Jesus: Exemplo ou Mito?
Palestra Virtual
Promovida pelo IRC-Espiritismo
http://www.irc-espiritismo.org.br
Palestrante: Pedro Vieira
Rio de Janeiro
10/12/1999
Organizadores da palestra:
Moderador: “jaja” (nick: ||Moderador||) “Médium digitador”: “Brab” (nick: Pedro_Vieira)
Oração Inicial:
<MBueno_Palestra> Amado Mestre Jesus, Deus Pai, Espíritos Superiores e amigos, rogamos proteção e inspiração para o trabalho da noite. Possam nossas palavras servir de auxílio a todos que aqui acorrem, a todos que, estando aqui, puderem levá-la a outros. Rogamos auxílio em frutificar cada vez mais a Seara, levando os ensinamentos do querido Mestre Jesus a todos os ouvidos, inclusive aqueles que não o conhecem. Dai-nos sempre a inspiração de respeitar os não-cristãos, inspirando nossas palavras com sabedoria, de maneira a levar o conteúdo da lição moral universal sem constranger, sem tornar arredios aos que não conhecem Jesus. Dá-nos a inspiração e a inteligência para conhecer mais deste querido Mestre e seguir-lhe as benéficas lições. Que assim Seja!
Apresentação do Palestrante:
<Pedro_Vieira> Muito boa noite a todos os amigos. Meu nome é Pedro Vieira, sou colaborador da Casa Espírita Cristófilos, em Botafogo, no Rio de Janeiro, e do Centro Espírita Léon Denis, pelo trabalho do IRC-Espiritismo, na Internet. (t)
Considerações Iniciais do Palestrante:
<Pedro_Vieira> Jesus, Mito ou Realidade? Muito se tem dito em todos os tempos sobre a figura de Jesus de Nazaré. Desde o século VIII A.C., o profeta hebreu Isaías – também conhecido como Profeta do Messias – já anunciava a chegada desse Espírito à Terra, como podemos ver no capítulo 11 do Livro de Isaías, no Antigo Testamento:
“Então brotará um rebento do toco de Jessé, e das suas raízes um renovo frutificará. E repousará sobre ele o Espírito do Senhor, o espírito de sabedoria e de entendimento, o espírito de conselho e de fortaleza, o espírito de conhecimento e de temor do Senhor. E deleitar-se-á no temor do Senhor; (…) e não julgará segundo a vista dos seus olhos, nem decidirá segundo o ouvir dos seus ouvidos; mas julgará com justiça os pobres, e decidirá com eqüidade em defesa dos mansos da terra; e ferirá a terra com a vara de sua boca, e com o sopro dos seus lábios matará o ímpio. A justiça será o cinto dos seus lombos, e a fidelidade o cinto dos seus rins. (…)”
A primeira confusão da visão de Isaías se daria com o povo hebreu durante séculos. Com seu orgulho calado e humilhado durante séculos, depois da submissão na Babilônia, no Egito e, depois, em Roma, aguardavam um “mito” de varão de guerra a libertá-los dos jugos. Aguardavam a vinda de um Messias glorioso perante os homens, desde que compreendiam a Deus como fonte de lutas e vitórias humanas externas, e não fonte de amor. Aquele sobre quem “repousará o Espírito do Senhor”, seria, portanto, o grande libertador dos hebreus, no sentido da libertação exterior. A “realidade” dos hebreus foi outra, como bem sabemos. Cumprindo todas as profecias, Jesus os libertou dos amarros de suas próprias consciências, que os prendiam muito mais do que as escravidões externas. A “realidade” do Cristo tornou-se, por assim dizer, transcendente aos motivos hebreus.
