Uniões Antipáticas
“O Livro dos Espíritos” – Questões 939 e 940
Estudo Espírita
Promovida pelo IRC-Espiritismo
http://www.irc-espiritismo.org.br
Centro Espírita Léon Denis
http://www.celd.org.br
Expositor: Mauro Bueno
Manaus
04/09/1999
Dirigente do Estudo:
Mauro Bueno (nick: MBueno)
Oração Inicial:
<Naema> Espíritos que nos acompanham nessa noite, que possamos aprender e compartilhar esses ensinamentos com todos que estão conosco. Que possamos elevar nossos pensamentos e nos unirmos em uma corrente de amor e fraternidade, que nosso companheiro seja muito feliz em sua apresentação e que possamos ter todos os esclarecimentos que procuramos. Assim Seja !
Exposição:
<MBueno> O estudo desta noite se refere a duas questões de “O Livro dos Espíritos”:
939. “Uma vez que os Espíritos simpáticos são induzidos a unir-se, como é que, entre os encarnados, freqüentemente só de um lado há afeição e que o mais sincero amor se vê acolhido com indiferença e, até, com repulsão? Como é, além disso, que a mais viva afeição de dois seres pode mudar-se em antipatia e mesmo em ódio?”
“Não tardam a reconhecer que só experimentaram um encantamento material.”
940. “Não constitui igualmente fonte de dissabores, tanto mais amargos quanto envenenam toda a existência, a falta de simpatia entre seres destinados a viver juntos?”
“Este encantamento material é a paixão, o cio, algo realmente biológico. Estudos recentes demonstram que ele está aliado a um neurotransmissor: a dopamina e o nível de endorfina. A maneira pela qual o cérebro dispara a produção de ambos tem razões emocionais e bioquímicas.”
As razões emocionais estão no Livro “Inteligência Emocional” do Phd. Daniel Goleman. Lá ele demonstra que a paixão é percebida no cérebro mais primário. Sensações primitivas, da infância e do período uterino serão responsáveis por gatilhar o reconhecimento desta sensação em suas relações futuras e a partir daí, induzir o estado de paixão.
Todo este processo acontece com duração limite entre 9 a 12 meses em geral. É também este o período orgânico necessário para se “desfazer” de uma paixão. Racionalmente este período poderá ser alterado pelo “acometido”! Esta duração limite é puramente bioquímica e varia bastante de pessoa para pessoa.
Os mamíferos superiores tem isto igualmente em seus cérebros. Isto nos leva a imaginar que isto sirva, primariamente, como mecanismo de manutenção da existência da raça. No homem ele serve para possibilitar e facilitar a aproximação. A relação que se desenvolve a partir daí pouco haver tem com o encantamento inicial. Elis Regina em uma de suas músicas dizia: “O amor é como a rosa no jardim, a gente cuida, a gente olha, a gente deixa o sol bater, pra crescer, pra crescer…” Uma relação baseada em amor real desenvolve-se continuamente. Ela encontra lastro espiritual e uma sintonia inconfundível, perene, “cúmplice”. Esta empatia contínua é o combustível que mantém acesa a chama…
Os espíritos nos explicam que muitas relações frustradas estão baseadas neste encantamento material e não na sintonia de espíritos. E ainda que isto é mecanismo de expiação. Neste caso, como na maioria, o próprio espírito é quem “deliberadamente” se encaminha para o sofrimento que advirá de tal envolvimento. Digo deliberadamente apesar da enorme parcela de “instinto animal” contida na ação. Somente espíritos com determinado grau de elevação estão acima dos instintos! A paixão é um instinto, o amor não! É a paixão que zanga, enciúma, sofre, prende, machuca e aí por diante. O Amor é libertador em quaisquer casos. O Amor é a mola mestra das relações eternas!
