Palestra
Virtual
Promovida pelo IRC-Espiritismo
http://www.irc-espiritismo.org.br
Tema: Lei de Deus: Punição ou Educação?
Palestrante: Carlos
Roberto
Rio de Janeiro
14/07/2002
Organizadores da Palestra:
Moderador: “_Alves_” (nick: [Moderador])
“Médium digitador“: “Carlos Roberto” (nick: carlos_roberto)
Oração Inicial:
<Moderador_> Agradecendo a Deus e à Espiritualidade por mais esta
oportunidade. Elevemos os nossos pensamentos ao Mais Alto.
Pedindo a proteção e a inspiração de nosso Pai-Criador. Que os
Bons Espíritos nos envolvam nesta noite de aprendizado…
Dando ao nosso palestrante luz e paz. Para que as orientações que
venhamos a receber estejam repletas destas mesmas energias.
Que possamos nos colocar à disposição dos nossos mentores,
facilitando o nosso aprendizado. Seja conosco, Senhor, agora e
sempre. Que assim seja. (t)
Considerações Iniciais do Palestrante:
<carlos_roberto> Que a vida traga para todos, muitos motivos de
alegrias!
Peço a Deus que me inspire à humildade para que a mensagem se
sobreponha aos meus personalismos, diante de um assunto tão
importante.
André Luís nos diz que cada um vive no universo que lhe é próprio.
Existem pessoas que padecem sofrimentos indizíveis por temerem o
juízo final, por temerem o castigo Divino, por temerem o
sofrimento eterno. A lei divina é punitiva ou educativa?
Existe punição? Ou só existe na essência processos educativos, e
nós é que nos sentimos punidos, quando temos a consciência imersa
em culpa?
Esta é a nossa proposta: o debate em torno destas questões.
O espírita tem a benção do esclarecimento, e nos cabe dividir isto
com nossos irmãos em humanidade que estejam em busca de um
alimento espiritual melhor. Agradecendo a oportunidade de aqui
estar, nos colocamos com carinho à disposição dos amigos. (t)
Perguntas/Respostas:
<[moderador]> [1] – <_Alves_> Deus castiga ou educa?
<carlos_roberto> Se procuramos um sapateiro e a ele entregamos
nossos calçados para que ele os conserte, naturalmente ele
impregnará seu trabalho com suas características, com sua
personalidade. Assim, o desleixado produzirá um trabalho
diferenciado do que trabalho com efêmero, atenção.
Tudo na obra Divina reflete o teor vibratório do Criador.
Deus seria incoerente se castigasse os seres aos quais dotou da
capacidade de escolher seus caminhos, ao mesmo tempo em que os fez
chegar a condição de espíritos, sendo simples e ignorantes. Como
poderia Deus cobrar decisões corretas dos menos experientes, se
conduzir-nos a conquistar nossas próprias experiências, foi
decisão dele?
A punição Divina é incompatível com o Amor Infinito que
caracteriza Deus. A punição existe como realidade nas telas
mentais dos que se sentem culpados, sendo ou não. O processo da
vida é completamente educativo. (t)
<[moderador]> [2] – <_Alves_> Por que é tão difícil de aceitarmos
que o que Deus quer é apenas que cresçamos? Por que anda vemos
tudo como se fosse castigo divino?
<carlos_roberto> O fato histórico sempre precisa ser considerado
em nossas análises. Sem ele, podemos perder o foco correto da
questão. No início do nosso desenvolvimento como ser humano
vivíamos absolutamente desligados da relação de causa e efeito.
Ignorantes que éramos, mais do que hoje, quando começamos a
perceber, ainda que de forma muito superficial, que dos nossos
atos derivavam conseqüências, foi natural que viesse em nós o
sentimento de culpa, de castigo. Estando a Lei de Deus impressa em
nossa consciência, ela sempre nos alerta se os caminhos que
estamos para escolher, ou que já escolhemos, se estão certos ou
errados.
