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O que você quer do seu leitor?

O que você quer do seu leitor?

Nenhuma das possíveis estruturas de texto é melhor ou mais adequada do que a outra. O interesse do leitor, no entanto, pode ser determinado pela estrutura que escolhemos para nosso ensaio. Esse interesse vai variar conforme a posição da conclusão — que deve ser sempre a parte mais interessante do texto. Assim, conhecer as partes de sua estrutura é uma estratégia para melhorar a eficiência do texto e valorizar ainda mais as idéias desenvolvidas. Não basta escrever de forma eficaz. É preciso que o autor saiba exatamente para que tipo de leitor está escrevendo. Só assim ele terá um retorno satisfatório de seu trabalho.

1. O que desperta interesse
O conteúdo do texto é o que primeiro desperta o interesse do leitor. Mas não é só isso. A linguagem e a estrutura organizada das idéias em períodos e parágrafos também têm peso definitivo. Somente se esses aspectos forem bem estruturados é que se pode discutir ou avaliar o grau de interesse do leitor.

1a. A variação do interesse
Os gráficos que vêm a seguir mostram como varia o interesse do leitor, no caso de um texto redigido de acordo com as estruturas básicas. Ou seja, um texto bem escrito e adequado à estrutura escolhida.

Gráfico do interesse do leitor na estrutura linear

2. Na estrutura linear
O interesse do leitor, nessa estrutura, é crescente: na horizontal, temos a progressão de idéias no texto. A linha vertical registra a variação de interesse do leitor. Vamos supor que cada ponto assinalado na horizontal seja uma idéia ou um dado essencial ao desenvolvimento da argumentação. As idéias desenvolvem-se de 1 (que é a primeira idéia da introdução) até n (que é a última idéia da conclusão). Vamos, também, supor que cada ponto assinalado na vertical seja uma marca de uma hipotética escala crescente de medição do interesse do leitor. Observe que a linha de variação não começa no zero. Isso porque, se o interesse fosse zero, o leitor nem sequer começaria a ler o texto.

Para lembrar:

Na estrutura linear, o interesse do leitor vai crescendo conforme sua leitura se aproxima da conclusão. Nessa estrutura, que é indutiva, as idéias principais estão, de fato, no final do texto. O autor deve evitar que o interesse do leitor se torne decrescente.
Gráfico do interesse do leitor na estrutura cíclica

3. Na estrutura cíclica
Essa estrutura desperta um alto interesse: as funções das linhas horizontal e vertical continuam as mesmas — a horizontal registra a progressão de idéias no ensaio; a vertical mostra a variação de interesse do leitor. Na estrutura cíclica, esse interesse se mantém alto desde o início. O motivo é que o texto começa pela conclusão, que é, em tese, a parte mais interessante do ensaio. Por essa razão, o leitor deverá se manter interessado até o final. A linha reta, paralela à horizontal, expressa a expectativa do leitor para que o autor comprove as afirmações iniciais. A dificuldade, nesse caso, também é manter essa linha sem queda.

Gráfico do interesse do leitor na estrutura cíclico-linear

4. Na estrutura cíclico-linear
Aqui, o refrão renova e aumenta o interesse do leitor. Na estrutura cíclico-linear, podemos ver o mesmo crescimento de interesse do leitor que percebemos na estrutura linear. Os pontos mais altos das ondulações da linha representam a frase repetida. Nesse caso, é o refrão que volta a aparecer em intervalos regulares.

No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra.

Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra

tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.

Carlos Drummond de Andrade,
“No Meio do Caminho”,
in Antologia Poética

O refrão conotativo marca o ritmo na poesia de Carlos Drummond de Andrade

5. A estrutura ideal
Esses gráficos são representações ideais. Na realidade, nem sempre essas reações acontecem como as indicadas, por melhor que o texto tenha sido escrito. Afinal, o interesse é um aspecto subjetivo do leitor. Por isso, corremos o risco de não acertar sempre. Mas toda pessoa que escreve tem como meta principal fazer-se entender pelo seu leitor. Assim, precisamos estar sempre atentos às possibilidades estruturais e às características do nosso leitor, que é a razão de ser do nosso trabalho.

Glossário

Subjetivo: individual, pessoal, particular. Pertence unicamente ao pensamento humano.

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