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Curso de Introdução ao Espiritismo Centre Spirite Lyonnais Allan Kardec Parte 3 – O Consolador Prometido

Curso de Introdução ao Espiritismo Centre Spirite Lyonnais Allan Kardec Parte 3 – O Consolador Prometido

“Se me amais, guardai os meus mandamentos; e eu rogarei a meu Pai e ele vos
enviará um outro Consolador, a fim de que fique eternamente convosco: – O
Espírito de Verdade, que o mundo não pode receber, porque o não vê e
absolutamente o não conhece. Mas, quanto a vós, conhecê-lo-eis, porque ficará
convosco e estará em vós. – Porém, o Consolador, que é o Santo Espírito, que meu
Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos fará recordar tudo o
que vos tenho dito.” (São João, cap. XIV, vv. 15, 16, 17, 26.)

Jesus promete um outro consolador: é o Espírito de Verdade, que o mundo ainda
não conhece, porque ainda não o pode compreender, consolador que o Pai enviará
para ensinar todas as coisas, e para recordar o que Cristo havia dito. Se
portanto o Espírito de Verdade devia vir mais tarde ensinar todas as coisas, é
que o Cristo não havia dito tudo; se viria recordar o que Cristo havia dito, é
que o teríamos esquecido ou mal compreendido.

Se o Cristo não disse tudo que teria podido dizer, é que acreditava dever
deixar certas verdades na sombra até que os homens estivessem prontos para
compreender. Conforme sua declaração, seus ensinamentos estavam incompletos, já
que anunciava a vinda daquele que os deveria completar; previa então que se
enganariam sobre suas palavras, que se desviariam de seus ensinamentos; em uma
palavra, que desfariam aquilo que tinha feito, já que todas as coisas deveriam
ser restabelecidas; ora só se restabelece aquilo que foi desfeito.

Porque chama o novo Messias de Consolador? Esse nome significativo e sem
ambigüidade é toda uma revelação. Ele previa então que os homens teriam
necessidade de consolações, o que implica a insuficiência daquelas que eles
encontrariam na crença que iriam seguir. Nunca talvez Cristo haja sido mais
claro e mais explícito que nessas últimas palavras, às quais poucas pessoas
prestaram atenção, talvez porque se evitasse trazê-las à luz e aprofundar seu
sentido profético.

Se o Cristo não pode desenvolver seu ensinamento de uma maneira completa, é
que faltava aos homens conhecimentos que não poderiam adquirir senão com o
tempo, e sem os quais não o poderiam compreender; coisas que poderiam parecer um
não-senso no estado de conhecimento de então. Completar seu ensinamento devia
então ser entendido no sentido de explicar e desenvolver, bem mais do que de
acrescentar verdades novas, porque tudo se encontrava em germe; somente faltava
a chave para apreender o sentido de suas palavras.

O Espiritismo vem no tempo certo cumprir a promessa do Cristo: o Espírito de
Verdade preside ao seu estabelecimento lembrando aos homens a observância da
lei; ensinando todas as coisas, fazendo compreender o que o Cristo havia dito
por parábolas. Cristo disse: “Ouçam aqueles que têm ouvidos para ouvir”; o
Espiritismo, vem abrir os olhos e ouvidos, porque fala sem figuras e sem
alegorias; levanta o véu deixado intencionalmente sobre certos mistérios; vem
enfim trazer uma suprema consolação aos deserdados da terra e a todos aqueles
que sofrem, dando uma causa justa e um propósito útil a todas as dores.

Cristo disse: “Bem-aventurados os aflitos, porque eles serão consolados”; mas
como nos considerarmos felizes por sofrer, se não soubermos porque sofremos? O
Espiritismo mostra a causa nas existências anteriores e na destinação da terra
onde o homem expia seu passado; mostra o propósito dos sofrimentos como crises
salutares que conduzem à cura, e como uma depuração que assegura a felicidade
nas existências futuras. O homem compreende que há mérito em sofrer, e considera
o sofrimento justo; sabe que esse sofrimento ajudará em seu adiantamento, e o
aceita sem murmurar, como o trabalhador aceita o trabalho que deve lhe render
seu salário. O Espiritismo lhe dá uma fé inabalável no porvir, e a dúvida
pungente não mais toma conta de sua alma; fazendo-o ver as coisas do alto, a
importância das vicissitudes terrestres se perde na vastidão e no esplêndido
horizonte que a abraça, e a perspectiva da felicidade que o espera lhe dá a
paciência, a resignação e a coragem de ir até o fim do caminho.

Assim o Espiritismo realiza aquilo que Jesus disse do Espírito de Verdade, o
Consolador prometido: conhecimento das coisas que fazem que o homem saiba de
onde vem, para onde vai, e porque está sobre a terra; recordação dos verdadeiros
princípios da lei de Deus, e consolação pela fé e pela esperança.

É bom anotar:

  • Pelas provas que dá de que os entes amados estão sempre vivos e pertos de
    nós, que tudo é justo e que não existe dores sem compensação, o Espiritismo
    traz a consolação aos homens. Responde assim às palavras de Jesus anunciando a
    vinda do Espírito de Verdade, o Consolador. “

Para saber mais:

  • O Evangelho segundo o Espiritismo Allan Kardec. (cap. VI)
  • A Gênese Allan Kardec (Cap I, Caráter da revelação espírita, § 26 à
    28)