Visão Espírita da Morte
Palestra Virtual
Promovida pelo IRC-Espiritismo
http://www.irc-espiritismo.org.br
Centro Espírita Léon Denis
http://www.celd.org.br
Palestrante: Mauro Operti
Rio de Janeiro/RJ
20/10/2000
Organizadores da palestra:
Moderador: “l_t_m” (nick: |Moderador|)
“Médium digitador”: “SPITFIRE” (nick: Mauro_Operti)
Oração Inicial:
<|Moderador|> Rogamos aos amigos invisíveis, que já estiveram, previamente, higienizando o ambiente deste canal, todo o auxílio e intuição ao responsável pela palestra que ora se inicia, neste tema tão importante a todos.
Agradecemos também pelos nossos familiares, graças aos quais podemos estar aqui, desenvolvendo essa humilde tarefa, lembrando que o trabalho maior está a cargo do plano maior, e que nossa parcela é muito pequena, mas feita com carinho e boa vontade, nessa seara do Senhor.
Do fundo de nossos corações, agradecemos a todos os benfeitores, pedindo sua permissão pra iniciar a palestra da noite. Obrigado, que assim seja! (t)
Considerações Iniciais do Palestrante:
<Mauro_Operti> A boa visão espírita da morte não é ingênua nem sentimental, mas, pretendendo ser realista, não é indiferente nem distante. Toda criatura tem como seus pontos de referência as outras criaturas e, quando do seu universo pessoal são retirados aqueles outros que são os seus afetos e os seus apoios, é natural que o homem se ressinta e até sofra pela perda.
A Doutrina Espírita permite que se tenha uma visão equilibrada e sadia do fenômeno que provoca a separação temporária de corações que se amam. (t)
Perguntas/Respostas:
<|Moderador|> [01] <MarcosCunha> A maioria das pessoas não se encontra preparada para a morte, sua ou de afetos. Não deveriam as religiões prepararem seus adeptos quanto à questão espiritual da morte para que, assim, as pessoas não se desesperem tanto quando do desencarne de alguém querido?
<Mauro_Operti> Certamente, mas a possibilidade de ajudar nestas circunstâncias depende da disponibilidade de informações e de uma visão mais precisa do fenômeno da morte do corpo, ao lado de um conhecimento menos fantasioso do destino da individualidade espiritual que perdeu seu corpo físico.
Creio que nenhuma outra posição religiosa tem essa possibilidade mais do que a Doutrina Espírita. (t)
<|Moderador|> [02] <MarcosCunha> Qual a melhor conduta a ser adotada em um velório? A oração, a conversa amena ou apenas o silêncio?
<Mauro_Operti> Uma conduta absolutamente natural tanto do ponto de vista da posição mental quanto da atitude exterior. Não há necessidade de uma atitude compungida nem de gestos excessivamente cuidadosos como aparentando uma disposição interior de tristeza e sofrimento que, na maior parte das vezes, é descabida já que entendemos a morte como uma separação apenas temporária.
É evidente, pelo menos na minha visão, que podemos conversar e até mesmo rir, sem que isso signifique desrespeito ao desencarnado ou aos seus parentes ou amigos. Dependendo da situação, podemos até mesmo nos sentir satisfeitos pela liberação de alguém a quem amamos, de quem vamos sentir falta, mas que sabemos que cumpriu a sua tarefa e encerrou o seu ciclo de sofrimentos no corpo. (t)
<|Moderador|> [03] <Brab> Caro Mauro, vemos em “O Céu e o Inferno” um item inteiro que diz: “Por que o espírita não teme a morte?” nos levando, como sempre, a raciocínios muito lógicos e fundamentados. Pergunto: apesar de tudo, porque vemos espíritas ainda com muito medo instintivo da morte do corpo físico? Porque essa dedução tão lógica de Kardec não é verificada em 100% dos casos?
<Mauro_Operti> O fato de nos declararmos e nos sentirmos espíritas não nos torna automaticamente libertos das nossas limitações, dos nossos conflitos ou das marcas do passado que trazemos mais ou menos afloradas na presente existência.
A internalização dos conhecimentos adquiridos pelo estudo doutrinário é tarefa que exige esforço continuado, persistente e que demora, muitas vezes, uma vida inteira. Creio que a maior parte dos espíritas é capaz de mudar sua atitude diante da morte depois de algum tempo de contato com a benção da informação doutrinária. Mas muitos de nós ainda lutamos com dificuldades interiores e com as marcas do passado que pesarão mais do que em outros companheiros.
O conhecimento doutrinário é um instrumento de libertação que cada um usará de acordo com as suas possibilidades atuais. Fazemos o que podemos e não tudo o que queremos. (t)
<|Moderador|> [04] <l_t_m> Esse medo da desencarnação pelos espíritas não poderia ter relação com o fato de que “Mais é pedido, a quem mais é dado”? Isto é, nosso receio de que não fizemos tudo que havíamos planejado/prometido?