Nas gentes pobres e ignorantes, ainda não maculadas pelos cultos e orgulhos, mas crendo em um só Deus, Jesus encontrou na região da Galiléia seus colaboradores fiéis, entre pescadores e homens simples. Descendo de seu “trono dourado”, era o Messias, na realidade, um homem do povo, que vivia para o povo e sua libertação espiritual. Encontramos mais à frente, com João Batista, contemporâneo de Jesus, mais um conhecimento prévio de que: “(…) aquele que vem após mim é mais poderoso do que eu, que nem sou digno de levar-lhe as alparcas.” (Mt, 3:11), dando conta de que a chegada do Messias estava próxima. Com o advento da missão do Cristo, em suas pregações, vemos que mesmo as gentes que o seguiam tinham dele uma visão mística e confusa, como era de se esperar. Uns o chamavam “demônio”, outros “impostor”, outros – e esses últimos vararam os séculos – Deus. Uma visão irreal do Cristo pelos sinais que operava mostrava a ignorância e a fragilidade do homem na compreensão do Espírito e de Deus. Visões várias deram origens a vários pensamentos, que foram responsáveis por criar uma visão divinizada de Jesus ao longo dos séculos, visão essa que enfocava sempre os prodígios chamados “milagres” ao invés dos ensinos, e a morte pela crucificação ao invés da vida, porque aquilo que é além da normalidade conhecida impressiona e deslumbra.
Mas o Jesus que o Espiritismo nos traz é exatamente a figura doce e terna, da qual os exemplos, a vida, o dia a dia, valem mais do que milagres ou prodígios, do que a própria crucificação, porque o maior exemplo que Ele nos deixou foi seu caminhar reto, como um guia a crianças em aprendizado. E nesse sentido, tomando o Jesus – real – que os Espíritos respondem à questão de número 625 de “O Livro dos Espíritos”: 625. Qual o tipo mais perfeito que Deus tem oferecido ao homem, para lhe servir de guia e modelo? Resposta: “Jesus.” (…) “Para o homem, Jesus constitui o tipo da perfeição moral a que a Humanidade pode aspirar na Terra. Deus no-lo oferece como o mais perfeito modelo e a doutrina que ensinou é a expressão mais pura da lei do Senhor, porque, sendo ele o mais puro de quantos têm aparecido na Terra, o Espírito Divino o animava.”
Finalmente, quando falamos de Jesus e do Espiritismo, devemos dizer que, com a função de reviver os ensinamentos trazidos por ele à humanidade, como promessa feita por ele mesmo, o Espírito da Verdade promove a “volta de Jesus ao mundo” pelas vozes dos Espíritos. Nosso objetivo hoje será, partindo das perguntas dos amigos sobre fatos e conjecturas a respeito do Cristo – e estamos abertos a perguntas gerais sobre Jesus – enfocar a resposta o aspecto místico, como dito, derivado da própria inferioridade humana, do aspecto real e relevante da figura do Cristo, que promoveu há 2000 anos atrás a cruzada da paz.
Encerramos a introdução com a citação do Espírito Amélia Rodrigues, do livro “Dias Venturosos”, psicografia de Divaldo Pereira Franco, introdução:
“Nunca se ouviram palavras iguais às que Ele pronunciou, nem música semelhante à que saiu de Seus lábios. (…) Assinalou a época de maneira profunda e tornou-se, por isso mesmo, o marco divisório dos tempos de todas as épocas. Caluniado, invejado, maltratado, traído, crucificado, continou amando, e ressuscitou em manhã radiosa, a fim de que nunca cessassem as alegrias nem se acabassem os DIAS VENTUROSOS que Ele inaugurava”.
Espero que Ele nos ilumine, e estamos abertos às perguntas dos amigos. (t)
Perguntas/Respostas:
<||Moderador||> [01] <Pedro_Coelho> Como nós, espíritas, devemos compreender Jesus? Como um ser divinizado pelas outras religiões, ou apenas figura histórica de forte ação revolucionária em sua época modificando comportamentos e idéias?
