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A Postura do Espírita no Trabalho

Palestra

Virtual

Irc-Espiritismo

Palestra

Virtual

Promovida pelo IRC-Espiritismo

http://www.irc-espiritismo.org.br

Tema: A Postura do Espírita no Trabalho

Palestrante: Altivo

Pamphiro

Rio de Janeiro

07/06/2002

Irc-Espiritismo

Organizadores da Palestra:

Moderador: “Brab” (nick: [Moderador])

Médium digitador“: “Jaja” (nick: Altivo_Pamphiro)

Oração Inicial:

<Melzinha28> Mestre amado Jesus e espíritos amigos. Reunimo-nos

nesta noite a fim de estudarmos um tema de grande importância. Que

possamos contar com as inspirações vindas do alto e que possamos

agradecer tal oportunidade que certamente nos engrandecerá os

corações e almas fortalecendo-nos na caminhada que daqui surjam

alívios às dores de toda sorte e sejamos dignos de receber o

amparo de que tanto carecemos. Que assim seja!

Apresentação do Palestrante:

<Altivo_Pamphiro> Meu nome é Altivo Carissimi Pamphiro, sou médium

e expositor espírita e também presidente do Centro Espírita Léon

Denis, da cidade do Rio de Janeiro. (t)

Considerações Iniciais do Palestrante:

<Altivo_Pamphiro> O tema inicial, a apresentação do espírita

diante do trabalho, merece considerações evangélico-doutrinárias e

também considerações em termos da posição do homem diante do

trabalho.

As vezes, os trabalhadores são bons de doutrina, mas não têm

consideração pela tarefa em si mesma.

Há oradores que se distanciam, ou não comparecem a casas espíritas

por conveniências, sem se darem conta de que a instituição os está

esperando.

Como há espíritas, felizmente poucos, que dizem ser espíritas

somente dentro do Centro Espírita.

Isto nos leva a raciocinar que o espírita precisa preparar-se não

só doutrinariamente, mas também ter conceitos sólidos a cerca do

trabalho na casa espírita. É isso que nós nos propomos a analisar

na noite de hoje. (t)

Perguntas/Respostas:

<[moderador]> [1] – <Brab> Tem-se ouvido falar muito em ética

profissional nos últimos anos, denotando uma ansiedade da

sociedade por melhorias nas relações de trabalho, do ponto de

vista moral. Como a Doutrina Espírita pode ampliar a noção de

ética profissional no dia-a-dia?

<Altivo_Pamphiro> O espírita sabe que deve ter um comportamento

ético primoroso, mas o que vem a ser esse comportamento ético?

A moral pode estar presente em todos os atos de um espírita, mas

ele deve, entre outras coisas, aprender a respeitar a casa

espírita como um local de trabalho, de oração e um local habitado

por espíritos.

Irc-Espiritismo

Então tudo aquilo que nós fizermos no Centro Espírita devemos

levar em consideração que ali é também a residência, ou o local

onde espíritos se localizam ainda que temporariamente.

Por outro lado, vejamos o trabalho. Um orador espírita, ele deve

estar embuído do sentimento de divulgação.

Não devemos apenas saber doutrina e gostar de falar da mesma, mas

é necessário que façamos esse trabalho de divulgação tendo em

vista que o mesmo alcance a maior parte das pessoas possível.

O orador espírita se preparará para cada auditório em que ele for

falar. Para uns a palavra mais voltada para o Evangelho, para

outros as considerações de ordem doutrinária devem prevalecer.

Este sentido de observação respeitosa pelo público demonstra que o

orador tem uma consideração ética pelo trabalho.

No caso dos médiuns, as considerações são parecidas. O médium não

é apenas intérprete dos espíritos, ele precisa vivenciar aquilo

que comumente veicula sob pena também de ser considerado um mau

intérprete, uma vez que não é capaz de seguir os conselhos que

veicula.

Na direção da casa espírita, ou qualquer trabalho assemelhado

(diretor, conselheiro, coordenador de tarefas), o espírita

precisa, igualmente, preparar-se não só do ponto de vista

doutrinário, mas de relações humanas e outras ciências que ajudem

a casa espírita funcionar bem,

atraindo, por esse fato, bom número de freqüentadores, que por sua

vez, se se sentirem bem na casa, acabarão por divulgar a doutrina

de modo direto e indireto.

