Tamanho
do Texto

20 de Julho, Dia do Amigo

Amizade = sentimento de amigo, afeto que liga as pessoas,
reciprocidade de afeto, benevolência, amor (Moderno Dicionário da Língua
Portuguesa, Michaelis, 1ª edição, 1998, Cia. Melhoramentos de São Paulo, página
132).

 

Amizade = sentimento fiel de afeição, simpatia, estima ou ternura entre
pessoas que geralmente não são ligadas por laços de família ou por atração
sexual; entendimento, concordância, fraternidade; benevolência, bondade (Novo
Dicionário da Língua Portuguesa, Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, 2ª edição,
1986, Editora Nova Fronteira, página 106).

20 de julho é a data consagrada ao amigo. Depois de muita reflexão, associada
ao decurso do tempo e, principalmente, às experiências vivenciadas, concluímos
de repente, não mais que de repente, que a sabedoria popular, que é construída
ao longo dos anos e fruto de agudíssima observação do dia-a-dia, está
absolutamente correta: quem encontrou um amigo, encontrou um tesouro! E que
tesouro!

Referimo-nos, é claro, ao verdadeiro, afetuoso, benevolente, simpático,
estimado, terno, fraterno, fiel e bondoso amigo, tal como se referem os
dicionários aqui indicados a respeito da amizade, esta preciosa conquista que só
se consolida com respeito e com fraterno amor, sempre.

Com efeito, só o veraz amigo é capaz de aceitar, com discernimento e
compreensão e continuando a nos querer bem, os nossos defeitos e falhas, que são
inúmeros e que nós mesmos só enxergamos em parte, quando conseguimos ter isenção
suficiente e humildade bastante para perceber e admitir os nossos erros, males e
equívocos.

Só ele, o autêntico amigo, é capaz de discordar de nossa opinião e de nossa
orientação, com absoluta sinceridade, se entendê-las equivocadas, apontando
outros rumos e apresentando novos argumentos, com o objetivo exclusivo de ser
útil e de nos auxiliar, verdadeira, fraternal e bondosamente.

É ele, por igual, quem fica feliz quando alcançamos o bem-estar material, com
trabalho, disciplina e esforço, e que será estendido à nossa família, assim como
é ele quem vibra alegremente com o nosso progresso intelectual e, sobretudo,
moral.

Por essas rapidíssimas observações, vê-se, assim, que poucos são os amigos
verdadeiros, com os quais podemos contar nos momentos de dificuldade de variada
ordem, de ansiedade, de angústia, de medo, de dor e de aflição.

Isto, porém, faz parte do processo evolutivo, a que todos estamos sujeitos,
uma vez que o progresso é uma lei natural, que, como toda lei natural, é
perfeita e por isso mesmo imutável.

O progresso do ser humano na escala evolutiva é lento e gradual, até porque
depende, quando menos, de seu livre-arbítrio, máxime quando vive na Terra, um
planeta de provas e expiações, de categoria inferior no Universo, em que não se
pode esperar perfeição, conquanto todos os esforços devam ser direcionados para
a busca permanente da perfeição relativa e da felicidade suprema, destino final
dos seres humanos, através do auto-aperfeiçoamento, diminuindo e de preferência
eliminando o orgulho e o egoísmo, as duas maiores chagas da humanidade, que
insistem em nos acompanhar e prevalecer em nossas atitudes e decisões.

Essa, talvez, a razão principal de serem tão raros os amigos verdadeiros.

Não obstante, gostaríamos de enfatizar, com a veneranda e abençoada Doutrina
Espírita, que o homem pode sempre contar com pelo menos três amigos, não
encarnados.

Em primeiríssimo lugar, pode contar com Deus, nosso Pai Celestial, a
inteligência suprema do Universo, Autor da Vida e causa primária de todas as
coisas, soberanamente bom e justo, que não abandona a nenhum de seus filhos e
que, de quebra, oferece todas as oportunidades de que necessitem para progredir,
ajustando e reajustando contas, quitando débitos ainda que parcialmente,
estudando e aperfeiçoando-se, aprendendo sempre neste educandário chamado Terra,
no mínimo a viver em harmonia com o seu semelhante, preferencialmente em regime
de respeito, consideração e fraternidade.

Em segundo lugar, o homem pode contar com Jesus de Nazaré, o Cristo, o ser
mais perfeito que já esteve na Terra, modelo e guia da humanidade, nosso mestre
e amigo de todas as horas, que nos legou ensinamentos definitivos, revelando
sobretudo que o amor é a lei maior da vida, razão pela qual sentenciou,
resumindo a lei e os profetas, que devemos amar ao próximo como a nós mesmos,
com o que estaremos amando a Deus sobre todas as coisas, ou seja, aconselhando
que façamos ao próximo exatamente aquilo que gostaríamos que ele nos fizesse.

E foi Ele, o Rabi da Galiléia, já naquela época, há quase 2.000 anos, quem
deu a exata medida da importância e do extraordinário valor da amizade, ao dizer
aos seus discípulos que: “Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que
faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu
Pai vos tenho dado a conhecer” (Jo, 15:15).

Por fim, o homem pode contar com o seu Espírito protetor, o seu anjo da
guarda, pertencente a uma ordem elevada, cuja missão é a mesma de um pai em
relação aos filhos, procurando guiar o seu protegido pela senda do bem,
auxiliá-lo com seus conselhos, consolá-lo nas suas aflições e levantar-lhe o
ânimo nas provas da vida (questão 491 de O Livro dos Espíritos, a obra basilar
do Espiritismo), vibrando quando haja acerto e lastimando quando haja erro nas
decisões, que obrigatoriamente têm que ser tomadas pelo protegido, em razão de
seu livre-arbítrio, com o que passa a ser por elas responsável, e naturalmente
responsável pelas suas conseqüências. Não poderia ser de outra forma, uma vez
que o anjo guardião não pode e não deve fazer a parte que compete ao homem.

Assim sendo, não fica difícil concluir que, ao contrário do que alguns
pensam, nenhum ser humano está só!

(Jornal Mundo Espírita de Julho de 1998)