Bibliografia:
- Lindos Casos de Bezerra de Menezes, Ramiro Gama, LAKE.
- Bezerra de Menezes o Médico dos Pobres, F. Acquarone, Aliança.
- Bezerra de Menezes, Canuto Abreu, FEESP.
- Vida e Obra de Bezerra de Menezes, Sylvio Soares, FEB.
Adolfo Bezerra de Menezes, nascido em 29/Ago/1831, em Riacho Grande,
Ceará.
Seu pai era coronel da Guarda Nacional, deu tudo o que tinha para
ajudar os outros, quando foi pagar com suas propriedades foi recusado,
passando então a administrador de suas propriedades.
Em 1838, aos 7 entrou para a escola pública, pois eram agora pobres, e
não podiam mais pagar escolas particulares.
Aos 11 anos entrava no Liceu. Equivalente à nossa 5ª série.
Aos 13 anos já ensinava latim no lugar do professor.
Aos 20 anos, em 5/Fev/1851, foi para o Rio de Janeiro estudar
medicina. Chegou ao Rio sozinho, com 38 mil réis no bolso.
Para poder estudar, dava aulas particulares.
Como não podia comprar livros, estudava nas bibliotecas, mas sempre
tirou ótimas notas, pois se esforçava muito.
Caso do empréstimo do alfaiate. Quando precisou de dinheiro, pensou em
procurar o amigo alfaiate que sempre lhe valeu com pequenas quantias, mas desta
vez era um valor grande, 50.000 réis, vacilando, ao chegar não o encontrou, pois
estava viajando, afinal sentiu-se aliviado, pois se não poderia ter o dinheiro,
pelo menos não teria a dívida também.
Fé incipiente: caso do estudante de matemática. Noutra ocasião,
precisava do dinheiro para pagar o aluguel e a escola, como não tinha a quem
recorrer, pela primeira vez rezou, mais tarde bateu-lhe à porta um estudante que
queria que lhe ensinasse matemática, mesmo sem saber a matéria aceitou, e este
lhe pagou adiantado, o que deu certinho para suas despesas, correu para a
biblioteca para estudar, mas ele nunca mais voltou, disse que foi a única vez
que estudou a matéria a fundo.
Aos 25 anos concluiu o curso de medicina, em 1856.
Abriu consultório com colega na cidade, não tinha clientes lá, pois
não era conhecido no mercado, mas em casa, onde atendia de graça, sempre haviam
clientes.
Recebe a alcunha de “Médico dos Pobres”. Foi-lhe dado mais por troça,
mas ele o aceitou com orgulho, disse depois que foi o mais honroso título que já
recebera.
Considerava a medicina um sacerdócio, dizia que os médicos não podem
escolher hora nem lugar, quem recusa clientes é um desgraçado, que manda embora
o anjo da caridade.
Como não tinha dinheiro para ir ao teatro, foi criticado pelos
colegas, que diziam que acabaria embrutecido, mas preferia ouvir as harmonias do
coração por meio de seus pobres.
Aos 26 anos entra para a medicina militar em 1857, como
cirurgião-tenente.
Aos 27 anos casa-se, em 1858.
Aos 29 anos, em 1860, ingressou na política. Eleito, foi impugnado por
Haddock Lobo, renuncia à segurança do posto militar, para a insegurança da
política, pelo ideal de ajudar ao próximo.
Aos 31 anos sua primeira esposa morre em 1863, deixando-lhe dois
filhos, um de dois anos e um de um ano.
Fica descontente de tudo, passa a ler a Bíblia para se consolar.
Ganha um Livro dos Espíritos. Um amigo lhe deu um exemplar, até então
ele não tinha opinião formada pois nada vira a respeito, mas não procurara pois
era uma matéria muito criticada, e ia contra justamente o consolo que recebia
agora, mas como tinha que tomar o bonde para casa, e a viagem demorava uma hora
pensou: “Não irei para o inferno se ler isso”, não encontrou novidade nenhuma,
pois tudo ali era, no fundo, o que ele sempre pensara como certo.
Para se convencer, faz uma consulta anônima, mandando por um amigo um
papel contendo apenas seu nome e idade, e recebeu de volta a descrição dos seus
sintomas, a causa deles e a prescrição para cura, e cura um problema de cinco
anos apenas com homeopatia.
Comentou com um vizinho que já estava melhor, quando recebeu o
comunicado do espírito dizendo que ainda não estava de todo bem, a mensagem
chegou uma hora depois do comentário, exatamente o tempo da viagem até sua casa.
Casou-se por amor de novo com a irmã de sua esposa.
Sua esposa tinha problemas, e os médicos diziam que era tuberculose, o
que era muito grave na época. Os espíritos indicaram problema em outro lugar, no
útero, e a curaram.
Aos 36 anos, em 1867 foi eleito deputado geral, era presidente da
Companhia de Carris Urbanos e fundador da Estrada de Ferro Macaé a Campos.
Caso do amigo que perdeu o filho e ele lhe deu tudo o que tinha.
Quando comandava a empresa de trens, ao findar o expediente, um conhecido chegou
até ele dizendo que seu filho havia morrido, não deixou ele continuar, chamou a
um canto, tirou a carteira e nem olhou o quanto tinha, deu-lhe tudo, percorreu
os bolsos e deu até as moedas que possuía. Não esperou agradecimentos e foi
embora, só então percebeu que não tinha nem para o bonde, de modo que foi
obrigado a pedir a amigos a passagem.
