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Depoimentos vivos

Vivi três momentos expressivos durante o mês de agosto. O primeiro deles ocorreu
durante uma palestra em São Paulo, onde fui a convite de uma instituição. O tema
que abordei foi O Valor da Amizade, que é um tema que tenho utilizado bastante
nos últimos tempos. Ao concluir a abordagem uma amiga presente tornou real o que
eu dizia em palavras: solicitou a palavra e declarou sua amizade e gratidão ao palestrante.

Não cito o episódio por acaso. Ocorre que se trata mesmo de pessoa amiga e sua
atitude emocionou o público, como a mim mesmo. Foi um depoimento comovente, pois
somos protagonistas de uma amizade que se solidificou através dos últimos dois anos.
E onde o intercâmbio dos e-mails trocados muito bem fizeram a ambos.

Os outros dois momentos não foram diferentes. Um deles ocorreu na residência
de um casal amigo, também da capital paulista, onde o chefe da família encontrava-se
hospitalizado e o único filho, também tocado pelo sentimento de amizade, proporcionou-nos
momentos incomparáveis de convivência em família. Mas o leitor deve estar se perguntando:
onde o articulista quer chegar? Calma! Ainda falta o terceiro momento, que, aliás,
desdobrou-se em dois.

Classifiquei-o como um dos três porque ocorreu de maneira idêntica, embora fossem
dois momentos.

Viajando para palestras, de ônibus, primeiramente para Tupã e depois para Getulina,
nas duas viagens deparei-me com pessoas que não conhecia e que espontaneamente
abriram o coração comigo. Viajando como colegas do mesmo percurso, a conversa
surgiu natural e com poucas palavras no diálogo, essas duas pessoas foram falando
de suas angústias, de seus dramas, de suas dificuldades.

Pudemos ouví-las atentamente, falar-lhes um pouco sobre esperança e alegrias,
mas sentir o que todos já sabemos há muito tempo: o que as pessoas mais desejam
é atenção. Aliás, o que todos mais desejamos é receber atenção. Sermos ouvidos ao
menos.

É a indiferença, o desprezo aos sentimentos alheios, que tem causado tantos dramas.
É esse desamor a causa desses estados depressivos, dessas angústias, desses vazios
existenciais. A cada dia percebe-se que somente a amizade autêntica é capaz de superar
estes causadores de tanta infelicidade e solidão.

Aproximemo-nos, pois, das criaturas. Por que o medo, a timidez, a vergonha, a
indiferença? Precisamos muito uns dos outros. Ninguém vive sozinho e a solidariedade
é o único caminho para solução dos angustiosos problemas humanos. Por que não aliviar
seus dramas, pelo menos ouvindo-os?

Prestando atenção nesses depoimentos vivos, perceberemos com clareza que
podemos ser muito úteis uns aos outros. Basta ouvir e oferecer o melhor de nós mesmos
para que nosso mundo esteja melhor. Para cada pessoa que fizermos feliz, mesmo que
apenas naquele momento, o mundo já não será o mesmo. Estaremos alterando o ambiente
do mundo, estaremos espalhando a luz de nossa condição humana.

Como sei que pelo menos um dos personagens aqui citados vai ler esta matéria,
aproveito para enviar o meu abraço, também de gratidão – diga-se de passagem -,
porque na verdade o maior beneficiado não é quem recebe, mas aquele que oferece
o que tem. Se algo tenho para oferecer ao leitor: é minha amizade!

Obrigado, amigos!