Suicídio
Palestra Virtual
Promovida pelo Canal #Espiritismo
http://www.irc-espiritismo.org.br
Palestrante: Altivo Pamphiro
Rio de Janeiro
25/09/1998
Organizadores da palestra:
Moderador: “Caminheiro” (nick: Moderador) “Médium digitador”: “jaja” (nick: Altivo_Pamphiro)
Oração Inicial:
<Safiri> Senhor meu Deus, pedimos a ti neste instante que abençoe mais um trabalho. Que nossos corações e mentes estejam ligados nas boas vibrações de amor fraterno e carinho. Peço-te, Senhor meu Deus, que acompanhe nosso irmão Altivo no seu trabalho e abençoe a Todos. Assim seja!
Considerações iniciais do palestrante:
<Altivo_Pamphiro> Desejo, inicialmente, um bom trabalho para todos nós. O tema de hoje sobre os suicidas nos dará ensejo de pensarmos no trabalho de renovação espiritual que está ao alcance e na obrigação de todos nós. Tenhamos uma boa noite de estudos e trabalhos. (t)
Perguntas/Respostas:
<Moderador> [1] <Caminheiro> Amigo Altivo, o suicida deve ser considerado como um corajoso ou covarde? Por que?
<Altivo_Pamphiro> Todos os espíritos do bem informam que o suicida é antes de tudo um egoísta que somente pensa nas suas dores. Ignora as dores que irá causar nos seus. Não se pode generalizar e chamá-los de corajosos ou covardes, porque, em realidade, eles, antes de tudo, são preocupados com as suas próprias idéias. Há, entretanto, os casos de loucura, em que o suicida, num estado de demência, não pode avaliar o crime que está cometendo. É atribuído ao espírito Emmanuel a informação de que Getúlio Vargas, o ex-presidente do Brasil, ao se suicidar, não foi considerado como um suicida, uma vez que evitou uma guerra civil com a sua morte. Desse modo, vemos que a Lei de Deus prevê considerações que nem sempre estão ao nosso alcance. (t)
<Moderador> [2] <Safiri> Quais os fatores (espirituais) que podem levar uma pessoa a desejar não mais viver?
<Altivo_Pamphiro> Principalmente a saciedade. O espírito, quando mais não tem por que lutar, pode desesperar-se e entrar numa depressão que o leva a pensar no suicídio. Há cerca de dez anos atrás, na Suécia, houve uma pesquisa entre médicos e paramédicos sobre se algum deles teve algum dia desejo de suicidar-se. A informação, impressionante aliás, foi de que todos os médicos e paramédicos que, habitualmente, dirigiam-se para os países pobres, oferecendo seus serviços durante suas férias, estes jamais pensavam em suicídio. Vê-se que o trabalho é realmente um grande antídoto para o suicídio. (t)
<Moderador> [3] <^^^Anjo^^^> Para onde realmente vão os Espíritos dos suicidas? E há uma regra geral para quem comete este ato, ou os motivos que o levaram a cometê-lo podem amenizar essa pena, se assim podemos chamar?
<Altivo_Pamphiro> A médium Yvonne Pereira, no seu portentoso livro “Memórias de Um Suicida”, fala do “Vale dos Suicidas”. Entretanto, temos notícia de outros suicidas que não foram para o “Vale” porque não constituíam um perigo para os encarnados. Segundo D. Yvonne, vão para o Vale dos Suicidas aqueles espíritos capazes de influenciar aos encarnados. Eles, então, são segregados para não influírem nos homens. (t)
<Moderador> [4] <damago> Quanto tempo, em média, fica um espírito de um suicida vagando pelas regiões umbralinas?
<Altivo_Pamphiro> Não há previsão para esse tempo. Dizem os espíritos condutores que o espírito fica vagando enquanto não consegue harmonizar sua mente e entender o apoio que está sendo dado a ele. Isso varia, portanto, de espírito para espírito. (t)
<Moderador> [5] <terraplaneta> Será que todos nós não somos em alguns instantes, se assim posso definir tal nomenclatura, de suicida quando estamos em algum estado ‘negativo’, por exemplo: chateados, deprimidos, aflitos, inseguros, envergonhados, irados etc. e agimos contra a Lei?
