O Perdão das Ofensas – Parte I
“O Evangelho Segundo o Espiritismo – Capítulo cap X, item 14.”
Estudo Espírita
Promovido pelo IRC-Espiritismo
http://www.irc-espiritismo.org.br
Centro Espírita Léon Denis
http://www.celd.org.br
Expositora: Adriana Barreiros
Rio de Janeiro – RJ
12/06/2002
Dirigente do estudo da noite:
Marcio
Prece Inicial:
<Adrianabcm> Bom Amigo jesus,
nós te agradecemos a oportunidade de estudar o teu evangelho à luz da doutrina espírita, te pedimos que abra nossos corações para que sua mensagem nos toque e nos modifique de forma positiva e ativa, nos abençoando sempre com o amor que há em todas elas!
Que os bons espíritos nos assistam neste trabalho nos amparem no que for possível, suprindo nossas deficiências e nos inspirando!
Que assim seja!
Mensagem Introdutória:
O MELHOR PARA NÓS
“Porque se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai Celeste vos perdoará.” – Jesus. (Mateus, 6:14.)
Muito e sempre importante para nós o esquecimento de todos aqueles que assumam para conosco essa ou aquela atitude desagradável.
Ninguém possui medida bastante capaz, a fim de avaliar as dificuldades alheias.
Aquele que, a nosso ver, nos terá ferido, estaria varando esfogueado obstáculo quando nos deu a impressão disso. E, em superando semelhante empeço, haverá deixado cair sobre nós alguma ponta de seus próprios constrangimentos, transformando-se-nos muito mais em credor de apoio que em devedor de atenção.
Em muitos episódios da vida, aqueles que nos prejudicam, ou nos magoam, freqüentemente se encontram de tal modo jugidos à tribulação que, no fundo, sofrem muito mais, pelo fato de nos criarem problemas, que nós mesmos, quando nos supomos vítimas deles.
Quem saberia enumerar as ocasiões em que determinado companheiro terá sustado a própria queda, sob a força compulsiva da tentação, até que viesse a escorregar no caminho? Quem -disporá de meios para reconhecer se o perseguidor estará realmente lúcido ou conturbado, obsesso ou doente? Quem poderá desentranhar a verdade da mentira, nas crises de perturbação ou desordem? E quando a nuvem do crime se abate sobre a comunidade, que pessoa deterá tanta presciência para conhecer o ponto exato em que se haverá originado o fio tenebroso da culpa?
À vista disso, compreendamos que o esquecimento dos males que nos assediem é defesa de nosso próprio equilíbrio, e que, nos dias em que a injúria nos bata em rosto, o perdão, muito mais que uma bênção para os nossos supostos ofensores, é e será sempre o melhor para nós.
Emmanuel
Do Livro: Ceifa de Luz
Psicografia: Francisco Cândido Xavier
Editora: FEB
Exposição:
<Adrianabcm> Amigos, nosso tema hoje é sobre o perdão das ofensas.
Kardec, ao compilar o Evangelho Segundo o Espiritismo, nos deixa a seguinte mensagem:
“Livro contendo a explicação das máximas morais do Cristo, sua concordância com o Espiritismo e sua aplicações às diversas situações da vida”. Kardec nos diz tb
que fé inabalável é aquela que pode encarar a razão. Unindo estas duas afirmações de Kardec, percebemos que ele nos deixou no Evangelho Segundo o Espiritismo a visão dos ensinamentos de Jesus, e o quanto eles tem aplicabilidade, se pensarmos à luz da doutrina espírita.
“Quantas vezes perdoarei meu irmão?”, Pedro perguntou a Jesus. Esta pergunta é bastante interessante! Pedro pede um conselho a Jesus de como agir no futuro, quando alguém lhe ferir, magoar, ofender… Esta reflexão é muito importante para todos nós!
Primeiro porque Pedro já identifica nos seus companheiros de jornada, irmãos… Será que nós nos olhamos como irmãos? Principalmente aquele que nos ofende? Aquele que nos atira pedras? Que nos quebra o coração?