Enfim, as ciências psicológicas e humanas dos dias de hoje

oferecem ao espírita um bom conteúdo de aprendizado para que este

utilize na sua instituição os instrumentos que o ajudarão na

convivência, no trabalho e na alegria de se trabalhar no Centro

Espírita. (t)

<[moderador]> [2] – <Melzinha28> Como conciliar o trabalho

espírita diante das nossas grandes imperfeições morais?

<Altivo_Pamphiro> O trabalho dissolve as nossas imperfeições.

Devemos trabalhar mesmo nos considerando falhos ou sem condições.

O que precisamos fazer é desenvolver em doses crescentes a

humildade, o espírito de serviço e a posição de trabalhador do

bem.

Não nos considerarmos superiores, nem culpados. Apenas

trabalhadores. (t)

<[moderador]> [3] – <Brab> Qual é a postura que o espírita deve

ter para com a divulgação do Espiritismo em seu grupo

profissional? Alguns dizem que o espírita é por demais tímido,

comparado a outras crenças religiosas – e defendem uma postura

mais ‘aberta’. Outros dizem que o espírita deve divulgar

sobriamente, e por isso não pode aparecer ‘chateando’ os outros.

Existe um meio termo? Onde estaria ele?

<Altivo_Pamphiro> O espírita deve deixar claro no seu ambiente de

trabalho que ele é participante da doutrina espírita.

Estar sempre preparado para ajudar e, até mesmo, divulgar alguns

eventos junto aos seus colegas de trabalho.

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Ele não deve realmente ser uma pessoa intransigente ou

avassaladora, porque, nos dois casos, ele acabará mostrando um

aspecto ruim de sua personalidade, seja ela espírita ou não,

porque o inconveniente, ele o é por si mesmo e não pela religião.

Desse modo, se nos perguntarem, falemos, se não nos perguntarem,

nos calemos, mas devemos deixar que as pessoas sintam que temos

algo a oferecer. (t)

<[moderador]> [4] – <_Alves_> Boa noite, querido amigo e irmão

Altivo. Paz! Sabemos que a atividade política é uma atividade que

muito pode fazer pelos mais necessitados, porém muitos a utilizam

para conseguir benfeitorias ilícitas. Como deve o espírita se

comparar nesta área: afastar-se ou tentar também aqui mostrar o

Espírita em sua essência?

<Altivo_Pamphiro> O espírita, se possível, deve afastar-se da

política, o que não significa que ele deva afastar-se de ações

governamentais ou de atos em prol da sociedade.

Mas ser político, nos dias de hoje, não traz, realmente, uma boa

qualificação. O que eu temo é que o espírita, por mais bem

intencionado que seja, ele acabará sendo envolvido naquela máquina

formidável que é a máquina do Congresso, a máquina administrativa,

enfim, a estrutura que nos impede de agir em plena e total

liberdade.

Muitas pessoas lembram o Dr. Bezerra, Cairbar Schutel, Eurípedes

Barsanulfo, como que foram em determinada época espíritas. Mas a

verdade é que depois que eles se tornaram espíritas, eles

abandonaram a política e se entregaram inteiramente às atividades

sociais e socorristas, por esforço pessoal e através de suas casas

espíritas.

Conheço atualmente muitos trabalhadores espíritas em órgãos do

governo e são eles dignos e honrados, mas realmente eles ficam

bastante limitados em algumas ações, por força da realidade

política de sua localidade ou de seu superior hierárquico.

Creio, enfim, que o melhor é o espírita desenvolver suas tarefas

num ponto de vista social, socorrista e político, partido de uma

atividade individual ou simplesmente na casa espírita. (t)

<[moderador]> [5] – <Brab> Qual é o grau de importância que uma

tarefa social assume perante um grupo espírita e perante o

espírita por si só?

<Altivo_Pamphiro> O espírita tem no Cristianismo as lições sobre a

lei do amor e no Espiritismo as lições sobre a caridade.

