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Obsessão: doença moral

Obsessão: doença moral

Esta palestra deverá levar o ouvinte a refletir sobre a influência persistente de um Espíritos mau sobre outro ser, que foi qualificada por Allan Kardec como sendo uma obsessão.

*O endemoninhado Gadareno ( Marcos, V; 1 a 20 )

Para iniciar, e envolver o sentimento do público, conte a passagem do “endemoninhado Gadareno”, cuja referência está citada acima. Jesus, conta-nos o Evangelho, curou a obsessão deste homem. Nesta cura, podemos tirar uma série de lições sobre o domínio dos maus Espíritos, e que este domínio pode ser proveniente de mais de uma entidade; a influência moral que se deve possuir para afastá-los e como estas entidades sentem esta supremacia; os baixos fluidos que muitas destas entidades possuem.
Não se aprofunde nestas situações. Apenas conte a história com emoção, pois será a introdução ao tema. No decorrer da palestra, você mesclará o que há nos acontecimentos da passagem com a explicação à luz da Doutrina Espírita, fazendo com que o ouvinte compreenda por que Jesus agiu com os Espíritos de tal maneira.
Após a narrativa, comente que o mundo material e espiritual interagem-se constantemente. Que todos temos uma “janela” aberta para o mundo invisível, descrita pelo Espiritismo como “mediunidade”. É através dela que as boas e más influência chegam até nós. Que vai depender da nossa conduta moral diária a atração do tipo de influência que receberemos.

“459 – Os Espíritos influem em nossos pensamentos e atos?
R.: Muito mais do que imaginais. Influem a tal ponto, que quase sempre são eles que vos dirigem” (O Livro dos Espíritos).

Explique ao público esta questão de O Livro dos Espíritos. Mostre que, ao contrário do que se imagina, a influência dos Espíritos nos nossos pensamentos é constante. Porém, que isto não é motivo para nos preocuparmos. É importante destacar isso, porque muitos dos que estão na casa espírita têm verdadeiro pavor de imaginar-se constantemente influenciado. Outros, por serem impressionáveis, podem até achar que estão em obsessão durante toda a vida. Quando falamos com o público heterogêneo, que às vezes nem sabe direito o que é a Doutrina Espírita, corremos o risco de prejudicar o psiquismo alheio. Por isso, todo cuidado é pouco quando discorremos sobre mediunidade e obsessão. Mostre que embora haja esta interferência espiritual, todo ser tem seu livre-arbítrio. Isso significa que podemos até ser molestados ou aconselhados, mas dependerá de nossa vontade agirmos ou não.

*Influência normal

Agora, mostre ao ouvinte que devido à pergunta 459 citada e explicada, todos nós temos boas e más influências diárias. Elas servem para colocar-nos em prova com relação aos nossos conhecimentos e práticas morais, intelectuais e materiais. Passar um ou outro dia angustiado, triste e preocupado não significa que se está sob o domínio da obsessão. Esta diferença de humor pode estar ligada a uma série de outros fatores externos ou do íntimo do ser. Pode até haver uma má influência passageira. Isso pode ocorrer porque vivemos em um mundo atrasado, onde predomina a ignorância. O resultado é a presença ao nosso lado de mais Espíritos ignorantes do que esclarecidos, que podem nos sugerir alguma má idéia ou transmitir-nos um pouco de seu fluido “pesado”. Mas isso pode acabar rapidamente.
Porém, quando a influência persiste, é que há a obsessão. Então, vá para a etapa seguinte da palestra.

“A obsessão é a ação persistente que um mau Espírito causa sobre um indivíduo” (Allan Kardec em “O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap.28, item 81).

Allan Kardec define a obsessão como a “ação persistente” do “mau Espírito” sobre outro ser. Diga ao assistente que a obsessão, portanto, sempre é causada por um Espírito mau ou ignorante. Qualquer ação espiritual persistente, que faça do obsedado um prisioneiro de seus atos, nunca será provinda de um Espírito esclarecido. Nessa hora, você poderá citar o que ocorre em alguns terreiros de Umbanda, Candomblé e afins, onde a pessoa é obrigada a ficar no local, servindo sempre seu “guia”. Este guia se diz um Espírito esclarecido, mas não é, pois cerceia o livre-arbítrio do próximo com ameaças dignas de um mau Espírito.

