Roustaing e a personalidade de Jesus
Cada orbe tem um governo espiritual. No caso da Terra, Jesus é responsável
pela execução de seu plano existencial, até que ela se torne morada de Espíritos
melhores. Foi o divino médium, intermediário em potencial da
manifestação dessa Consciência Cósmica na revelação do Evangelho libertador. É
ela a fonte de todo o Bem e da Verdade, onde inspiraram-se mestres como Buda,
Maomé, Confúcio, Gandhi e outros.
Jesus preparou-se durante muitas encarnações ocorridas em outros mundo para
desempenhar sua missão na Terra, tornando-se o porta-voz da Revelação Divina. Ao
aceitarmos a hipótese de que Jesus não era o Verbo encarnado, mas que recebia
mediunicamente o Verbo em si, ficariam explicados todos os mistérios acerca de
Sua personalidade, inclusive as dúvidas que o próprio Codificador do Espiritismo
teve quando ocupou-se do assunto em Obras Póstumas.
Admitindo-se esta tese, teríamos em Jesus um Espírito como os outros, que
necessitou naturalmente da matéria, utilizando o corpo físico como instrumento
da evolução. Tal teoria diminuiria o valor de Jesus, o Cristo? De modo algum. Ao
contrário, essa idéia aproxima o Mestre de todos nós. Coloca-o como um ser que
chegou a uma posição superior com suas próprias conquistas. Teria Ele conhecido
o mal? O roustainguismo afirma que não, pois que sua evolução teria se dado em
linha reta. Ora, se todos os Espíritos são criados simples e ignorantes, não há
como se admitir que ele não tivesse passado pelos caminhos da ignorância. E
pelos caminhos do mal? A Doutrina Espírita oferece segura resposta: nem todos os
Espíritos passam obrigatoriamente pelo mal, mas sim pelo da ignorância.
Assim não tem sentido divinizar Jesus, para glorificá-lo como um Espírito
diferente dos outros.