<Mauro_Operti> Se pensarmos assim, estaremos praticamente todos nós atemorizados diante da morte, já que as nossas vidas, de todos nós, são lutas contínuas em que vencemos e caímos alternadamente. Certamente que nem a Lei Divina nem os seus executores, os espíritos bons, nos julgarão como réprobos se não somos perfeitos.
Os espíritos bons são compassivos, até porque agora são bons e equilibrados, mas outrora não o foram. Por isso nos compreendem e por nós têm carinho.
Vivemos, lutamos, ganhamos e perdemos, caímos e nos levantamos, mas estamos caminhando. Por que temer a vida depois do túmulo já que estamos fazendo o que podemos fazer?
Um companheiro antigo das tarefas espíritas, o Antônio Mendes, costumava dizer nos seus comentários evangélicos que “quem faz o que pode a mais não é obrigado …” (t)
<|Moderador|> [05]<Brab> Kardec foi muito hábil quando, em “O Livro dos Espíritos”, colocou o título do item: “Desgosto da vida. Suicídio”, já que o primeiro é o móvel do segundo. O que nos poderia falar sobre o suicídio, amigo, e como combatê-lo desde a raiz (depressão, desgosto da vida)?
<Mauro_Operti> Não tenho a pretensão de dar soluções fáceis para problemas graves da alma, ou dar lições de moral para quem esteja sofrendo interiormente por dificuldades de vida.
O melhor que a Doutrina Espírita tem a oferecer para quem pensa em suicídio é a certeza da sobrevivência e também a certeza de que carregamos conosco todos os problemas dos quais pretendemos fugir quando passamos para o outro lado. Cada um fará destas certezas o melhor uso que lhe for possível e é por isso que a difusão destas idéias feitas com dedicação e envolvidas com carinho e emoção é o melhor que podemos oferecer aos que passam por dificuldades morais que julgam difícil ou impossível vencer. (t)
<|Moderador|> [06] <curumim> Devemos atender às celebrações de morte de outras religiões que não sejam espírita? Por exemplo, missa de 7º dia?
<Mauro_Operti> Esta é uma questão de decisão pessoal. Eu, particularmente, não me preocupo em comparecer a cerimônias de outras posições religiosas por não estar disposto a assumir posturas e atitudes que são próprias daquelas religiões.
Mas ninguém é obrigado a assumir atitudes padronizadas diante destas questões de convívio social. Vai-se se se quer ir e não se vai se não se quer ir. (t)
<|Moderador|> [07] <MarcosCunha> Os acidentes de automóveis, trens, aviões e outros, com muitas vítimas fatais, sempre envolvem uma prova coletiva? Estariam todos estes espíritos comprometidos de tal maneira a virem a desencarnarem da mesma maneira?
<Mauro_Operti> Os espíritos que trazem dívidas reencarnatórias que devem ser quitadas através da desencarnação por meios traumáticos parece que têm sensores de natureza espiritual que lhes fazem seguir caminhos pela vida que os dirigem para estas situações.
Se se considera que existe o que podemos chamar de uma supervisão espiritual dos acontecimentos da nossa vida de relação, temos que pensar que estes acidentes não ocorrem por acaso. Os espíritos superiores e mesmo espíritos menos elevados, mas envolvidos nesta espécie de trabalho, tem meios próprios da sua natureza espiritual de prever e intervir mesmo materialmente nestes fatos.
Certamente que tais acontecimentos envolvendo toda uma rede de relações espirituais não são deixados ao acaso, mas ocorrem coordenadamente, aproveitando-se os próprios incidentes da vida material. (t)
<|Moderador|> [08] <curumim> Semana passada, um pai amigo meu, perdeu a filha de 15 anos num acidente. Ele não é espírita e está desconsolado. É possível os espíritas fazerem alguma coisa por ele? O que?
<Mauro_Operti> Antes de tudo, orar por ele. Quanto a um auxílio direto, vai depender da sua própria disposição em recebê-lo.
Creio que nestes casos uma atitude discreta, carinhosa e de disposição de ajudar sem apresentar receitas, fazer sermões ou tentativas de convencimento pode ser mais produtiva e mais genuinamente compassiva. (t)
<|Moderador|> [09] <MarcosCunha> Quando uma criança morre com apenas alguns dias de vida, estaria ela completando o tempo de uma vida anterior? Não seria desperdício toda uma situação de gravidez, parto, etc., para que um espírito viva apenas alguns dias, não tendo este tempo para a produção de nada?