Pode ocorrer de:

  • desencarnado para encarnado
  • encarnado para desencarnado
  • encarnado para encarnado

Explique como pode agir o obcessor sobre o obsedado. Que a obsessão pode partir do invisível para o material ou vice-versa. Que pode inclusive haver a obsessão entre encarnados. Isso porque o encarnado nada mais é do que um Espírito vivendo no mundo material, e seu pensamento pode influenciar de forma perniciosa alguém que odeia ou ama de maneira desequilibrada, esteja este alguém no mundo material ou espiritual.
Mostre que tudo dependerá da sintonia de pensamentos. Se não há sintonia (interesses em comum, em alguma intensidade), não há obsessão, pois haverá uma barreira intransponível para o obcessor.

Fases:

  • Obsessão
  • Subjugação
  • Fascinação

O público deve entender que como em uma doença material – em que a enfermidade tem várias fases, umas mais simples, outras mais complicadas -, na obsessão ocorre o mesmo, pois trata-se de uma doença moral. Há a obsessão mais superficial, onde a influência espiritual é persistente, porém não há um envolvimento fluídico mais profundo entre os envolvidos; como também há a possibilidade de uma alteração tão constrangedora que paralisa a vontade física, e às vezes moral, da vítima, jogando-a muitas vezes ao chão, caracterizando a subjugação. Porém, o assistente deve conhecer que a pior das obsessões é a fascinação, como alerta Allan Kardec. Nela, o obsedado, ao contrário da obsessão simples e da subjugação, onde ele percebe que está necessitando de ajuda devido ao problema espiritual, na fascinação a vítima acredita estar muito bem. Vive uma ilusão criada pelo obcessor, perdendo o bom senso e acreditando que todos ao seu redor são os errados. Passa a ser guiado como um cego pelo Espíritos e pode realizar atos absurdos. Isso dificulta qualquer tipo de ajuda.
Após estas explicações, mostre ao público que apesar de todas estas dificuldades, há como nos libertarmos da influência maléfica dos Espíritos. Então, leia a questão 467 de O Livro dos Espíritos.

“467 – Podemos nos libertar da influência dos Espíritos que nos solicitam para o mal?
R.: Sim, porque eles só se ligam às pessoas que os solicitam por seus desejos e os atraem por seus pensamentos” (O Livro dos Espíritos).

Novamente entre na questão da sintonia. Lembre ao assistente que toda a obsessão só se instala se o obsedado tiver os mesmos interesses morais ou materiais do obcessor, mesmo que forem menor intensidade. Isso não significa que precisaremos ser santos para nos livrarmos da obsessão. O que precisamos é estarmos nos esforçando para dominar as más tendências, alerta-nos Kardec e Jesus. Os “desejos” citados pelos Espíritos na questão são aqueles que, embora aparentemente demonstremos não os possuir, em nosso íntimo nos satisfazemos com eles. Então, o Espírito mau percebe-os em nosso pensamento, e é a abertura que precisam para nos influenciar. Porém, se estivermos convictos de tentar nos modificarmos, o Espírito também perceberá isso. Tentará nos influenciar, tentando-nos, mas terá maiores dificuldades.

* Causas das Obsessões: Cármica, Moral, Contaminações, Trabalhos Feitos

Várias podem ser as causas das obsessões. Explique que podem ser decorrentes de encarnações pretéritas (que podem ser chamadas de cármicas). Neste caso, lembre ao assistente que todos vivemos muitas vidas, e podemos termos feito algo errado a alguém, que talvez não nos tenha perdoado. E que essa mágoa pode levar o ser a tentar vingança, estando ele ainda no plano espiritual, e nós, em uma nova encarnação.
Também as causas morais levam à obsessão. Destaque que causa moral não significa que o obsedado é imoral, no sentido como se entende normalmente. Mas sim, que como já foi dito, todos temos falhas morais (orgulho, egoísmo, sensualidade exagerada, avareza, cobiça, nervosismo, impaciência), e estas brechas na conduta pode atrair Espíritos dispostos a atrapalhar a vida alheia.
Em muitos casos, a obsessão pode ser conseqüência de uma contaminação fluídica, devido à freqüência do ser em algum lugar onde há uma presença constante de entidades atrasadas, mais ligadas à matéria do que ao Espírito (boates de shows eróticos, bordéis e afins) ou mesmo em templos que se dizem religiosos, mas a mentalidade dos que os dirigem e lá trabalham é apenas voltada ao interesse financeiro, ao engano dos de boa fé, desprezando a prática cristã. Há Espíritos nestes ambientes que podem se ligar ao freqüentador, tentando-o a continuar sua ida naquele local, para que possa cair sob seus domínios.
Há também a obsessão causada por entidades ligadas a trabalhos feitos (macumbas). Ao contrário do que se pensa, isso é muito comum, pois o número de terreiros ligados à baixa magia são muito maiores do que o número de centros espíritas, por exemplo. Kardec lembra que há a possibilidade de se “contratar” um Espírito mau para atormentar outra pessoa (citar a questão 549, de O Livro dos Espíritos, sobre “Pactos”).