<Pedro_Vieira> Nem de um jeito nem de outro. Jesus não é um ser “divino”, no sentido de alguma criação à parte da nossa, como muitos acreditam. Muito pelo contrário. Ele mesmo afirmava que “todos vós podeis fazer o que eu faço”, dizia que não falava por si, mas por seu Pai e caminhou como um de nós, fazendo toda questão de se mostrar de maneira tão frágil quanto todos, como professor que era, guiando-nos a partir de um ponto conhecido em direção a Deus. De outro ponto, o estudo de Jesus como um ser “histórico” é bastante limitado, pelo fato próprio de Jesus não ser um acontecimento, como todos os outros, limitado no tempo. Pelo contrário, ainda hoje – e cada vez mais – a figura de Jesus promove revoluções humanas no pensamento, nas ações, nos comportamentos coletivos e individuais. Pode-se dizer, que, até mesmo cronologicamente, Jesus ultrapassa a história humana, porque a modifica incessantemente. Jesus deve ser entendido como um Espírito Superior que é a todos nós, com o objetivo de trazer-nos os ensinamentos de Deus que nos servirão como guia seguro nas nossas vidas. Em todos os aspectos. Jesus é um nome holístico, por assim dizer, porque penetra o homem em todas as suas facetas. E assim deve ser entendido – e sentido. Qualquer caracterização limitadora macula a figura de Jesus. (t)
<||Moderador||> [02] <_Stone_> Seriam os relatos sobre a vida de Jesus uma pura narração dos fatos, ou existirá um exagero nas descrições com a intenção de mitificar a figura do Cristo, transformando-o em um ser com poderes especiais, bem distantes da nossa realidade, impossibilitando a nossa busca de progresso, seguindo o seu exemplo? Como a Doutrina Espírita pode nos esclarecer acerca disto?
<Pedro_Vieira> Desde os tempos proféticos, o exagero era uma marca profunda no pensamento hebreu. Notoriamente os exageros juntamente com as figuras alegóricas transmitidas pelo próprio Jesus, aliados à ignorância trazem-nos fatos alguns que podem sim ter pontos além do que existiram. No entanto gostaríamos de convidar aos amigos a uma reflexão, colocando esses exageros sob dois aspectos:
- Sem eles os ensinamentos de Jesus não teriam passado ao longo dos séculos de tradição hebraica, romana e mesmo na idade média, porque o que moveu e move o homem é sempre o sobrenatural, o misterioso, o oculto. Dessa forma, enxergamos o exagero – e a alegoria – como uma forma proposital de fazer os ensinos chegarem às nossas mãos, posto que não totalmente límpidos.
- Eles não macularam a essência do ensinamento exatamente porque as modificações que sofreram durante os tempos foram, pelo próprio orgulho humano, superficiais, transitórias e não atingiram o âmago do ser, da questão. Sob esse aspecto é que o espírita deve saber diferenciar o exagero da realidade e retirar de Jesus o principal que veio nos trazer e que, de certa forma, está imaculado – o pensamento moral. (t)
<||Moderador||> [03] <Pedro_Coelho> Jesus pode ser considerado espírito puro ou apenas muito superior ao nosso estágio evolutivo?
<Pedro_Vieira> Nossa compreensão de “Espírito Puro” é bastante fora de nossas capacidades. Jesus é um Espírito muito superior ao Planeta Terra. Se atingiu o grau de pureza, tal informação nos é inacessível, porque não compreendemos nem a nós mesmos, quanto mais aos Espíritos de hierarquia superior à nossa. (t)
<||Moderador||> [04] <Acorda_Espirita> Seria o evangelho bíblico tão confiável a ponto de ter sido ditado e traduzido anos após para nos dar segurança que tudo ocorreu exatamente como está escrito, ou devemos entendê-lo de maneira alegórica, levando em conta os conceitos apenas morais?
<Pedro_Vieira> Pergunta respondida na questão de número 02. (t)
<||Moderador||> [05] <Pedro_Coelho> Jesus é a única referência segura para o aperfeiçoamento moral da Humanidade? Se afirmativo, como ficariam 2/3 da população mundial que não é cristã?
<Pedro_Vieira> Certamente não. Em regiões onde o pensamento crístico não teria acesso direto, como o oriente, enviados seus, mensageiros da Boa Nova, preparam há milênios o caminho da Compreensão Universal. Podemos considerar esses mensageiros como Budah, Krishna, Ghandi e tantos outros que não fizeram outra coisa a não trazer o ensinamento crístico sob formas adaptadas à compreensão e à cultura de onde falavam. Quanto à humanidade, Deus facultou a todos um guia seguro, que é a consciência. Esta independe de local, hora, pessoa, crença, raça ou qualquer outro fator, existe e lá encontramos sempre o caminho seguro do bem e do amor. A mensagem de Deus sempre nos chega pelo caminho da consciência. Ninguém está desamparado. (t)
<||Moderador||> [06] <|Espleendora_Feliz|> Porque ainda existem pessoas que acham Jesus um mito?
