A Força do Rádio e da Televisão na Divulgação da Doutrina Espírita
Em Obras Póstumas, disse Allan Kardec (em seu Projeto 1.868):
“Dois elementos devem concorrer para o progresso do Espiritismo; estes são: o
estabelecimento teórico da Doutrina e os meios para popularizá-la.
Uma publicidade, numa larga escala, feita nos jornais mais divulgados,
levaria ao mundo inteiro, e até aos lugares mais recuados, o conhecimento das
idéias espíritas, faria nascer o desejo de aprofundá-los, e, multiplicando os
adeptos, imporia silêncio aos detratores que logo deveriam ceder diante do
ascendente da opinião”.
Percebeu que Allan Kardec falou em “popularizar a Doutrina”?
E o que é popularizar?
Certamente popularizar a Doutrina não é ter Centros Espíritas apenas para
alguns poucos escolhidos.
Percebeu que Allan Kardec também falou em “uma publicidade, numa larga
escala, feita nos jornais mais divulgados”.
Você já leu alguma publicidade espírita no jornais “Folha de São Paulo”, “Estadão”,
“O Globo”, “Jornal do Brasil”, que são os jornais mais divulgados do
país?
Estamos sendo espíritas “fazedores” ou espíritas “faladores”?
Uma pergunta: se na época em que viveu Allan Kardec houvesse televisão será
que ele não teria dito “uma publicidade, numa larga escala, feita nos jornais
mais divulgados e nos canais de televisão de maior audiência”?
Certamente que sim, pois a Doutrina Espírita é evolutiva.
Você já viu alguma publicidade de 2 minutos por semana nos intervalos do
Jornal Nacional explicando, de forma didática e criativa, o que é o Espiritismo?
Mas isto é caríssimo. Certo. Mas nada além do que a criatividade e a união de
todas as associações espíritas representativas não pudessem resolver. A solução
é união e criatividade.
Dois minutos por semana na televisão, em horário nobre, durante 6 meses,
faria todos conhecerem o que é o verdadeiro Espiritismo. E as igrejas que falam
inverdades sobre nossa doutrina teriam que explicar para seus seguidores tudo o
que falaram de impropriedades. Seria uma revolução cultural. Além
do que aumentaria substancialmente os seguidores do Espiritismo.Mas o que se vê
no meio espírita? Forças aglutinando-se para terem atitudes “fazedoras”?
Não.
O que se vê, com raras exceções, são instituições e associações
representativas do Espiritismo geralmente trabalharem dentro de quatro paredes,
sem abrirem os olhos para a necessidade do trabalho espírita lá fora, no mundo
que circunda suas quatro paredes.
Os líderes espíritas precisam fazer um curso de criatividade.
No livro Reflexões Espíritas ( Editora Leal, psicografia de Divaldo Pereira
Franco), disse o espírito Vianna de Carvalho: “Na hora da informática com os
seus valiosos recursos, o espírita não se pode marginalizar, sob pretexto
pueris, em que se disfarça a timidez, o desamor à causa ou a indiferença pela
divulgação, porquanto o único antídoto à má Imprensa, na sua vária expressão, é
a aplicação dos postulados espíritas”.
Certo amigo espírita disse-me “Alkíndar, nós estamos falando para nós
mesmos”. E é verdade. Enquanto Jesus divulgava sua doutrina procurando atingir
um público cada vez maior, nós nos contentamos com nossos fechados
congressos e com nossas palestras para nosso
pessoal.
Sabe quantas Rádios Espíritas existem no Brasil?
Três.
Isto mesmo.
Apenas três.
Dizendo de outra forma: 0,12 Rádio Espírita por estado!
Talvez seja porque não dá “Ibope”.
Engano de quem assim pensa. Está, sim, faltando ousadia aos espíritas. Há uma
crescente – e muito mal explorada – demanda.
Vejamos se programas espíritas dão IBOPE:
A Federação Espírita do Paraná comprou o espaço de 1 hora em uma das Rádios
FM de Curitiba-PR para colocar no ar um programa espírita. Resultado: líder do
horário. Em Itajubá-MG há na Rádio local um programa semanal espírita de 30
minutos, também líder do horário. A Rádio Espírita do Rio de Janeiro transmite
aos domingos pela manhã um programa espírita de 1 hora, também líder do horário.
Por que não seguirmos estes modelos?
Como vimos existem sim algumas medidas em prol da divulgação da Doutrina
Espírita. Mas são – por enquanto – medidas isoladas.
Veja um exemplo de sucesso na cidade do Rio de Janeiro: a CAPEMI patrocina,
aos domingos pela manhã, um programa espírita na TV Bandeirantes com uma hora de
duração. É “O Despertar do Terceiro Milênio”. Certa vez o seu coordenador, o
excelente orador Geraldo Guimarães, disse-me “Alkíndar, só estamos perdendo para
o Globo Rural. O nosso programa já está em segundo lugar em audiência no Rio de
Janeiro!”. Veja só, como de fato demanda existe.
