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Penas Terrenas

Penas Terrenas

“O Livro dos Espíritos” – questões 983 a 989

Estudo Espírita
Promovido pelo IRC-Espiritismo
http://www.irc-espiritismo.org.br
Centro Espírita Léon Denis
http://www.celd.org.br

Expositor: Mauro Bueno
Manaus
08/01/2000

Dirigente do Estudo:

Mauro Bueno

Oração Inicial:

<@Safiri> Senhor meu Deus, mais uma vez aqui estamos, neste ambiente virtual, onde a palavra chave é: Instruirmo-nos! Permita-nos, então, trabalhar esses ensinamentos, de forma que eles passem ser a base de nosso dia a dia. É chegada a hora que caia por terra a cegueira sustentada pelos interesses criados, o orgulho estéril dos sábios e doutores, para que surja a aurora de um futuro regenerador, iluminado pelo sol da fraternidade. É chegada a hora de vivermos um plano unificado, no amor e na fraternidade! Vamos agora, abraçar nosso irmão Mauro, que fará para nós a palestra da noite! Obrigada, meu Deus! Que assim seja!

Exposição:

<@MBueno> O Estudo de hoje nos fala de penas terrenas. Resumindo as respostas de “O Livro dos Espíritos”, temos:

O espírito sofre dores morais, pois está isento das dores físicas. Esta é uma verdade incontestável, pois a ausência do corpo físico elimina as dores físicas.

O que muitos espíritos sentem são reflexos mentais, auxiliados por seus perispíritos, que conservam uma parte material. Mas a dor que se sente mesmo é a moral. Ela se replica em diversas direções. Desta dor moral advém remorso, auto-punição, tristeza, solidão, necessidade de saciar os vícios: crise de privação, raiva, ódio e tantas outras emoções perturbadoras. O sofrimento é essencialmente emocional. À medida que o espírito vai se desprendendo, percebe que as dores “físicas” nada eram além de imaginação, bem como a fome, o frio e assim por diante. Quão mais livre for o espírito, mais livre destes atavismos ele está!

O segundo ponto resumo das questões é: Cada qual recebe encarnação conforme sua necessidade de evolução. A Lei de Justiça é implacável. Caso o próprio espírito não escolha para si as provas que deseja, a própria lei se faz cumprir. Aquele que fez mal uso de sua encarnação, arca com todos os compromissos em encarnação futura. Isto é inescapável! Estes compromisso podem ser saldados pela caridade, não sendo absolutamente necessário que haja sofrimento e dor. A escolha entre a caridade ou a dor nos é dada a cada segundo de nossas existências. Optamos sempre por aquela que nos parece mais apropriada. Sofrem? O fazem por que assim o desejam! Nunca se esqueçam desta máxima, pois ela também é inescapável a dor pode ser eliminada pela caridade.

O terceiro ponto resumo é: Erros não punidos nesta vida certamente o serão em alguma outra. Há um detalhe interessante aqui: erros podem ser punidos na mesma vida e muitas vezes o são! O tempo entre o erro e a pena é variável, porém, é o mais curto o possível. A Lei de Justiça tem “pressa” em fazer-se cumprir, pois o mal afeta a todos, assim como o bem!

O quarto ponto resumo: Encarnação em mundos superiores não é recompensa é conseqüência da evolução. Distribui-se livremente a idéia de recompensa no meio espírita, mas, na verdade, recompensas não existem! Existe o mérito simplesmente. Cada qual recebe segundo suas próprias obras. Nascer em um mundo superior é um mérito que alcançam aqueles que se esforçaram em tornar-se melhores, na senda do bem e da perfeição. A felicidade de cada um está em suas próprias mãos. Busquem-na através da ação contínua no bem!

Pelo fruto se conhece a natureza da árvore, como dizia o inestimável Mestre Jesus. Os mundos superiores são mais felizes por que o bem se espalha lá, tal o qual o mal se espalha aqui. Benefícios se multiplicam em diversas direções, tornando melhor a vida de todos que rodeiam-nos. Querem chegar a mundos mais felizes? Espalhem o bem em todas as direções, a todos aqueles que o rodeiam: leve palavras amigas, conselhos bondosos, seja amigo de verdade, ore por seus inimigos.

Ame ao próximo como a ti mesmo e a Deus sobre todas as coisas, eis o maior mandamento e o que absorve em sua essência todos os outros mandamentos. Torne melhor a vida dos outros por que você existe! Não existe melhor definição de paraíso do que esta: O lugar onde todos espalham bem-estar.

Ponto resumo cinco: Mesmo que completado o ressarcimento das faltas, pode o espírito reencarnar em missão. Quando nada mais nos prender a este planeta, poderemos retornar em missão, afim de elevar os que ainda aqui permaneceram. E podemos manter-mo-nos retornando seguidas vezes até que nossa missão esteja completa. Muitos espíritos hoje nascem em missão, sem ter quaisquer débitos a saudar! E, veja, eles não estão de posse de felicidade plena. Porém podem antevê-la por compreender a natureza de sua missão. Muitos de nós permanecerão aqui na mudança para mundo de regeneração. Porém, muitos irão para este novo mundo, em missão de fazer evoluir os que lá estão.