Aos 49 anos, em 1880, foi presidente da Câmara Municipal e líder do seu
partido. Sempre foi muito criticado, pois como era honesto, irritava os
desonestos, que para atingi-lo, chamavam-no de ladrão
Aos 53 anos, em 1884 funda-se a Federação Espírita Brasileira, onde
foi criado por ele o processo de explicação popular do Livro dos Espíritos.
Aos 55 anos, em 16 de Agosto de 1886 afirma em público ser Espírita,
diante de uma platéia de mais de 2.000 pessoas.
Aos 55 anos, em 1886 começa os artigos no “O País”, como Max, série
chamada “Espiritismo – Estudos Filosóficos”, indo até 1893
Caso da filha doente que ele deixou de ajudar para visitar um enfermo
pobre como exemplo de fé. Certa vez sua esposa foi procura-lo pois sua filha
estava muito doente, ao sair foi chamado por outra mulher, pedindo ajuda para o
filho que também adoecera, disse que não pode deixar de atender a quem chama, de
modo que entrega a filha a Jesus, e vai até o outro enfermo, ao retornar à casa
esperava encontrar a filha morta, mas a doença passara completamente, conclui
que Jesus é melhor médico que ele.
Em janeiro de 1889, Kardec envia as Instruções aos Espíritas Brasileiros.
Proclamação da República em 1884.
Em 1890, o novo código penal perseguia os espíritas, a FEB une os
outros centros para combate-lo, dirigidos por Bezerra. Grande luta se inicia,
sendo este o foco comum de união dos espíritas.
Em 1891, todos tinham medo de se reunir, triunfam os científicos.
A Federação mantém o trabalho de Assistência aos necessitados, que
suplanta os científicos.
Aos 63 anos, em 1895 Bezerra é chamado à presidência da FEB.
Nos trabalhos de desobcessão na FEB, um espírito não queria aceitar a Deus,
dizendo que este não existia, como nada mais lhe restava a dizer, decidiu orar,
foi o que fez, mas tão sentidamente que convenceu o espírito reticente: “Basta,
para que vocês orem desse modo, é preciso que um Deus exista”.
Também na desobcessão, após convencer um espírito obcessor, este lhe disse: “Bom
velhinho, não foram suas palavras que me convenceram, mas os seus
sentimentos”.
Dedicava-se unicamente aos pobres, dando consultas gratuitas, como não
conseguia cobrar, seu amigo, dono da farmácia onde atendia é quem pedia ajuda
aos que podiam, não tendo nenhuma fonte de renda além dessa, passando, portanto,
muitas privações.
Caso do Anel de Formatura. Ao atender uma mulher, prescreveu os
remédios e lhe disse que poderia compra-los ali mesmo, ao que esta respondeu que
não tinha nem para dar o que comer, quanto mais comprar remédios, Bezerra
procurou nos bolsos e nada encontrou, olhou em volta e nada viu, reparou então
em seu anel de formatura, e deu-o, sem pestanejar.
Caso do Dinheiro das Consultas. Muitas vezes, comovido com o pesar das
pessoas, ia até o amigo farmacêutico e pegava tudo o que ele tinha recebido e
distribuía aos necessitados que o procuravam.
Caso da Carroça de Alimentos. Em certa ocasião a situação estava muito
ruim, a mulher lhe disse que não teriam o que comer à noite, e ele respondeu que
confiasse em Jesus, ao voltar de noite ela reclamou do seu exagero, o que ele
estranhou, então ela mostrou uma enorme quantidade de alimentos que lhe foi
entregue de manhã, cuja origem jamais souberam.
Caso do Abraço em nome do Nossa Senhora. Outra vez, um homem o
procurou dizendo esta desempregado e doente, como os seus, Bezerra olhou nos
bolsos e nada encontrou, perguntou então se ele acreditava em Nossa Senhora, o
que ele disse que sim, então lhe deu um abraço dizendo que era em nome dela, e
disse para repetir o gesto em casa. Na semana seguinte voltou para agradecer
pois ficou curado e arranjara emprego.
Aos 69 anos, em 5 de Janeiro de 1900 sofreu um derrame. Ficou
completamente imobilizado, de cama, sem poder falar, nem trabalhar, preso num
quartinho que tinha apenas uma cama e uma cadeira.
Recebeu visitas todos os dias, apenas um de cada vez, que nada diziam,
para que ele não tivesse que responder, todos sabiam da penúria em que vivia,
mas tinham medo de oferecer e serem recusados, de modo que lhe deixavam dinheiro
debaixo do travesseiro, desde grandes notas até pequenos tostões.
Desencarnou em 11 de Abril de 1900 com 69 anos, pobre, provando a
todos sua honestidade, um grupo de amigos se cotizou para juntar o dinheiro do
seu enterro e manter a família.
No Plano Espiritual, em 1950, Maria de Nazaré chamou-o para zonas
superiores, mas ele preferiu ficar aqui, junto de seus pobres e doentes.
Sua vida é um exemplo de probidade, de amor ao próximo, em que
ele ganhou 50 encarnações em apenas uma, não precisamos fazer tanto, mas podemos
ganhar uma ou duas apenas tentando um pouco.