<Pedro_Vieira> Porque seu orgulho não lhes permite pensar de outra forma. (t)
<||Moderador||> [07] <Billykid> Qual a intenção da Igreja ao transformar Jesus em uma figura mitológica?
<Pedro_Vieira> Não podemos responder por instituições quaisquer que sejam. No entanto, historicamente, o interesse humano quase sempre foi o móvel das ações que se sucederam. Vejamos também o que foi dito na Introdução: o mito começou por conta da ignorância no próprio tempo de Jesus. Foi explorado posteriormente, com objetivos nem sempre nobres mas, mais uma vez, os ensinos não foram maculados, a despeito de toda esperteza humana que os cercou e de toda trama, os ensinos ficaram em casulos seguros e nos chegam hoje, se corretamente decodificados com lógica e sentimento, límpidos em sua essência – mesmo que não fiéis na forma. (t)
<||Moderador||> [08] <Milenium> Existem registros históricos comprovando a existência de Jesus?
<Pedro_Vieira> Sim. A concordância da narrativa dos diversos evangelistas, as concordâncias históricas dos costumes da época encontrados dando veracidade geográfica e histórica às narrativas evangélicas, entre outros. Recentemente foram feitos testes exaustivos com o Santo Sudário, havendo indícios muito claros de concordância com a crucificação de Jesus. A ciência pesquisa ainda a peça, nada havendo de definitivo. Além disso, encontramos no livro do Espírito Amélia Rodrigues, psicografia de Divaldo Pereira Franco, “Primícias do Reino”, o texto que se segue: “Entre os historiadores, podemos citar Tácito, nos Anais, 15:44, referindo-se ao inocência de Roma e à acusação assacada por Nero e seus famanazes contra os cristãos para livrarem-se da suspeita geral que lhes atribuía a responsabilidade do crime.”. No livro há citações textuais claras de Jesus do historiador, como: “(…) Nero conseguiu encontrar os responsáveis nos cristãos (…) Cristo, de quem tomam o nome, foi executado por Pôncio Pilatos durante o reinado de Tibério (…)”. A essas podemos somar as diversas citações dos Espíritos sobre Jesus, como Emmanuel, Amélia Rodrigues e outros. (t)
<||Moderador||> [09] <V78> Como estava a situação perispiritual de Jesus antes, durante e após sua passagem pela Terra?
<Pedro_Vieira> Lemos no livro “Dias Venturosos”, do Espírito Amélia Rodrigues, página 18, o seguinte: “Aquele labor se iniciara muito antes do momento em que tomava corpo. Fora preparado com antecedência incomum, e os planos haviam sido elaborados de forma que ocorressem no tempo próprio.” Informações maiores encontramos no Livro “A Gênese” de Allan Kardec, no capítulo XV, chamado “A Superioridade e a Natureza de Jesus”, item 2, onde se lê: “Como homem, tinha a organização dos seres carnais; mas como espírito puro, desligado da matéria, deveria viver a vida espiritual mais do que a vida corpórea, da qual não tinha as fraquezas. (…) A superioridade de Jesus sobre os homens não se prediz às particularidades de seu corpo, mas às de seu espírito, que dominava a matéria de maneira absoluta, e à de seu perispírito, haurida na parte mais quintessenciada dos fluidos terrestres (…)” A situação de Jesus, portanto, modificou-se durante a encarnação porque teve de haurir fluidos do próprio planeta para se ligar ao corpo físico, processo que, como vimos, iniciou-se com muita antecedência, mas que esses fluidos foram diferenciados, dada a sua natureza moral. Após a desencarnação, assumiu novamente sua natureza espiritual superior, de imediato, acompanhando o perispírito, naturalmente, a sua vibração. (t)
<||Moderador||> [10] <Billykid> As palavras bíblicas foram realmente ditas por Jesus?
