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A Arte e o Amor no Universo da Mediunidade

A Arte e o Amor no Universo da Mediunidade

Wilson Francisco

O exercício da mediunidade pode ser transformado numa investigação – numa busca da verdade, revelando e disponibilizando um outro mundo – novas e diferentes energias.

É instigante e até excitante estar em contato com este outro mundo, desconhecido, impalpável e impermeável às ações físicas dos seres humanos desprovidos deste dom da intermediação.

O médium é um ser cuja constituição psíquica é permissiva aos fenômenos psíquicos. O seu histórico pré-encarnatório e atual é composto de episódios psíquicos prenunciadores e predisponentes à mediunidade.

Em virtude do mundo sobrenatural ser inacessível ao homem comum, o médium aparenta ser um ente meio divinizado, um universo fenomenológico que atrai ou estimula o sonho, podendo tornar-se, então, um mito.

Por outro lado, o médium é um astro, pois interpreta este outro mundo. É portador de uma especialidade psíquica – de uma genialidade incomuns.

E estas ocorrências podem fragilizar a sua estrutura, enquanto homem ou mulher, com vida e compromissos sociais como qualquer mortal.

É fascinante o instante da ação mediúnica no Centro Espírita. Todos envolvidos num clima de mistério ante o “contato” que está por acontecer. É um momento solene. A hora de se despojar e de se expor. Deixando de ser e ter para que alguém, o Espírito comunicante, possa ser e possa ter.

Caso lhe seja difícil compartilhar seu universo – suas idéias e sentimentos, se transfigura o fato mediúnico numa ocupação indevida de espaço.

Há, ainda, as idéias dos companheiros de equipe, o “jeito” do dirigente, que vai conduzir aquele encontro, que vai estabelecer as regras do jogo que se vai jogar.

O espírito comunicante representa o outro lado da história, com suas emoções e buscas. As vezes, nem ele sabe de onde vem e porque vem. É um ilustre desconhecido ou sente que é a “ovelha desgarrada” que tentam recolher ao aprisco. Resiste às mãos estendidas em certas ocasiões e noutras, rende-se e desaba a procura do “colo” confortável que lhe dê lenitivo às dores.

O médium, instrumento principal dessa fenomenologia, nem sempre é uma pessoa especial, dotada de sabedoria e virtudes. Envolvido nesse processo que atrai por conquista ou necessidade, ele passa por uma catarse, sabatinado pelas informações e lições que veicula, transmitidas pelo mundo dos “mortos”.

Se o processo se encerra aí, na fenomenologia, o médium terá reduzidas chances de modificar sua história. Será portador de mensagens qualificadoras, proporcionará o resgate de almas e homens, mas ele próprio ficará intacto – imexível.

Agora, se ele incorporar não só o Espírito, mas também todo universo de informações – lições e ações daquele fato e daquele ser, então poderá entrar na “roda das transformações”, migrando da condição de mero interprete e instrumento, para o estágio de agente do Bem, que é o objetivo fundamental da mediunidade em nossas vidas.

Eu disse, atras sobre o fato de que o médium, ante o Espírito comunicante, no ato mediúnico, precisa se expor – despojar-se, deixando de ser e ter.

Sabe-se, a qualidade fluídica e a clareza informativa, tanto quanto a profundidade formativa dependem do despojamento. O médium entrega, abre espaço, cede seu universo energético, emocional, espiritual e físico, para que outro ser ocupe seu lugar.

Se ele não deixa de ser e de ter, se age sem resignação e humildade, o intercâmbio sofrerá limitações. O espírito comunicante será oprimido, reduzindo e desqualificando este majestoso acontecimento.

E convenhamos, uma pessoa que na vida diária não é solidária e nem tem disponibilidade para servir, quando envolvida numa situação de tamanha perplexidade e sutileza, fatalmente desabará, pesadamente, na sua própria fragilidade.

E, por fim, podemos destacar como oportuno, que o médium e todos que se envolvem na mediunidade, poderiam examinar melhor cada detalhe, na performance do médium, o que ele sente e vê e as sensações decorrentes do contato com este outro mundo, para extrair daí aprendizado para suas vidas.

Na verdade, a beleza da mediunidade está nos resultados e efeitos na vida do ser humano. Sem isso, será simples fenomenologia, que deslumbra os olhos mas não toca o coração.

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