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O Poder da Prece

O Poder da Prece

Palestra Virtual
Promovida pelo Canal #Espiritismo
http://www.irc-espiritismo.org.br

Palestrante: Carlos Alberto
Rio de Janeiro
23/07/1999

Organizadores da palestra:

Moderador: “Brab” (nick: |Moderador|)
“Médium digitador”: “jaja” (nick: Carlos_Alberto)

Oração Inicial:

<Valeryy> Meus queridos irmãos, vamos elevar nosso pensamento ao alto e, nessa vibração, entrar em contato com a espiritualidade maior e pedir que sê conosco, não só agora, em que estamos dando inicio a mais um estudo, a mais uma oportunidade de galgar os degraus da evolução, mas sim por todos os momentos em que estivermos nessa sintonia de paz, amor, alegria. Mestre e amigo Jesus, solicitamos a tua presença e do nosso Pai, que é só amor e misericórdia. Dilata nossa percepção para que possamos colocar em prática tudo o que nos for passado nesse momento Ilumina nosso irmão que fará a explanação do tema. Que ele seja feliz, agora e sempre. Paz, luz, sabedoria pra todos os presentes, encarnados e desencarnados. Deus está presente!!! (t)

Apresentação do palestrante:

<Carlos_Alberto> Uma boa noite a todos os amigos. Além de ser um dos operadores do Canal #Espiritismo (nick: cacs), participo das tarefas do Núcleo de Caridade Espírita Irmão Joé, no Rio de Janeiro. Também colaboro, quando possível, com as tarefas de divulgação da doutrina espírita desenvolvidas pelo Centro Espírita Léon Denis, também aqui no Rio de Janeiro. (t)

Considerações iniciais do palestrante:

<Carlos_Alberto> É uma bênção para mim poder estar entre estes amigos virtuais. Maior bênção ainda podermos utilizar do nosso tempo para um estudo tão interessante. Desde já, peço ao Pai que nos ilumine, para que possamos trabalhar a idéia da prece, compreender sua importância, livrar-nos dos rótulos, dos pedidos infantis, das ilusões que a educação dogmática nos trouxe nos séculos de existência, para que, desta forma, entrando em harmonia com os bons espíritos, com o Mestre Jesus, e com este Pai de infinito amor, possamos nos alimentar na fonte que nos traz uma euforia indescritível. É para mim mais uma grande oportunidade, pois a preguiça ainda me impede de aproveitar os recursos que vem do mais alto através da prece. Mas é exatamente o estudo, o esclarecimento, a reflexão acerca da prece que poderá ser um dos elementos a nos impulsionar para combatermos esta preguiça. O estudo nos faz despertar a consciência, e quando despertamos a consciência, começamos a movimentar as potencialidades da alma. Uma destas potencialidades é exatamente o pensamento. Como já sabemos que o pensamento é criador, precisamos utilizar esta potência para que justifiquemos o investimento que o Pai faz em nós a cada momento da nossa existência. Tenho certeza que, envolvidos nos bons fluidos da nossa curiosidade, da nossa vontade de trocarmos idéias, da nossa vontade de aprendizado, todos sairemos ganhando com este intercâmbio. Roguemos ao Pai, então, que os bons espíritos possam, mais uma vez, nos auxiliar de forma a, mesmo limitados, darmos mais um passo no conhecimento que nos ajuda a nos libertar da ignorância. Diga sim a vida !!! Muita paz !!! (t)

Perguntas/Respostas:

<|Moderador|> [1] <Homeover> Quando fazemos uma prece muito cansados, no final de um dia de trabalhos exaustivos, estando sonolentos, ela teria sua emissão vibratória comprometida?

<Carlos_Alberto> Não. Vamos lembrar que a alma, ou seja, o espírito encarnado, participa do contato espiritual por dois meios. Um deles pelo seu corpo carnal, o outro pela sua existência como espírito, que é imortal. O corpo carnal sofre as vicissitudes da matéria grosseira pela qual é revestido. O espírito não sofre cansaço, como o corpo. A prece, a elevação do pensamento a Deus, como nos dizem os amigos espirituais, é uma capacidade própria do espírito, não do corpo. Partindo desse princípio, mesmo que o corpo esteja fatigado, o espírito, sustentado pela consciência tranqüila que carrega pelos atos que pratica, terá seu poder de elevação vibracional não ligado ao cansaço físico, mas à sua disposição espiritual. (t)

<|Moderador|> [2] <Homeover> Preces feitas após relações sexuais harmônicas entre casais equilibrados espiritualmente teriam alguma alteração qualitativa na sua recepção pelo Alto?

