Temas para o Exercício de Oratória
Centro Espírita Ismael
Sérgio Biagi Gregório
DEPARTAMENTO DE ENSINO DOUTRINÁRIO
AV. HENRI JANOR, 141, JAÇANÃ – S. P. FONE: 201-6747
CURSO DE EXPOSITOR ESPÍRITA
ÍNDICE
- Introdução
- 01 – O Consolador Prometido
- 02 – Reencarnação
- 03 – Morte
- 04 – Jugo Leve
- 05 – Ressurreição e Reencarnação
- 06 – Orgulho e Humildade
- 07 – A Criança e o Reino de Deus
- 08 – Escândalos: Cortar a Mão
- 09 – Obediência e Resignação
- 10 – Fé: Mãe da Esperança e da Caridade
- 11 – Mundos Inferiores e Mundos Superiores
- 12 – A Candeia e o Alqueire
- 13 – Céu, Inferno e Purgatório
- 14 – Justiça Humana e Justiça Divina
- 15 – Alternativas da Humanidade com Relação ao Mundo Espiritual
- 16 – Parábolas dos Talentos
- 17 – Espírito
- 18 – Mediunidade
- 19 – Inteligência e Instinto
- 20 – Perturbação Espiritual
- 21 – A Paz e a Espada
- 22 – Desigualdade das Riquezas
- 23 – Pobre de Espírito
- 24 – Justiça, Amor e Caridade
- 25 – Deus e Mamon
- 26 – Missão do Homem Inteligente na Terra
- 27 – Os Pobres e os Estropiados
- 28 – A Cruz e a Espada
- 29 – Prece
- 30 – Injúrias e Violências
- Bibliografia Consultada
I N T R O D U Ç Ã O
O objetivo destes textos é servir de complemento aos temas propostos para o exercício do discurso oratório.
01 – O CONSOLADOR PROMETIDO
Consolar – do lat. consolare – significa aliviar ou suavizar a aflição, o sofrimento, o padecimento; dar lenitivo a, mitigar, confortar. Prometer – Do lat. promittere, “atirar longe”, obrigar-se verbalmente ou por escrito a (fazer ou dar alguma coisa); comprometer-se a; pressagiar, anunciar, dar esperança.
“Se vós me amais, guardai meus mandamentos; e eu pedirei a meu Pai, e ele vos enviará um outro Consolador, a fim de que permaneça eternamente convosco: o Espírito de Verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê e não o conhece. Mas quanto a vós, vós o conhecereis, porque permanecerá convosco e estará em vós. Mas o Consolador, que é o Santo Espírito, que meu Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos fará relembrar de tudo aquilo que eu vos tenho dito”. (São João, cap. XIV, vv. 15 a 17 e 26).
Jesus, personificador da segunda revelação divina, abriu caminho para o advento do Espiritismo. O início do cristianismo, ou seja, a propagação dos ensinos de Cristo, foi caracterizado pelo clima de opressão em que viviam os judeus. Todos estavam esperando o Salvador. Este chega numa manjedoura e educa-se junto à carpintaria. Jesus falava por parábolas, isto é, colocava um véu sobre certos aspectos da vida espiritual. Contudo, prometeu o “Consolador”.
Espiritismo vem, no tempo marcado, cumprir a promessa do Cristo: o Espírito de Verdade preside a sua instituição, chama os homens à observância da lei e ensina todas as coisas em fazendo compreender o que foi dito por Cristo através das parábolas. O Espiritismo vem abrir os nossos olhos e ouvidos, porque fala sem figuras e sem alegorias; ele ergue o véu deixado propositadamente sobre certos mistérios. Vem, por fim, trazer uma suprema consolação aos que sofrem, dando uma causa justa e um fim útil a todas as dores.
O Consolador veio para consolar. Nesse sentido, os espíritas devem preparar-se para serem os fiéis intérpretes dos Benfeitores Espirituais. Renunciar ao ponto de vista pessoal e eliminar preconceitos auxiliam sobremaneira. Ainda: o espírita deve estar sempre estudando o conteúdo doutrinário, a fim de que possa penetrar nos meandros da alma alheia e fornecer-lhe o alimento espiritual de que necessita.
Sejamos o sal da terra. Que a nossa palavra possa sempre ser um refrigério para as almas que nos procuram. (01)
02 – REENCARNAÇÃO
Encarnar – Do lat. incarnare – significa penetrar (o Espírito em um corpo). Reencarnar (de re + encarnar) significa a volta do Espírito em um novo corpo físico. Reencarnação (de re + encarnação) é a doutrina da pluralidade e da unidade das existências corpóreas, isto é, do nascimento ou renascimento de Espíritos tanto na esfera terrena como na de outros planetas.
A reencarnação é um princípio veiculado desde a mais alta Antigüidade. Pitágoras não foi o criador da reencarnação (confundida com a metempsicose), pois absorvera esses conhecimentos das filosofias indianas e dos meios egípcios, onde ela existia desde épocas imemoriais. Allan Kardec, o codificador do Espiritismo, não inventou, pois, a reencarnação. Apenas deu-lhe um tratamento racional, mais conforme às leis progressivas da natureza e mais em harmonia com a sabedoria do Criador, ao despojá-la de todos os acréscimos da superstição.
O princípio da reencarnação funda-se na justiça divina e na revelação. A reencarnação é inerente à inferioridade dos Espíritos. Deus, na sua infinita bondade, deixa sempre uma porta aberta ao arrependimento. Nesse sentido, a finalidade da reencarnação pode ser uma prova, uma expiação ou uma missão. Porém referindo-se sempre à evolução e à perfeição do Espírito encarnado.
Os Espíritos reencarnam tantas vezes quantas forem necessárias. O limite é a perfeição do ser. Assim, exauridas todas as possibilidades de um mundo, o Espírito pode reencarnar em outro, a fim de dar continuidade até atingir a perfeição. Por outro lado, caso não tenha acompanhado a evolução de um determinado orbe, pode encarnar em outro menos evoluído, o que se tornará uma dura provação para o Espírito.
A finalidade da encarnação, como vimos, é a perfeição do Espírito. Isso porque, se o Espírito permanecesse eternamente no mundo espiritual, não evoluiria tão rapidamente como estando encarnado. Aqui, ou em outros mundos, sofre as limitações do corpo físico, as intempéries do tempo e as condições ambientais inerentes a cada globo. Tudo isso para o fortalecimento do ser.
Aproveitemos a oportunidade de estarmos reencarnados. Não nos deixemos abater pelas provas e expiações que se fazem necessárias ao nosso adiantamento espiritual. (02)
03 – MORTE
Morte – Do lat. mortem – é simplesmente definida como ausência de vida; foi sempre vista como mistério, superstição e fascinação pelo homem. De acordo com o Espiritismo, é o desprendimento total do Espírito do corpo físico, em conseqüência da ruptura do laço fluídico que prende ou liga um ao outro, quando então há o falecimento.
As sociedades modernas negam a morte. Nos Estados Unidos há o “Funeral Home“, ou seja, “casa de embelezamento de cadáver”. As altas tecnologias desenvolvidas para tratar as doenças dão certa supremacia aos médicos. Atualmente, muitas crianças só vêem o falecimento através de filmes. Isso porque a maioria das pessoas passa os últimos instantes de sua existência em hospitais, que foram construídos para salvar vidas. A morte, em certo sentido, é uma derrota da medicina.
As religiões têm exercido poderosa influência nas “atitudes” dos indivíduos com relação ao passamento. No Catolicismo, há a imagem do fogo eterno queimando nossas entranhas; nas Doutrinas Orientais, a volta do Espírito em um corpo animal. Além da questão religiosa, há os erros de abordagem: tudo termina com a morte; imersão no desconhecido; excesso de preparação para o desenlace; dúvidas com relação à imortalidade e ilusão de sermos indispensáveis à família.
Allan Kardec, no livro O Céu e o Inferno, trata exaustivamente do problema da morte. Diz-nos que o temor da morte decorre da noção insuficiente da vida futura, embora denote também a necessidade de viver e o receio da destruição total. Segundo o seu ponto de vista, o espírita não teme a morte, porque a vida deixa de ser uma hipótese para ser realidade. Ou seja, continuamos individualizados e sujeitos ao progresso, mesmo na ausência da vestimenta física.
Nós, os chamados civilizados, deveríamos aprender a morrer. É possível que o desenvolvimento econômico e industrial tenha obscurecido nossa mente sobre o fato. Contudo, cedo ou tarde, teremos de enfrentar o problema. Sócrates, filósofo grego da Antigüidade, já nos alertava que a Filosofia nada mais é do que o estudo da morte. Pergunta-se: como anda o nosso treino para o desenlace?
A transição serena exige tranqüilidade de consciência. Desapeguemo-nos, assim, dos nossos familiares, de nossos bens materiais e de tudo aquilo que possa dificultar a nossa partida. (03) e (04)
04 – JUGO LEVE
Jugo – do lat. jugu, pelo hebr. môt, ôl – significa peça de madeira que serve para emparelhar dois animais para o mesmo trabalho. É símbolo de servidão, de opressão, de constrangimento. A passagem dos vencidos sob o jugo romano (trave em asna) é suficientemente explícita. Leve – do lat. leve, de pouco peso, que se movimenta com desembaraço, agilmente, à solta. O jugo de Jesus é suave, isto é, não machuca.
