O mandamento maior
Fazermos aos outros o que queiramos que os outros nos façam
parábola dos credores e dos devedores
“O Evangelho Segundo o Espiritismo – Capítulo XI, itens 1 a 4”
Estudo Espírita
Promovido pelo IRC-Espiritismo
http://www.irc-espiritismo.org.br
Centro Espírita Léon Denis
http://www.celd.org.br
Expositora: Vera Oliveira
Rio de Janeiro
31/07/2002
Dirigente do Estudo:
Márcio Alves
Mensagem Introdutória:
PSICOLOGIA DA CARIDADE
“Fazei aos homens tudo o que queirais que eles vos façam, pois é nisto que consistem a lei e os profetas.” – Jesus – Mateus, VII:12.
“Amar ao próximo como a si mesmo, fazer pelos outros o que quereríamos que os outros fizessem por nós”, é a expressão mais completa da caridade porque resume todos os deveres do homem para com o próximo.” – Cap. XI:4.
Provavelmente, não existe em nenhum tópico da literatura mundial figura mais expressiva que a do samaritano generoso, apresentada por Jesus para definir a psicologia da caridade.
Esbarrando com a vítima de malfeitores anônimos, semimorta na estrada, passaram dois religiosos, pessoas das mais indicadas para o trato da beneficência, mas seguiram de largo, receando complicações.
Entretanto, o samaritano que viajava, vê o infeliz e sente-se tocado de compaixão.
Não sabe quem é. Ignora-lhe a procedência.
Não se restringe, porém, à emotividade.
Pára e atende.
Balsamiza-lhe as feridas que sangram, coloca-o sobre o cavalo e condu-lo à uma hospedaria, sem os cálculos que o comodismo costuma traçar em nome da prudência.
Não se limita, no entanto, a despejar o necessitado em porta alheia. Entra com ele na vivenda e dispensa-lhe cuidados especiais.
No dia imediato, ao partir, não se mostra indiferente. Paga-lhe as contas, abona-o qual se lhe fora um familiar e compromete-se a resgatar-lhe os compromissos posteriores, sem exigir-lhe o menor sinal de identidade e sem fixar-lhe tributos de gratidão.
Ao despedir-se, não prende o beneficiado em nenhuma recomendação e, no abrigo de que se afasta, não estadeia demagogia de palavras ou atitudes, para atrair influência pessoal.
No exercício do bem, ofereceu o coração e as mãos, o tempo e o trabalho, o dinheiro e a responsabilidade. Deu de si o que poderia por si, sem nada pedir ou perguntar.
Sentiu e agiu, auxiliou e passou.
Sempre que interessados em aprender a praticar a misericórdia e a caridade, rememoremos o ensinamento do Cristo e façamos nós o mesmo.
Emmanuel
Do Livro: Livro da Esperança
Psicografia: Francisco Cândido Xavier
Editora: CEC
Oração inicial:
<Moderador_> Senhor Jesus, aqui estamos, mestre querido, reunidos em Teu nome, buscando o aprendizado de Tua doutrina de luz. Que os amigos espirituais, com quem buscamos nos sintonizar neste momento, possam nos auxiliar o entendimento da lição a ser estudada na noite de hoje, que, sem dúvida, tem muito a nos acrescentar. Abençoe nossa companheira Vera, que fará uso da palavra nesta noite. Que ela possa ser intuída e amparada em seu estudo. Que em Teu nome, mestre querido, em nome da espiritualidade amiga que nos acompanha e sobretudo em nome de Deus possamos dar por iniciado o estudo da noite de hoje.
Que assim seja!
Exposição:
<Vera_Oliveira> Que sejam as nossas primeiras palavras uma rogativa à Deus para que Ele nos auxilie ao estudo da noite.
Certamente que o tema “Amar ao próximo como a si mesmo” é muito profundo para a nossa compreensão e a nossa forma de sentir, pois se assim não fosse, já há 2000 anos que esta mensagem está gravada em nossas almas e ainda exige de nós muito esforço para senti-la e, conseqüentemente praticá-la. Vamos nos deter mais especificamente no segundo mandamento que é semelhante ao primeiro: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”.
Observemos, queridos companheiros, que o próprio Mestre através de Suas palavras nos coloca uma medida.
Qual é a medida? A ti mesmo!
Vamos então parar e meditar sobre esta medida.
No item III, Ele nos trás a história do homem que devia dez mil talentos e foi perdoado. Logo a seguir, encontrou-se com um companheiro que lhe devia muito menos, entretanto, não conseguiu perdoar.
Buscando trazer para o nosso dia a dia estes comportamentos, certamente veremos que não estão tão distantes de nós. Analisemos em nós mesmos, já que somos a medida.
Quais são as nossas maiores dificuldades no relacionamento com o próximo? Certamente o mau humor e a grosseria com que muitas vezes tratamos o semelhante, porém, damos como desculpa o cansaço, a cabeça cheia de problemas. Não estaria, neste comportamento tão simples, um convite para exercitarmos com o outro o que gostaríamos que fizessem conosco?
Kardec, no item IV, nos diz que devemos ter indulgência e benevolência para com o semelhante. Quando analisamos esta observação , nos lembramos da necessidade que temos de ser mais fraternos uns com os outros. Ele chega mesmo a dizer que isto é uma regra de comportamento, e então, voltando a questão do mau humor, nos lembramos: Não seria uma regra de comportamento evitarmos esses obstáculos nas nossas relações, obstáculos esses que dificultam o nosso entrosamento?