<Carlos_Alberto> Em relações sexuais harmônicas é até aconselhável que o casal agradeça a abençoada oportunidade do relacionamento. Mas frisamos: “relações harmônicas”, ou seja, pautadas no amor, no equilíbrio, na doação e fidelidade. Vale a pena ressaltar que sexo não é pecado. Quando temos dúvidas da prece antes ou após o ato sexual, é porque, inconscientemente, ainda estamos ligados à idéia do sexo como algo pernicioso, quando, na verdade, o sexo é grande oportunidade de trocarmos sagradas energias. Logo, a prece é um belo complemento. (t)

<|Moderador|> [3] <Valeryy> Por que muitos acham que para orar precisa ter uma fórmula, uma receita, para que ela chegue até ao Pai?

<Carlos_Alberto> É natural. Vem da idéia que fazíamos de Deus. No começo, imaginávamos um Deus dentro dos fenômenos da Natureza. Evoluímos e passamos a ver Deus como uma personalidade vingativa. Jesus veio nos trazer a idéia de um Deus de amor. A Doutrina Espírita complementa nos mostrando um Deus infinito em todos seus atributos. Não é fácil abandonarmos uma idéia que nos acompanhou durante séculos. Por isso, muitos de nós ainda está preso às fórmulas. Abençoada Doutrina Espírita que demonstra ser mais importante o que vai no coração, do que as fórmulas, repetições e adorações exteriores. (t)

<|Moderador|> [4] <Homeover> Caro irmão, a paz do Cristo! André Luiz nos fala em suas obras de departamentos em cidades espirituais como Nosso Lar, especializados em recepção e atendimento de preces dos encarnados. No caso de preces com potencial vibratório muito alto, feitas por irmãos mais evoluídos, estas se dirigiriam por afinidade magnética à esferas mais elevadas ainda?

<Carlos_Alberto> Com certeza! Somos ligados pela lei de afinidade. O maior exemplo é Jesus, que orava diretamente a Deus. Logo, quanto maior a nossa vibração, mais longe chega o nosso pensamento. É oportuno lembrar que devemos desenvolver a idéia de conversarmos com Deus, não no sentido dos peditórios, das reclamações, mas sim na absoluta certeza que estamos envolvidos por ele de forma que, quanto mais o buscarmos, mais o acharemos. É um longo trabalho a ser desenvolvido por todos nós. (t)

<|Moderador|> [5] <Homeover> As preces “prontas” que aprendemos, como “Pai Nosso” e “Ave Maria”, podem ter a mesma eficácia junto à espiritualidade do que as que fazemos individualmente, como uma conversa íntima com Deus ou Jesus?

<Carlos_Alberto> Tudo depende do sentimento. As preces “prontas” servem, principalmente, para nos ajudar a ordenar e direcionar nosso pensamento. Ainda somos espíritos que encontramos muita dificuldade na concentração, no relaxamento, de forma que é preferível recitar uma prece pronta do que deixar o pensamento voar e se perder. O que conta – os espíritos não nos cansam de advertir – é o sentimento. Logo, nos preocupemos primeiro em sentir, para depois optar pela prece pronta ou por aquela que vem do nosso coração. (t)

<|Moderador|> [6] <lflavio> Por qual mecanismo a prece que fazemos vai até o Pai?

<Carlos_Alberto> Todos nós estamos mergulhados no fluido cósmico universal. É este fluido o meio pelo qual o pensamento se propaga. O que vai dar qualidade ao pensamento é a nossa boa intenção, sinceridade e bons sentimentos. Quanto mais conseguimos reunir estas condições, mais potência a nossa prece terá, pois maior influência terá sobre o fluido cósmico. (t)

<|Moderador|> [7] <Irmao_Sergio> Alguns irmãos de outras religiões costumam fazer preces “barulhentas”. O resultado dessas preces é o mesmo das feitas em silêncio?