São Mateus, no cap. XI, vv. 28 a 30 do seu Evangelho, narra o “jugo leve” da seguinte forma: “Vinde a mim, todos vós que sofreis e que estais sobrecarregados e eu vos aliviarei. Tomai meu jugo sobre vós e aprendei de mim que sou brando e humilde de coração, e encontrareis o repouso de vossas almas, porque meu jugo é suave e meu fardo é leve”.
A reação aos acontecimentos varia para cada um de nós. Duas pessoas colocadas numa mesma circunstância terão sensações opostas: uma sentir-se-á feliz, enquanto a outra se prostrará em desespero. Isso decorre de uma série de fatores, principalmente aqueles que dizem respeito aos nossos objetivos de vida. De qualquer forma, essa passagem evangélica anunciada por Jesus serve de lenitivo para os nossos sofrimentos. Como interpretá-la?
Allan Kardec, no cap. VI de O Evangelho Segundo o Espiritismo, elucida-nos o texto com muita propriedade. Diz-nos que todos os sofrimentos, misérias, decepções, dores físicas, perda de entes queridos encontram sua consolação na fé no futuro, na confiança na justiça de Deus, que o Cristo veio ensinar aos homens. Naquele que não crê na vida futura as aflições se abatem com todo o seu peso, e nenhuma esperança vem suavizar-lhe a amargura.
O jugo será leve desde que obedeçamos à lei. Mas, que lei? A lei áurea deixada por Jesus: “Fazer aos outros o que gostaríamos que nos fosse feito”. Praticando-a, vamos atualizando as nossas potencialidades de justiça, amor e caridade, primeiramente com relação a Deus e, secundariamente, com relação a nós mesmos e ao nosso próximo.
Sigamos os ditames de nossa consciência. Não importa os sofrimentos que tal atitude acarreta. Os Bons Espíritos estarão nos secundando, a fim de que possamos carregar o nosso fardo com galhardia. (01)
05 – RESSURREIÇÃO E REENCARNAÇÃO
Ressurreição – do lat. ressurrectione – significa ato ou efeito de ressurgir, ressuscitar. Segundo o Catolicismo e o Protestantismo, retorno à vida num mesmo corpo. Reencarnação (de re + encarnação) representa a volta do Espírito à vida corpórea, mas num outro corpo, sem qualquer espécie de ligação com o antigo.
João Batista e Nicodemos são as personagens centrais do debate em torno da ressurreição e da reencarnação. Quanto a João Batista, os doutores da lei confundiam-no com a ressurreição de Elias. Em realidade, João Batista foi a reencarnação de Elias. Quanto a Nicodemos, retratemos o seu diálogo com Jesus. Nicodemos, Senador dos Judeus, pede instruções ao Mestre. Este lhe responde: Em verdade, em verdade vos digo: Ninguém pode ver o reino de Deus se não nascer de novo. Ao que Nicodemos disse: Como pode nascer um homem que já está velho? Pode ele entrar no ventre de sua mãe, para nascer uma segunda vez?
A confusão entre o conceito de ressurreição e o de reencarnação é porque os judeus tinham noções vagas e incompletas sobre a alma e sua ligação com o corpo. Por isso, a reencarnação fazia parte dos dogmas judaicos sob o nome de ressurreição. Eles acreditavam que um homem que viveu podia reviver, sem se inteirarem com precisão da maneira pela qual o fato podia ocorrer. Eles designavam porressurreição o que o Espiritismo, mais judiciosamente chama reencarnação.
A ressurreição segundo a idéia vulgar é rejeitada pela Ciência. Se os despojos do corpo humano permanecessem homogêneos, embora dispersados e reduzidos a pó, ainda se conceberia a sua reunião em determinado tempo; mas as coisas não se passam assim, uma vez que os elementos desses corpos já estão dispersos e consumidos. Não se pode, portanto, racionalmente admitir a ressurreição, senão como figura simbolizando o fenômeno da reencarnação.
O princípio da reencarnação funda-se, a seu turno, sobre a justiça divina e a revelação. Dessa forma, a lei de reencarnação elucida todas as anomalias e faz-nos compreender que Deus deixa sempre uma porta aberta ao arrependimento. E para isso, Deus, na sua infinita bondade, permite-nos encarnar tantas vezes quantas forem necessárias ao nosso aperfeiçoamento espiritual, utilizando-se deste e de outros orbes disseminados no espaço.
Desfaçamos a confusão entre ressurreição e reencarnação. A reencarnação nada mais é do que a “ressurreição” do Espírito, porém em um corpo diferente do antigo. (01)
06 – ORGULHO E HUMILDADE
Orgulho – do frâncico urguli, “excelência”, atr. do catalão orgull e do espanhol orgullo – significa sentimento de dignidade pessoal; conceito elevado ou exagerado de si próprio; amor-próprio demasiado; soberba, altivez. Humildade – Do lat. humilitate, é a virtude que nos dá o sentimento de nossa fraqueza; respeito, reverência; submissão; pobreza.
Mateus, no cap. XI, v. 25 do seu Evangelho, expressa a relação entre o orgulho e a humildade nos seguintes termos: “Graças te rendo, meu Pai, Senhor do Céu e da Terra, por haveres ocultado estas coisas aos doutos e aos prudentes, e por as teres revelado aos simples e aos pequeninos”. Por que razão iria Jesus revelar essas coisas aos mais simples e ocultá-las aos sábios e prudentes?
Allan Kardec, no cap. VII de O Evangelho Segundo o Espiritismo, diz-nos que é preciso entender os simples e pequeninos como os humildes, ou seja, os pobres de espírito, que se humilham diante de Deus, e não se crêem superiores a todo o mundo, e, pelos sábios e prudentes, os orgulhosos, envaidecidos de sua ciência mundana, que se crêem prudentes porque negam Deus e, quando não o negam, tratam-no de igual para igual.
O orgulho é o terrível adversário da humildade. O homem de ciência, se não tomar cuidado, tornar-se-á um orgulhoso. Isso porque, com o desenvolvimento da sua inteligência, começará a sentir-se superior aos demais, principalmente com relação aos pobres, tratando-os como seres inferiores, como a ralé da sociedade. Esquece-se, facilmente, de que todos partimos de um mesmo princípio, portanto somos todos iguais perante Deus.
A humildade não é a antinomia do orgulho. Ela é o fundamento de todas as virtudes. O sentimento de humildade nivela-nos aos demais homens. O verdadeiro humilde, se colocado numa posição hierárquica inferior, saberá resignar-se ante tal situação; se posto num lugar de destaque, saberá respeitar o inferior, não como um ser inferior, mas como um igual seu, apenas cooperando em outra função dentro da obra geral.
Humilhemo-nos diante do Criador. Somente assim, conseguiremos atender aos nossos deveres e obrigações repletos de confiança e determinação. (01)
07 – A CRIANÇA E O REINO DE DEUS
Criança – do lat. creantis – significa ser humano de pouca idade, menino ou menina; párvulo; pessoa ingênua, infantil. Reino – Do lat. regnu, significa monarquia governada por um rei; conjunto de seres ou de coisas que tem caracteres semelhantes ou comuns. Reino de Deus – Governo pela observância das leis divinas gravadas em nossa consciência.
“Apresentaram-lhe, então, criancinhas, a fim de que ele as tocasse; e como seus discípulos afastassem com palavras rudes aqueles que as apresentavam, Jesus vendo isso zangou-se e lhes disse: “Deixai vir a mim as criancinhas e não as impeçais; porque o reino dos céus é para aqueles que se lhes assemelham. Eu vos digo, em verdade, todo aquele que não receber o reino de Deus como uma criança, nele não entrará”. E as tendo abraçado, as abençoou, impondo-lhes as mãos”. (Marcos, cap. X, vv. 13 a 16).
O Espírito é sempre Espírito. Ele passa pela fase infantil, mas continua sendo Espírito, ou seja: traz dentro de si as boas ou más qualidades de outras vidas. A infância é um tempo de repouso para o Espírito. Não podendo manifestar as suas tendências, principalmente as más, em virtude da debilidade do corpo físico, este período torna-o acessível aos conselhos daqueles que devem fazê-lo progredir. É então que se pode reformar o seu caráter e reprimir as suas más tendências.
O reino de Deus é para aqueles que se assemelham às crianças. Jesus não disse que o reino dos céus é para as crianças, porque sabia que o Espírito que nela habita não é um Espírito puro, porém, um ser que, momentaneamente, não pode manifestar as suas tendências. Além disso, há, também, o esquecimento do passado, que ajuda o Espírito a expressar-se espontaneamente. Geralmente a criança age sem malícia e sem segundas intenções.
A criança é um símbolo de pureza de coração. Significa dizer que a entrada no reino de Deus é decorrente da simplicidade e da humildade do Espírito. Nesse sentido, os estados de fraqueza, as ações ingênuas e as atitudes de obediência auxiliar-nos-ão eficazmente na percepção das leis naturais. O reino de Deus não vem com aparências externas, ele é fruto de um árduo trabalho de reformulação interior.
Aprendamos com a criança. A sua espontaneidade ensina-nos que a humildade, a simplicidade e a pureza de coração são sumamente indispensáveis à nossa evolução espiritual. (01) e (02)
08 – ESCÂNDALOS: CORTAR AS MÃOS
Escândalo – do gr. skándalon, pelo lat. scandalu – significa aquilo que dá o que falar, que causa indignação por ser contrário à moral, à honestidade, aos bons costumes, à justiça, às leis etc. No sentido espiritual e moral, é todo o obstáculo que, com sua conduta, uma pessoa pode representar para a vida ou a moralidade de outras pessoas.
