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Ação e Reação

“Não resistais ao mal…”
– Jesus (Mt., 5:39)

Uma lei física postula o seguinte: “Toda ação provoca uma reação de igual
intensidade e em sentido contrário”.

Essa lei, levada à Vida de relação, provoca verdadeiros desastres e
tragédias!…

Há que se examinar com mais atenção os ensinamentos contidos em Mateus (5:40
e 41), quando Jesus proclama:

“Se pedirem para caminhar uma milha, caminha duas mil; se pedirem o
vestido, dê também a capa”.

Na verdade, muitos exegetas apressados vêem nessas assertivas apenas uma
atitude de cobarde passividade. Não conseguem, em seu apoucamento mental,
perceber a sua essência pacifista.

Jesus nunca reagia; mas sempre agia.

Acompanhemos uma narrativa de Divaldo P. Franco contida no livro (pág.
20/21): “Palavras de Luz”.

“Quando Jesus estava com Anás (jo., 18:19 a 23) o Sumo Sacerdote Lhe
perguntou sobre a Sua Doutrina; ao que Ele respondeu: “Nada falei em oculto,
pergunte aos que Me ouviram.” Um soldado que estava ao lado do representante de
César, agrediu-O, esbofeteando-lhe a face”.

“Para mim”– continua Divaldo – “este gesto é dos mais covardes:
bater na face de um homem atado.

Então Jesus não reagiu. Agiu com
absoluta serenidade. Pacifista por excelência, voltou-se para o agressor e lhe
perguntou: “Soldado, por que me bateste? Se errei, aponta-me o erro, mas se eu
disse a verdade, por que me bateste?”

É uma lição viva, porque Ele poderia apelar ali para a justiça do
representante de César; poderia ter-se encolerizado; ter tido um gesto de
Reação, mas Ele preferiu
agir“.

Quantos lares vivem em permanente estado de beligerância porque as pessoas
estão sempre reclamando, blasfemando, atritando; vivendo lamentavelmente
reagindo
e raramente parando para agir.

Já lemos algures que treinamos a Vida inteira para sermos provados em apenas
um minuto.

Em uma questão de segundos podemos felicitar nossa Vida (agindo) ou
infelicitá-la (reagindo).

No Livro “Palavras de Luz”, página 110, ensina Divaldo P. Franco, que é
preciso, então, realizar um treinamento:

“Comecemos treinando-nos para as pequenas coisas. Toda vez que vier uma
vontade de dar uma resposta grosseira, tentemos sorrir e não a dar. Se alguém
nos dá uma indireta e podemos rebatê-la com uma alfinetada, tornemos a sorrir,
achando que o agressor não está bem.

Não disputemos o campeonato para ver quem é o pior dos licitantes. De
treinamento em treinamento, quando vier a agressão, estaremos tão acostumados a
não reagir, que passaremos a agir”.

Há muitos anos, disse Joanna de Ângelis a Divaldo:

“Quando alguém te atirar lama, não fiques teimosamente à frente, porque
ela te baterá na face e te sujará por alguns minutos. Quando alguém o fizer, sai
do caminho. A lama passa e quem a jogou ficará com as mãos sujas.

Nunca revides, para que não fiques enlameado também”.

Certa feita, um confrade saiu às ruas a solicitar recursos para uma obra de
assistência social de sua Casa Espírita. Chegando perto de um grupo de pessoas,
recebeu de uma delas uma cusparada no rosto, ao solicitar o óbolo. Ao contrário
do que todos esperavam, não reagiu. Calmamente pegou o lenço, limpou o
rosto, e… agiu, dizendo: “Isto foi para mim que o mereço, mas agora,
dê-me, em nome de Jesus, o óbolo que é para atender às desesperadas e urgentes
necessidades dos filhos do Calvário.

Certa ocasião, um filho de pai Espírita foi violentamente agredido por uma
dessas gangues mirins de rua. O pai agindo, empós, de forma coerente com o
Evangelho de Jesus, levou às lágrimas alguns componentes da gangue, plantando na
aridez daqueles corações revoltados e insubmissos a semente do amor e da
fraternidade.

Estejamos sempre vigilantes, vez que não sabemos quando será o tal minuto de
prova, quando então estaremos sendo observados pelos avaliadores de nossa fibra
cristã.

(Jornal Mundo Espírita de Outubro de 1997)