que ela tente desenhar a dor. Certamente não conseguirá, mais cedo ou mais tarde.
“Sabe, meu filho, há muito tempo atrás, os homens desenhavam tudo o que sentiam, mas certas coisas não dava para se desenhar. Então eles pegaram aquilo que achavam mais terrível, mais forte, mais doloroso, e desenharam.
Fogo, ardência, é doloroso, não é? Pois é, o que eles chamaram de ‘inferno’. Foi esse lugar que eles tentaram desenhar, mas, na verdade, eles queriam falar dessa dorzinha que a gente sente quando sabe que fez alguma coisa de errado, mas que não dá pra desenhar” (t)
<Quinto_Moderador> [15] <Quinto_Moderador> O conceito do Inferno, sendo essencialmente uma criação humana, não serve de instrumento de dominação de “religiosos” mal preparados ou mesmo mal intencionados?
<Pedro_Vieira> Dominação temporária, que atinge seu fim com a consciência desenvolvida pela razão e pela confiança em um Deus justo e bom, que nunca condenaria seus filhos, ao invés disso, os ensinaria, compreendendo-lhes as dificuldades e dores.
Jesus foi pragmático quando disse: “Conhecereis a Verdade. A Verdade vos libertará”. Tudo o que foge à Verdade um dia termina. Foi utilizado, mas todo mal tem um fim. O homem atual já não aceita as dominações que aceitava há séculos atrás. Por isso estamos com Kardec: “Fé inabalável é somente aquela que pode encarar a razão frente à frente, em todas as épocas da humanidade” (t)
Considerações Finais do Palestrante:
<Carlos_Alberto> Um belo presente podermos estar reunidos aqui no dia de hoje.
Repetimos que a Doutrina Espírita é uma doutrina de libertação. Logo as informações que Deus permite nos cheguem através dos seus enviados do plano espiritual devem nos conduzir ao otimismo. O Umbral não foi revelado para que lutemos para fugir de lá, mas apenas para que tenhamos uma noção maior dos estágios existentes em nossa caminhada.
Não ir ao Umbral é conseqüência dos nossos atos e ações, a medida que aprendemos e colocamos na prática os ensinamentos do Mestre Jesus. Ou seja, não continuemos alimentando em nós o aprendizado pelo medo, disso ou daquilo. Vamos aprender pelo prazer, pelo entendimento de que “O amor cobre a multidão dos pecados”. Não falta trabalho nos Centros Espíritas. Em todos os campos, desde a abençoada mediunidade, passando pela evangelização infantil, assistência aos desabrigados, etc. Neste campo, tão cedo não ficaremos “desempregados”.
Vamos, então, arregaçar as mangas e assim, aprendendo com Jesus, estaremos a milhares de quilômetros do Umbral, como necessitados, mas perto, para auxiliarmos, como nos auxilia até hoje, o inesquecível irmão Bezerra de Menezes, por exemplo. Vamos em frente. Que Deus nos abençoe. (t)
Oração Final:
<cacs> Querido PAI, Mestre Jesus. Que bom podermos perceber que o Inferno em que acreditamos durante tanto tempo em nossa existência não existe. Que as penas eternas que nos causaram tantos medos, não fazem parte das tuas Leis. Que bom podermos perceber que NUNCA estamos sozinhos. Que bom podermos perceber que fazemos parte de uma grande família. Que bom podermos perceber que a ajuda NUNCA nos falta.
Desta forma, vamos caminhando com mais segurança. Ainda caindo muitas vezes, mas desenvolvendo a fé na tua paternidade. Que o teu amor nos envolva, e que possamos nos reunir muitas e muitas vezes, aqui em todos os lugares em que seja possível disseminar os teus ensinamentos.
Te agradecemos então por mais esta oportunidade. Que possamos sair daqui fortalecidos, mais despertos, com desejo de nos modificarmos e seguirmos em frente. Proteja a todos nós, hoje e sempre. Graças a Deus.