O Programa do Senhor
Livro “Pontos e Contos”
Estudo Espírita
Promovido pelo IRC-Espiritismo
http://www.irc-espiritismo.org.br
Centro Espírita Léon Denis
http://www.celd.org.br
Expositora: Nara Coelho
Juiz de Fora
04/12/1999
Dirigente do Estudo:
Clarice Sanches
Oração Inicial:
<C_A_N> Senhor Deus, vamos iniciar nossos estudos, para o que pedimos a assistência dos vossos mensageiros. A fim de que nos esclareçam a inteligência e nos dêem o discernimento necessário para o bem compreendermos o que vamos estudar. Sobretudo rogamos que os amigos espirituais presida a nossa reunião. Assim agradecendo a oportunidade de estarmos juntos, e num só pensamento. Iniciamos os estudos de hoje com o coração tranqüilo. Obrigada, Senhor, por esta oportunidade. Assim seja!
Exposição:
<Nara_Coelho> Boa noite, queridos amigos.
É com alegria e gratidão pela oportunidade de trabalho que aqui estou.
Que possamos merecer o amparo do Mundo Maior, a fim de que o estudo da noite se faça de maneira proveitosa para todos.
Valho-me desta minha última participação do ano neste programa que me encanta e emociona, para formular a todos os votos de um Natal de muita paz e que o novo ano (2000!!) possa encontrar-nos dispostos ao trabalho de auto-burilamento, bem como para o serviço do bem.
Que Jesus, o nosso querido aniversariante, receba, com nossas vibrações mais sinceras, a mensagem de que tudo faremos para não desapontá-lo; para que ele saiba que, mesmo ainda envolvidos por nossa aguda inferioridade, já queremos lutar para que, pelo menos conscientemente, não o traiamos como, certamente, já o fizemos milhares de vezes.
Na noite de hoje vamos refletir sobre essa página de Humberto de Campos, do livro “Pontos e Contos”, psicografia de Chico Xavier.
Podemos, já de princípio, concluir que os milagres não são suficientes para convencer ninguém.
Entretanto, as pessoas não querem ter trabalho; preferem receber tudo de graça.
Naquela oportunidade feliz, estiveram com o Mestre, presenciando-lhe o “milagre” que lhes fartou de peixe e de pão. Tendo satisfeita suas necessidades, “desceram” para o corre-corre da vida comum, esquecendo-se do acontecido, apenas porque o Mestre lhes sugerira esforços para a construção do novo reino que eles ambicionavam.
O verbo descer tem aí um significado importante, pois significa que eles saíram da faixa superior do Mestre, mergulhando na deles próprias. A solidariedade que deveriam ter para que seus semelhantes partilhassem de suas conquistas, pareceu-lhes pesada demais. Era melhor que retomassem seu cotidiano, enfrentando inclusive a fome, do que esforçar-se para a melhoria própria e do próximo. Dessa página, uma assertiva nos impressiona mais: como temos nos mantido distraídos através dos milênios com nossa idéia irreal da religião.
Julgamos ser ela resultado de milagres, profecias e todos os tipos de manifestações mágicas ou místicas que nos distraiam os sentidos materiais. Este posicionamento imaturo nos fez atrasar nosso encontro com Jesus e as verdades profundas que ele nos trouxe.
Somente neste final de milênio e com o advento do Espiritismo, começamos a compreender que a tarefa de Jesus não foi a de fundar uma religião. Jesus veio nos trazer a LEI. Veio nos dar um código de comportamento capaz de nos conduzir à paz e à felicidade, pela conquista da sabedoria.
Na singeleza dessa página, Humberto de Campos nos transmite essa verdade. É preciso ação no bem para que o Reino de Deus se faça entre nós. As manifestações milagrosas, a exteriorização do sentimento religioso em forma de alegorias, cultos rituais, etc., não transformam o homem. Não promovem o desenvolvimento de suas virtudes. Isso só se dará quando ele perceber que Jesus falou ao seu espírito, sugerindo sua participação efetiva na construção do bem para o próximo e para si mesmo.