Em muitas relações, com explicam os espíritos, inicialmente difíceis, terminam em amor por propiciar campo fértil para um real conhecimento do outro espírito. Este conhecimento, às vezes um “reconhecimento” se faz de encarnação para encarnação! A maioria de nossos laços de simpatia advém de relações pregressas, a despeito de muitas se formarem nesta mesma vida. Assim é a manutenção de um casamento ou uma relação antiga. Muitas vezes a decisão de permanecer na relação é mais intelectual que emocional. Às vezes é mais por motivos encontrados no passado distante, que pelos motivos apresentados no presente. Quando há lastro a relação progride. Quando não, vê-se dor, sofrimento e prejuízo de muitos ao redor.
O lastro é a sintonia espiritual. Ela se desenvolve gradativamente, passo a passo, de forma mais ou menos acelerada em função da elevação dos espíritos envolvidos. O mesmo padrão vibratório, caracterizado por desejos, sonhos, ideais, é que formam o terreno. E o mais impressionante é que ama-se não importando muito o nível evolutivo não! Amam também os mais simples, tanto quanto os mais evoluídos. Exceto pelo fato de que os evoluídos amam a mais e mais espíritos com igual grau de identificação. Muitos problemas surgem, entretanto, das relações onde não reside o verdadeiro amor! Problemas que sacrificam muitos.
Nossa legislação melhorou muito desde que a Codificação foi escrita. O divórcio já é permitido e ninguém mais está obrigado a permanecer junto de quem não queira. E nem o deve. Lares onde a discórdia é reinante terminam gerando filhos problemáticos. Uma forte divergência, mesmo que simples, como a religiosa, pode gerar abismos entre duas pessoas, tornando impossível o adequado convívio. Pessoas que se desenvolvem em meios onde a agressão é reinante aprendem a tratar o resto do mundo da mesma maneira. Não vemos nós exemplos disto todos os dias?
Não estou fazendo apologia a separação, geralmente muito mais difícil que a própria manutenção de uma relação penosa, mas ressalto que, nestes casos, deve se levar em conta o sofrimento que causemos a terceiros. Pagaremos por isso, tal qual prescreve a Lei de Causa e Efeito. Muitos dividem comigo a mesma opinião: a paixão provém do corpo, o amor provém do espírito. Dominar o corpo e dirimir-lhe as necessidades é nossa obrigação pessoal. Este é, sobretudo, um dos pontos mais difíceis da Reforma Íntima. E cabe ainda finalizar com a máxima de Jesus: “Amarás a Deus sobre todas as coisas e a teu próximo como a ti mesmo.” (t)
Perguntas/Respostas:
[01] <Naema> Então a afirmação de que devemos “agüentar juntos” para não voltarmos em outra encarnação não tem fundamento? (t)
<MBueno> Parte sim, parte não, Naema! É sempre necessário avaliar o prejuízo e dor impostos a terceiros. Ocorre que se “agüentar juntos” for pernicioso e prejudicial a quem quer que seja, melhor é o afastamento. Se o “agüentar juntos” traz evolução moral, intelectual e benefícios aos que cercam, então eis aí uma encarnação proveitosa. (t)
[02] <sharpz> Quando temos uma empatia muito grande para com uma pessoa e estar ou lembrar dessa pessoa nos enche de alegria, pode ser que se conhece-a há muito, de muitas encarnações?(t)
<MBueno> Sim, Sharpz! Aliás, na maioria das vezes assim se processa! Há, entretanto, que se lembrar que espíritos de mesma faixa vibratória tendem a se sintonizar com muita facilidade. Isto propicia as mesmas sensações daquelas causadas por relações pretéritas. Do ponto de vista do espírito, onde o tempo inexiste, isto faz, portanto, pouca diferença(t)
Oração Final:
<Wania> Senhor Jesus, agradecemos ao teu coração generoso e amigo, que nos concede a oportunidade de trabalho em Tua seara. Fortalece nossos espíritos, auxilia-nos, em nossas dores, dúvidas e aflições. Que a tua misericórdia alcance a todos nós. Conceda-nos uma semana de paz e trabalho. Permanece conosco pois ainda muito necessitamos de ti. Que possa ser em teu nome, mas sobretudo em nome de Deus, o encerramento deste momento de reflexão e prece em torno da Doutrina Espírita. Que assim seja!