Em ambos os casos os benefícios são enormes: viveremos felizes, entre amigos ou viveremos espalhando o bem. A misericórdia divina (eu me questiono muito sobre isto) nos dá continuamente chances de pleno aperfeiçoamento.

O sexto ponto resumo: Pessoas que não fazem nem o bem, nem o mal, retomam encarnações idênticas as que tem hoje. Estacionar é lastimável! Esta característica da Lei de Justiça é que obriga a existências de mundos de classes diversas. Percebam que para que o mesmo modelo de reencarnação seja retomado, é preciso de um mundo igual ou pior ao que aqui nos encontramos. A mudança para Regeneração torna inadequada a possibilidade de encarnação idêntica a de um mundo de provas e expiações. São os estacionários os que mais sofrem nestas novas paragens, por que se lembram, com muitas saudades do mundo anterior.

Mesmo não se lembrando plenamente, fica neles o resíduo da prosperidade outrora vivida. Por isto eles impelem o novo mundo em que se encontram ao progresso! Na tentativa de resgatar o que foi perdido, aquilo que não mais tem ao alcance. Olhem para trás: verão milênios de pobreza, dor, miséria, doenças e outros tantos sofrimentos. Olhem para frente: vemos doenças que não mais existem (a varíola, por exemplo), outras que a cura está sedimentada, vemos técnicas de plantio, de alimentação, vemos comunicação maior entre as pessoas, vemos “milagres” que antes não passavam de sonhos acontecendo a cada segundo! Para onde queremos ir? De volta a vida rupestre? Ou ao futuro sadio e muito construtivo? Somos os próprios e únicos responsáveis por esta escolha. Façamos o bem!

Sétimo ponto resumo: Seremos cobrados pelo mal feito e por todo o bem que deixarmos de fazer. Esta lição é muito grave! Mesmo que sejamos bons segundo o conceito social, ainda estamos longe de estarmos bem perante a Lei! É preciso a prática contínua no bem como prática de vida e não há outra maneira. É também inescapável. “Espíritas, amai-vos e instruí-vos” – disse Kardec. Muito acertado o conselho do sábio codificador!

Oitavo ponto resumo: Os indolentes serão cobrados pelo tempo perdido. Os indolentes são os estacionários. Os estacionários precisam de mundos idênticos ao de suas vidas presentes. Eles atrasam-se e perturbam a evolução dos demais pelo mau exemplo. Estruturas estacionárias são ruins. Vejamos na natureza: água parada apodrece, sangue parado coagula, coração parado morre! Vida é movimento!

Último ponto resumo: O sofrimento dos justos está necessariamente ligado ao passado ímprobo. Posso ser ótimo hoje, mas, se não ressarcir meus erros através do bem agir, da caridade, da bondade para com todos os que me rodeiam, sofrerei!

Não importa o quão bom tenhamos conseguido ser, o que importa realmente é quanto bem consigamos difundir. Quanto bem consigamos fazer acontecer. Muito poucos são os “ótimos” neste planeta. E os que o são, normalmente trazem para si a missão de fazer evoluir os demais. (t)

Perguntas/Respostas:

[01] <+FranzJosef> Quanto aos espíritos que não se arrependem no plano espiritual, estes sofrem a dor moral, ou, para sofrer a dor moral precisa ter consciência do mal que fez? (t)

<@MBueno> Precisa sim, Franz. Reconhecer o mal que fez é o primeiro passo. Mas veja, existem muitos mecanismos neste sentido. O primeiro deles é o de fazer o espírito rever suas más ações, seguidamente, afim de conscientizá-lo. Podemos ler sobre isto no Céu e Inferno. Lá veremos espíritos que permanecem revendo suas faltas e suas vítimas indefinidamente. Há um caso que relata um espírito preso a uma casa por 300 anos, onde matou seu irmão e estuprou sua cunhada. O irmão e a cunhada não mais estão lá. Porém a imagem da ocorrência fica se repetindo e se repetindo, até que não tolerando mais a dor moral que aquilo lhe causa, o espírito se arrependa e rogue ajuda do plano espiritual superior.

A consciência do delito é o passo necessário para o remorso. O segundo mecanismo é, infelizmente, decorrente da ação dos obsessores. Digo infelizmente, pois estes pobres irmãos ampliam para si seus débitos e acreditando nos fazer algum mal, impulsionam-nos ao bem, mas a custo de aumentar suas próprias dívidas.(t)

[02]<+Sadyk-SP> Não nos parece que sofrer no plano espiritual e depois, reencarnado, sofrer no plano físico, seria sofrer duas vezes? Qual o sofrimento mais importante destes dois?