“Se vossa mão ou vosso pé é um motivo de escândalo, cortai-os e atirai-os longe de vós; é bem melhor para vós que entreis na vida não tendo senão um pé ou uma só mão, do que terdes dois e serdes lançados no fogo eterno. E se vosso olho vos é motivo de escândalo, arrancai-o e lançai-o longe de vós; é melhor para vós que entreis na vida não tendo senão um olho, que terdes os dois e serdes precipitados no fogo do inferno”. (Mateus. cap. V, vv. 29 e 30).
A palavra escândalo encerra, no Novo Testamento, um duplo sentido: de um lado, a idéia de que Cristo veio para constituir o escândalo central do homem; de outro lado, a idéia do mal moral que existe em nós e que é preciso desfazer. Quanto ao Cristo, toda a vez que ele apresentava o desprendimento das riquezas e dos bens terrenos, era um escândalo para o povo romano, apegado a tais bens. Quanto a nós, é a necessidade do mal (escândalo) para que nos ajustemos ao bem.
É necessário que o escândalo venha, mas ai daquele por quem o escândalo venha. Por estas palavras, entende-se que o mal é necessário à justiça divina. Contudo, aquele que o praticou para servir à justiça divina não praticou menos mal, e deverá ser punido, pois o mal é sempre mal. Por isso, o cuidado de Jesus em dizer: “Se vossa mão, vosso pé e vossos olhos forem motivos de escândalo (mal), cortai-os e lançai-os longe de vós”. Quer dizer, arranquemos o mal pela raiz, pois ele está dentro de nós.
O mal, sendo necessário à justiça divina, dir-se-á que ele durará para sempre, pois, se desaparecesse, Deus estaria privado de um poderoso meio de punir os culpados. Mas, em realidade, não é assim que sucede, porque os mundos progridem moral e intelectualmente. Nos mundos mais avançados, o mal não existe e, portanto, não há necessidade de castigos. O mesmo sucederá com o planeta Terra, quando passar para um mundo de regeneração, em que o bem será a tônica de nossas ações.
Estudemos o Evangelho de Jesus e coloquemos em prática os seus ensinamentos. Tendo-o como norma de conduta, evitaremos o escândalo do “pecado” e da “concupiscência”. (01) e (05)
09 – OBEDIÊNCIA E RESIGNAÇÃO
Obediência – do lat. oboedientia – significa submeter-se à vontade, às ordens de outrem, e executá-las. Resignação – Do lat. resignatione, é o ato ou o efeito de resignar-se; renúncia espontânea de um cargo; submissão paciente aos sofrimentos da vida.
Religiosamente considerada, a obediência é submetermo-nos primeiramente à vontade de Deus e, depois, à vontade dos homens, desde que postos hierarquicamente por Deus. O “pecado” surge pela desobediência às leis divinas. Nesse sentido, a resignação é a aceitação serena das conseqüências advindas das infrações cometidas com relação a tais leis.
Jesus Cristo é o modelo da perfeita obediência. Obedeceu a Deus, aos pais terrestres e aos seus superiores. Contudo, não foi conivente com a corrupção do povo de sua época. Forneceu-nos o exemplo da humildade, da paciência e da renúncia, a fim de atender aos desígnios do Alto. Sua resignação ante o Pai fê-lo morrer na cruz. Ainda aí não arredou o pé, preferindo o martírio, no sentido de enaltecer a verdade e com isso iluminar os nossos corações endurecidos.
A obediência é o consentimento da razão, enquanto a resignação é o consentimento do coração. Essas duas virtudes são companheiras da doçura e muito ativas, e a maioria dos homens confundem-nas com a inércia. Muito pelo contrário, há que se ter muita força interior para resistir aos desejos, às paixões ou à revolta ante uma ofensa. O verdadeiro resignado chega até a renunciar ao direito de queixa.
Toda a resistência orgulhosa deverá ceder, cedo ou tarde. Cada época é marcada pelos vícios e pelas virtudes. Nossa virtude é o desenvolvimento intelectual; nosso vício é a indiferença moral. Assim, é conveniente que cada um de nós vá paulatinamente submetendo-se à Lei do Progresso. Não esperemos que os Espíritos venham imolar-nos para que avancemos mais rapidamente na prática do bem e do amor ao próximo.
Obedeçamos a Deus com todas as nossas forças e resignemo-nos aos infortúnios que se nos apresentarem. Não pensemos que a ascensão espiritual vem por um decreto divino. Ela é fruto de um árduo trabalho. (01) e (05)
10 – FÉ: MÃE DA ESPERANÇA E DA CARIDADE
Fé – do lat. fide – significa adesão e anuência pessoal a Deus, a seus desígnios e manifestações; firmeza na execução de sua promessa ou compromisso. Esperança – do lat. sperantia, do verbo sperare -, ato de esperar o que se deseja; aquilo que se espera ou deseja. Caridade – do lat. caritate – é o amor que move a vontade à busca efetiva do bem de outrem, identificando-se com o amor de Deus.
A fé é um sentimento inato no indivíduo. A direção dada a esse sentimento pode ser cega ou raciocinada. A fé cega, não examinando nada, aceita sem controle o falso como verdadeiro, e se choca, a cada passo, contra a evidência e a razão; levada ao excesso produz o fanatismo. A fé raciocinada, a que se apoia sobre os fatos e a lógica, não deixa atrás de si nenhuma obscuridade; crê-se porque houve consentimento da razão.
Há virtudes cardeais e virtudes teologais. As virtudes cardeais compreendem a justiça, a prudência, a temperança e a fortaleza. As virtudes teologais, ou seja, aquelas em que há os dons infusos por Deus, são representadas pela fé pela esperança e pela caridade. Dentre as virtudes teologais, a fé ocupa lugar de destaque, pois dá embasamento à esperança e à caridade. A caridade, por sua vez, é a mais perfeita, porque pode ser praticada, indistintamente, por todas as classes sociais.
A fé, mãe da esperança e da caridade, é filha do sentimento e da razão. Quer dizer, a fé, ao ser movida pelo livre-arbítrio, tem o suporte do sentimento e da razão, que lhe dão garantia de obter o esperado, desde que aja caritativamente. Nesse sentido, o Espírito Emmanuel diz-nos: “A fé é guardar no coração a certeza iluminada de Deus, com todos os valores da razão tocados pelo perfume do sentimento”.
A esperança e a caridade, como vimos, são filhas da fé. Esta deve velar pelas filhas que tem. Para isso, convém construir a base do edifício em fundações sólidas. A nossa fé tem de ser mais forte do que os sofismas e as zombarias dos incrédulos, porque a fé que não afronta o ridículo dos homens não é a verdadeira fé. Além disso, para que a fé seja proveitosa, deve ser ativa, ou seja, não deve-se entorpecer.
A esperança é fruto da crença em Deus. Pratiquemos, pois, a caridade no presente, a fim de tornarmos certo o futuro incerto. (01)
11 – MUNDOS INFERIORES E MUNDOS SUPERIORES
Mundo – do lat. mundu – significa a Terra e os astros considerados como um todo organizado; qualquer corpo celeste. Inferior – do lat. inferiore -, que está abaixo de outro(s) em igualdade, condição, importância, mérito, valor; que ocupa lugar mais baixo em uma classificação. Superior – do lat. superiore -, que está mais acima; que atingiu um grau muito elevado; de qualidade excelente.
Allan Kardec, no cap. III de O Evangelho Segundo o Espiritismo, divide os mundos em cinco categorias, a saber: os mundos primitivos, destinados às primeiras encarnações da alma humana; os mundos de expiações e de provas, onde o mal domina; os mundos regeneradores, onde as almas que ainda têm o que expiar haurem novas forças, repousando das fadigas da luta; os mundos felizes, onde o bem se sobrepuja ao mal; os mundos celestes ou divinos, morada dos Espíritos depurados, onde o bem reina inteiramente.
Nos mundos inferiores a existência é toda material. Esses mundos servem de guarida aos Espíritos em que os instintos predominam, a inteligência é rudimentar e a vida moral quase nula. Mesmo assim, Deus não desampara nenhum desses seres, ao incutir-lhes na mente a idéia de um Ser Supremo, a quem venerar e amar. Além disso, o Criador envia, também, Espíritos missionários, a fim de despertar-lhes o senso moral e fazê-los progredir mais rapidamente.
Nos mundos superiores a existência é toda espiritual. Depois de desenvolvidos a inteligência e o senso moral, nos mundos inferiores e intermediários, o Espírito está preparado para ingressar nos mundos ditosos e felizes. Nos mundos superiores não há doenças, nem as deteriorações que engendram a predominância da matéria; pelo contrário, há leveza específica do corpo físico, que torna sua locomoção rápida e fácil. O corpo físico guarda a forma humana, pois esta é a forma em todos os mundos, porém embelezada, aperfeiçoada e, sobretudo, purificada.
O planeta Terra é classificado como sendo um mundo de expiações e de provas, portanto, situado numa posição intermediária. Aqui, ainda o mal predomina sobre o bem. Contudo, estamos aproximando-nos de uma nova fase, o mundo de regeneração. Neste, as almas que ainda têm de expiar haurem novas forças para, depois, darem continuidade ao progresso espiritual até atingirem a condição de serem promovidos aos mundos felizes.