Tratamento das Obsessões:

  • Passes
  • Água Fluidificada
  • Leitura de bom nível
  • Evocação do obcessor
  • PALESTRAS E PRECES

Os centros espíritas precisam fazer o tratamento das obsessões, como orienta Allan Kardec. É importante que saibamos e demonstremos ao público que também esta doença moral precisa de cuidados de especialistas (médiuns e dirigentes preparados), assim como acontece com a doença física, que necessita do concurso dos médicos para saná-las. Os passes, com a doação de fluidos regeneradores, vindos dos passistas e dos Espíritos amigos, ajudarão na dispersão dos maus fluidos e restabelecerão a harmonia perispiritual; a água fluidificada também atuará neste campo; e a leitura de bom nível, seja ou não espírita, mas que leve o obsedado a refletir sobre sua conduta diária, auxiliará no equilíbrio do psiquismo do mesmo.
Na parte íntima do centro espírita estará sendo feita a evocação do obcessor, como aconselha Allan Kardec no capítulo XXV de O Livro dos Médiuns. O público saberá que dessa forma, o responsável pelo tratamento espiritual do obsedado poderá saber detalhadamente qual a intenção do Espírito obcessor, orientado-o a deixar a influência e seguir um outro caminho. Lembre ao assistente de que essa reunião mediúnica não é aberta ao público e muito menos ao obsedado, como orienta o codificador no capítulo citado.
Por fim, lembre que o mais importante do tratamento é a conscientização do obsedado. Isso ocorre nas palestras assistidas no centro, onde o ser poderá entender seus erros e buscar melhorar-se, sem o que a obsessão dificilmente será desfeita. A prece, paralelamente a isso, será poderosa auxiliar na tentativa de buscar forças para vencer as más tendências e alcançar o equilíbrio.
Depois de explicar as formas de tratamento da obsessão, comente a passagem do Evangelho abaixo para encerrar a palestra.

“E quando o Espírito imundo tem saído do homem, anda por lugares áridos, buscando repouso, e não o encontra. Então diz: Voltarei para a minha casa donde saí. E, voltando, acha-a desocupada, varrida e adornada. Então vai, e leva consigo outros sete Espíritos piores do que ele, e, entrando, habitam ali: e são os últimos atos desse homem piores do que os primeiros” (Jesus, Evangelho de Mateus, cap.XII, vers.43 a 45).

Jesus é sábio, como sempre. Nesta passagem, de forma simples e direta, mostra o quanto é importante a modificação moral do ser após a libertação da obsessão. Leve o público a entender que o Espírito obcessor, quando afastado do obsedado, não corta automaticamente todos os seus vínculos fluídicos com este. A sintonia, novamente ela, pode atraí-lo para o ex-obsedado. A chegada à casa “limpa, varrida e adornada” significa que a pessoa só mostra-se exteriormente modificada. Espiritualmente, continua com os mesmos desejos e imperfeições, desocupada de idéias úteis e fraternas. Pior, não se esforça em nada para melhorar-se. É o que acontece com muitos que só buscam a Deus no momento do sofrimento. Porém, após a misericórdia divina ajudá-los, voltam à vida corriqueira, somente preocupados com a matéria e o bem-estar pessoal. O resultado pode ser o retorno da obsessão, agora pior, pois o ser já tem conhecimento dos motivos da má influência, mas insiste no erro. Como ensina a Doutrina Espírita, baseando-se no ensinamento de Jesus de que “a quem muito foi dado, muito será pedido”, o erro de quem conhece a Lei será muito maior do que daquele que é ignorante.
É então o momento do encerramento. Leve ao público a necessidade da reflexão sobre suas vidas e mostre que Jesus e a Doutrina Espírita têm todos os instrumentos para ajudar aos homens na libertação das obsessões, mas que o melhor antídoto está em nós mesmos, como ensinou o Mestre: conhecendo a verdade, e praticando-o, ela nos libertará.