<Altivo_Pamphiro> Vamos dizer que o suicida é aquele que, além de não conseguir superar esses estados mórbidos, procura fugir das realidades do mundo em que vive. Podemos, também, como você está falando, ser considerado como um suicida potencial, todas as vezes que entramos nesse estado de morbidez psíquica. De alguma forma, somos suicidas quando desgastamos desnecessariamente o corpo ou desistimos de viver. (t)
<Moderador> Duas perguntas correlatas: [6] <damago> Quando determinadas religiões levam os seus seguidores a suicídios coletivos, quem possuirá maior dosagem de culpa, neste caso? [7] <happy> Se alguém for obrigado a se matar? Por exemplo, obrigado a se jogar de um lugar, ele é culpado?
<Altivo_Pamphiro> Quando os seguidores de uma religião se suicidam, eles não têm culpa pelo suicídio, mas sim por terem se deixado envolver pelas ordens absurdas que lhes foram dadas. A culpa do suicídio propriamente dito caberá aos seus diretores, os que os induziram. Quanto aos que são obrigados a se matar, estes não se suicidam, são assassinados. (t)
<Moderador> [8] <USU> Grandes personagens bíblicos possuíam tanto amor pelo povo que colocaram a disposição sua própria vida em troca da libertação dos outros. Esse sentimento “suicida” é antes uma virtude, e não um erro, não é? Como disse Martin Luther King “Aquele que não possui uma causa pela qual se disponha a morrer por ela, este não merece a vida que possue”. Gostaria de saber a opinião do preletor sobre esse tipo de “intenção suicida”.
<Altivo_Pamphiro> Nenhum desses grandes líderes, na verdade, tinham essa “intenção suicida”. Eles tinham era a coragem da fé, que poderia chegar até ao fato de saberem que correriam risco de vida todas as vezes que falassem as suas verdades. Os líderes religiosos, eles enfrentam, principalmente, a desordem moral e aqueles que se comprazem nela. Luther King enfrentou toda uma classe social em defesa dos negros. Estes homens, poderosos em si mesmos, sabiam que “agrediriam” ao status-quo vigente. Com toda certeza, a sociedade agredida responderia na sua linguagem de violência. Tenho a certeza que estes homens, ao enfrentar esta sociedade, sabiam que a resposta que elas dariam seria a violência, por isso digo que, em verdade, eles tinham a coragem da fé. (t)
<Moderador> [9] <Safiri> Dizem que necessitamos, obrigatoriamente, reencarnar, por que se isso não acontece, nós afetamos nosso perispírito. Será que o fato de uma pessoa, desde criança, não concordar muito em “viver” estaria relacionado com esse fator? Pois, no fundo, o espirito se torna obrigado a reencarnar. André Luiz nos faz entender que há pessoas que, pelo uso de tabaco, álcool, drogas, etc; são considerados suicidas no Plano Espiritual. O que nos poderia dizer a respeito dessas pessoas? Haveria para elas alívio de suas penas devido ao fato de não terem consciência de estarem se matando aos poucos?
<Altivo_Pamphiro> Muitos de nós, realmente, nos arrependemos de termos voltado à carne. Tenho conhecimento de um fato muito interessante. Uma mãe “reprodutora” deu seus 5 filhos sem nenhum sentimento de culpa. Uma de suas filhas “dadas” disse uma vez para a mãe adotiva: “Por que o médico quando a gente nascia não empurrava a gente para dentro da barriga da mãe? Só assim a gente não seria dada para ninguém.” Essa criança falou isso com 4 anos de idade e, até hoje, com 12 anos, reclama de ter nascido, justamente porque não ficou com sua mãe, embora seja amada pela mãe adotiva e ignorada pela mãe de sangue. Creio que há espíritos mais sensíveis que, realmente, desejariam voltar atrás e não renascerem. (t)
<Moderador> Mais duas perguntas correlatas: [10] <happy> Se uma pessoa bebe e é atropelada, ou bate o carro, cometeu um suicídio? [11] <Vadico> Quanto ao suicídio lento por desgastar o próprio corpo, desnecessariamente, há diferenças entre os que o fazem com álcool, drogas, fumo ou mesmo comidas excessivamente gordurosas ou mesmo uma simples Coca-cola?