<Pedro_Vieira> Se alguém foi capaz de inventar aquelas palavras, é digno de ser chamado O Cristo. O fundo moral das palavras certamente vieram de um espírito de incomparável superioridade, mas a sua forma muito se alterou até aqui, embora não a sua essência. “Ocorre que todo pensamento que se populariza, à medida que se expande das nascentes, sofre as injunções do percurso e dos condicionamentos ancestrais daqueles que o aceitam, gerando confusão. É semelhante ao que se sucede à água pura da fonte, correndo pelo solo lodoso que lhe serve de leito. (…) Prevendo essa ocorrência infeliz, Jesus prometeu o Consolador, que viria restaurar a sua palavra esquecida, dizer coisas novas e ficar para sempre com seus discípulos. (Jo, 14:16s)” (Amélia Rodrigues, livro “Trigo de Deus”, páginas 15/16 – “Notícias Históricas”) (t)
<||Moderador||> [11] <MBueno_Palestra> Pentecostes é, na minha opinião, uma sessão mediúnica, onde os apóstolos psicofonam. Entendo também que foi disto que Jesus falava quando disse (se disse): “Seus filhos profetizarão e farão milagres…” Você também entende isto assim?
<Pedro_Vieira> O fenômeno ocorrido em Pentecostes é denominado “Xenoglossia”. Trata-se de um fenômeno mediúnico telepático onde as pessoas, captando os pensamentos diretamente, compreendiam as colocações que se faziam por meio dos Apóstolos, cada uma em sua língua natal. Vide Atos dos Apóstolos, capítulo 2: “Desorientados e admirados, eles diziam: ‘Mas não são galileus todos esses que estão falando aí? Então como é que cada um de nós ouve falar em sua língua materna?’ (At, 2:7,8). Portanto, não é um fenômeno psicofônico, mas telepático. Vejamos a diferenciação: um fenômeno psicofônico age sobre o aparelho vocal do médium, e, dada a limitação do corpo humano, não seria possível que falassem em todas as línguas de maneira inteligível pela psicofonia. Parece que o fenômeno que aconteceu foi a transmissão do pensamento, que, então, alcançando os Espíritos, era como que “decodificado” por cada um a seu modo, portanto, um fenômeno telepático.
Quanto ao termo “sessão mediúnica”, deve ser utilizado com cuidado. Quanto à profecia de Jesus, referiu-se a Pentecostes e também – principalmente – aos médiuns que viriam muito depois, inclusive os que foram queimados na Idade Média. “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, capítulo XX, item 4: “Missão dos Espíritas”, lemos: “(…) As línguas de fogo estão sobre as vossas cabeças (…) Ide, homens simples e ignorantes, nossas línguas se soltarão, e falareis como nenhum orador fala.”. O Espírito Erasto nos fala da “profetização” pela mediunidade, com o Espiritismo. (t)
<||Moderador||> [12] <V78> O corpo físico de Jesus era realmente como o dos quadros e imagens que temos atualmente? Loiro, alto, olhos azuis, cabelos compridos? E sua fisiologia, era a de um corpo normal?
<Pedro_Vieira> Nos informa Allan Kardec que quanto à fisiologia, o corpo de Jesus era idêntico ao nosso. Ou seja, constituído de matéria física. Quanto à forma, há uma descrição do senador Públio Lêntulus – uma descrição de época – que fala de Jesus. Infelizmente não a encontro nos meus papéis. Mas diz que “Jesus era o homem mais bonito que já havia visto. Seguia os traços da mãe”. Descreve detalhadamente os cabelos castanhos, olhar penetrante, entre outros detalhes. Gostaria, no entanto, de ressaltar que tais detalhes, embora historicamente interessantes, são secundários na compreensão do Cristo em sua base fundamental – a moral. (t)
<||Moderador||> [13] <MATAHARI_> Será que não é exigir muito de nós mesmos, limitados que somos, adotar Jesus como paradigma em busca da evolução?
<Pedro_Vieira> Prefiro entender que Jesus sabe o que faz, e não nos daria um modelo que não pudéssemos seguir. (t)
<||Moderador||> [14] <Billykid> Jesus teve pontos contados em sua escala evolutiva ao encarnar aqui na Terra, mesmo sendo um espírito que não pertencia a este mundo, a nível de evolução?