Muitos outros pontos podem ser abordados dessa delicada página. Mas, prefiro não me alongar para não cansar vocês e sobrar espaço para conversarmos um pouco. Humberto de Campos ressalta do seu texto a responsabilidade que temos na construção do nosso futuro. Estou à disposição. (t)
Perguntas/Respostas:
[01] <Amiga_Espirita> É bem mais fácil ajudar e a querer bem as pessoas que gostamos, não é? Pois conheço pessoas estudiosas que ainda caem nesse erro.
<Nara_Coelho> Isso mesmo. Mas foi Jesus mesmo que nos alertou que não existe vantagem nenhuma em amar a quem nos ama. Aqueles que já têm a compreensão espiritual que o faz burilar seu espírito, esforça-se por amar o seu inimigo, orar pelos que o perseguem e caluniam, enfim, “exceder a Justiça do escribas e dos fariseus”. (t)
[02] <Amiga_Espirita> Agindo assim é que nós mostramos e sentimos o quanto amamos a todos sem distinção?
<Nara_Coelho> É verdade, Amiga-Espírita, esse é o objetivo a ser alcançado através de nossas reencarnações.(t)
[03] <Alfie> Deixando de lado a alegoria narrativa do “milagre”, que nós, espíritas, já sabemos o que significou, gostaria de notar que as perguntas dirigidas ao Cristo foram feitas num tom de orgulho, perfeitamente humano, como quem diz: eu que já sou bom, que já sou rico, que já sou destacado, como vou me colocar na hierarquia? Então coloco agora minha pergunta: o mais difícil na verdade é começarmos a nos amar, não é? Que nos dará a medida para amarmos nosso próximo. Estou certo? (t)
<Nara_Coelho> O remédio nem sempre é amargo. Muitas vezes, torna-se amargo porque deixamos de usá-lo, necessitando, dessa forma, de um remédio mais eficaz. Entretanto, nosso destino de transcendência tem evolução como determinismo. De todos os remédios amargos que já tomamos, certamente, daqui a dois mil anos, eles já terão surtido efeito. Se Deus quiser!
É verdade, Alfie. Conhecer a teoria não é tão difícil para quem tem uma inteligência normal. O difícil é colocar o que aprendemos em prática. O que verificamos nessa lição é o que acontece comumente, isto é, materializamos o que é espiritual.
Jesus dava-nos lições que diziam respeito ao nosso progresso espiritual, a conquista da felicidade verdadeira, e não transitória. E o orgulhoso questionador, como homem dos dias de hoje, reduziu suas inquirições às necessidades e informações da vida material. Por isso, tanto ele como a maioria de nós mesmos não aproveitamos os ensinos de Jesus. (t)
[04] <jal> Que dizer do progresso espiritual da humanidade neste 2000 anos com o Evangelho? Seremos ainda menos “escolhidos” do que previu Jesus?
<Nara_Coelho>Construímos nosso futuro dia-a-dia. O progresso é individual. A soma deles é que fará o progresso coletivo. Seremos escolhidos na medida em que trabalharmos para tanto. Não existem privilégios nas leis de Deus. A cada um segundo as suas obras, nos ensinou Jesus. Mas, como disse a Hotmaia, temos esperança de que as dificuldades por que já passamos aliadas aos conhecimentos que o Espiritismo nos dá, vão certamente facilitar nossa caminhada evolutiva.
Quanto ao progresso nesses dois mil anos que se encerram agora, ele foi muito aquém do que merecia Jesus. (t)
[05] <Amiga_Espirita> Como consigo rezar e pedir perdão para os meus amigos encarnados e desencarnados, mas os encarnados, quando os vejo, me dá uma certa indiferença. Quando vou deitar rezo para todos, mas na vida cotidiana sinto-me indiferente.