<@MBueno> O sofrimento espiritual é meramente moral e infelizmente pouco proporciona no sentido de auxiliar suas vítimas que, muitas vezes, já estão encarnadas. Que bem pratica o espírito envolto em auto-punição em relação àqueles que prejudicou?

O sofrimento no plano físico conta com o abençoado esquecimento, podendo auxiliar no sentido de fazermos o bem a alguém que muito odiamos em vidas anteriores. É na carne que ressarcimos a maioria de nossos credores, através da prática do bem e na difusão do amor. O sofrimento moral do espírito é “esquecido” na carne, porém, é seu farol de guia a consciência e o auxiliará a não cometer o mesmo erro de novo! (t)

[03] <+FranzJosef> Você havia falado de orar pelos nossos inimigos. Seria talvez bom lembrar que nem sempre estamos certos. Seria bom também orar pedindo perdão e capacidade para entender se estivermos errados. (t)

<@MBueno> Foi simplesmente maravilhoso o que você acabou de escrever, Franz. Escreveu uma verdade universal!

O perdão é uma ferramenta de evolução de duplo sentido! Evolui aquele que perdoou e evolui aquele que foi perdoado! Mas o perdão daquele que sofreu por nossa causa não basta, é preciso criar um benefício na mesma intensidade e não necessariamente ao nosso credor.

Orar pedindo a capacidade de entender nossos erros eqüivale a orar pedindo condições de evoluir mais rápido! Isto é realmente bom de se fazer e é um pedido muito provável de ser atendido. Existem departamentos de atendimento de nossas preces no plano espiritual e um pedido de tal natureza é sempre muito bem recebido. (t)

[04]<+Sadyk-SP> Será que está certo dizer-se “penas terrenas” e “penas espirituais” ou este vocabulário não teria problemas no Espiritismo? Quanto as “penas”! (t)

<@MBueno> Esta terminologia é bem aceita dado o fato de que não logramos escapar do cumprimento destas. Podemos até converter o sofrimento em trabalho ao próximo. Exemplo: Numa dada vida fomos uma daquelas gentis senhoras que emprestam-se a atividade nada nobre de interromper vidas que se encontram embrionando no corpo de suas mães. Afim de não sofrermos enormemente estes múltiplos assassinatos, desenvolvemos uma entidade de apoio a mãe solteira e beneficiamos muitos e muitos espíritos que nascem sob tais condições. Ou ainda, estudamos medicina e começamos a salvar muitas mães com partos difíceis, ou que hoje são estéreis graças à nossa miserável ação do pretérito.

As formas são muitas, porém, precisam necessariamente estar interligadas. Temos de devolver com o bem todo o mal que porventura causamos. E isto deve ficar muito claro ao espírito, ou melhor, a todos os espíritos envolvidos.

Há, sobretudo na Lei de Justiça, a necessidade de que o perdão seja completo e sem quaisquer reservas. Este é o motivo pelo qual o bem deve ser praticado exatamente na área em que o mal antecedeu. (t)

Oração Final:

<@claralice_estudos> Boa noite a todos! Nestes momentos finais das atividades de estudo estamos nos ligando em pensamentos, sentimentos, e vibrações aos amigos da Espiritualidade maior, aos nossos amigos e protetores, elevando-nos também em pensamentos, ao nosso Mestre Jesus, para agradecermos toda a assistência espiritual que nos foi conferida pelo mundo maior, para que aqui estivéssemos disponíveis ao estudo e em conseqüência, ao aprendizado, este que deverá nos favorecer nas nossas experiências do dia-a-dia. Agradecemos a Deus nosso Pai Criador e ao nosso amigo Jesus, por todas as oportunidades que nos foram por eles oferecidas, como esta nossa existência. O lar e a família que nos recebeu, a saúde, a educação, os amigos, a instrução, o contato com a Doutrina Espírita, o trabalho no movimento espírita.

Agradecemos também a possibilidade que temos de nos contatar como agora por intermédio deste instrumento virtual, e agradecemos a todos os bondosos benfeitores espirituais que orientam e inspiram todas as atividades do canal espiritismo, desdobradas em diferentes tarefas. Agradecemos também ao querido amigo de nossas almas, Dr. Adolfo Bezerra de Menezes que trabalha incansavelmente pela divulgação do Espiritismo no Brasil e no mundo, e também ao nosso querido amigo Cairbar Schutel por sua intensa assistência e orientação espiritual a este canal e às tarefas de divulgação de nossa doutrina. Assim sendo, sentindo-nos envolvidos por essa atmosfera de paz e harmonia, agradecemos ao amigo MBueno por sua dedicação aos nossos estudos. Agradecemos a presença de todos que aqui estão, e nos lembramos de abraçar espiritualmente, nossos amigos que aqui não puderam estar hoje. Que a Paz do Mestre Jesus esteja em nossos corações hoje e sempre. Assim seja!