Aproveitemos a oportunidade de estarmos encarnados neste planeta. Façamos todo o bem possível, e seremos merecedores de reencarnarmos em mundos mais ditosos. (01)
12 – A CANDEIA E O ALQUEIRE
Candeia – do lat. candela, “vela de sebo ou de cera” – significa pequeno aparelho de iluminação, que se suspende por um prego. Alqueire – do ár. al-kail -, antiga medida de capacidade para secos e líquidos, variável de terra para terra. Não colocar a candeia debaixo do alqueire quer dizer, em vez disso, deve-se suspendê-la até o prego, a fim de que se produza iluminação para todas as pessoas do recinto.
A candeia e o alqueire são uma alegoria acerca do conhecimento. O conhecimento é uma relação entre o Sujeito e o Objeto. O Sujeito apreende o Objeto e dele tira o conteúdo da aprendizagem. Fá-lo, porém, por tentativas e erros, ou seja, à medida que toma consciência do erro, corrige-o até atingir a maior plenitude da verdade. Nesse sentido, deve-se evitar o tom dogmático e cético, procurando, pelo contrário, o equilíbrio através da ponderação racional.
Candeia e alqueire denotam não só a apreensão do conhecimento como também a sua transmissão. Não é a verdade que nos perde, mas a maneira de dizê-la. Dessa forma, a alegoria da candeia mostra que o conhecimento das coisas espirituais deve ser ministrado conforme a capacidade de absorção dos ouvintes. Um clarão pode ofuscar, enquanto a luz de uma vela pode representar o porto da salvação.
A comunicação via parábola explicita o nosso raciocínio. Quando Jesus pregava a Boa Nova, utilizava-se da linguagem exotérica e da esotérica. A linguagem exotérica refere-se às parábolas que Jesus contava ao público em geral. Afirmava que para entendê-la havia a necessidade de se ter olhos de ver e ouvidos de ouvir. Por outro lado, a sós com os discípulos, utilizava-se da linguagem esotérica, pois podia falar claramente as verdades espirituais. Contudo, mesmo entre estes, não falava tudo.
A comunicação caracteriza-se pela emissão, mensagem e recepção. Há que se ter cuidado na transmissão, porque se o receptor não capta, o esforço torna-se vão. É por isso que os amigos espirituais exortam-nos a cuidar da voz, da postura, dos gestos etc. Na atualidade, não temos mais desculpas lingüísticas na perda de almas para o apostolado do Cristo. Precisamos estar preparados para essa nobre tarefa.
O alcance da palavra é infinito. Cuidemos, pois, para que de nossa boca saiam somente frases de luz, para que elas possam auxiliar-nos a construir um mundo mais fraterno e mais justo. (01)
13 – CÉU, INFERNO E PURGATÓRIO
Céu – do lat. caelu – significa espaço ilimitado e indefinido onde se movem os astros; região para onde, segundo as crenças religiosas, vão as almas dos justos. Inferno – do lat. infernu -, lugar ou situação pessoal em que se encontram os que morreram em estado de pecado. Purgatório – do lat. purgatoriu -, lugar de purificação das almas dos justos, antes de admitidas na bem-aventurança.
A idéia que fazemos do Céu é fruto da concepção grega e babilônica (calmo, imutável, vida eterna). Nicolau Copérnico (1473-1543) quebra a tradição milenar e coloca o Sol no centro do Universo. Com isso, a Terra entrou no Céu. Galileu Galilei (1564-1642), com o auxílio do telescópio, dá prosseguimento às teses defendidas por Copérnico. O “em cima” e o “em baixo” deixam de existir. A Ciência parecia ir contra a Bíblia; mas a Bíblia ensina como ir ao Céu, não como ele foi feito.
A religião cristã dogmática, baseando-se nas concepções tradicionais, estabeleceu os lugares circunscritos no espaço, onde estariam localizados o Céu, o Inferno e o Purgatório. O Céu, em cima, é a região para onde vão as almas dos justos gozar da felicidade eterna; o Inferno, em baixo, zona de suplício, onde são enviadas as almas dos que morreram em pecado; o Purgatório, lugar intermediário, em que a alma é detenta a par da condenação perpétua.
Para o Espiritismo, Céu, Inferno e Purgatório são figuras de linguagem e não lugares circunscritos. O Céu indica o espaço universal; são os planetas, as estrelas e todos os mundos superiores em que os Espíritos gozam de todas as suas faculdades, sem as tribulações da matéria. O Inferno não é um lugar materializado, com caldeiras ferventes e rochedos em brasa, mas uma vida de provas extremamente penosas, com a incerteza de melhoria. O Purgatório é uma figura pela qual se deve entender o estado dos Espíritos imperfeitos que estão em expiação até a purificação completa que deve elevá-los ao plano dos Espíritos felizes.
As expectativas com relação à vida futura dependem da concepção de mundo de cada um. Se materialistas, o nada nos aguarda; se panteístas, retornaremos ao todo universal; se religiosos dogmáticos, iremos para o Céu ou para o Inferno. Apesar de essas imagens estarem automatizadas em nosso subconsciente, não significa dizer que a alma, após o desencarne, encontrar-se-á nessas condições.
De acordo com o Espiritismo, a alma é imortal e, mesmo depois da morte física, continua individualizada e sujeita ao progresso. (04)
14 – JUSTIÇA HUMANA E JUSTIÇA DIVINA
Justiça – do lat. justitia – é a virtude moral que faz que se dê a cada um o que lhe pertence e que se respeitem os direitos alheios. Justiça humana – é o conjunto de meios administrativos organizados pelas sociedades humanas para aplicação das leis que estabeleceram, e especialmente para julgar e castigar os delitos contra elas cometidos. Justiça divina – é o atributo de Deus segundo o qual Ele regula todas as coisas com igualdade.
O Universo é regulado por leis: Lei do Progresso, Lei do Trabalho, Lei de Adoração etc. Dentre tais leis, há a Lei de Justiça, Amor e Caridade, que resume todas as outras por ser a mais importante. Essa lei ensina-nos a usar a justiça na sua acepção mais pura, tendo como coadjuvantes o amor e a caridade. A justiça é fria, mas o amor e a caridade lhe dão um impulso superior e generoso, espontâneo e transbordante.
Todos nós fomos criados simples e ignorantes. À medida que vamo-nos tornando responsáveis pelos nossos atos, os benfeitores espirituais vão, paulatinamente, deixando-nos ao sabor de nosso livre-arbítrio. O livre-arbítrio, que é a faculdade de optar entre o bem e o mal, muitas vezes enchafurda-se nas paixões. Estas, quando não são domadas pela razão, alteram o reto juízo e desviam-nos da prática do bem.
A justiça divina é a justiça perfeita. Porém, dada a limitação humana, o homem capta apenas alguns matizes dessa justiça maior. Por isso, o Direito da Idade Média difere substancialmente do Direito contemporâneo. É que o tempo transcorrido propiciou a mudança dos hábitos e dos costumes de todos os povos. Assim, a lei humana deve regular as ações dentro de um horizonte cultural, enquanto a lei divina extrapola-a, segundo a dimensão do Direito Divino. Situarmo-nos sempre entre o que é e o que deveria ser é o método mais eficaz para sedimentarmos a justiça divina.
As reencarnações aproximam a justiça humana da justiça divina. Tendo em mente que a Lei do Progresso é inexorável, não resta dúvida que devemos melhorar o nosso senso de justiça, pois é a justiça que regula todas as outras virtudes, tais como a temperança, a prudência, a fortaleza e os seus derivados. O exercício de fazer aos outros o que gostaríamos que nos fizessem encaminha-nos para a prática da verdadeira lei de justiça, amor e caridade. Porque, se é natural que desejemos o bem para nós, o mesmo devemos fazer com relação ao próximo.
A aquisição do reto juízo é a finalidade da vida. Esforcemo-nos por compreender o nosso próximo, fazendo-lhe o maior bem possível. Só assim vamos domando nossas paixões e liberando o ser cósmico que há dentro de nós. (02)
15 – ALTERNATIVAS DA HUMANIDADE COM RELAÇÃO AO MUNDO ESPIRITUAL
Os pensadores da humanidade desenvolveram, ao longo do tempo, três concepções de mundo: Materialista, Idealista e Religiosa. De acordo com essas concepções, construíram as diversas doutrinas. As mais importantes para o propósito de nossos estudos dizem respeito ao Niilismo, ao Panteísmo, ao Dogmatismo Religioso e ao Espiritismo.
O Niilismo – do lat. nihil, nada, fruto da doutrina materialista – significa ausência de toda a crença. Como a matéria é a única fonte do ser, a morte é considerada o fim de tudo. Os adeptos do materialismo incentivam o gozo dos bens materiais, dizendo que quanto mais usufruirmos deles, mais felizes seremos. Como se vê, a conseqüência do niilismo é a corrida em busca do dinheiro, da projeção social e do bem-estar material.
O Panteísmo – do grego pan, o todo, e Theos, Deus – significa absorção no todo. De acordo com essa doutrina, o Espírito, ao encarnar, é extraído do todo universal; individualiza-se em cada ser durante a vida e volta, por efeito da morte, à massa comum. As conseqüências morais dessa doutrina são semelhantes às do materialismo, pois ir para o todo, sem individualidade e sem consciência de si, é como não existir.