<Altivo_Pamphiro> O fato delas ignorarem que o álcool e o tabaco podem levar à morte não as eximem do sofrimento oriundos desses agentes químicos. O suicídio, nesse caso, seria indireto, mas, nem por isso, deixa de ser um desgaste desnecessário, inoportuno, que causará, cedo ou tarde, um sofrimento para os que abusarem assim do seu corpo. Tudo na vida depende da intenção. Se você também usa o excesso de gordura pensando que isso não lhe fará mal, você estará menos comprometido, mas nem por isso deixará de sofrer os efeitos de seus atos. Quanto ao que sofre um desastre e morre em conseqüência de bebida ou do tóxico, ele sofrerá por ver que cortou o fio da sua vida antes da hora. Não será um suicida “clássico”, mas sim um suicida indireto, que, certamente, terá que dar contas deste seu ato. (t)
<Flavyo> [12] <terraplaneta> E quando algum povo se mata, para não enfrentar uma batalha física contra o ‘inimigo’, em termos históricos, quero dizer, será considerado suicida? Em outras palavras, quando um grupo que representa um povo e que não tem condições físicas, equipamentos, etc, para se defender, o ato de se matar será considerado suicida? Os seus espíritos ‘vaguearão’, por exemplo, ou não?
<Altivo_Pamphiro> Sim, serão suicidas por não passarem pelas provas terrenas que deveriam passar, sendo submetidos pelo “inimigo”. Os espíritos sofrerão de acordo com seus conhecimentos. Vaguearão ou não, mas, nem por isso, deixarão de sofrer. Em Esparta, a criança que nascesse com deficiências físicas era deixada nos morros para serem comidas pelos lobos. O que é isso? Crime ou suicídio? Um pai que faz isso, submetido pela sociedade e aceita este fato é porque ele é “igual” à sociedade que o obriga a agir desse modo. Lembremo-nos de José e Maria, fugindo para o Egito. Eles não se submeteram ao rei que ordenara a morte das crianças com menos de um ano. (t)
<Moderador> [13] <Flavyo> E nos esportes? Pessoas que participam de esportes perigosos e acabam por desencarnar? (Como foi o caso de Ayrton Senna) seria suicídio? Que culpa tem quem participa de esportes assim( alpinismo, Formula I, rally, etc)?
<Altivo_Pamphiro> Os espíritos, na medida que têm conhecimento das limitações a que estão sujeitos, e, mesmo assim, “obrigam” seu corpo a participar dessas atividades, são chamados de suicidas em potencial. Quando ocorre a desencarnação de um deles, serão punidos pelo fato de conscientemente agirem contra a segurança dos seus corpos. (t)
<Moderador> [14] <Ierathel> Dizer que seguidores de determinadas religiões ou seitas quando se suicidam não tem culpa não seria tirar-lhes o livre arbítrio em detrimento da fé cega?
<Altivo_Pamphiro> Quando pessoas abdicam de pensar e se deixam conduzir pela determinação de outros, eles realmente estão errados, mas devemos levar em conta aqueles que realmente não são capazes de discernir. Nesse caso, o livre-arbítrio deles está realmente prejudicado. (t)
<Moderador> [15] <damago> Um pai de família com dificuldades financeiras, porém com seguro de vida polpudo, teria a sua pena reduzida por agir em beneficio deles?
<Altivo_Pamphiro> A própria lei humana considera este “suicida” como alguém que não pode usufruir, nem deixar que usufruam o fruto dos seus recursos, uma vez que agiu de caso pensado. Esta pessoa sofrerá por ter fugido da vida e não ter incutido nos seus o espírito de luta e de renúncia. (t)
<Moderador> [16] <AnYmORe> Que culpa teria alguém que, por não ter seu amor correspondido, se matasse, e aquela que não lhe correspondia, que culpa teria?
<Altivo_Pamphiro> Quem se mata por amor, segundo D. Yvonne Pereira, tem em seu benefício o sentimento com que agiu. Não foi, propriamente dita, uma fuga, mas sim uma falta de resistência moral. A pessoa que não correspondeu ao amor, nada tem a ver com a morte do outro, se não estimulou um amor que não seria correspondido jamais. (t)
<Moderador> [17] <USU> Existem inúmeros casos na natureza, onde a tendência do indivíduo é o de praticar o suicídio. Suicídio em massa, como com os lemmings, suicídio em prol da prole como em crustáceos, aves, etc. Então, até que ponto o suicídio é algo promovido pela própria vontade? A biologia, principalmente a genética, nos mostra que se o ganho obtido por resguardar a herança genética dos parentes for maior que a de garantir a sua própria, a maneira de garantir a sua própria, a melhor saída será a morte coletiva. O que nos diz disso?
<Altivo_Pamphiro> Um suicídio propriamente dito é um ato moral. Os atos como você citou são, antes, de defesa da espécie do que realmente uma morte planejada com requinte e com efeito moral. (t)
<Moderador> [18] <Caminheiro> Pode-se fazer alguma coisa em auxílio aos suicidas ou a eles não se pode ajudar de forma nenhuma? Haverá alguma esperança para os espíritos suicidas e para seus familiares?