<Pedro_Vieira> Embora nos seja impossível sondar os motivos de Jesus, dado o seu nível evolutivo, o conhecimento espírita nos garante que Deus nada faz sem motivo e sem proveito. Se Jesus foi enviado à Terra, certamente foi a solução mais sábia e melhor para todos, inclusive para ele próprio, que também está submetido à vontade de Deus. Como, no entanto, isso foi feito, não podemos saber. (t)
<||Moderador||> [15] <Milenium> Comparar Jesus a outros espíritos missionários, como Buda, e colocá-los em igualdade faz sentido, ou, como nos apontam os espíritos da codificação, teria sido Jesus o maior exemplo?
<Pedro_Vieira> Os Espíritos são categóricos em afirmar que Jesus é o maior exemplo, e assim acreditamos. No entanto, cabe ressaltar que Espíritos como Budah, por exemplo, foram necessários, a mando do Cristo, para que pudessem, penetrando numa cultura radicalmente diferente da cultura ocidental, levar a mensagem de paz e de concórdia, e, por assim dizer, preparar o terreno para a União Universal. São, portanto, enviados do Cristo a execução da paz no mundo. Gostaríamos de deixar uma recomendação bibliográfica que é extensa – e por isso não cabe aqui – sobre esse assunto específico. “Primícias do Reino”, pelo Espírito Amélia Rodrigues, psicografia de Divaldo Franco, páginas 27/28. (t)
<||Moderador||> [16] <|Espleendora_Feliz|> Como poderíamos interpretar a excessiva curiosidade que as pessoas tinham em ver Jesus, na sua época?
<Pedro_Vieira> Por que nas ruas, quando ocorre um acidente de trânsito em uma pista, a outra engarrafa? Por que as pessoas têm curiosidade de sempre ver o que é diferente? Com o Cristo foi igual. Muitos dos que o procuravam não o faziam por mais do que aqueles que olham para um acidente de trânsito do outro lado da pista o fazem. A curiosidade do diferente, do inusitado, a diversão pura e ingênua. Outros, porém, alguns, o procuravam por sua penetratividade inigualável nos corações, quando ele recorria a todos sem perguntar: “Quem és, de onde vens?”, simplesmente falando: “Que quereis de mim?”. Ocorre identicamente nos dias de hoje, em todos os instantes da vida. Muitos passaram pelo Cristo e simplesmente acenaram, outros os seguiram. Atração igual, motivos diferentes. (t)
<||Moderador||> [17] <|Espleendora_Feliz|> “Jesus procurava as companhia dos errados, para auxiliá-los na salvação.” (livro Primícias do Reino – Amélia Rodrigues) Pedro, poderia nos esclarecer essa passagem?
Embora sem a citação da fonte, o que traz-nos uma imprecisão de contexto, parece-nos que o Espírito Amélia Rodrigues quis se referir à passagem do próprio Jesus, relatada no Evangelho de Mateus que se segue: “E os fariseus, vendo isso, perguntavam aos discípulos: Por que come o vosso Mestre com publicanos e pecadores? Jesus, porém, ouvindo isso, respondeu: Não necessitam de médico os sãos, mas sim os enfermos. Ide, pois, e aprendei o que significa: Misericórdia quero, e não sacrifícios. Porque eu não vim chamar justos, mas pecadores.” (Mt, 9:12s). Acreditamos seja a figura utilizada pelo Mestre suficiente para esclarecer a colocação do Espírito. (t)
<||Moderador||> [18] <biru-biru> Jesus, o Cristo, fez em vida o que devemos nos fazer?