<Nara_Coelho> Amar a humanidade é fácil. Entretanto, amar as pessoas que estão conosco no cotidiano, nos aborrecendo nos contrariando, é realmente bem mais difícil.
Mas aí é que está a vantagem da reencarnação que nos permite, gradativamente, entender o que significa amar o nosso próximo com todos os defeitos que ele tem.
Como nos ensina Emmanuel, é preciso que amemos o próximo não por suas qualidades, mas porque ele é o nosso próximo. Isso é questão de aprendizado e tempo. (t)
[06] <sharpz> Não é a toa que é na família que encontramos a base de noção de sociedade e âncora.
<Nara_Coelho> A família é mesmo a base do nosso progresso. Nela, encontramos porto seguro ou às vezes os vendavais da nossa vida. Tudo sempre em consonância com a nossa necessidade evolutiva. (t)
[07] <Amiga_Espirita> Porque tenho raiva e logo depois fico com pena?
<Nara_Coelho> A raiva significa o impulso de sua natureza.
[08] <Amiga_Espirita> E a pena?
<Nara_Coelho> A pena vem em seguida, já como reflexo de um aprendizado que se realiza. É bom que você se esforce para combater a raiva que prejudica mais a você do que a quem quer que se dirija. (t)
[09] <Sergio_Estudos> Muitas religiões, para não dizer todas, ainda se utilizam de cultos e rituais para “louvarem” a Deus. Como poderá o Espiritismo suprir a necessidade que os fiéis dessas religiões tem (hoje) de manifestar a submissão a Deus e a Jesus através destes mesmos rituais, sendo que na nossa doutrina não existem tais coisas?
<Nara_Coelho> O Espiritismo aguardará que essas pessoas evoluam, até conseguirem alcançar o que Jesus ensinou, há dois mil anos, quando disse a Samaritana: “Dia virá em que Deus será adorado em espírito e verdade”. A necessidade do culto exterior revela a imaturidade espiritual de quem precisa “ver para crer”. (t)
Considerações Finais:
<Nara_Coelho> O Espiritismo é uma religião natural e o homem caminha no sentido de aprender a se religar a Deus naturalmente, sem intermediários. O Espiritismo não retrocederá. Os homens é que evoluirão até entendê-lo. É como a criança que precisa de material concreto como colagem, recortes, pintura, para o aprendizado comum. (t)
Oração Final:
<claralice_estudos> Amigos, vamos neste instante em que nos aproximamos do encerramento das atividades da noite, agradecer a Deus e a Jesus pela Assistência Espiritual que nos foi favorecida para que aqui estivéssemos.
Assim sendo, vamos nos dirigindo em pensamentos a Deus nosso Pai Criador, a quem desejamos agradecer tantas dádivas, dentre elas, esta nossa existência, o nosso encontro com a Doutrina Espírita, este momento de estudos e reflexões, tão importantes para o nosso crescimento espiritual.
E também nos dirigimos ao modelo de Mestre que esteve entre nós há 2000 anos e a ele agradecer pelos benefícios que nos foram concedidos, por seus missionários na tarefa do amor e agradecer a ele também pela paz que sentimos em nossos corações nestes momentos em que aqui estivemos, lembrando-nos de rogar a Jesus por todos aqueles que aqui gostariam de estar, mas que não puderam fazê-lo, onde quer que se encontrem sejam estes abençoados por nosso Mestre.
Rogamos também por todos que aqui estamos e ainda por nossa palestrante desta noite, bem como por nosso amigo Mauro Bueno, o coordenador desta tarefa, que hoje não pôde estar conosco, que onde ele esteja possa sentir as tuas bênçãos.
Mestre de Amor, rogamos, ainda por toda humanidade, da qual somos parte. Que esta tua paz possa nos envolver hoje e sempre. Assim seja!