Outra boa notícia: há pouco tempo soube que o programa coordenado por Geraldo
Guimarães e produzido pela excelente equipe de Joel Vaz (que é um dos
entrevistadores do programa) já não está mais em segundo lugar em audiência.
Esta em PRIMEIRO! Já passou o GlOBO RURAL!
(O programa “O Despertar do Terceiro Milênio”, de ótima qualidade, está sendo
retransmitido aos domingos pelas manhã – via antena parabólica – no horário das
9h às 10h, canal de 11 a 15).
Por que os espíritas não se unem para aumentar a potência da Rádio Boa Nova,
de São Paulo? Têm uma boa programação. Mas eu, que moro na cidade de São Paulo,
não consigo ouvi-la em casa. E isto certamente ocorre com muitas outras pessoas.
Por que os espíritas “fazedores” não se unem para, além de aumentar sua
potência, transformar também em FM (hoje é AM) essa Rádio Espírita do
nosso estado?
Se quisermos deixar de falar somente para nós mesmos temos que valorizar mais
o Rádio e a Televisão. O mesmo Geraldo Guimarães disse-me que em sua vida deve
ter feito mais de 3.000 palestras espíritas para um público aproximado de
150.000 pessoas. Em mais de 40 anos de oratória espírita conseguiu atingir um
público de 150.000 pessoas. No programa em que coordena na TV Bandeirantes-RIO,
de 1 hora de duração, ele – quando participa – fala para 600.000 pessoas!!! Veja
bem: Em uma hora de programa Geraldo Guimarães atinge quatro vezes mais público
do que seus 40 anos de pregação!!!
Por que não utilizamos da força da televisão?
Se Jesus voltasse à Terra que mídia será que utilizaria para atingir o maior
público possível?
Isto. Você acertou: Televisão.
O capítulo 5 do livro “Boa Nova” (de Humberto de Campos, psicografado por
Francisco Cândido Xavier, FEB), transcreve as normas de ação que Jesus passou
aos seus discípulos para que realizassem a concretização dos ideais cristãos. Em
dado momento Jesus falou aos seus discípulos:
“O que vos ensino em particular, difundi-o publicamente; porque que o
que agora escutais aos ouvidos será o objeto de vossas pregações de cima dos
telhados” (Vide Mateus, capítulo 10, versículo 27, “Os doze e sua
missão”).
Numa interpretação atual, será que a expressão “vossas pregações de
cima dos telhados” não poderia ser uma antevisão da
necessidade da divulgação através da televisão? Pois, o que hoje vemos em
cima dos telhados são antenas de televisão. Não é?
Uma outra boa notícia é que a SEDA – Sociedade Espírita de Divulgação e
Assistência, que aos domingos das 10h às 12h transmite o programa “Espiritismo
Via Satélite”, recebeu da Embratel o canal TV SAT Digital. Agora só está
faltando a união dos espíritas em prol de um bom trabalho a ser
apresentado por esse canal.
Uma pergunta:
Por que, nosso estado (SP), o mais rico estado do país não tem na
televisão um programa espírita num bom horário?
Para quem não sabe num dos últimos livros de Divaldo Pereira Franco o
espírito João Cleofas informa que há Sanatórios na espiritualidade que têm como
principal clientela espíritas desencarnados arrependidos. Espíritas que não
entenderam, quando na terra, que ser espírita, é uma missão.
Diz Allan Kardec no capítulo XVIII do livro “A Gênese”:
“Pelo seu poder moralizador, por suas tendências progressistas, pela
amplitude de suas vistas, pela generalidade das questões que abrange, o
Espiritismo é mais apto, do que qualquer outra doutrina, a secundar o movimento
de regeneração”.
Se o Espiritismo é, como diz Kardec, a Doutrina mais apta a secundar o
movimento de regeneração (que se avizinha), será que devemos
deixar só para nós – seguidores do Espiritismo – este vastíssimo conhecimento
que a Doutrina Espírita proporciona?
Uma importante observação:
Não pense, caro leitor, que este empenho em despertar a importância da
divulgação da Doutrina Espírita seja porque creio que todos devam ser espíritas.
Não é isso. Penso que a Terceira Revelação não pode caminhar timidamente como
está ocorrendo. Afinal de contas é a “Terceira Revelação”. As pessoas não
precisam ser espíritas, mas os postulados espíritas precisam ser conhecidos por
todos.
Alguém já disse que o Espiritismo não será a religião do futuro,
mas sim, o futuro das religiões.
E isso é tudo.
(Alkíndar de Oliveira é consultor de empresas e autor do livro “Viver bem é
simples, nós é que complicamos”, Editora Espírita Didier)