Por outro lado, milênios de crença em um Deus punitivo, não são
tão facilmente desligados. Mas, o futuro certamente vai nos
colocar mentalmente sintonizados com a obra Divina como ela é,
totalmente voltada para o nosso crescimento, a nossa educação como
espíritos. (t)
<[moderador]> [3] – <cfeitosa> Ainda hoje o conceito de castigo de
Deus é muito forte, mesmo no meio espírita. Como o espírito pode
se libertar desse dogma?
<carlos_roberto> A compreensão de como Deus vê seus filhos, nós, é
o caminho. Muitos de nós ainda não conseguem compreender questões
simples, mas, outros quando submetidos a certos questionamentos,
já conseguem avançar no entendimento deste Deus, que somente
educa. Citemos dois exemplos de questões.
É compatível com a perfeição, a bondade infinita atribuída a Deus
pelas religiões, com a crença de que os que erraram muito,
ficariam sofrendo eternamente no inferno, sem que Deus provesse
qualquer meio de ajuda-los a modificar o estado de sofrimento a
que se teriam atirado?
Jesus veio para nos orientar, mas como ficam aqueles que, dentro
da crença de que vivemos uma única vez, nasceram antes de Jesus?
Estão eles submetidos à mesma lei?
Iriam para o inferno ou para o céu igualmente aos que nasceram na
época de Jesus ou após ele?
Ora, se a lei é a mesma para todos, AC e DC, então Deus nos
privilegiou, pois nós temos Jesus e os AC não. É compatível com a
perfeição de Deus esta preferência por uns em detrimento de
outros?
Ora, se a lei não é a mesma para todos, como por exemplo, no caso
de estarem direcionados para a felicidade eterna – o céu -, todos
aqueles que nasceram Antes do Cristo, então chegamos a um absurdo:
Como eu conheci Jesus, e estou sujeito a ir para o inferno, se
errar, melhor seria que eu não o tivesse conhecido, e assim teria
o céu garantido. Realmente, o bom-senso, a razão, a lógica, nos
diz que Deus nos concedeu a todos, igualdade de capacidade de
crescimento, e que todos temos o nosso tempo para crescer. Deus
nos aguarda. Sempre. (t)
<[moderador]> [4] – <Hermes-RS> Como educação, poderíamos dizer
que Jesus fazendo Lázaro voltar ao corpo físico estaria de acordo
com a Lei, não é?
<carlos_roberto> Jesus não poderia agir fora da lei mesmo que
desejasse! Se algo pode ser feito, a lei já prevê isto.
Quando Lázaro voltou ao comando pleno do corpo orgânico, fê-lo
atendendo as possibilidades das leis naturais. Esta questão nos
lembra a Doutrina Espírita nos dizendo que os instantes finais de
uma pessoa – como encarnada – pode servir para despertá-las para
as realidades espirituais, daí ser enormemente prejudicial à
eutanásia por retirar do espírito uma preciosa chance de
aprendizado. Quando alguém em coma, volta à vida material para a
continuidade da mesma, muitas vezes volta renovado. O Dr. Raymond
Moody, a Dra. Elizabeth Kubler Ross, e outros, constataram que
muitas das pessoas que viveram a EQM – Experiência de Quase Morte
-, voltaram para a vida, dispostos a mudar seus destinos, a
modificar seus comportamentos. (t)
<[moderador]> [5] – <_Alves> Então o que faz parecer sofrimento é
na verdade a nossa preguiça? Não existe sofrimento, só
aprendizado?
<carlos_roberto> O sofrimento – não estou falando da questão
física – é todo mental. Vamos exemplificar. Três pessoas são
traídas pelos seus cônjuges. Uma manda matar o traidor, outra
abandona o parceiro e diz para todo mundo o que ele fez e com quem
fez, e a terceira propõe a continuidade da relação, desde que tal
fato não se repita.