Diante de qualquer atividade, solicitação ou mesmo apenas um

simples trabalho, devemos considerar se vamos agir cristãmente ou

apenas caritativamente.

Desse modo, vemos, por exemplo, uma calamidade pública que atinge

uma cidade: o espírita ou trabalha em nome do amor ou da caridade

atendendo às pessoas atingidas na calamidade.

Por outro lado, vemos que os Centros Espíritas, hoje em dia, eles

já estão considerando a necessidade de criar mecanismos de

diminuição da pobreza.

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Algumas casas espíritas apenas distribuem bolsas de mantimentos,

outras já podem criar um serviço educativo, que atendam às mães,

através de creches, aulas, etc.

Outras ainda já, com possibilidade e consciência social, criam

escolas profissionalizantes, ou simplesmente treinam pessoas no

trabalho.

Enfim, o espírita vai descobrir um meio de ajudar aos outros por

força da sua noção de caridade ou de amor, dados pela consciência

cristã-espírita. (t)

<[moderador]> [6] – <Brab> Um determinado médium possui, digamos,

tecnicamente, sua mediunidade bastante ostensiva. É fundamental a

presença desse médium a reuniões de educação da mediunidade? Se

sim, não seria isso mera formalidade? Que tipo de argumentos podese

dar a um médium nessa situação para que integre esse trabalho,

se for o caso?

<Altivo_Pamphiro> Nós aí temos que distingüir a educação mediúnica

do desenvolvimento da mediunidade. Nesta, o trabalhador faz

despertar, em si mesmo, os valores mediúnicos que não estão

visíveis, por exemplo: o passe de cura, o passe comum, a

possibilidade da fala, etc.

Geralmente, esses valores mediúnicos não são tão visíveis assim,

eles precisam ser desenvolvidos.

Já na mediunidade de incorporação, normalmente, ela, por si só, é

espontânea e, por isso mesmo, precisa ser educada, porque pode

haver médiuns que trabalham controladamente, silenciosamente, e

outros, mais exacerbados, precisam aprender a controlar o

fenômeno, porque senão serão médiuns “escandalosos”. (t)

<[moderador]> [7] – <_Alves_> Ser Espírita no trabalho é

relativamente simples (na verdade, nem tanto – hehehe), mas como

ser um bom Patrão Espírita?

<Altivo_Pamphiro> É preciso ser muito perspicaz e justo para saber

ser um bom patrão espírita.

Considero essa experiência bastante enriquecedora.

No CELD, temos creche, gráfica, serviço de limpeza, livraria e

biblioteca. Quase todos os funcionários são pagos. Daí, vivemos

numa verdadeira corda bamba para sermos justos e, ao mesmo tempo,

exigirmos o cumprimento do dever.

Tenho a certeza que não conseguimos agradar a todos. (t)

<[moderador]> [8] – <Brab> O Espiritismo nos diz que ‘fora da

caridade não há salvação’. Muitos espíritas sinceros, entendendo

essa máxima, realizam a caridade e se interam no trabalho espírita

quase que por obrigação ou disciplina. Como auxiliar esses

companheiros a desenvolver o gosto real, o prazer pelo trabalho

espírita, dentro do Centro Espírita?

<Altivo_Pamphiro> O espírita, verdadeiramente, para desenvolver

qualquer atividade, deveria ser espírita primeiramente.

É verdade que muitos são atraídos pelo serviço assistencial, e

deixam de lado o estudo permanente, por considerarem que já

conhecem o assunto.

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Esses, verdadeiramente, não gostam de detalhes. Conhecem o assunto

espírita sempre pela superfície, porque o detalhe se aprende

diariamente no decorrer dos anos.

Não há pessoa que conheça o Espiritismo somente pela leitura dos

livros espíritas feita uma única vez.

É necessário ler, meditar, raciocinar, concluir, para se chegar ao

conhecimento ideal. E, enquanto isso, vamos praticando a caridade,

complementando o conhecimento espírita, e não o contrário. (t)

<[moderador]> [9] – <titrigo> Altivo, como relacionar a

competitividade agressiva que lidamos no trabalho hoje em dia, com

os ensinos de mansidão e amor, dados Jesus?