Jesus nos conhece intimamente. Nunca traria exemplos inexequíveis nem atitudes inatingíveis à nossa fragilidade. Uma análise mais demorada mostra-nos exatamente isto: as colocações feitas por Jesus são bem simples e diretas, e mais, sabemos que são possíveis. No entanto, escusando-nos em nossa imperfeição, optamos mais e mais uma vez por não seguí-las. Há uma canção religiosa dos meus tempos de criança que diz: “O que é preciso para ser feliz? (…) Amar como Jesus amou; sonhar como Jesus sonhou; viver como Jesus viveu. Sentir o que Jesus sentia; sorrir como Jesus sorria; e ao chegar ao fim do dia eu sei que dormiria muito mais feliz.”. Nessas pequenas atitudes do Mestre, na simplicidade de coração é que iremos encontrar as lições, que devemos seguir sim, sem demora, mas sem estardalhaço. (t)
<||Moderador||> [19] <|Espleendora_Feliz|> Qual era o sentido da palavra “salvação”, usada por Jesus?
“Salva-se” aquele que está perdido. Jesus utilizava a palavra “Salvação” (“Tua fé te salvou”), a palavra ‘Cura” (“Tua fé te curou”), e a palavra “Vida” (“Faze isso e viverás”) com o mesmo sentido, aquele da renovação dos caminhos da própria vida, do reencontro do Espírito consigo mesmo, na direção do “Reino dos Céus”. A respeito disso nos fala o Espírito Amélia Rodrigues no livro: “Dias Venturosos”, em todo o capítulo denominado “Reino dos Céus”, página 26, do qual tiramos algumas partes: “(…) O reino dos céus é o recanto calmo e silencioso do mundo interior onde repousam todas as ansiedades. Enquanto se está na Terra, os seus domínios se ampliam pela consciência em tranqüilidade, pelo dever retamente cumprido, e domina o coração com bem-estar, envolvendo todo o mundo íntimo em harmonia. Proporciona alegria de viver, confiança no futuro, equilíbrio de ação, e dá sentido à existência corporal. E mesmo quando advém a morte física do ser, ei-lo que se transfere para a Imortalidade”. Essas palavras são atribuídas a Jesus pelo Espírito autor do livro citado, em conversa com Pedro, apóstolo, sobre o Reino dos Céus. (t)
<||Moderador||> [20] <bico> Dizem que o maior calvário de Jesus não foi chegar ao Gólgota, e sim reduzir sua vibração perispiritual. Tem algum comentário a fazer?
Sabemos que, quanto mais elevado é o Espírito, tanto mais difícil é que se adapte a vibrações menos elevadas. Nos livros de André Luiz, com Espíritos de evolução mediana, vemos que já sentem certo inconveniente em visitas a regiões espirituais umbralinas. Certamente, com Jesus, ocorreu em grau bem maior. A “redução da vibração perispiritual” certamente teve que se dar para que pudessem as moléculas do corpo físico se unirem a seu perispírito sem serem por isso dilaceradas dada a diferença vibratória. Mas não acreditamos tenha sido um processo de “calvário” para o Cristo. Ao contrário, embora um processo mais demorado e difícil, fez parte de toda preparação a que se entregou quando da vinda à Terra. Quando falamos em um Espírito do grau evolutivo de Jesus, não podemos falar em “sofrimento”, mas em trabalho, porque sabe Ele já que tudo culmina em Deus, por isso não apresentando, a despeito de nós mesmos, angústia ou sofrimento com os processos naturais da vida e da evolução. (t)
<||Moderador||> [21] <aquario> Como entender a palavra Cristo?
