O Nascimento de Jesus em Nossos Corações
Face às circunstâncias, fatos e acontecimentos que envolvem a sociedade, contestando,
visando substituir ou desmerecer os valores do Bem, novamente dezembro chega para
relembrar Jesus, na proposta de caminhos que ofereça paz aos corações. Implicita
que, quem O conhece, quem O segue, onde quer que esteja, pode, é ou deverá ser,
um motivador destas mesmas propostas.
Encontramos em Mt. XXIII – 10; Mt. XXVIII – 19; ROM. XII – 1:
– “Não vos chameis mestres, porque um só é o vosso mestre, que é o Cristo”.
– “Ide e ensinai a todas as gentes”
– “Se ensinar, que haja dedicação ao ensino”, citações estas que levam a questionar:
Como, onde e de que forma, a exemplo de Jesus, ensinar a toda gente, sendo
dedicado ao ensino? Se buscarmos entender porque Jesus é chamado de Mestre, certamente
encontraremos respostas. Vejamos: – nessa acepção, de Jesus Mestre, não o entenderemos
na significação simplista de que é alguém que só ensina, que é perito, versado,
conhecedor de uma ciência ou arte, mas sim que reunindo esses dois conceitos torna-se
superior pela forma como vivencia esse saber, substanciando-o na construção
do bem de todos.
Ensina a Gênese (1-5-4) que Jesus ensinou o que os povos não sabiam ou não teriam
condição de por si mesmos descobrirem. Nesse tempo, Jesus é o agente eficiente e
principal da educação onde apresenta idéias, propõe caminhos desconhecidos ao Espírito
ainda imaturo.
No momento seguinte que se derrama no hoje, surge, com a abertura mental o predomínio
do educando, onde, percebendo a grandeza do convite, dispõe-se a aplicá-lo em si,
renovando-se frente a valores reais, no contínuo processo da auto-educação.
Como Mestre, propunha Jesus conteúdo imortal. Acenando com a visão do homem ideal
surgirá ele, nesse trabalho pessoal que fará eclodir, desabrochar a potencialidade
divina, contida em gérmen desde o instante da criação. Crê no homem, tem fé, confia,
nele reconhece a riqueza do Espírito; tudo quanto semeia tem em vista esse fim maior
a alcançar.
Não perdia oportunidade de lançar questionamentos, conhecedor de que só pelo
trabalho da mente ativada pelo conhecimento poderá o homem escolher entre o bem
e o mal, e aí livremente decidir com responsabilidade, sem aparências, sem exterioridades
frágeis.
Nesse momento precisa compreender para melhorar; nos frutos do melhorar, na renovação
que se dá, quer mais compreender. Nesse ritmo descobrirá o Amor, na vivência
iluminada pela fé.
Como Mestre, ensina a respeitar o momento mental em que cada qual se detém –
não impõe, não julga, não afasta, não aliena: ensina, mostra, deixa que livremente
tire conclusões, compara proposta, o ideal, com a própria realidade.
Não enquadra seu método a divulgar idéias que se detém no limite berço/túmulo.
Promove o conhecimento íntimo, onde o homem se vê frente a ele próprio na vida imperecível
que, se teve começo projeta-se no imortal.
Propõe a educação integral, enfatizando a necessidade das posições morais isto
é, viver, ser, agir, falar, pensar, sentir de acordo, coerente, idêntica ao que
se aprendeu, estudou, comparou, aceitou e incorporou de verdade em si e que lhe
possibilitará a que mais facilmente perceba as leis divinas inscritas na própria
consciência, geradoras agora das posições livremente centradas no Bem.
Jesus, ofereceu e oferece, a cada instante, em que mais e mais se propõe o homem
a conhecê-Lo, novos caminhos, ativando aspectos mentais e emocionais, desenvolvendo
atitudes cristãs, consigo, com o próximo e por decorrência, com Deus.
A proposta cristã portanto, é toda voltada para a Vida quando preconiza uma sociedade
justa na vivência da paz que decorrerá na proporção em que cada um realizar em
si os convites morais libertadores., trazidos e vividos por Jesus.
Além do conhecimento, da aplicação renovadora, outro fator altamente marcante
na estada do Cristo na Terra foi o exemplo.