<Altivo_Pamphiro> Realmente, há tarefas no mundo que afastam o

homem do Cristianismo.

O exemplo de atividades grosseiras, de disputas de mercado e

outras coisas parecidas, afastam o homem sensível da doutrina

espírita.

De qualquer modo, coheço juízes espíritas, policiais espíritas,

comerciantes espíritas e várias outras profissões, aparentemente

agressivas que contam com espíritas do mais alto valor e eles me

relatam que têm grandes dificuldades em manter a postura espírita.

(t)

<[moderador]> [10] – <_Alves_> Voltando à questão sobre política,

Emmanuel nos diz que pela omissão dos bons o mal perdura. Assim, o

afastamento do Espírita das atividades políticas não se

enquadraria nesta afirmação? O Espírita, claro que sabendo das

armadilhas que advém do cargo político, não teria muito a

contribuir nesta área?

<Altivo_Pamphiro> O problema é que realmente a massa contrária é

muito grande e acredito que poucos espíritas tenham conseguido

sobreviver a essa pressão, se é que conseguiram.

Freitas Nobre foi um político paulista que sempre foi político e

dedicou sua vida toda à política.

Nunca negou sua formação espírita. Houve uma época em que ele

estava para ser o único representante do partido, a que ele estava

filiado, à ser candidato a prefeitura da cidade de São Paulo.

Por situações de interesses políticos, ele foi alijado na

convenção do seu partido, deixando-o perfeitamente entristecido

com os seus pares.

Se pudermos trabalhar numa atividade de ação governamental,

façamos o nosso esforço.

Mesmo assim, façamos muito mais o bem que pudermos, através da

nossa casa espírita, que normalmente não está envolvida em ações

políticas.

Conheço trabalhadores espíritas vinculados a órgãos governamentais

que tiveram que ceder seus postos de trabalho, apesar de estarem

fazendo um bom serviço em favor da coletividade somente por

injunções políticas momentâneas. (t)

<[moderador]> [11] – <Brab> Todos os espíritas que se dedicaram de

maneira sincera à divulgação do Espiritismo reencarnarão para

encontrar-se com o Espiritismo outra vez ou é possível que essas

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criaturas, vinculadas à Lei de Amor, tenham uma existência inteira

sem o contato com o Espiritismo, embora guardem instintivamente

suas idéias?

<Altivo_Pamphiro> Creio que o Espiritismo, no dizer de Léon Denis,

é o futuro das religiões.

Creio também que a pessoa que tenha sido espírita não terá

condições de pertencer a outra religião, se puder ser espírita.

Evidentemente, se reencarnarmos no Afeganistão, não seremos

espíritas de jeito algum. :o)

Guardaremos então suave lembrança de uma doutrina que nos conforta

e consola e traz consciência do futuro de paz e felicidade.

O Espiritismo ainda tem muito que caminhar e acredito que até que

ele possa ser conhecido da maioria da população terrena, alguns

séculos passarão e nós iremos reencarnar muitas vezes ainda sendo

espíritas. (t)

Considerações finais do palestrante:

<Altivo_Pamphiro> Na noite de hoje, pudemos examinar um dos

aspectos mais interessantes da doutrina espírita, que é a

administração da divulgação e a nossa vida como espíritas, em meio

da sociedade.

Um assunto que ainda precisa ser bastante estudado, pensado e

divulgado.

Sugiro novos encontros do IRC sobre o assunto.

Felicidades a todos! (t)

Oração Final:

<_Alves_> Mestre Jesus, amado e querido irmão. Agradecemos a ti

pela oportunidade de aqui termos estado. Com a benção de nosso Pai

e a proteção dos bons Espíritos. Possamos refletir sobre as lições

que aqui aprendemos. E na medida do possível, com o auxílio de

nossos mentores. Colocarmos em prática em nosso dia-a-dia.

Mestre, permita que estejamos novamente reunidos neste ambiente

virtual na próxima semana. Sempre amparados e orientados pelos

Teus mensageiros. Rogamos ao Pai que nos abençoe e nos ajude a

superar as nossas imperfeições. Que assim seja. (t)