O Dogmatismo Religioso afirma que a alma, independente da matéria, é criada por ocasião do nascimento do ser; sobrevive e conserva a individualidade após a morte. A sua sorte já está determinada: os que morreram em “pecado” irão para o fogo eterno; os justos, para o céu, gozar as delícias do paraíso. Essa visão deixa sem respostas uma série de anomalias que acompanham a humanidade, como, por exemplo, os aleijões e a idiotia.
O Espiritismo mostra-nos que o Espírito, independente da matéria, foi criado simples e ignorante. Todos partiram do mesmo ponto, sujeitos à lei do progresso. Aqueles que praticam o bem, evoluem mais rapidamente e fazem parte da legião dos “anjos”, dos “arcanjos” e dos “querubins”. Os que praticam o mal, recebem novas oportunidades de melhoria, através das inúmeras encarnações.
O progresso é indefinido. Tenhamos em mente que todo o dia é dia de renovar o destino. Aproveitemos, assim, todas as oportunidades que Deus nos concede. (06)
16 – PARÁBOLA DOS TALENTOS
Parábola – do lat. parabola – significa argumento que consiste no aduzir uma comparação ou um paralelo. No sentido evangélico, espécie de alegoria que envolve algum preceito moral. Talento – do lat.talentum -, peso e moeda da antiga Grécia e Roma. O sentido metafórico desse termo, derivado da parábola evangélica dos talentos, é o de “uma superioridade da faculdade conhecedora, que não provém do ensino mas da aptidão natural do sujeito”.
A Parábola dos Talentos (Mateus, cap. 25, vv. 14 a 30) retrata a situação de um homem que, ao ausentar-se para longe, chamou seus servos, e entregou-lhes os seus bens. Ao primeiro deu cinco talentos, ao segundo, dois e ao terceiro, um. Os dois primeiros negociaram os talentos recebidos e devolveram, respectivamente, dez e quatro talentos. O terceiro devolveu apenas o que havia recebido. Os que multiplicaram seus talentos ganharam novas intendências. Mas o que guardou, até este o amo lhe tirou, dizendo: “Porque a todo o que já tem, dar-se-lhe-á, e terá em abundância; e ao que não tem, tirar-se-lhe-á até o que parece que tem”.
Essa parábola trata da multiplicação do dinheiro. Analisada friamente, entenderíamos que o dinheiro recebido deveria ser devolvido em dobro. Se ficarmos somente na letra, despenderíamos todos os nossos esforços para o aumento de nossos bens materiais. Contudo, qual o sentido metafórico do relato bíblico?
O Espírito Irmão X, no livro Estante da Vida, psicografado por F. C. Xavier, interpreta a parábola nos seguintes termos: ao primeiro o senhor dera Dinheiro, Poder, Conforto, Habilidade e Prestígio; ao segundo, Inteligência e Autoridade; ao terceiro, o Conhecimento Espírita. O primeiro acrescenta Trabalho, Progresso, Amizade, Esperança e Gratidão; o segundo, Cultura e Experiência; o terceiro, devolve intacto. Em vista do ocorrido, o senhor ordena que se tire o Conhecimento Espírita desse último e o dê aos dois primeiros.
Metaforicamente considerada, essa parábola refere-se à responsabilidade na multiplicação dos bens recebidos. Se o Criador houve por bem ofertar-nos a luz do Conhecimento Espírita, não podemos ocultá-lo com receio de represálias e dissabores. Espargindo a luz da verdade vamos iluminar os detentores do Poder, do Dinheiro, da Inteligência etc. Com isso, ajudaremos a construir um mundo mais justo e mais fraterno.
Reflitamos sobre os nossos talentos ocultos. Não esperemos que o Senhor venha cobrar-nos para que possamos colocá-los a favor do nosso próximo. (01) e (07)
17 – ESPÍRITO
Espírito – do lat. spiritus – significa “sopro”, “respiro”. Há muitos sentidos relacionados a esse termo: figurado, em que o espírito opõe-se à letra; impessoal, em que o espírito é a realidade pensante;particular, em que o espírito torna-se sinônimo de inteligência. De acordo com o Espiritismo, o Espírito é a substância subtilíssima por essência e que constitui no homem uma das substâncias do seu composto ternário: Corpo, Perispírito e Espírito.
A origem dos Espíritos ainda é-nos desconhecida. Sabemos que de Deus, que é a causa primária de todas as coisas, vertem-se dois princípios: o princípio inteligente e o princípio material. Individualizados, denominam-se respectivamente Espírito e Matéria. O Espírito, criado simples e ignorante, utiliza-se da matéria para sua evolução. A cada nova encarnação, novas experiências e novas oportunidades de aprendizado.
A alma é o Espírito encarnado. Embora muitas pessoas usem esses dois termos como sinônimos, há substancial diferença de concepção. O Espírito é o ser inteligente da criação que povoa o universo e engloba todas as encarnações. A alma é o ser parcial, limitado e circunscrito a uma encarnação específica. No primeiro, a amplitude; no segundo, a redutibilidade. É, pois, nesse processo dialético que o Espírito evolui até atingir a perfeição.
A evolução é do Espírito. Quando encarnado, esquece temporariamente o passado. Contudo, fica-lhe uma vaga intuição do que fez em outras vidas e daquilo que poderia ser feito nesta e nas próximas existências. Se pudéssemos aquilatar o trabalho dos benfeitores espirituais, no sentido de estarmos na situação que estamos, certamente daríamos maior valor ao nosso corpo físico e a tudo o mais que nos cerca.
O Espírito age através do Perispírito. Ao contato perispiritual entre o Espírito e a alma denominamos mediunidade. Assim, é pelo intercâmbio mediúnico que os Espíritos vêm alertar-nos sobre a imortalidade da alma e da sobrevivência do ser. Mostra-nos, também, que a morte é apenas uma mudança de dimensão: de encarnados passamos a desencarnados.
O Espírito é o princípio da vida. Cuidemos dele como se fosse um diamante bruto à espera de ser lapidado. (02)
18 – MEDIUNIDADE
Mediunidade – do lat. mediumnidade – é a faculdade humana, natural, pela qual se estabelecem as relações entre os homens e os Espíritos. Desenvolve-se naturalmente nas pessoas de maior sensibilidade para a captação mental e sensorial de coisas e fatos do mundo espiritual que nos cerca e nos afeta com suas vibrações psíquicas e afetivas.
Os fatos mediúnicos não são fenômenos de nossos dias. Eles sempre existiram. J. H. Pires, no livro O Espírito e o Tempo, relata-nos o processo histórico de tais fatos, começando pelo mediunismo primitivo, passando pelo mediunismo oracular e profético, até atingir a mediunidade positiva, com a codificação do Espiritismo por Allan Kardec, no Século XIX. A mediunidade diz-se positiva, porque Allan kardec utilizou-se do método teórico-experimental, portanto racional e científico.
O codificador do Espiritismo, para efeito didático, dividiu a mediunidade em duas grandes áreas: quanto ao fenômeno e quanto ao aspecto funcional. Subdividiu o fenômeno em efeitos físicos e em efeitos inteligentes; o aspecto funcional, em mediunidade natural e em mediunidade de prova. A percepção clara dessas distinções terminológicas auxiliar-nos-ão a compreender melhor toda a fenomenologia espírita, diferenciando-a de outras doutrinas espiritualistas e dos diversos sincretismos religiosos.
Todos somos médiuns. Allan Kardec, no cap. XIV de O Livro dos Médiuns, afirma que toda a pessoa é médium, pois todos somos passíveis de receber as influências dos Espíritos. Contudo, na prática, são considerados médiuns somente aqueles que têm uma constituição orgânica própria para o exercício da mediunidade, quando se desenvolvem nestes a psicografia, a psicofonia, a vidência etc.
O fenômeno mediúnico, a mediunidade e o Espiritismo são termos distintos que se relacionam entre si. O fenômeno mediúnico diz respeito ao mediunismo, ou seja, às formas incipientes do intercâmbio mediúnico; a mediunidade é a comunicação mediúnica passada pelo crivo da razão e da metodologia científica; o Espiritismo é uma doutrina filosófica e científica de conseqüências morais. Kardec utilizou-se do fenômeno mediúnico e da mediunidade como meio para atingir um fim: a codificação dos princípios fundamentais do Espiritismo.
Exercitemos a nossa mediunidade, tanto de efeitos físicos como de efeitos inteligentes, natural ou de prova, mas não nos esqueçamos de nos ajustar aos preceitos morais que daí dimanam. (08), (09) e (10)
19 – INTELIGÊNCIA E INSTINTO
Inteligência – do lat. intellectus, inter e lec. = escolher entre, ou intus e lec = escolher dentro, como preferem outros – é a faculdade que tem o espírito de pensar, conceber, compreender. Em sentido restrito, é a função de apreender conexões. Instinto – do lat. obsoleto instinguo, de in e stinguo, e do gr. stizô – significa impulso inato, inconsciente, irracional, que leva um ente vivo, um animal, a proceder de tal ou tal forma.
Os psicólogos procuram realizar uma tarefa difícil: a de distinguir a inteligência do instinto. Para muitos deles a inteligência é mais flexível, sendo até mesmo a soma das experiências do passado, que nos ajuda a tomar decisões no presente. Por outro lado, o instinto é cego, tal qual se observa no cão, que, mesmo domesticado, pisoteia o lugar em que vai dormir, como se devesse dormir sobre a erva.