Pedro já tinha está visão. Nós, muitas vezes ainda não conseguimos encarar aquele que nos fere como um irmão. E isso já dificulta as coisas, porque tiramos dele o sentimento fraternal com que devemos olhar uns para os outros.
vamos observar a resposta de Jesus? “Não te digo que até sete vezes, mas até setenta vezes sete vezes”. Jesus respondeu a Pedro, a quem ele já sabia que tinha condições de olhar a todos como irmãos e que já havia sido tocado pelo exemplo constante de Jesus, e deu a ele a resposta de que, quando pensamos estar no limite do que podemos perdoar, (no caso, Pedro lhe perguntou: sete vezes?) Jesus nos ensina que este limite se alarga, se expande, quando somos tocados pela compreensão. Então, vejam: perdoar está diretamente ligado a compreender o outro, as limitações do outro, olhando para este outro como um irmão! Como isso é difícil para nós, mas não é impossível!
a Doutrina Espírita nos abençoa com visões diferentes dos que estão à nossa volta, dos que cruzam nosso caminho e nos explica que, apesar de sermos todos criados igualmente, por um Deus justo, estamos cada um de nós em níveis diferentes de crescimento, e que se aqui somos feridos, ali ferimos. Estamos agrupados dentro de um mundo onde os espíritos estão todos em expiações e provações, portanto, imperfeitos ainda, engatinhando.
Quando alguém nos ofende, vestimos imediatamente a roupa de vítima e não paramos para pensar: por que aquele irmão me ofendeu? o que há com ele? O que há por traz desta amargura, desta agressividade? E eu? Por que isso me ofendeu? Por que me feriu? O que há nesta ofensa que me incomodou?
alguém me diz: vc é uma hipócrita! Isso me ofende. Mas, por que? Se não sou, por que vou me aborrecer com isso? Será que sou? Por que não refletir sobre isso?
Cada um de nós trabalha num limite de capacidade, porém Jesus nos ensina que todos nós somos capazes de expandir este limite, usando de outra visão.
E como vamos fazer isso? Lembrando que o perdão é a terapia da alma. É uma terapia libertadora. E esta visão não é apenas da doutrina espírita. A psicologia trabalha no sentido de identificar na vida das pessoas quais situações geraram traumas, frustrações, e busca identificar nas relações entres os homens, os limites de cada um, finalizando no perdão!
Todos nós erramos, pois faz parte deste nosso processo de crescimento! Precisamos compreender que na vida, sempre esbarraremos com os erros dos outros também, e que, se não compreendermos que este irmão também está no caminho dele, errando e acertando, teremos dificuldades em receber o perdão pelos nossos erros.
Eu queria colocar para vc’s algumas frases que encontrei para reflexão:
1) Perguntando aos Espíritos Superiores (Livro dos Espíritos, n°923) qual o sentido da palavra Caridade, como a entendia Jesus, eles responderam: benevolência para com todos, indulgência para com as imperfeições alheias e perdão das ofensas. Por essa razão Kardec, alguns meses antes de sua partida para o mundo espiritual (ver Revista Espírita, dezembro de 1868), classificou a Caridade em ‘Caridade Beneficente’, que é a caridade assistencialista, e ‘Caridade Benevolente’, que é a caridade moral. A Caridade Beneficente necessita de recursos e, muitas vezes, de uma certa organização institucional para ser melhor efetivada. Já a Caridade Benevolente pode ser praticada independentemente de recursos financeiros, tendo por campo de ação as nossas relações com o nosso próximo no dia-a-dia. Essa é, segundo Kardec, a verdadeira Caridade, a qual pode-se dizer que fora dela não há salvação.
2) compreendamos que o esquecimento dos males que nos assediem é defesa de nosso próprio equilíbrio, e que, nos dias em que a injúria nos bata em rosto, o perdão, muito mais que uma bênção para os nossos supostos ofensores, é e será sempre o melhor para nós. Emmanuel
3) Por não sermos capazes de perdoar, as prisões regurgitam de infelizes, os hospitais mantêm-se repletos, inúmeras famílias desarmonizam-se e dividem-se, e os tribunais permanecem pejados de processos e querelas de todas as naturezas.
4) Aconteça-nos o que acontecer, não cedamos, nunca, a pensamentos de ódio e de vingança; isto poria em ação forças destrutivas que, mais cedo ou mais tarde, reagiriam contra nós mesmos.
5) Para amar, temos, antes de mais nada, de perdoar incondicionalmente.
Perguntas/Respostas:
1<macross__> Adriana, qual o primeiro passo para conseguirmos perdoar de verdade, a todos, amigos e inimigos?
<Adrianabcm> Compreender. Não há perdão total sem compreensão. Quando eu entendo por que meu irmão agiu daquela forma, o perdão fica mais fácil. Quando eu olho para ele e vejo que nele há um ser que caminha como eu, mas que ainda ignora o bem. Jesus, à beira da morte, disse algo impactante! Pai, perdoai-os, eles não sabem o que fazem! Jesus foi o grande identificador de que o mal é filho da ignorância.
2. <smile> como enfrentar a traição?