Lembra Emmanuel em “Religião dos Espíritos” que nesse afã de despertar o homem,
em todos os tempos foram enviados Espíritos, cada um deles ensinou algo importante,
beneficiaram muitos e são credores de gratidão e carinho. Cada um deles, porém,
lutava vencendo dificuldades pessoais, próprias onde se mesclavam sombras e luzes.
Só em Jesus, encontraremos o Mestre completo, irrepreensível que vivia conforme
ensinava, a ponto de constituir-se como o guia real para a ascensão humana.
Quando em “O Livro dos Espíritos” Kardec formula a questão 625, indagando qual
o Espírito mais perfeito que Deus enviou ao planeta para servir de modelo ao Espírito
aí encarnado, sinteticamente respondem: — “Vede Jesus”, a enfatizar que só Ele é
bastante grande, bastante puro para ser integralmente seguido, como Mestre e Senhor,
Amigo, Exemplo e Irmão.
Percebemos, a medida que refletimos, Jesus intensamente atuante, hoje, através
das propostas e convites contidos na mensagem, onde a renovação moral se destaca
como a única capaz de transformação social, pela geração expontânea, livremente
buscada na decisão pessoal daquele que crê, que escolhe, que renova porque se conscientizou,
entendeu, deseja e quer ser melhor, integrando em seu viver os frutos do Amor: fraternidade,
solidariedade, respeito, tolerância, sinceridade, firmeza, decisões enfim, coerentes,
onde o bem do outro se prioriza.
Poucos compreenderam que a proposta cristã, ao invés de elaborar ou propor novo
modelo de religião, visa despertar a que se elabore, desenvolva, ecloda e se feche,
o homem criado à imagem e semelhança de Deus.
Nesse sentido, em Coríntios I-12 a 27, assevera Paulo que “(…) ora, vós sois
o corpo do Cristo e seus membros em particular (…)”, fazendo sentir a extensão
da responsabilidade que nos compete frente à Boa Nova, onde cada cristão é parte
viva do corpo de princípios do Mestre, com serviços em particular.
Nesse sentido não mais cabe a confiança preguiçosa nos poderes de Jesus, as afirmações
labiais de fé no Senhor. Surgirá sim, pela adesão consciente, o contínuo esforço
no trabalho edificante pessoal, íntimo que é reservado a cada um.
Sentindo, pensando, falando e agindo, nessa ou naquela ocorrência, agirá esse
cristão, no sentir, pensar, falar e agir como se o Mestre estivesse sentindo, pensando,
falando e agindo em nós e por nós.
Pergunta Emmanuel em “Palavras de Vida Eterna” (330) se tal afirmação, se tal
certeza não refletiria “(…) atrevida superestimação de nós próprios”, chegando
a concluir que “(…) apesar de nossas evidentes imperfeições é forçoso começar
a viver no Senhor para que o Senhor viva onde nos cabe viver.
Para isso, perguntemos diariamente, a nós mesmo como faria Jesus o que estamos
fazendo, porque o Cristo, o dirigente e mentor de nossa fé, todos nós, servos dele,
somos chamados no setor da atividade individual, a defini-Lo com fiel expressão”.
Assim, o dezembro que chega, trazendo todo um aparato que o diferencia de todos
os outros meses do ano, tem sobretudo essa função – de lembrar o Mestre Jesus que
“(…) descendo da Glória à Manjedoura, convida a que se reparte com todos nossa
“alegria, esperanças, pão e vestes”.
“Não importa sejas, por enquanto, terno e generoso para com o próximo,
somente um dia.
Pouco a pouco aprenderás que o Espírito do Natal deve reinar conosco em todas
as horas da nossa vida.
Então, serás o irmão abnegado e fiel de todos, porque em cada manhã ouvirás uma
voz a sussurrar-te sutil: Jesus nasceu! Jesus nasceu!” (Irmão X – Crônica de Natal)
Seja, esse tempo de Natal que chega, também um tempo de reflexões que permita
perceber em que ponto nos situamos na vivência das propostas do Amor.
Que a exemplo de Paulo (Gl. 2:20) possamos sentir – “Já não sou eu quem vive
– é o Cristo que vive em mim”.
Nesse momento, realmente terá nascido em nossos corações, o Mestre Jesus integrando-nos
no mundo de plenitude, justiça e paz que todos almejamos.
(Jornal Verdade e Luz Nº 191 de Dezembro de 2001)