Não gostamos que falem de qualquer maneira conosco, e por que não observamos que muitas vezes tratamos os outros com grosseria?
Os companheiros devem estar pensando: Mas, por que um comportamento tão simples, dentro de um tema tão complexo? E nós diríamos: seria uma forma de começarmos colocar esta regra em nosso comportamento.
Santo Agostinho, na questão 919-a do Livro dos Espíritos, nos diz que a reencarnação na qual ele mais progrediu foi quando adotou por comportamento perguntar todas as noite à sua consciência, se tivera feito alguma coisa ao outro que não fosse boa, ou se deixara de fazer algo de bom, ou ainda se tinha alguma queixa dele naquele dia. Remontava assim o seu dia, através das suas atitudes e se programava para não cometer no outro dia, os mesmo erros do dia anterior.
Ele afirma ser esta a maneira mais eficaz e mais eficiente para a auto-transformação.
Será que nós estaríamos dispostos a copiar essa regra de auto transformação de Santo Agostinho?
Não estaria faltando algo, ou melhor, uma metodologia criada por nós mesmos para nos impor um exercício de renovação, de esclarecimento mental, de ampliação de nossos sentimentos e de equilíbrio das nossas emoções?
Somos filhos de Deus, portanto, herdeiros de um Ser Supremo , que espera amadureçamos todo o nosso potencial para finalmente alcançarmos a felicidade que nos espera.
Mas, com certeza, sem aprendermos o grande desafio do relacionamento mútuo, ficará muito difícil para nós.
Como conhecer o sentimento fraterno e solidário, se não nos predispormos a dar o melhor de nós mesmos?
Dentro de tudo aquilo que fazemos e dentro da nossa convivência, cada criatura é uma individualidade que nos compete conhecer as suas características para que possamos aprender a lidar, a conviver e a amar. Cada criatura nos trás uma grande oportunidade de renovação.
Quantas vezes já ouvimos alguém dizer: Meu Deus, eu não sabia que o fulano era capaz de fazer isso ou aquilo… E realmente está certo, porque essa relação era uma relação
superficial, não havia um conhecimento mais profundo.
Costumamos conquistar amizades, mas não sabemos mantê-las. Joanna de Ângelis nos diz que assim agimos, justamente porque nos faltam os recursos para a cada dia doarmos algo de nós naquela relação. E, muitas vezes, dizemos assim: Eu não tenho mais como continuar com essa relação! E deveríamos estar dizendo: preciso me melhorar, preciso dilatar os meus sentimentos e os meus conhecimentos para voltar.
Nos lembra Kardec, no Capítulo XIII de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”: caridade material sem a caridade moral é deficiente, mas já é um começo.
Kardec nos esclarece melhor a questão da benevolência. Ele nos convoca a tratar os homens da mesma maneira que queremos que os homens nos tratem.
Quando buscamos uma informação no dia a dia, gostamos que alguém nos informe com carinho e com atenção, gostamos que as pessoas compreendam as nossas dificuldades enfim gostamos de ser tratados com toda a educação.
Quando Jesus nos fala que o Reino dos Céus é comparável a um rei que quis tomar contas aos seus servos, nos detemos em uma outra parte que nos chama bastante atenção. “…Quando o servo lança-se aos pés do seu senhor e lhe suplica: Senhor, tenha um pouco de paciência e eu lhe pagarei tudo! As mesmas palavras que ele usou, tenha um pouco de paciência, logo ao sair, um seu irmão também lhe pediu, mas ele não quis escutá-lo e fez que o prendessem até que lhe pagasse o que lhe devia. Então o senhor chamou este servo e disse: servo mau, eu te perdoei tudo o que me devia, porque me implorastes, portanto tu também devias ter piedade de teu companheiro, como eu tive de ti. E finaliza dizendo: é assim que meu pai que está nos céus vos tratará se cada um de vós não perdoar do fundo do coração as faltas que seu irmão tiver cometido contra vós.
Buscando refletir um pouco mais na questão dos relacionamentos, quando eles muitas vezes chegam ao final por não terem mais as pessoas o que se dizerem, Jesus é muito claro, nos mostrando a necessidade de avaliar as nossas emoções, de avaliar as nossas intenções, e, se na maioria das vezes, fomos sinceros conosco mesmos.
O que nos falta é a vontade de prosseguir no esforço de cada instante.
Talvez, neste momento, alguns dos companheiros que nos assistem podem pensar: mas existe uma relação que eu não consigo mais levar adiante, porque posso até me comprometer muito mais, e nós dizemos: prossiga em silêncio, orando, abençoando, entregando esse companheiro que você não sabe mais lidar e, pedindo ao Pai que ilumine mais a sua alma, a sua mente para resgatar essa amizade, essa relação.
Na simplicidade do cotidiano, momento a momento o convite para a nossa melhoria. Vale a pena tentar. Pouco a pouco conseguiremos.
Deus abençoe aos nossos corações.
Oração Final:
<Moderador_> Jesus, mestre amigo, nós Te agradecemos pelos momentos de estudo e aproveitamento que tivemos nesta noite.
Ajuda-nos, mestre, a combater nossas imperfeições e a nos aproximarmos, cada vez mais, de um comportamento mais cristianizado. Que os amigos da espiritualidade nos abençoem e nos protejam em nossa caminhada terrena.
Que assim seja! Graças a Deus!