Ora, o que é diferente nestes exemplos: as pessoas ou os fatos? A
análise nos mostra que a diferença está nas pessoas.
O sofrimento é uma questão de postura do espírito. Diante da perda
da oportunidade de comprar calças jeans em uma liquidação, por
exemplo, porque se chegou atrasado, uns se desesperam, outros
sorriem. A preguiça é um dos motivadores do sofrimento. Sim,
existe o sofrimento. Em nós. A Lei não está nos punindo. Nós nos
sentimos punidos pela Lei. O posicionamento de punição é nosso,
não dela. Tudo é e visa o aprendizado. (t)
<[moderador]> [6] – <jaja> Quando vemos pessoas passando por
grandes provas física, com deficiências graves em seus corpos, e
vemos o seu sofrimento, não poderíamos entender que para ela a
vida é como um castigo de Deus?
<carlos_roberto> Sem dúvida. Ela se vê punida por Deus. Mas, é o
posicionamento mental dela, é a realidade que ela está vivendo. É
a realidade menor. Com o tempo, ela verá que o encontro com as
responsabilidades das conseqüências dos nossos atos obedece mesmo
e tão somente as nossas necessidades de aprendermos a reformar os
caminhos de desequilíbrio que ainda trilhamos. (t)
<[moderador]> [7] – <Hermes-RS> Quando o digníssimo palestrante
falava em AC e DC, na pergunta 04, vale a dúvida em pensar que
antes do Mestre Jesus Deus, nosso Pai, teria enviado outros
representantes de Sua Lei e não foram compreendidos e, de certa
forma, eliminados?
<carlos_roberto> Correto. Jesus é o maior dos nossos mestres. Mas,
outros existiram antes e depois dele, que foram incompreendidos.
(t)
<[moderador]> [8] – <cfeitosa> O certo é a pessoa dizer: eu passo
por uma expiação, ou eu sofro uma expiação?
<carlos_roberto> Antes da correção, da adequação do termo – passo
ou sofro -, preferimos analisar o posicionamento mental, o
enfoque, o ponto de vista de quem fala.
Podemos ter estas frases ditas: com revolta, com vergonha, com o
sentido do autodescobrimento. Dizermos que a pessoa está certa ou
errada por dizer deste ou daquele modo, talvez seja desrespeitar
que cada uma fala conforme compreende a vida. Como pedir
resignação ao que ainda está profundamente envolvido com a
revolta? (t)
<[moderador]> [9] – <_Alves_> Como o aluno que gosta de estudar vê
a lição com bons olhos e o que não gosta vê as mesmas lições com
sofrimento, assim também nós?
<carlos_roberto> Sim. É isso.
Muitos espíritas quando estão se aprontando para ir para as
reuniões no Centro Espírita, ouvem dos familiares e dos amigos,
que ele é fanático, porque não pode deixar de ir ao Centro naquela
manhã, tarde ou noite, para ir beber uma cerveja.
Este é um dos aspectos mais interessantes da convivência humana: o
ponto de vista. Evoluir também tem seu degrau no trabalho de
compreendermos o semelhante. Precisamos aprender a ver com os
olhos dos outros, deixando de lado o concordar – julgar -, para
visualizarmos o ponto de vista do mesmo, o que nos facultará
compreendê-lo e nos tornará mais apto a ajudá-lo. (t)
<[moderador]> [10] – <cfeitosa> A minha pergunta, amigo CRoberto,
não foi no sentido crítico, mas buscando uma reflexão, na medida
que nos autodescobrimos filhos e herdeiros de um Pai soberanamente
bom e justo. Você enfocou muito bem. Quantos ainda caminham presos
à culpa e à revolta.
<carlos_roberto> Filhos e herdeiros de um Pai soberanamente bom e
justo, é uma expressão feliz, que me lembrou uma bastante atual:
“Não sou dono do mundo, mas sou filho do dono”.