Embora não possa dar-te um conhecimento preciso sobre a origem da palavra, somos informados que reside sua origem na crença do “Cordeiro de Deus” – uma imagem ao sacrifício de cordeiros feito pelo povo hebreu desde os tempos remotos – que viria para entregar sua vida pelo povo, e ser sacrificado por ele. Cristo seria, por isso, o “Cordeiro de Deus”, como que, após Jesus, pudéssemos e devêssemos oferecer a Deus nossa própria vida e atos ao invés de objetos materiais. Vide a resposta à pergunta 17: “(…) Ide, pois, e aprendei o que significa: Misericórdia quero, e não sacrifícios. (…)”. A mudança simbólica da “imolação do Cordeiro de Deus” é a mudança de nossos próprios atos perante a vida, desnudando-nos o ser perante a divindade sem medos ou ocultações exteriores, a despeito de nossas mazelas internas. Jesus é, portanto, o Cristo segundo essa analogia. Para analogia completa sobre a palavra “Cristo” seria necessário algum conhecedor mais preparado do que o amigo que te fala. (t)
Considerações Finais do Palestrante:
<Pedro_Vieira> “Por mais que renomados teólogos o tenham caracterizado, definido, limitado, cerceado e enquadrado, a verdade é que Ele – o Cristo Excelso, o Messias esperado – prossegue sobranceiro, socorrendo a pequenez humana, ultrapassando toda possível definição ou enquadramento que lhe queira dar. (…) Busquemos sem demora e sem temores. Jesus é e será, em qualquer tempo, a nossa mais expressiva segurança. Todas as definições que são atribuídas ao Messias estão muito distantes da sua sublimada realidade.” (Espírito Francisco de Paula Vítor, livro “Quem é o Cristo?”, psicografia de José Raul Teixeira)
Meus amigos, mesmo com o passar demorado dos anos, a resposta do Cristo permanece sempre atual. Ao egoísmo e ao orgulho modernos, respondeu e ainda responde com a lavagem dos pés; ao preconceito, com a mão estendida a todos os deserdados; à força da violência com ‘embainha a tua espada’; ao ódio com ‘amai os vossos inimigos’; à profanação do nome de Deus com ‘seja o teu dizer sim, sim, não, não’; à promessa exterior e aos cultos exagerados, ‘a César o que é de César, a Deus o que é de Deus’. Jesus prossegue ao longo do tempo balisando a evolução do planeta sem pressa, deixando sempre às nossas mãos as respostas dos mais angustiantes problemas, sempre atual.
“Naquele tempo, Jesus disse: ‘Eu te bendigo, Pai, Senhor do céu e da Terra, por teres ocultado estas coisas aos sábios e entendidos e as teres revelado aos pequeninos”. Vamos nos lembrar dessas palavras com humildade tendo em mente a figura sempre clara de Jesus.
Por promessa a resposta a uma pergunta, a descrição de Públio Lêntulos, em partes:
“Homem de justa estatura e é muito belo no aspecto, e há tanta majestade no rosto, que aqueles que o vêem são forçados a amá-lo ou temê-lo. Tem os cabelos da cor da amêndoa bem madura, são distendidos até as orelhas e das orelhas até as espáduas, são da cor da terra, porém mais reluzentes. (…) Tem no meio de sua fronte uma linha separando os cabelos, na forma em uso nos nazarenos, o seu rosto é cheio, o aspecto é muito sereno, nenhuma ruga ou mancha se vê em sua face, de uma cor moderada; o nariz e a boca são irrepreensíveis. (…) A barba é espessa, mas semelhante aos cabelos, não muito longa, mas separada pelo meio, seu olhar é muito afetuoso e grave; tem os olhos expressivos e claros, o que surpreende é que resplandecem no seu rosto, como os raios do sol, porém ninguém pode olhar fixo o seu semblante, porque quando resplende, apavora e quando ameniza, choca; faz-se amar e é alegre com gravidade. Diz-se que nunca ninguém o viu rir, mas, antes, chorar. Tem os braços e as mãos muito belas, na palestra, contenta muito, mas o faz raramente e quando dele se aproxima, verifica-se que é muito modesto na presença e na pessoa. É o mais belo homem que se possa imaginar, muito semelhante a sua mãe, a qual é de uma rara beleza, não se tendo, jamais, visto por estas partes uma mulher tão bela, porém, se a Majestade Tua, ó César, deseja vê-lo, como no aviso passado escreveste, dá-me ordens, que não faltarei de mandá-lo o mais depressa o possível. (…)” Assina o senador romando Públio Lêntulus.
Que Jesus possa nos abençoar em nossas dificuldades cotidianas na busca da simplicidade e da paz. (t)
Oração Final:
Je<Wania> Senhor Jesus, te agradecemos por mais esta oportunidade de podermos estudar e refletir sobre os conceitos doutrinários. Que a tua paz nos envolva, nos fortaleça , conduzindo-nos sempre ao teu encontro. Que os Espíritos amigos nos auxiliem nas tarefas abraçadas. E, que a tua misericórdia alcance a todos nós aqui presentes. Que seja assim, agora e sempre.