No dia 9 de março, p.p. completamos 23 anos sem a presença física de José
Herculano Pires. O que representa esse hiato de tempo? O que representa a
saudade? Representa muito, pois a produção literária de Herculano teria
enriquecido enormemente o movimento espírita.
Será que não surgiu ninguém após Herculano que pudesse carregar a bandeira do
Kardecismo com o mesmo brilho? Será que não surgiu ninguém com a competência
doutrinária de Herculano e com a sua força moral, sua pena vigorosa e com a sua
veia poética? Provavelmente sim, mas só o conheceremos muito depois, porque não
basta o brilho fugaz de algumas produções ou alguns anos, mas a continuidade de
um trabalho osculado pelas décadas de dedicação à causa.
Só o tempo revela o trabalhador, porque foram muitos que irromperam no
arraial espírita com um ou dois livros, ou meia dúzia de artigos e crônicas, ou
ainda algumas palestras brilhantes, para depois caírem na mesmice ou abandonarem
a liça, seduzidos pelo canto das sereias, da glória mundana, dos elogios fáceis.
Herculano começou jovem no movimento espírita, e foi conquistando posições
pela coerência e beleza de um estilo que sabia ser poético, mas sabia também ser
incandescente, quase impiedoso para com aqueles que se diziam espíritas e
aviltavam o Espiritismo, fossem grandes ou pequenos, ou se lastreassem em
instituições orientadoras do movimento.
Herculano se foi, mas a saudade ficou. Saudade cujas lágrimas se transformam
em gotículas de luz, em prece de gratidão, e a reiteração da promessa, que se
depender de nós o Herculano jamais será esquecido.