<Altivo_Pamphiro> Sabemos que a prece é de grande auxílio para os suicidas, isso porque, quando oramos por alguém, usamos a nossa boa vontade, o nosso sentimento de compreensão para com o próximo. Todas as vezes que pensarmos, com tranqüilidade, em favor de alguém, estaremos sugerindo a ela que alguém pensa nela com carinho, com estímulo e boa vontade. Outra forma de auxiliá-la é vibrar para que ela se encontre, sugerindo pensamentos de estímulo e de paz. (t)
<Flavyo> [19] <RodrigoSan> No caso dos desportistas, Mequinho, campeão brasileiro de xadrez também era um desportista. Nos anos 70 veio a ter um problema nervoso que o forcou a abandonar os tabuleiros. Ele poderia ser considerado um suicida se viesse a desencarnar em função de problemas neurológicos, causados pela tensão nervosa provocada pelos campeonatos?
<Altivo_Pamphiro> O princípio é o mesmo. Todas as vezes que você tenta se superar fisicamente sem condições, você estará sendo um suicida em potencial. (t)
<Moderador> [20] <Caminheiro> Diante de uma situação arriscada para salvar vidas, o herói morto será mesmo herói ou suicida?
<Altivo_Pamphiro> Herói, uma vez que ele não agiu com intenção de se matar e sim em socorrer alguém. Será um herói. (t)
<Moderador> [21] <Dilma_PVT> O suicida lesa seu perispírito. Em “Memórias de Um Suicida”, vemos que os amigos espirituais fazem cirurgias no perispírito para atenuar seu estado, no planejamento para nova encarnação. Isso é possível? Não quebraria aí a condição de cada um é dado de acordo com seu merecimento?
<Altivo_Pamphiro> Nesses casos, podemos entender este auxílio como uma forma de socorrer as pessoas. Na verdade, esses espíritos estão sendo amparados porque viram neles um potencial de libertação de seus males e a possibilidade de vencerem num futuro mais ou menos próximo. (t)
<Moderador> [22] <Caminheiro> Diante dos problemas de nossa sociedade contemporânea, o que dizer especificamente a respeito de suicídio para os jovens usuários de drogas?
<Altivo_Pamphiro> Estes antecipam suas partidas para o mundo dos espíritos e as informações que se recebe acerca do estado deles são as mais tristes possíveis. Na verdade, são suicidas. (t)
<Moderador> [23] <Caminheiro> Altivo, hoje em dia, ter relações sexuais sem o uso de preservativo, pode ser considerado como atitude potencialmente suicida?
<Altivo_Pamphiro> Sim, se você busca um(a) parceiro(a) e neste você apenas vê o prazer sem se dar conta dos prejuízos que podem acarretar tal relação. (t)
Considerações finais do palestrante:
<Altivo_Pamphiro> Acredito que todos nós devemos ajudar ao próximo, principalmente quando vemos que o nosso irmão se aproxima de uma situação desgastante, desigual e potencialmente suicida. É nossa obrigação. Embora não devamos ser inconvenientes, nem por isso devemos deixar de falar todas as vezes que virmos a dor do próximo. O suicida é, antes de tudo, um solitário. Descobrir um meio de chegarmos à criatura solitária pode ser um útil e benévolo exercício de caridade em favor do próximo. Utilizemos os recursos ao alcance de nossas mãos para auxiliar ao suicida ou ao potencialmente suicida. Será isso uma boa atitude e, certamente, nossos guias espirituais nos ajudarão. Quanto ao suicídio, propriamente dito, lutemos contra todas as formas de depressão, de fuga e de falta de fé. Ajudemo-los. (t)
Oração Final:
<RodrigoSan> Vamos elevar nossos pensamentos a Deus, sem cuja permissão nada se faz, para que possamos agradecer por esta noite de estudos e reflexões. Pedimos, Pai, que sempre nos ampare e auxilie. Somos ainda muito pequenos e frágeis são nossas forcas. Pedimos que ilumine nossos corações ante as provas da vida, as quais as maiores são as do perdão e da abnegação (pelo menos para mim, Pai). Que possamos ser sempre brandos e pacíficos, calmos e serenos. Que a sua luz brilhe dentro de nós e que ela sirva como um farol para os náufragos e como condutor para os que ainda são cegos. Agradecemos por tudo e principalmente, Pai, por estarmos vivos, abençoa nossos corações e que neles possamos edificar seu reino da glória. Que assim seja!