<Carlos_Alberto> Novamente, lembramos que o que conta é o sentimento. Se ainda, por ignorância, um irmão necessita do barulho, por achar que só assim Deus o ouvirá, mas houver sinceridade, boa intenção e bons sentimentos, certamente, que este irmão será ouvido. Lembramos em “Fronteiras da Loucura”, de Manoel Philomeno de Miranda, de uma prece de uma católica que pede a ajuda de Bezerra de Menezes, orando de joelhos. Sabemos que não é necessário estar de joelhos para uma prece ser atendida. E, normalmente, teríamos a tendência de recriminar tal gesto. Mas o que Philomeno nos mostra é que os valores de quem pedia, a sinceridade de uma prece que veio do coração, chegou diretamente ao conhecimento de Bezerra de Menezes, que veio, pessoalmente, interceder pela pedinte. (t)

<|Moderador|> [8] <Brab> Recentemente foram feitas pesquisas importantes afirmando que a fé e a prece realmente curam as pessoas, provocando diversas reações orgânicas no cérebro físico e no organismo em geral. Do que se origina esse alcance da prece, até mesmo na cura de males do corpo físico?

<Carlos_Alberto> A Doutrina Espírita nos mostra o homem como um ser integral, onde as doenças residem no espírito. Quando oramos fervorosamente, entramos em sintonia com os bons espíritos que nos assistem, além de passarmos a respirar em uma atmosfera menos densa, possibilitando que nos impregnemos dos bons fluidos que terão ação benéfica em nosso próprio organismo. Orar fervorosamente e ter fé só não basta. É preciso que nos esforçemos, verdadeiramente, pela reforma íntima, nos propiciando assim a manutenção da verdadeira saúde. Já dizia Platão: “Mente sã em corpo são.” Nunca é demais lembrar Jesus, quando nos ensina: “Orai e vigiai.” (t)

<|Moderador|> [9] <lflavio> Tem algumas pessoas que precisam de uma imagem ou uma vela para orar, e acham que sem isto a prece não tem validade. Como entender este comportamento?

<Carlos_Alberto> Uma necessidade que vem da falta de esclarecimento. Nós, espíritas, sabemos que nada disto é necessário. Mas não devemos “atropelar” os irmãos que agem assim, pois ainda ontem tínhamos esta mesma postura. (t)

<|Moderador|> [10] <Naema> Partindo do principio do “Pedi e obtereis”, o que é conveniente pedirmos em nossas preces?

<Carlos_Alberto> Estamos encarnados em um planeta de provas e expiações. Sabemos que o progresso é infinito. Logo, se precisamos encarnar para progredir, devemos pedir força, coragem, proteção para superarmos as provas e expiações. Já passamos do tempo de acreditarmos que podemos ser carregados no colo, ou nos milagres que caem do céu. Abençoada Doutrina Espírita que nos liberta desses conceitos tão primitivos. (t)

<|Moderador|> [11] <_apple> Como encarar as promessas que tem como pagamento grandes sacrifícios físicos?

<Carlos_Alberto> É a idéia de que Deus precisa de trocas, de sacrifícios materiais; e da nossa ignorância com relação às suas leis. Não é por acaso que a primeira pergunta de “O Livro dos Espíritos” nos fala sobre Deus. É preciso que busquemos, cada vez mais, conhecer a Deus e a suas leis, pois só assim saberemos o que realmente o agrada. (t)

<|Moderador|> [12] <lflavio> Se Deus conhece as nossas necessidades, qual a utilidade de se pedir nas nossas preces?

<Carlos_Alberto> Pelo simples fato de que não somos conduzidos por uma fatalidade. Nós somos artífices do nosso progresso. Temos livre-arbítrio. Orar a Deus é demonstrar humildade, reconhecimento de sua paternidade, aprendendo, assim, a utilizarmos positivamente o nosso livre-arbítrio. Embora realmente Deus conheça nossas necessidades, os benefícios não caem do céu. É preciso que aprendamos a ir buscá-los. A prece sincera, junto à disposição de uma transformação moral, é caminho para essa busca. (t)

<|Moderador|> [13] <Naema> Existe alguma postura física (ajoelhados, mãos postas, etc) ou lugar mais conveniente para fazermos nossas preces?

<Carlos_Alberto> A Doutrina Espírita nos ensina que não. Mas para compreendermos isso é preciso que estejamos maduros. (t)

<|Moderador|> [14] <Dimmitri> Se fizermos preces por outrem, não tendo este o merecimento, a prece atingirá seu objetivo?

<Carlos_Alberto> A semeadura é nossa, mas a colheita é de Deus. A nossa obrigação é interceder pelo próximo. Somente Deus poderá avaliar o merecimento, o momento, enfim, a ajuda ao necessitado. Uma coisa podemos garantir: quando oramos pelo próximo, com desejo sincero de ajudar, mal não faremos. (t)

<|Moderador|> [15] <MBueno> Porque é negado aos suicidas a prece(conforme o Livro de Yvvonne Pereira: “Memórias de um Suicida”)?