A observação cuidadosa do comportamento de alguns animais mostra que o conceito comum de instinto, como mero impulso simples, não basta para explicar a complexidade de seus atos. A aranha construirá a teia diferentemente, segundo as circunstâncias e o lugar que disponha. O castor constrói diferentemente, segundo a corrente da água, o nível da mesma ou a presença de homens. Por essa razão, acabam distinguindo o ato instintivo do ato reflexo.
O Espírito André Luiz, no cap. IV de Evolução em Dois Mundos, psicografado por F. C. Xavier, diz-nos que, na retaguarda do transformismo do princípio inteligente, o reflexo precede o instinto e o instinto, a atividade refletida, que é a base da inteligência; nas linhas da civilização, a inteligência, no círculo humano, é seguida pela razão e a razão pela responsabilidade. Acrescenta ainda que a herança e o automatismo estruturam o princípio espiritual, desde sua origem, a fim de que este atinja a maturação no campo angélico.
Allan Kardec, no cap. III de A Gênese, relaciona instinto, paixão e inteligência. Diz-nos que o instinto é sempre guia seguro e nunca erra. Pode tornar-se inútil, mas nunca prejudicial. Enfraquece-se com a predominância da inteligência. As paixões, por sua vez, são úteis até a eclosão do senso moral, em que o ser passivo transforma-se em ser racional. Depois disso, torna-se nociva, caso não seja disciplinada pela razão.
Inteligência e instinto são duas faculdades de nosso espírito. Saibamos ponderá-las eficazmente, a fim de que possamos viver em paz com a nossa consciência. (11), (12) e (13)
20 – PERTURBAÇÃO ESPIRITUAL
Perturbação – do lat. perturbatione – significa mudança, alteração, modificação. Perturbação espiritual, estado de confusão, embaraço, obnubilamento (maior ou menor, conforme o grau de adiantamento moral) do Espírito no momento de sua separação do corpo físico.
No momento da morte tudo é confuso. O Espírito, isento da vestimenta física, fica como que atordoado ao entrar numa dimensão diferente daquela que estava vivenciando. Há perda de lucidez e de memória. Muitos dizem-se penetrar num túnel escuro. As sensações dos que morreram com pureza de consciência são completamente opostas das daqueles que morreram apegados aos bens materiais. É que os primeiros se preparam para o porvir; os demais, encastelaram-se na superficialidade da matéria.
A duração do estado de perturbação espiritual, no mundo dos Espíritos, varia para cada um de nós. Uns recobram a lucidez e a memória rapidamente; outros, lentamente. Tudo de acordo com o grau de evolução espiritual alcançado. De qualquer forma, inteirando-nos de nossas experiências passadas, boas ou más, podemos projetar o nosso futuro, inclusive com relação a uma próxima encarnação.
Os gozos e as penas futuras dependem do estado consciencial de cada ser. Os Espíritos que praticaram o bem estarão com a consciência pura, portanto, aptos a usufruírem das alegrias celestiais. Os Espíritos que praticaram o mal, terão a consciência turva, portanto, deverão sofrer as penas, no sentido de se reajustarem às leis naturais.
O conhecimento do Espiritismo auxiliar-nos-á na compreensão da maior ou menor duração da perturbação espiritual. Através dele, vamos absorvendo a essência das leis divinas e, dessa forma, antecipando o que há de vir. Convém salientar que o simples conhecimento da Doutrina Espírita não nos levará ao estado de plena felicidade. Importa, muito mais, a pureza de consciência e a prática do bem, que são factíveis a toda a humanidade terrestre.
Estudemos denodadamente o Espiritismo, a fim de que possamos melhorar a nossa conduta e, conseqüentemente, criarmos condições para habitar um mundo ditoso e feliz. (02)
21 – A PAZ E A ESPADA
Paz – do lat. pax, pacis – é a tranqüilidade da ordem. É a aspiração fundamental de cada homem e de toda a humanidade, a ponto de seu conceito quase ser confundido com o de felicidade. Espada – do gr.spáthe, pelo lat. spatha – é a arma branca, formada de uma lâmina comprida e pontiaguda, de um ou dois gumes. Símbolo do Estado Militar e de sua virtude. Relacionada com a balança, significa justiça: separa o bem do mal, julga o culpado.
A paz e a espada representam um ensinamento transmitido por Jesus. São Mateus, no cap. X, vv. 34 a 36, narra essa passagem evangélica nos seguintes termos: “Não penseis que eu vim trazer paz sobre a Terra; eu não vim trazer a paz, mas a espada; porque eu vim separar o homem de seu pai, a filha de sua mãe e a nora de sua sogra; e o homem terá por inimigos os de sua casa”. São Lucas, no cap. XII, vv. 49 a 53, trata do mesmo assunto, acrescentando que Jesus viera lançar fogo sobre a Terra e tinha pressa que ele se acendesse.
O ensinamento da paz e da espada, como tantos outros ensinamentos trazidos por Jesus, possui conteúdo alegórico. A interpretação do referido trecho varia de seita para seita. A espada do Cristo, que era de fraternidade, passa a ser instrumento de violência e opressão nas mãos dos propagadores de determinadas seitas. Os próprios cristãos, de perseguidos, passam a ser perseguidores. Não é, pois, de se estranhar que as guerras religiosas destruíram mais do que as guerras políticas.
Toda a idéia nova gera oposição. Eis a correta interpretação dessa passagem evangélica. O “novo”, quando fundamentado na lógica e na razão, fere interesses pessoais. Isso acontece na Ciência, na Filosofia e, também, na Religião. Por isso a importância da nova idéia é proporcional à resistência encontrada. Pois, se julgada sem conseqüência, deixá-la-iam passar, mas, como sentem-se ameaçados, fazem de tudo para dificultar a sua propagação.
O Espiritismo, à semelhança do Socratismo e do Cristianismo, traz um novo paradigma para a humanidade, e pode ser interpretado como uma nova espada. Não será aceita sem lutas, controvérsias e oposições. Sua pujança não está nas disputas sangrentas, mas na modificação interior que proporciona a cada um de seus adeptos. A questão da espada será muito mais uma guerra de cada um contra si mesmo e contra todo o mal, fazendo com que possamos ser “promotores da paz”.
A paz não é sinônimo de beatitude. É um estado de tranqüilidade de consciência durante e após a luta contra o comodismo pessoal, as injustiças e as desigualdades sociais. (01) e (05)
22 – DESIGUALDADE DAS RIQUEZAS
Riqueza – de “rico”, que vem da raiz gótica “riks”, poderoso. O termo refere-se a uma afluência de bens que permite a satisfação não só das necessidades básicas, mas também das exigências do conforto e do luxo. Pode-se falar em riqueza pessoal, riqueza
nacional e riqueza mundial.
Por que há ricos e pobres? É uma questão em que os pensadores da humanidade ainda não chegaram a um consenso. Aventam-se uma série de hipóteses, como a posição geográfica de alguns países, a existência de recursos naturais próprios, o grau cultural de seus habitantes etc. Mas por que nos países ricos há uma quantidade considerável de pobres? A riqueza por eles produzida não poderia ser melhor distribuída? Onde buscar a explicação para esses fatos?
Allan Kardec, no cap. XVI de O Evangelho Segundo o Espiritismo, oferece-nos alguns subsídios para a compreensão do problema. Reencarnação, livre-arbítrio e justiça divina são os tópicos fundamentais a serem considerados. Através da reencarnação, entendemos que o Espírito, sendo imortal, necessita das experiências da riqueza e da pobreza para a sua evolução espiritual; pelo uso do livre-arbítrio é responsável pelos seus atos; pela determinação do Direito Divino, sofre as conseqüências de suas escolhas. Nesse sentido, a pobreza pode ser, também, uma expiação com relação ao uso indevido da riqueza, numa encarnação passada.
Como dissemos, o Espírito necessita das provas da riqueza e da pobreza. A riqueza serve para o exercício da caridade e da abnegação; a pobreza, para o da paciência e resignação. Dentro desse enfoque, cada Espírito vai trabalhar a seu turno, segundo o gênero de provas que tenha escolhido. Nenhum trabalho ficará por fazer e todos nós auxiliar-nos-emos mutuamente.
Cada Espírito, fazendo o que lhe compete, encontrará a felicidade dentro dos limites de sua escolha. O bem-estar, sendo relativo, poderá ser patrimônio de toda a humanidade. Isso porque uns contentam-se em dormir ao relento, enquanto outros precisam de um palacete. Importa, muito mais, respeitarmos o livre-arbítrio de nosso próximo do que construirmos teorias sem bases espiritualmente sólidas.
Produzamos o máximo possível dentro de nossas limitações. Não queiramos invejar o rico nem desdenhar o pobre. Peçamos, sim, luzes ao Alto para compreendermos as leis naturais espalhadas pelo Cosmo.(01) e (02)
23 – POBRE DE ESPÍRITO
Pobreza – do lat. paupertas – significa falta do necessário à vida. Confunde-se, em geral, com miséria, em que há falta até do essencial. Na pobreza, há carência do relativamente supérfluo. Diz-se relativamente porque a pobreza em um estado pode ser miséria em outro, e o que é supérfluo a uns pode ser já o necessário para outro.
No vocabulário cristão, a palavra pobreza tem uma ambigüidade que é preciso esclarecer. Em primeiro lugar, ela pode representar a simples carência de bens. Em segundo lugar, está relacionada com a passagem evangélica, em que Jesus diz: “Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus”. (Mateus, cap. V, v. 3). O sentido de “pobres de espírito” ou “pobres em espírito” é muito discutido. Não significa desapego, mas refere-se às classes humildes, cujo espírito é oprimido pela necessidade e pelo abatimento.