<Mauro_Operti> Certamente. Esta idéia de que temos um tempo de vida contado que deve ser cumprido rigidamente não tem relação com a visão espírita sobre a vida e sobre a morte.
Embora muitos espíritas costumem usar uma frase de “O Livro dos Espíritos” que diz que “fatal só o momento da morte”, lendo-a de forma literal e restrita, o bom senso nos diz que as circunstâncias e o momento da morte devem mudar de acordo com a vida que foi vivida e as necessidades do espírito encarnado, do seu merecimento e das necessidades dos que ficam.
O companheiro que formulou a pergunta foi muito feliz ao lembrar que seria investir muito para ganhar tão pouco. (t)
<|Moderador|> [10] <Pensator> O que os encarnados podem fazer pelos desencarnados (me refiro a qualquer local e ambiente, desde um velório ate o dia a dia)?
<Mauro_Operti> Tanto quanto possível, pensar neles com carinho. Se não for possível o carinho, pelo menos com neutralidade.
Baseado na minha experiência de tratar com grupos de ensino doutrinário, lembro que se instalou entre as novas gerações de espíritas uma idéia distorcida da nossa relação com os espíritos. Muitos companheiros tem chegado a mim perguntando se não é perigoso rezar para espíritos em dificuldade pelo temor de sermos obsediados ou perturbados por esses espíritos. Eu lembro que esta não era a atitude dos espíritas mais antigos que não tinham medo de rezar pelos espíritos sofredores e nem esta é a atitude recomendada na codificação.
Orar por quem quer que seja que esteja em dificuldades, encarnado ou desencarnado, é simples dever de solidariedade. Embora eu me tenha reportado apenas a este aspecto da nossa relação com os espíritos, é claro que outros aspectos poderiam ter sido abordados. (t)
<|Moderador|> [11] <Andre_45> Sabemos que à medida que o espírito evolui o perispírito vai se tornando mais tênue. Quando o espírito chega ao seu último grau de evolução o perispírito ainda se conserva ou se confunde com o espírito?
<Mauro_Operti> Eis uma questão que eu não sei responder. Está fora das minhas possibilidades atuais… (t)
<|Moderador|> [12] <Brab> Caro Mauro, existe uma música espírita que nos diz: “Pois só morrem as pessoas que deixaram de amar”. Na realidade, o Espiritismo retira a barreira da morte física, mas será que podemos, com esforço de comparação (poética), considerar a frase da música como válida? De que ‘morte’ estaria nos falando?
<Mauro_Operti> Esta é uma visão poética, você mesmo disse. Não creio que, por ainda não saber amar integralmente, sejamos punidos pela Lei Divina.
Estamos aprendendo, ás vezes aos trancos e barrancos. Deus é paciente e espera. Não morremos nunca, mesmo mergulhados no mal. Não fosse assim estaríamos levando a frase de Paulo, “o salário do pecado é a morte”, ao seu significado literal. A vida não cessa nunca. (t)
Considerações Finais do Palestrante:
<Mauro_Operti> Apenas agradeço aos companheiros a boa vontade de me ouvir (ou de me ler). Deus nos abençoe! (t)
Oração Final:
<claralice> Boa
noite, amigos Que a Paz de Nosso Mestre Jesus continue nos envolvendo. E neste
instante vamos serenando nossos corações das nossas emoções mais intensas e
vamos buscando, em pensamento, nos envolver na atmosfera de nossos Amigos
Espirituais que nos assistem nas nossas lides e vamos também trazendo ao nosso
pensamento a figura serena e amiga de Jesus.
E a ele vamos agradecer por este encontro fraterno em
que pudemos entrar em contato com o conhecimento de um assunto da Doutrina dos
Espíritos, assunto esse de muita significação e relevância para nós que
desejamos vencer as dificuldades acerca da compreensão daquilo que podemos
considerar no mundo como “as barreiras da morte” e que bem poderíamos denominar
de “a oportunidade de renovação”.
Agradecemos a Deus e a Jesus por esta ocasião preciosa
em que pudemos também contar com as inesgotáveis bênçãos Deles advindas ao
palestrante da noite, nosso amigo Mauro Operti, ao nosso amigo Moderador e a
todos que aqui estiveram na condição de freqüentadores ou operadores.
Agradecemos também o fortalecimento constante que temos
recebido de nosso querido amigo Cairbar Schutel, tão sabiamente denominado de “O
Bandeirante do Espiritismo”, este nosso Irmão que nos assiste e orienta nas
atividade do IRC-Espiritismo.
Que nossos agradecimentos sejam também dirigidos a
todos que aqui estiveram, para quem rogamos ainda de Jesus, bênçãos de Amor e
que estas bênçãos de Nosso Mestre sejam por toda a Humanidade, hoje e sempre.
Assim seja!!!