A culpa deve ter seu lugar devido, apenas como o momento feliz em
que o espírito reconhece que deve agir diferente de como estava
agindo. É um sinal positivo, se não entravar a caminhada do
espírito. (t)
<[moderador]> [11] – <cfeitosa> As leis humanas se modificam em
função da evolução de cada povo. O mesmo ocorre com as Leis de
Deus?
<carlos_roberto> As Leis de Deus são imutáveis porque perfeitas.
Elas nos são apresentadas sob vestimentas diferentes, não porque
elas evoluam, mas porque evolui a nossa forma de compreendê-las.
Daí Jesus ter dito que nos falava por parábolas porque não
podíamos compreender coisa melhor, e que dia haveria que enviaria
o espírito consolador que restabeleceria todas as coisas que ele
havia dito.
Mesmo, ele, o Mestre Divino, se viu limitado pela nossa
incompreensão. Se mais nos fornece de alimento espiritual com o
passar do tempo, não é que não sabia ou não podia tê-lo feito
deste o princípio. É que não devia em respeito a nossa grande
incapacidade ainda de compreender coisas mais profundas, consoante
com o ensino de Paulo, que diz que às crianças se dá leite. (t)
<[moderador]> [12] – <Hermes-RS> Sabendo que em vários Evangelhos
estão contidas instruções de Jesus como parte da Lei Divina, no
tocante à reencarnação, por que ainda a relutância entre vários
seguimentos em não aceitá-la?
<carlos_roberto> Para muitas pessoas existem mesmo uma limitação
nos vôos mentais que elas podem fazer. Por vezes nos esquecemos
que época houve que nós também não compreendíamos estas coisas.
Mas, a que se considerar também, que para outros, admitir a
reencarnação, implicaria em modificação de sua conduta diante da
vida, com sacrifícios e perdas, que nem todos estão dispostos a
fazer. Exemplificando. Um dirigente de uma religião não
reencarnacionista que comece a compreender a profunda justiça da
conceituação reencarnatória, terá que ter muita grandeza para
abandonar a posição material que se encontra, para assumir a
reencarnação como verdade. (t)
Considerações finais do palestrante:
<carlos_roberto> Na Primeira Epístola de Pedro, capítulo 4,
versículo 8, encontramos:
“Mas, sobretudo, tende ardente caridade uns para com os outros;
porque a caridade cobrirá a multidão de pecados”.
Algumas versões bíblicas falam em amor, mas o sentido final é o
mesmo.
Independente de nosso entendimento quanto à educação ou punição
das leis divinas, é importante que saibamos, sintamos,
vivenciamos, que a Bondade Divina nunca nos desampara, nunca nos
volta às costas. Deus está sempre aguardando.
Não importa o tamanho do erro. Tem solução. Não importa o tamanho
da culpa, do remorso. Vamos ter a oportunidade de rever os nossos
passos e nos equilibramos perante a lei e à consciência.
A Lei Divina visa a nossa educação, visa o nosso crescimento, visa
o nosso bem. Obrigado Pai de Infinito Amor pela beleza de Suas
Leis. (t)
Oração Final:
<jaja> Senhor Jesus, nós te agradecemos, querido mestre, por mais
esta oportunidade de estudo de Tuas Leis, à luz da doutrina
espírita.
Que possamos, cada vez mais, entender as dores e os sofrimentos de
nossos irmãos, mas que, acima de tudo, possamos lhes oferecer
alívio, conforto e carinho.
Que a tua luz, que a tua paz, atinjam nosso companheiro Carlos
Roberto, que esteve responsável pela condução do estudo desta
noite.
Que ele possa ser sempre abençoado por ti, de modo a que possa,
com sua palavra, atender às necessidades de crescimento espiritual
de muitos.
E que em Teu nome, Senhor, em nome de Deus e dos Espíritos
responsáveis por esta tarefa, possamos dá-la por encerrada.
Que assim seja! (t)