O caráter revolucionário dessa afirmação não deve ser menosprezado: é uma resposta implícita à arrogância dos fariseus. A maldição da pobreza é substituída pela bem-aventurança, que excede toda a riqueza. O termo não significa que apenas os pobres entram no reino do céu, mas também os pobres. É, assim, uma avaliação positiva da pobreza e não uma crítica negativa da riqueza.
A pobreza pregada por Jesus é uma atitude de livre escolha com relação aos bens espirituais. Difere fundamentalmente da carência de bens materiais. No seu sentido mais profundo, é a aderência do crente à vontade do Criador, a resignação ante os revezes da fortuna, a simplicidade de coração, a pureza dos sentimentos, ou seja, a ingenuidade da alma, que se assemelha à criança.
Simplicidade de coração e humildade de espírito são as molas propulsoras de nosso progresso espiritual. Nesse sentido, o ignorante que possui essas qualidades será preferido ao sábio que as desdenha. É que para alcançarmos o reino do céu devemos crer mais na Providência Divina do que em nós mesmos. Dessa forma, Jesus aproveitava todas as suas oportunidades para exaltar a humildade, que nos aproxima de Deus, e combater o orgulho, que nos distancia Dele.
Não nos abatamos quando formos menosprezados e taxados de “pobres em espírito”. O importante é crescermos em humildade e simplicidade de coração. (01), (05) e (14).
24 – JUSTIÇA, AMOR E CARIDADE
Justiça – do lat. justitia – significa, de modo restrito, a constante e perpétua vontade de conceder o direito a si próprio e aos outros, segundo a igualdade. Amor – do lat. amore -, sentimento que predispõe alguém a desejar o bem de outrem, ou de alguma coisa. Caridade – do lat. caritate -, no vocabulário cristão, o amor que move a vontade à busca efetiva do bem de outrem e procura identificar-se com o amor de Deus.
A justiça pertence às virtudes cardeais e a caridade às virtudes teologais. As virtudes cardeais, princípio de todas as virtudes, dizem respeito à temperança, à fortaleza, à prudência e à própria justiça. Entre essas, a justiça ocupa lugar de destaque, pois dá equilíbrio às demais. As virtudes teologais, consideradas como dons infusos por Deus, dizem respeito à fé, à esperanca e à própria caridade. Dentre elas, a caridade é a mais perfeita. Unindo-se à justiça e à caridade pelos laços do amor, teríamos os fundamentos básicos de nossa conduta em sociedade.
A justiça, sendo fria e calculista, necessita do amor e da caridade que lhe complementam. O amor, conceito central do Cristianismo, reflete o sentimento de fazermos ao próximo todo o bem possível, tal qual desejaríamos que nos fosse feito. A caridade, dentro do caráter infuso, distingue-se da filantropia. A caridade é, primariamente, o amor a Deus e, sem mudar a direção, secundariamente, é o amor ao próximo e a si mesmo.
Allan Kardec, na pergunta 648 de O Livro dos Espíritos, esclarece-nos que a divisão da lei de Deus em dez partes é a mesma da de Moisés e pode abranger todas as circunstâncias da vida. Dentre tais leis, a Lei de Justiça, Amor e Caridade é a mais importante; é por ela que o homem pode avançar mais na vida espiritual, porque ela resume todas as outras.
O justo dá a cada coisa o lugar que lhe compete. Ordena na medida certa. Situando-se além das oposições e dos contrários, realiza em si a unidade, que é una e total. O verdadeiro justo simboliza o homem perfeito, que põe ordem, primeiro em si, depois em torno de si. Seu papel é o de uma verdadeira potência cósmica.
A justiça dá base ao amor, para que este se transforme na caridade, que é o amor em ação. (02) e (11)
25 – DEUS E MAMON
Deus – do lat. Deus, pelo gr. Theos – é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas. Mamon – do lat. tardio mammona ou mammonas – significa dinheiro, riqueza, propriedades. Deriva deMamon, Deus das riquezas da mitologia síria e fenícia.
São Lucas, no cap. XVI, v. 13 do seu Evangelho, narra a passagem em que Jesus condena a riqueza nos seguintes termos: “Ninguém pode servir a dois senhores; porque, ou odiará a um e amará ao outro, ou se afeiçoará a um e desprezará o outro. Não podeis servir, ao mesmo tempo, a Deus e a Mamon”. Como há inúmeros textos evangélicos condenando a riqueza, tem-se a impressão de que o Cristianismo subestima a dimensão econômica do homem.
A Bíblia do Velho Testamento, por exemplo, faz uma apologia positiva da riqueza, dizendo que ela é aspiração humana e bênção divina. Já a Bíblia do Novo Testamento, principalmente com Jesus, abomina-a. Para compreendermos a mudança no eixo com relação à riqueza, convém raciocinarmos em termos dos elementos culturais da época de Jesus. No começo da era cristã, os romanos detinham o poder e abusavam de suas posses materiais. É nesse sentido que Jesus condena a riqueza, ou seja, sua má utilização, não a sua posse.
O homem tem anseio natural à aquisição de bens materiais. Deles provém a sua subsistência vital. Como é vital, acaba enfatizando-a, em detrimento dos bens espirituais. Observe os esforços infrutíferos do marxismo com relação ao fim da desigualdade dos bens possuídos e do direito de propriedade privada. A distribuição justa da riqueza é muito mais uma questão de reformulação interior do que de proibições estatais.
Allan Kardec, no cap. XVI de O Evangelho Segundo o Espiritismo, traça-nos um roteiro seguro quanto ao uso da riqueza. Diz-nos que a riqueza é uma prova mais difícil do que a pobreza. Orienta-nos para aplicá-la na caridade, não a que estiola o necessitado, mas a que o ergue até o Pai Celestial. Enfim, mostra-nos que a verdadeira propriedade é a soma dos conhecimentos e qualidades morais armazenada em cada um de nós.
Optemos por servir a Deus. Somente assim ficaremos livres do jugo do Mamon, ou seja, da obsessão pela riqueza material. (01) e (05)
26 – MISSÃO DO HOMEM INTELIGENTE NA TERRA
Missão – do lat. missione – significa função ou poder que se confere a alguém para fazer algo; encargo; incumbência. Homem – do lat. homine -, qualquer indivíduo pertencente à espécie animal que apresenta maior grau de complexidade na escala evolutiva; o ser humano. Inteligência – do lat. intelligentia -, faculdade de aprender, apreender ou compreender.
Todo o homem possui uma missão, grande ou pequena, no planeta Terra. A diversidade de aptidões direciona-nos ao campo de atividade que se coaduna com nossa vocação. A escolha de uma profissão, quando bem refletida, revela os anseios divinos com relação ao nosso desenvolvimento intelectual e moral. Embora não exista a fatalidade, há um determinismo que guia os nossos passos, fruto de nossa escolha, quando desencarnados.
A inteligência, como faculdade de elaborar conexões, é extremamente valiosa. Através dela, conceituamos, relacionamos causa e efeito, resolvemos problemas de matemática, construímos máquinas etc. À medida que o homem exercita sua inteligência, ela amplia-se. Do simples chegamos ao complexo; do conhecido ao desconhecido. Porém, surgem, também, os desmandos intelectuais, ou seja, o homem começa a se colocar acima do Criador, enveredando-se pela trilha do orgulho.
O ser humano jamais deveria orgulhar-se da sua inteligência. Se Deus, na sua infinita bondade, concedeu-nos a oportunidade de renascermos num meio em que possamos desenvolver a nossa inteligência, é para que a utilizemos em nosso benefício e dos nossos semelhantes. A inteligência desenvolvida é um talento com finalidade útil nas mãos das criaturas, para que estas ajudem àqueles que têm uma inteligência menos desenvolvida, objetivando fazer com que se aproximem, cada vez mais, do Criador.
O Espírito Ferdinando, em mensagem transcrita no cap. VII de O Evangelho Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, diz-nos que a inteligência é rica de méritos para o futuro, mas com a condição de ser bem empregada; se todos os homens dotados se servissem dela segundo os desígnios de Deus, a tarefa dos Espíritos seria fácil no sentido de a humanidade avançar. Infelizmente, muitos abusam desta e de outras faculdades, sendo causa de orgulho e de perdição para si mesmos.
Valorizemos a nossa existência. Apliquemos todos os nossos recursos pessoais no engrandecimento de nossa inteligência, a fim de melhor servir àqueles que nos rodeiam. (01)
27 – OS POBRES E OS ESTROPIADOS
Pobre – do lat. paupere – significa aquele que não tem o necessário à vida; cujas posses são inferiores à sua posição ou condição social. Estropiado – do italiano stroppiare, através do espanhol estropear -, aleijado, mutilado.
São Lucas, no cap. XIV, vv. 12 a 15 do seu Evangelho, retrata “os pobres e os estropiados” nos seguintes termos: “… quando deres um jantar ou uma ceia, não convides os teus amigos, nem teus irmãos, nem teus parentes, nem teus vizinhos ricos; para não suceder que eles, por sua vez, te convidem e sejas recompensado. Antes, ao dares um banquete, convida os pobres, os aleijados, os coxos e os cegos; e serás bem-aventurado, pelo fato de não terem eles com que recompensar-te; a tua recompensa, porém, tu a receberás na ressurreição dos justos”.