<Adrianabcm> a situação da traição é complexa, pois ela envolve dois sentimentos: a dor e a frustração! Ainda assim, quando há condições de diálogo, este é muito importante para compreender o que levou o outro a agir desta forma. Mas este diálogo só deve se estabelecer se houver condições em ambas as partes, e para reavaliar a relação em si. O que geralmente ocorre é que daí em diante não há mais diálogo… há uma guerra de acusações e isso não é sadio. É melhor então cada um fazer suas reflexões separadamente. Deus não quer nossa infelicidade. Se determinadas situações abalam pilares importantes desta relação, e o perdão não parte do coração, é melhor agirmos de acordo com o nosso coração, até que ele consiga perdoar e então, esta relação poderá ressurgir, de uma outra forma, futuramente. O importante é manter a reflexão constante, remexendo o assunto dentro de nós! E não esquecer que todos nós somos falíveis.
<^FreeD0M[Gros_Bonange]^> Como agir com as pessoas que falam mal de vc para outras pessoas… pela suas costas?! Devemos reagir…de qual maneira?!
<Adrianabcm> a nossa conduta é que determina quem somos, amigo! Não se preocupe em provar o que vc é para ninguém. Conhece-se a árvore pelos frutos. Quem fala do outro geralmente quer desviar o foco de seus próprios defeitos. Isso é bastante comum. Quem atira pedras neste mundo, deve tomar cuidado com seu telhado de vidro. Seja o que vc é, tente ser cada dia melhor e converse com quem está fazendo isso, para compreender. Se vc tiver condições…
<Maria_Cristina> as vezes, você perdoa, mas o ofensor tem ódio de vc, e não estabelece a paz, pelo contrario…o q fazer?
<Adrianabcm> perdoe! O que importa é o que vem de você. Se ele guarda ódio de você, é porque ignora o amor e esta lição, Deus se encarregará de lhe ensinar. Se não há condições de convivência, não se culpe, a doutrina espírita bem nos esclarece da lei das afinidades, busque a manutenção da paz interior! Caso o diálogo direto seja impossível, utilize-se da prece, converse mentalmente com ele também, envie a ele pensamentos de harmonia e peça auxílio dos bons espíritos para que este nó se desfaça.
<smile> pela primeira vez estou participando, não sei se posso colocar minha opinião quando a expositora está respondendo… (bate bola). Posso voltar ao assunto agora? Desculpem-me estou aprendendo. Aceitação não significa perdão.
<Adrianabcm> perdoar é compreender e não aceitar. È um exercício constante de reflexão que nem sempre estamos prontos a fazer, mas que precisamos criar como hábito dentro de nós e interromper o ciclo das emoções com a razão. Isso requer reformas no nosso modo de ver o mundo e o próximo.
<_angelo__> Adriana, o texto escolhido foi muito feliz. Não teria uma pergunta, mas apenas um comentário: O Espiritismo tem sido uma escola pois nos ensina que perdoar não significa somente renunciar ao revide ou a vingança. É muito mais. Na questão traição nos recordamos de Jesus, quando os amigos espirituais vão recebê-lo, no momento final no Calvário, Ele já praticamente liberto da matéria, vai em busca de Judas, o amigo equivocado.
<Adrianabcm> desconheço tal informação, amigo… Mas, ficará registrado!
Oração Final:
<Lua_Prateada> Senhor, amado Pai,
somos agradecidos por mais essa oportunidade de aqui estarmos reunidos, aprendendo as vossas leis imutáveis e eternas. Agradecemos pelas bênçãos que recebemos, pelos ensinamentos transmitidos por nossos colegas para todos os que aqui se encontram, encarnados e desencarnados.
Rogamos Senhor, que o vosso amor possa chegar a todos os que de ti necessitam,
tocar os corações solitários, aquecer aqueles que padecem de frio por falta de calor humano, ou por falta de vestes materiais.
Que as luzes que chegam a nós, possam alcançar primeiro os que encontram-se em hospitais, em casas de abrigo, em orfanatos e albergues, recebendo estes, assim como nós, através da água do dia-a-dia os remédios necessários para suas mazelas íntimas.
Abençoe-nos Pai, fazendo de nós mensageiros da vossa bondade, transformando em nós, através da nossa reforma íntima, aqueles nossos sentimentos mais inferiores em sentimentos sublimes, de amor, de bondade e de fé, semeando a esperança e colhendo a felicidade eterna.
Envolvam-nos, Espíritos amigos e benfeitores, em mais uma noite de sono tranqüilo, de encontros lindos com o plano espiritual, preparando-nos para mais um dia que se inicia com o raiar do sol… e com o sorriso em nossos corações.
Assim seja!