<Carlos_Alberto> Não me lembro deste trecho do livro citado. O nosso entendimento é diametralmente oposto, ou seja, os suicidas são dos que mais necessitam do nosso carinho, onde a prece é um verdadeiro bálsamo para quem sofre. Existem vários casos de espíritos sofredores no livro “O Céu e o Inferno”, onde esses espíritos, além de, muitas vezes, solicitarem uma prece, dão testemunho de que uma prece sentida traz alívio indescritível. Logo, nos parece sensato orar pelos suicidas, onde, para isso, é preciso bastante desprendimento da nossa parte. Yvonne Pereira tinha esse desprendimento, pois chegava, pelas notícias que recebemos de amigos pessoais dela, a recortar dos jornais os obituários dos suicidas para orar por eles. (t)

<|Moderador|> [16] <Brab> Há um caso de Dr. Bezerra de Menezes, quando trabalhava como doutrinador em reuniões de desobsessão de um espírito muito inteligente que o chegou várias vezes, recebendo dele sempre argumentações poderosas e conscientes, mas que, no entanto, permanecia, reunião após reunião, endurecido. Em um de seus retornos, no entanto, Dr. Bezerra disse a esse espírito: “Meu amigo, já que não se convence com o que eu lhe digo, se me permite, farei uma prece contigo”. Terminada a prece, o espírito disse o seguinte: “Escute aqui, ô baixinho, você não me convenceu não, mas a tua prece me tocou. Irei pensar sobre o assunto” (…) E nunca mais retornou. Gostaria que, baseado nesse acontecimento protagonizado por nosso querido Dr. Bezerra, o amigo falasse-nos sobre o poder da prece sobre os espíritos endurecidos em reuniões de desobsessão, se possível contando algum fato ligado ao assunto. (t)

<Carlos_Alberto> Na literatura de André Luiz, somos advertidos que, para casos como esse, não basta a intenção, é preciso que quem ore tenha conquistado uma cota maior de amor. Lembramos de Jesus quando diz: “O amor cobre a multidão dos pecados.” Na maioria dos casos em que trabalhamos na desobsessão, não conseguimos uma transformação do espírito muito obstinado. Neste caso, fica a semente plantada pois, por mais imperfeitos que sejamos, já buscamos esta cota maior de amor ao próximo. Chegará o tempo em que estaremos na condição de conquistar através deste amor. (t)

<|Moderador|> [17] <MBueno> O que caracterizaria uma boa prece ou uma má prece?

<Carlos_Alberto> Devemos entender que Deus não se perturba, não se aborrece, não se entristece, pois sabe exatamente o nosso nível evolutivo. Uma boa prece é caracterizada pelo desejo do nosso progresso, pelo desejo de suportarmos as vicissitudes da vida, pela humildade com que conversamos com o Pai, no reconhecimento do seu infinito amor, enfim, quando nos harmonizamos com a Lei. Eu não diria que exista uma má prece, mas uma prece menos eficaz, quando por ignorância, por egoísmo, por orgulho pedimos, quais crianças, aquilo que não é o melhor para nós, tais como os benefícios materiais, sem maiores esforços, ou a resolução dos problemas, também, sem que queiramos dar nossa cota de trabalho. (t)

Considerações finais do palestrante:

<Carlos_Alberto> É uma grande alegria estar aqui neste momento falando sobre Deus, sobre Jesus, sobre a prece, enfim, assuntos que só podem nos esclarecer e elevar nossos espíritos. Eu mesmo tenho grande dificuldade em me concentrar e ainda sou bastante indisciplinado no que se refere a prece. Estudarmos juntos, novamente, me fez refletir e, mais uma vez, tenho a oportunidade de deixar a consciência me cobrar a necessidade de combater a preguiça, me concentrar mais e ser mais disciplinado, não desperdiçando abençoada oportunidade de entrarmos em comunhão com Deus, através da prece. Agradeço a todas as perguntas, rogando que Deus abençoe a todos nós. (t)

Oração Final:

<Naema> Senhor amado, obrigada por mais este dia que se encerra de forma tão maravilhosa, onde pudemos ser lembrados que sempre podemos estar próximos de ti abrindo nossos corações, demonstrando nosso amor. É essa proximidade que nos dá força para enfrentarmos nossas provas, para seguirmos adiante. Que possamos sempre estar próximos de ti. Que todos nós, encarnados e desencarnados, todos os que trabalham e participam desse canal possam receber sempre boas inspirações e levarmos essa palavra amiga aonde estivermos. Amém!