A transmissão do conhecimento na época de Jesus era feita através de parábolas, ou seja, expressava-se um dado conteúdo tendo-se em mente o seu sentido alegórico. Além disso, para que possamos entender o alcance das palavras de Jesus, devemos valer-nos da dimensão cultural do povo judeu. Este era dominado pelos romanos, que ostentavam poder e erudição, desprezando os menos afortunados da sorte. É contra essas injustiças que Jesus endereçava a maioria de suas palavras.
Allan Kardec, no cap. XIII de O Evangelho Segundo o Espiritismo, esclarece-nos o sentido alegórico contido no texto evangélico. Diz-nos que o fundo do pensamento está em considerar os pobres e os estropiados como aquelas pessoas que não poderão retribuir, ou seja, devemos fazer o bem pelo bem, sem outra expectativa de recompensa. Ainda: explica-nos que por festins devemos entender, não o repasto propriamente dito, mas a participação na abundância de que desfrutamos.
“Os pobres e os estropiados”, na concepção bíblica, exorta-nos à reflexão. Até que ponto estamos dando atenção aos poderosos, aos bem-ajustados na sociedade, em detrimento dos mais necessitados? Dessa forma, parece-nos que a tônica desse ensinamento é que saibamos renunciar ao nosso comodismo, a fim de auxiliar aos mais carentes, pondo em prática a máxima: “não são os sãos os que precisam de médico, mas os enfermos”.
Façamos o bem pelo bem. Essa é a única fórmula capaz de dar-nos tranqüilidade neste mundo de provas e de expiações em que vivemos. (01)
28 – CRUZ E SALVAÇÃO
Cruz – do lat. cruce – significa antigo instrumento de suplício, constituído por dois madeiros, um atravessando no outro, em que se amarravam ou pregavam os condenados à morte. Salvação – do lat.salvatione -, ato ou efeito de salvar(-se), ou de remir, ou seja, livrar-se do perigo ou da ruína.
A cruz é um dos símbolos cuja presença é atestada desde a mais alta Antigüidade: no Egito, na China etc. A cruz é o terceiro dos quatro símbolos fundamentais, juntamente com o centro, o círculo e oquadrado. Sua função é intermediar os outros três. Mostra, também, os quatro pontos cardeais. É o elo de ligação entre a terra e o céu, o tempo e o espaço. A cruz simboliza o Crucificado, o Cristo, que, pregado ao madeiro, representa os quatro cantos do mundo, voltados para o Salvador da humanidade.
No Novo Testamento, o simbolismo teológico da cruz só aparece em uma afirmação do próprio Jesus e nos escritos de Paulo. Jesus disse que aquele que o segue deve tomar a sua própria cruz, perdendo assim a vida para conquistá-la (Mateus, 10, vv. 38 e 39; Marcos, 8, vv. 34; Lucas, 9, vv. 23 a 25; João, cap. XII, vv. 24 e 25). Paulo pregava Cristo e Cristo crucificado, embora isso fosse escândalo para os hebreus e loucura para os gentios.
Allan Kardec, no cap. XXIV de O Evangelho Segundo o Espiritismo, tece comentários acerca de “aquele que quer me seguir, carregue sua cruz”. A frase implica seguirmos os ditames de nossa fé, mesmo que para isso tenhamos de sofrer, até mesmo, a perda da própria vida. Quem assim proceder ganhará o reino dos céus. Mas àqueles que sacrificam os bens celestes preferindo os gozos terrestres Deus dirá: “Já haveis recebido a vossa recompensa”.
Regozijemo-nos quando os homens, por ignorância ou má-fé, injuriarem-nos e odiarem-nos devido à sinceridade de nossa fé. Suportemos o mal, que ele é passageiro. Tenhamos em mente que as promessas do Cristo não foram vãs. Se ele morreu na cruz para nos salvar, por que esse desespero, quando algo não nos ocorre a contento?
A cruz simboliza o nosso sofrimento. Saibamos carregá-la, afrontando, corajosamente, as dificuldades, as ansiedades e o comodismo que tanto nos atrapalham. (01) e (15)
29 – PRECE
Prece – do lat. prece – significa rogo e, por extensão, pedido instante; súplica. É o orvalho divino que aplaca as nossas chagas mais íntimas. Pela prece pomo-nos em relação com Deus para um pedido, um agradecimento ou um louvor. A prece, enfim, resume todas as nossas aspirações humanas e divinas.
Filosoficamente considerada, a prece traduz-se por um ato espontâneo de adoração ao Criador. A naturalidade da oração nota-se no fato de que a oração é elemento latente na vida de todos. As fundamentações em torno da prece podem ser encontradas nas perguntas 653 a 666 de O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec. O codificador do Espiritismo propõe, entre outras, as seguintes questões: Qual o caráter geral da prece? A prece torna o homem melhor? Podemos pedir eficazmente o perdão de nossas faltas? As preces que fazemos por nós mesmos podem modificar a natureza das nossas provas e desviar-lhes o curso?
Cientificamente considerada, a prece traduz-se por uma comprovação positiva do seu efeito. O médico-cirurgião Alexis Carrel, em seu livro A Oração – Seu Poder e Efeitos, diz-nos que é difícil separar a ação curativa do remédio do efeito curativo da oração. Contudo, regozija-se com o paciente que ora, porque em suas observações notou que ele facilita o processo de cura. Allan Kardec, no cap. XXVII de O Evangelho Segundo o Espiritismo, discorre sobre a ação da prece. Esclarece-nos que pela nossa vontade podemos atuar sobre o fluido universal e provocar os “milagres”, que nada mais são do que uma extrema aceleração dos processos normais de cura.
Religiosamente considerada, a prece traduz-se pela elevação moral da criatura. Pode, também, estar envolta com aquela súplica: “Senhor, ensina-nos a orar”. Liga-se a um sentimento de caridade, quando colocamo-nos à disposição dos bons Espíritos para orarmos por nós mesmos ou pelos outros. Nesse sentido, podemos orar para pedir força de resistir a uma tentação, para pedir um conselho, por alguém que esteja em aflição, por nossos inimigos, por um agonizante etc.
A divisão filosófica, científica e religiosa é apenas didática. Na prática, deveríamos vê-la num todo. Quer dizer, o ato de adoração deve ser questionado e analisado sob esses três ângulos, conjuntamente. Dessa forma: Estamos orando como os fariseus, que gostam de ser vistos? Nossos impulsos dirigidos ao Alto são puros e necessários? Pomos uma dose de razão ao sentimento de súplica?
A prece, como vimos, constitui emissão eletromagnética de relativo poder. Empenhemo-nos, pois, em fortificar a nossa fé, a fim de que as nossas emissões sejam cada vez mais poderosas. (01)
30 – INJÚRIAS E VIOLÊNCIAS
Injúria – do lat. injuria – significa ação que ofende a outrem; agravo, vitupério, afronta. Violência – do lat. violentia -, o que se exerce com uma força impetuosa. Diz-se do sentimento ou da afeição, quando supera a vontade.
Para os antigos gregos, cada ser tinha um lugar destinado e tudo se resumia a manter a hierarquia dos valores de cada um na totalidade. Essa concepção não implica luta e violência. No entanto, mesmo entre os próprios gregos surgiu a concepção de mundo como luta de contrários. O mundo “faz-se” precisamente no conflito entre as forças contrárias, do qual brota o novo.
O segundo esquema impôs-se nos tempos modernos. Hobbes formula essa idéia dizendo que “o homem é lobo do próprio homem”. Darwin fala em seleção dos mais aptos, na sua teoria sobre a evolução das espécies. Hegel traça as linhas da dialética, como superação dos contrários. Marx quer atingir a igualdade através da luta de classes. Como vemos, tudo gira em torno da força para manter a ordem.
Contudo, o mestre Jesus dizia: “Bem-aventurados aqueles que são brandos, porque eles possuirão a Terra”; “Bem-aventurados os pacíficos, porque eles serão chamados filhos de Deus”. Acrescenta “que todo aquele que se encolerizar contra o seu irmão merecerá ser condenado pelo julgamento; que aquele que disser ao seu irmão Racca, merecerá ser condenado pelo conselho”. Por essas máximas, Jesus fez da doçura, da moderação, da mansuetude, da afabilidade e da paciência uma lei; condena, por conseguinte, a violência, a cólera e mesmo toda a expressão descortês com respeito ao semelhante.
Na interpretação de Kardec, no cap. IX de O Evangelho Segundo o Espiritismo, os textos evangélicos denotam a idéia de que, até esse dia, os bens da terra estão açambarcados pelos violentos em prejuízo daqueles que são brandos e pacíficos. Porém, quando a lei de amor e caridade for a lei da Humanidade, não haverá mais egoísmo; o fraco e o pacífico não serão mais explorados pelo forte e pelo violento.
O mundo é violento porque somos violentos. Se optarmos pela afabilidade e pela doçura, estaremos auxiliando a construir o mundo ditoso do terceiro milênio (01) e (05)
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
(01) KARDEC, A. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 39. ed., São Paulo, IDE, 1984.
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(03) KUBLER-ROSS, E. Morte – Estágio Final da Evolução. Rio de Janeiro, Record, s/d.
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(05) IDÍGORAS, J. L. Vocabulário Teológico para a América Latina. São Paulo, Edições Paulinas, 1983.
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